Uma abordagem teórica sobre o voluntariado empresarial
Desde os finais do Século XIX, que as organizações e os governos têm como
objeto de ação diversos aspetos relacionados com a responsabilidade social
empresarial, tendo-se intensificado no início dos anos 1970 (Carroll, 1979).
Inicialmente o conceito de responsabilidade social empresarial centrava-se nas
atividades filantrópicas, mais tarde preocupa-se com questões relacionadas com
práticas operacionais justas e laborais, sendo que as temáticas relacionadas
com os direitos humanos, o ambiente, a proteção dos consumidores, o combate à
corrupção e à fraude foram sendo inseridas gradualmente (NP ISO 26000, 2011).
Atualmente, o conceito de responsabilidade social empresarial não é entendido
de forma uniforme e homogénea (Gallardo-Vázquez e Sanchez-Hernandez, 2014;
Geva, 2008), mas segundo o World Business Council for Sustainable Development
(WBCSD) a responsabilidade social empresarial passa pelo comprometimento da
comunidade empresarial, de forma a criar um mundo que seja sustentável para as
empresas, para a sociedade civil e para o ambiente, trabalhando com os seus
colaboradores, os seus fornecedores, a comunidade local e a sociedade em geral
para melhorar a qualidade de vida.
A responsabilidade social empresarial pode encontrar-se em diferentes estádios
de evolução. Quando a empresa tem práticas pontuais de responsabilidade social,
mas não tem total consciência sobre os seus impactos e aplicações, diz-se que
está numa fase de responsabilidade social não estratégica, já que efetivamente
essas práticas não fazem parte da estratégia da organização. Nas empresas em
que as práticas de responsabilidade social são estratégicas, onde as empresas
já assumiram a sua responsabilidade perante a sociedade e reconhecem que ela
pode trazer benefícios importantes para a empresa, onde existe um maior
envolvimento da empresa e um pensamento sobre sustentabilidade a longo prazo,
diz-se que as empresas estão na fase da responsabilidade estratégica. O último
estádio é o da responsabilidade social competitiva, as empresas fazem frente a
problemas significativos recorrendo à sua cooperação com outras organizações,
tendo como pano de fundo a relação entre a sustentabilidade da empresa e o
desenvolvimento da sociedade (Zadeket al.2003).
A responsabilidade social empresarial é mais do que o cumprimento dos
requisitos legais, é a integração nas suas atividades de três pilares –
económico, ambiental e social, também denominados de «triple bottom line»
(Carroll, 1979) – e a preocupação com o desenvolvimento sustentável, tendo em
conta os impactos destes três aspetos (Zadek et al., 2003). Existem inúmeras
formas de uma empresa ser socialmente responsável, mas este artigo irá tratar
em particular o voluntariado empresarial, enquanto prática de responsabilidade
social empresarial. Esta perspetiva considera o trabalho voluntário como uma
ferramenta de política de responsabilidade social empresarial, em que as
atividades voluntárias podem estimular a participação, a cooperação, o
compromisso, a responsabilidade e a oportunidade materializando uma coesão
social e económica (Zangalo, 2012). Sendo assim, parece importante especificar
o conceito de voluntariado empresarial e apresentar as principais distinções
relativamente ao voluntariado individual.
De acordo com a legislação portuguesa, «o voluntário é um indivíduo que, de
forma livre, desinteressada e responsável se compromete, de acordo com as suas
aptidões próprias e no seu tempo livre, a realizar ações de voluntariado no
âmbito de uma organização promotora» (Lei n.º 71, 1998). Alguns autores
(Ferreira, 2012; Shin e Kleiner, 2003) consideram que o voluntário é uma pessoa
que oferece o seu serviço a uma determinada organização, serviço que origina
benefícios ao próprio e a terceiros, sem esperar uma compensação monetária.
Relativamente ao voluntariado empresarial, este acontece quando as empresas
permitem e incentivam os colaboradores a participarem em atividades de
voluntariado durante o horário de trabalho, sem afetar a remuneração dos
colaboradores, e deste modo os colaboradores contribuem para os objetivos
sociais da empresa (Peterson, 2004). Portanto, os programas de voluntariado
empresarial são um conjunto de ações organizadas que a empresa desenvolve no
sentido de envolver os seus colaboradores em atividades de voluntariado,
motivando-os a participarem nestas.
As ações desenvolvidas no âmbito de voluntariado empresarial podem ser muito
distintas em termos de duração, dimensão, tipo de ações, número de voluntários
envolvidos e do público-alvo. As ações podem ser direcionadas para a economia,
para o ambiente ou para a sociedade (Santos, 2005). Muitas destas ações podem
melhorar a performance das organizações sem fins lucrativos, como por exemplo
quando se trata de ações de consultadoria. Contudo, a grande maioria das ações
de voluntariado empresarial são de apoio social (Brammer e Millington, 2003),
sendo que as palestras, a renovação de instalações, a organização de campanhas
e eventos, o apoio emocional, as atividades de entretenimento, as ações
lúdicas, a entrega de refeições, a limpeza de zonas verdes, a prestação de
consultadoria, a ajuda prestada a adultos para aprenderem a ler e a escrever
são exemplos de ações que podem ser desenvolvidas no âmbito do voluntariado
empresarial (Graff, 2004).
As empresas que decidem seguir o caminho do voluntariado empresarial podem
fazê-lo formal ou informalmente. As que optam pelo informal estabelecem uma
parceria com os seus colaboradores e com a comunidade, são relações mais
flexíveis em que não existe um compromisso com uma organização em particular.
Quando são estabelecidas relações com organizações específicas e se desenvolvem
programas conjuntos de voluntariado empresarial, então as empresas seguem o
caminho mais formal (Booth et al.,2009). Os programas de voluntariado
empresarial não são todos iguais; são diversos os fatores que determinam as
características destes programas. Quanto maior o número de funcionários
interessados em participar e o tempo que a empresa tem disponível para este
tipo de atividades, maior será o impacto do programa. Contudo, são também
fatores importantes as competências e os conhecimentos dos voluntários, assim
como as necessidades existentes na sociedade, não desprezando a preferência da
empresa e dos voluntários relativamente ao envolvimento em determinada causa
(Murphy e Thomas, 2001).
A caracterização dos programas de voluntariado empresarial pode ser feita de
acordo com a duração e com o momento de início do programa. Relativamente à
duração, classificam-se os programas de voluntariado empresarial de curta
duração como one-off, geralmente são atividades pontuais, desenvolvidas num só
dia. Os programas são classificados como contínuos quando a sua duração é
prolongada ou não está especificada a data de finalização, quando normalmente
existe uma parceria estratégica entre a empresa e a organização sem fins
lucrativos, sendo que as iniciativas são planeadas de forma conjunta,
trabalhando-se os benefícios para ambas as partes (Holroyd e Silver, 2001;
Muthuri et al., 2009).
O surgimento de um programa de voluntariado empresarial pode ser classificado
como intra ou inter-organizacional. O programa intra-organizacional é,
normalmente, uma iniciativa dos empregadores com diretrizes definidas,
maioritariamente, pela empresa; o programa inter-organizacional é, normalmente,
iniciativa dos colaboradores, sendo que a empresa apoia estas práticas, no
entanto este tipo de programas são geralmente levados a cabo de forma
individual (Peloza e Hassay, 2006; Ying-Hung, 2007).
Evolução do voluntariado empresarial
Os últimos 30 anos têm sido determinantes para o voluntariado empresarial,
ainda que o seu crescimento se tenha processado de forma lenta (Allen, 2000).
Mais especificamente, no início dos anos 1990, o voluntariado empresarial
difundiu-se e popularizou-se principalmente nos países anglo-saxónicos e nos
EUA (Gatignon-Turnau e Mignonac, 2014) e foram criadas associações
independentes com programas de voluntariado e conselhos de voluntariado. O
nível de maturidade do voluntariado empresarial difere de país para país. De um
modo geral, podemos considerar os países do sul como os que apresentam o nível
de maturidade mais baixo e a América do Norte com o nível de maturidade mais
elevado. A nível europeu existe uma grande diversidade de abordagens, ao mesmo
tempo que há um desenvolvimento de modelos de colaboração entre as empresas.
Um cenário enfraquecido e com sociedades globalizadas favorece o aumento das
práticas de voluntariado empresarial. Em 2004, o voluntariado empresarial nos
EUA tinha aumentado quase 150% relativamente à década de 1970 (Peloza et al.,
2009). Neste país as atividades de voluntariado empresarial não se restringem
apenas às localidades envolventes, estendem-se a outros países e, em 2006,
cerca de 280 colaboradores de empresas americanas participaram em atividades de
voluntariado empresarial em diferentes países (Jarvis e Parker, 2011). No
Brasil, em 1990, com o surgimento do conceito de «cidadania empresarial», o
voluntariado empresarial passou a ter uma maior visibilidade (Goldberg, 2001).
No Reino Unido os programas de voluntariado empresarial são muito comuns e
fazem parte da cultura das empresas através da disponibilização de horas para a
prática de voluntariado empresarial (Herzig, 2006). Relativamente à Índia, o
voluntariado empresarial tem crescido lentamente, e começa a ser promovido e
regulamentado, sendo que algumas empresas têm demonstrado a sua preocupação
relativamente ao alinhamento dos programas de voluntariado com os objetivos
empresariais e o desenvolvimento sustentável (Tewary e Dahiya, 2012).
O voluntariado empresarial nas empresas portuguesas começa a ser mais
organizado nos finais da década de 1990, sendo importante a publicação da Lei
n.º 71/98 que rege o serviço voluntário. No entanto, a evolução neste campo não
foi muito significativa. Segundo o Conselho Nacional para a Promoção do
Voluntariado em Portugal, os projetos e as iniciativas de voluntariado
empresarial estão a crescer devido à valorização pública e ao contributo que
estas ações têm para o bem-estar e desenvolvimento da sociedade, dos
colaboradores e das empresas envolvidas. Em Portugal, no ano 2000, fundou-se o
GRACE – Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empresarial – que tem como
principal objetivo a promoção da cidadania empresarial e da responsabilidade
social das organizações. Tem, ainda, como objetivo apoiar atividades
desenvolvidas por terceiros (associados ou não), procurando a colaboração com
as comunidades locais e organizações de solidariedade social. O GRACE tem,
também, apoiado o voluntariado empresarial com a publicação de diversos textos
orientadores sobre o tema. Paralelamente organiza vários eventos, com o
objetivo de promover a partilha de conhecimentos e experiências; organizou, por
exemplo, o primeiro laboratório de voluntariado empresarial que reuniu
organizações da sociedade civil e do setor empresarial, para discutir boas
práticas, apoiar o estabelecimento de parcerias e promover a prática de
voluntariado em Portugal.
Atualmente, existem diversas abordagens ao voluntariado, sendo uma delas o
voluntariado baseado em habilidades – esta é uma abordagem recente e inovadora
em que as habilidades, a experiência, o talento e a educação dos voluntários
são combinadas com as necessidades das organizações. Esta abordagem assenta
sobretudo na transferência de know-how
através das competências próprias dos voluntários, de acordo com as
necessidades das organizações, sendo que deste modo a performance das
organizações melhora (BCSD Portugal, 2008). Assim, as atividades de
voluntariado empresarial estão muitas vezes relacionadas com esta abordagem,
dado que os colaboradores das empresas intervêm de acordo com as suas
competências profissionais (Corporation for National & Community Service,
2010). Algumas das ações desenvolvidas no contexto do voluntariado baseado em
habilidades materializam-se na forma de prestação de serviços, sendo que várias
situações podem ilustrar este formato, por exemplo a disponibilização de
nutricionistas para a elaboração de ementas em lares, de professores para o
ensino da leitura e da escrita aos adultos, de formações na área de informática
por empresas de tecnologia da informação, entre muitos outros exemplos. Trata-
se de ceder profissionais para desempenharem funções nas organizações sem fins
lucrativos, tendo em conta as suas competências.
Metodologia
Foi efetuada uma revisão à literatura sobre voluntariado empresarial. Para
melhor compreender o conceito em questão foi necessário enquadrá-lo. Assim
realizou-se uma breve pesquisa sobre responsabilidade social. Esta pesquisa
teve como palavras-chave «responsabilidade social», «voluntariado empresarial»
e «voluntariado corporativo». Esta investigação envolveu a recolha de artigos
em várias revistas científicas (como Journal of Business Ethics, International
Journal of Business Environment, Nonprofit Management & Leadership, Revista
Portuguesa e Brasileira de Gestão e Harvard Business Review, entre outras),
publicações de organizações relacionadas com o tema, relatórios e teses de
doutoramento e mestrados.
Principais stakeholders
Nas atividades de voluntariado empresarial podem estar envolvidos vários
stakeholders. Numa primeira abordagem conseguimos identificar dois grandes
grupos – os voluntários (empresas e colaboradores) e as organizações sem fins
lucrativos.
As empresas são stakeholders
importantes uma vez que estabelecem o ponto de ligação entre voluntários e
organizações sem fins lucrativos. As empresas podem contribuir para a sociedade
de diversas formas, contudo devem tentar alinhar os seus programas de
voluntariado empresarial com a sua missão, a visão, os valores e a cultura da
empresa (Hatch, 2001). Os objetivos específicos da empresa, como por exemplo
desenvolver habilidades e formar equipas, também devem estar alinhados com os
programas (Grant, 2012), assim como estes devem ir ao encontro dos princípios
do voluntariado – solidariedade, participação, cooperação, complementaridade,
gratuitidade, responsabilidade e convergência (Lei n.º 71/98). Não basta que as
empresas tenham em consideração os aspetos referidos anteriormente para que os
programas de voluntariado empresarial sejam bem-sucedidos, é fundamental que
exista o envolvimento de todos, incluindo a gestão de topo, podendo este
envolvimento incluir funcionários aposentados e familiares dos colaboradores
(Quirk, 1998). Os programas de voluntariado empresarial ocorrem, geralmente, em
empresas de maior dimensão (Fischer e Falconer, 2001), mas existem pequenas
empresas que também desenvolvem este tipo de atividades.
Embora as organizações sem fins lucrativos sejam apoiadas por fundos públicos,
a verdade é que estão também dependentes das doações individuais e do apoio de
empresas (Brammer e Millington, 2003; Foster e Meinhard, 2005). Neste contexto
é fundamental considerar que estas organizações necessitam de uma gestão cada
vez mais profissional (Cuthill e Warburton, 2005) e que o contributo
empresarial é visto como indispensável. Sendo assim, pode-se mais facilmente
perceber a importância de compreender o planeamento e o desenvolvimento
organizacional, bem como o facto de estes fornecerem bases sólidas para a
construção de programas de voluntariado bem estruturados (Shin e Kleiner,
2003). As organizações sem fins lucrativos pertencem ao segundo grupo dos
stakeholders, sendo este grupo o que recebe os voluntários que realizam as
ações de voluntariado empresarial.
Vantagens e desvantagens
Como foi visto anteriormente, existem vários stakeholdersenvolvidos nas
atividades de voluntariado empresarial, pelo que para cada um deles podemos
identificar vantagens e desvantagens.
Atualmente assistimos a mudanças profundas na natureza do relacionamento entre
indivíduos e organizações, que têm ocorrido como uma resposta a mudanças
fundamentais na sociedade, à natureza dos mercados de trabalho e aos talentos e
aspirações dos indivíduos, sendo que ecoam uma mudança mais ampla, com impactos
dentro e fora das empresas (Gratton e Ghoshal, 2003). O voluntariado
empresarial deve ser visto numa tripla perspetiva win-win-win
(Quirk, 1998; Samuel et al. 2013)
, pois durante estas atividades o envolvimento de diferentes
stakeholderspermite a troca de conhecimentos (Allen, 2000), melhora
performances
e permite gerar maior motivação e envolvimento no trabalho dentro das empresas
(Azevedo, 2007). Deste modo, parece que o lado positivo tem um maior peso que o
lado negativo. De facto, o voluntariado empresarial proporciona aos
stakeholders
mais benefícios do que outras formas de voluntariado ou apoio social, pois os
colaboradores sentem-se motivados para apoiar a empresa e muitas vezes as
atividades são realizadas em grupo, trazendo benefícios para todos (Peloza e
Hassay, 2006).
Dependendo do tipo de práticas de voluntariado empresarial e das partes
envolvidas, as vantagens serão diferentes. Com as atividades de voluntariado
empresarial as organizações sem fins lucrativos melhoram o seu desempenho,
criam laços com as empresas, aumentam a probabilidade de atraírem novos
negócios e funcionários, e, deste modo, podem ganhar alguma visibilidade. As
organizações podem adquirir ou desenvolver conhecimentos e competências e, de
uma maneira geral, é possível minimizar alguns problemas que a sociedade
enfrenta e melhorar a qualidade de vida dos envolvidos.
As vantagens das empresas estão muito relacionadas com as vantagens dos
colaboradores que participam nas atividades de voluntariado empresarial, uma
vez que os colaboradores fazem parte da empresa. A principal vantagem das
práticas de voluntariado empresarial para as empresas passa pela eventual
melhoria da imagem pública que poderá ter impactos positivos nos clientes e
colaboradores (Gatignon-Turnau e Mignonac, 2014; Tuffrey, 1995). Durante as
atividades de voluntariado empresarial estabelece-se uma proximidade entre os
colaboradores, o que pode conduzir a uma melhoria do ambiente organizacional e,
consequentemente, à melhoria da comunicação interna e do trabalho em equipa. O
envolvimento da empresa com a sociedade identifica-a como sendo socialmente
responsável.
Por vezes, os colaboradores que participam nas atividades de voluntariado
confrontam-se com realidades que desconheciam e desempenham funções que nada
têm a ver com a sua área profissional, o que pode levar ao desenvolvimento de
novas capacidades pessoais e profissionais, como por exemplo capacidades de
comunicação, de gestão do tempo e de pessoas, de planeamento, entre outras
(Tuffrey, 1995). Ao adquirirem novas competências e habilidades, os
colaboradores irão favorecer a empresa não só por serem mais competentes mas,
também, pelos custos relacionados com a formação, que serão reduzidos. É
importante referir que as motivações dos colaboradores para participarem nas
atividades de voluntariado empresarial podem estar relacionadas com o alcance
de melhores resultados nas suas tarefas (Rodell, 2013), com condições
monetárias, o medo do desemprego, as compensações emocionais, as recompensas
financeiras e/ou de estatuto através de prémios e de louvores (Paço et al.,
2013). O envolvimento dos voluntários com outras pessoas desenvolve as relações
interpessoais, pode conduzir ao aumento da autoestima e da criatividade
consoante o tipo de ação (Azevedo, 2007; Muthuri et al., 2009; Santos, 2005).
Há ainda quem afirme que a prática de voluntariado é benéfica para a saúde,
pois melhora o sistema imunitário, reduz os níveis de stresse e ajuda na
retenção da acuidade mental (Karl et al., 2008).
Para melhor se identificar o vasto conjunto de vantagens do voluntariado
empresarial, é apresentada a Tabela_1 com as vantagens, de acordo com a
literatura existente.
Como seria de esperar, também o voluntariado empresarial apresenta
desvantagens, sendo que estas terão um peso menor, comparativamente com as
vantagens. Por exemplo, quando o número de horas exercidas em atividades de
voluntariado empresarial é elevado, pode levar ao atraso de trabalho,
considerando as normais e rotineiras funções dos colaboradores. Assim como a
perceção do desenvolvimento das competências dos colaboradores aumenta com as
horas de voluntariado, mas apenas até um certo ponto (Booth et al., 2009).
Outra desvantagem relaciona-se com a imagem da empresa ou da organização, no
caso de existirem pormenores menos claros relativos à atuação de um dos
parceiros, estes podem ter repercussões negativas na imagem do outro (Sair da
Casca e Multivária, 2004), assim como no caso de a empresa não estar preparada
e não se conseguir comprometer com a implementação das práticas de voluntariado
empresarial (Teodósio, 2001).
Os voluntários podem exercer atividades de voluntariado empresarial a pedido de
outras pessoas, ou porque o seu grupo de colegas também participa ou ainda
sofrer pressões por parte da empresa (Azevedo, 2007; Rodell, 2013). Podem,
ainda, ter expetativas de receber alguma compensação ou obter um melhor
estatuto dentro da empresa (Pavia, 2014). A Tabela_2 apresenta, de um modo
esquemático, as desvantagens do voluntariado empresarial já mencionadas
anteriormente.
Conclusão
A consciencialização, por parte das empresas, relativamente à responsabilidade
social empresarial aumenta proporcionalmente com a perceção da sua contribuição
para um mundo sustentável (Graff, 2004), sendo que esta consciencialização se
pode materializar em impactos no bem-estar ou na qualidade de vida de
indivíduos e da sociedade (Almeida e Sobral, 2007). É importante referir que as
empresas que não se preocuparem em conhecer a realidade à sua volta,
provavelmente perderão espaço diante das que se ajustarem a um cenário dinâmico
e em constante adaptação (Evangelista, 2010).
O voluntariado empresarial não tem sido um tema muito estudado (MacPhail e
Bowles, 2008; Peterson, 2004), contudo esta tendência está a alterar-se, pois
passou a ser entendido como uma importante ferramenta de política de
responsabilidade social empresarial, que pode acarretar importantes impactos
positivos (Paço et al., 2013). Este trabalho de investigação analisou o
voluntariado empresarial sob esta perspetiva, referindo a sua evolução,
identificando os principais stakeholders envolvidos e apresentando as vantagens
e desvantagens inerentes a um programa de voluntariado empresarial para cada um
dos stakeholders envolvidos.
Conclui-se que as vantagens são nitidamente superiores às desvantagens e, como
tal, pode afirmar-se que os stakekolders relacionados com o voluntariado
empresarial estão a tentar construir resiliência, ou seja, todos os envolvidos
acreditam que o voluntariado empresarial é uma importante forma de atuação que,
no seu fim último, trabalha a capacidade de ajudar a superar as fragilidades e
adversidades da comunidade. Finalmente, é importante referir que as vantagens
referidas só existirão se o envolvimento de todos os stakeholders for elevado.