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EuPTHUAp1646-52372014000100002

EuPTHUAp1646-52372014000100002

National varietyEu
Country of publicationPT
SchoolHumanities
Great areaApplied Social Sciences
ISSN1646-5237
Year2014
Issue0001
Article number00002

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Introdução ao dossiê temático: A análise ergonómica do trabalho e da formação para um desenvolvimento sustentável DOSSIÊ TEMÁTICO

Introdução ao dossiê temático: A análise ergonómica do trabalho e da formação para um desenvolvimento sustentável Introducción a la colección temática "Análisis ergonómico del trabajo y formación": El análisis ergonómico del trabajo y de la formación para un desarrollo sustentable.

Introduction au dossier thématique "Analyse ergonomique du travail et formation" : L’analyse ergonomique du travail et de la formation pour un développement durable Introduction to the thematic dossier "Ergonomic work analysis and training": The ergonomic work analysis and training for a lasting development

Céline Chatigny* *Université du Québec à Montréal, Département d’éducation et formation spécialisées C.P.8888, Succ. Centre-Ville Montréal (Québec) Canada, H3C 3P8 chatigny.celine@uqam.ca

No quadro do 18º congresso da Associação Internacional de Ergonomia (2012, Recife, Brasil), o simpósio "Ergonomics analysis of work and training (EAWT) " juntou investigadores e participantes de diversos países (Bélgica, Brasil, Canadá, França, Portugal, Suíça). Este simpósio inscreveu-se na continuidade de outros simpósios EAWT que ocorrem desde 1991, sobre os contributos da análise ergonómica para as situações de formação e de aprendizagem. Esta contribuição da ergonomia foi construída com uma preocupação de coerência com o objetivo da disciplina, isto é, a adaptação do trabalho às capacidades humanas. Assim, a conceção de dispositivos de formação deveria não favorecer o desenvolvimento das pessoas, mas também e sobretudo o desenvolvimento das condições de aprendizagem e de trabalho para permitir o desenvolvimento das competências e da saúde. As contribuições inscrevem-se então numa perspetiva construtivista e sistémica.

Na tradição dos simpósios anteriores, foi organizada uma publicação para partilhar os contributos dos participantes, bem como as reflexões que esperamos que permitam o desenvolvimento do trabalho, da formação e da ergonomia [1] .

Desta vez, a originalidade da publicação baseia-se numa produção conjunta entre as revistas Laboreal e PISTES que difundem respetivamente em português e em espanhol, e em francês, sempre com resumos em inglês. Os textos serão editados nas duas revistas. Neste número são publicados três textos que serão também difundidos em francês na revista PISTES nos próximos meses (a acompanhar em: (http://pistes.revues.org/). No número de Dezembro da Laboreal teremos acesso aos outros textos ao mesmo tempo da sua versão em francês na PISTES (outono de 2014).

Agradecemos de forma calorosa às direções das revistas, Marianne Lacomblez pela Laboreal e Élise Ledoux e Denys Denis pela PISTES, que tiveram a audácia de nos propor esta fórmula que lhes exige uma certa flexibilidade. Um agradecimento especial a Aurélie Tondoux que coordenou o processo de produção dos textos, contribuindo ao projeto de dar a conhecer os trabalhos recentes neste domínio de investigação, procurando alcançar um público mais vasto interessado pelas questões de formação, com abordagens inovadoras, suscetíveis de favorecer impactos mais alargados.

Agradecemos também aos autores que aceitaram o desafio desta dupla publicação.

1. Regresso às temáticas do congresso da International Ergonomics Association (IEA) e do simpósio "Ergonomics analysis of work and training (EAWT)2012 Designing a sustainable future foi o tema do congresso de 2012. No quadro do nosso simpósio EAWT, quisemos aproveitar esta oportunidade para discutir a perspetiva de perenidade das intervenções ergonómicas sobre questões de formação. Sabemos que estes desafios de desenvolvimento sustentável são cruciais para os trabalhadores e trabalhadoras, e para as empresas. Os primeiros devem realizar o seu trabalho ao mesmo tempo que desenvolvem as suas competências e protegem a sua saúde. Os coletivos devem frequentemente regular as exigências crescentes de produtividade e os riscos acrescidos. As empresas devem manter-se competitivas face às exigências diversificadas dos mercados. As empresas orientam-se para processos de melhoria contínua. Algumas parecem comprometer-se com uma abordagem mais concreta de sustentabilidade com o desafio de fazer progredir simultaneamente desenvolvimento económico, desenvolvimento da mão-de-obra e da sociedade, através da proteção do ambiente, por exemplo. Apesar de uma tendência para reconhecer o valor das competências das pessoas e a importância da transmissão dos conhecimentos e experiências antes da ida para a reforma, muitas empresas mantêm dispositivos baseados no controlo dos comportamentos dos indivíduos e nas durações muito limitadas da formação. Neste contexto, as contribuições da formação são também muito limitadas. O simpósio permitiu questionar esta conceção de formação que é amplamente utilizada em empresas.

Dezasseis comunicações foram reunidas em quatro temas, objeto, cada um, de uma sessão: 1. Transmissão e construção de saberes em contexto de trabalho; 2.

Análise da atividade de formandos e formadores e das suas abordagens pedagógicas; 3. Análise, avaliação e disseminação de práticas de formação; 4.

Formação e aprendizagem para populações específicas. Esta última sessão foi organizada em interação com o Simpósio Gender and Work”[2]. Foi uma primeira experiência que esperamos poder repetir.

Neste número de Laboreal, concentrar-nos-emos no contributo dos três textos seguintes: - Vidal-Gomel, C., Delgoulet, C. et Geoffroy, C. Competências coletivas e formação em condução de veículos de socorro num contexto de especialização de sapadores bombeiros em França. (Tema 1) - Duarte, S., & Vasconcelos, R. Análise da atividade, participação e sustentabilidade da ação transformadora: reflexões a partir do Projeto Matriosca (Tema 3) - Fernandes, J. and Santos, M. A atividade dos formadores no Reconhecimento e Validação de Adquiridos : a evolução de um instrumento a partir da atividade (Tema 3)

2. Contributos dos textos apresentados neste primeiro número O primeiro artigo, de Christine Vidal-Gomel, Catherine Delgoulet e Céline Geoffroy centra-se na análise das competências coletivas na perspetiva de enriquecer a formação profissional contínua de bombeiros sapadores franceses, na condução de veículos pesados de prestação de socorro. Este estudo foi realizado num contexto de especialização da atividade de condução, vista pela instituição de intervenção de urgência como uma atividade individual. O quadro concetual sobre as atividades de condução de veículos, e sobre a dimensão coletiva do desenvolvimento de competências, fornece um referencial de análise da atividade de trabalho para apreender esta dimensão coletiva. A originalidade do artigo situa-se na articulação de duas abordagens complementares, a da ergonomia e a da didática profissional. Esta contribuição inovadora permite identificar, a partir de observações de condução em situações reais de intervenção em urgência, conceitos pragmáticos que organizam as estratégias de condução. Permite também articular os desafios de desenvolvimento da formação e das condições de trabalho. Os resultados fornecem, efetivamente, indicadores claros para a formação. Eles revelam também que o projeto de especialização de competências de condução pode levar, a mais longo prazo, a pôr em causa a coesão da equipa no decurso das intervenções, e que ele deve ser questionado antes do pedido de formação. Este estudo é muito rico ao ter em conta os desafios coletivos no trabalho e na formação de outros tipos de emprego/ profissões e de contextos.

O segundo artigo, de Sérgio Duarte e Ricardo Vasconcelos, analisa a sustentabilidade da ação transformadora resultante de intervenções de formação- ação destinadas a incrementar a segurança e saúde no trabalho alicerçadas na análise da atividade e na participação dos trabalhadores. A partir de uma intervenção, num complexo químico em Portugal, baseada no Projeto Matriosca, que consubstancia uma abordagem participativa com recurso à análise da atividade em contexto real, os autores analisam as potencialidades dos atores no terreno se autonomizarem para a utilização sustentável dos processos e das transformações inerentes a este tipo de intervenções. Concluem com uma reflexão sobre a importância da análise da atividade, do papel dos interventores e investigadores que a empreendem e de outras condições de natureza metodológica, contextual e estratégica que é importante garantir para a efetividade deste tipo de intervenções.

O terceiro artigo, de Joana Fernandes e Marta Santos, analisa a atividade dos formadores, numa modalidade singular de formação o reconhecimento e a validação de adquiridos. Nesta análise privilegiam o olhar sob a atividade mediada pelo recurso ao referencial de competências-chave, considerado o principal instrumento da atividade dos formadores neste processo. Através de entrevistas coletivas a formadores e da análise da atividade conduzida numa empresa do setor metalúrgico procuraram compreender por que motivo e como evolui o referencial a partir da atividade dos formadores e quais os significados dessa evolução. Concluem que as transformações introduzidas pelos formadores advêm de fontes diversas, entre as quais destacam a reduzida utilidade percebida deste referencial no seu formato original. A pesquisa revelou que apesar de os formadores terem autonomia para fazer evoluir a prescrição, não parecem ser reservados espaços para tomarem consciência e debaterem essa evolução.

Boa leitura, Saudações cordiais, Céline Chatigny em representação dos colegas do comité organizador do simpósio Dominique Cau-Bareille, Catherine Delgoulet, Marie Laberge, Sylvie Ouellet e Marta Santos.

Como referenciar este artigo? Chatigny, C. (2014). Introdução ao dossiê temático A análise ergonómica do trabalho e da formação para um desenvolvimento sustentável. Laboreal, 10, (1), 10-13

Notas [1] Os contributos da ergonomia para as questões da formação, que foram valorizados nos congressos anteriores, podem ser consultados nas publicações seguintes: Número especial: Work, vol 42, no 1, 2012: (http://iospress.metapress.com/ content/q66420837m77) Lacomblez, M., Bellemare, M., Chatigny, C., Delgoulet, C., Re, A., Trudel, L., and Vasconcelos, R. (2007). Ergonomic analysis of work activity and training: basic paradigm, evolutions and challenges. In, R. Pikaar, E. Koningsveld, and P. Settels, (eds.), Meeting diversity in ergonomics (129–142), Amsterdam and Boston: Elsevier. (https://www.elsevier.com/books/meeting-diversity-in- ergonomics/pikaar/978-0-08-045373-6).

Número especial: PISTES (http://www.pistes.uqam.ca), Vol. 6, nº2, 2004.

Número especial: Relations industrielles/Industrial Relations, vol. 56, no 3, 2001.

Número especial: Safety Science, Vol.23, nº2/3, 1996.

Número especial: L'ergonome, le formateur et le travail. Education Permanente.

124, 1995.

[2] (http://www.iea.cc/about/technical_com_gender.html)


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