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EuPTHUAp1646-52372015000200008

EuPTHUAp1646-52372015000200008

National varietyEu
Country of publicationPT
SchoolHumanities
Great areaApplied Social Sciences
ISSN1646-5237
Year2015
Issue0002
Article number00008

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Intervenção no XI congresso internacional de psicotécnica TEXTOS HISTÓRICOS

Intervenção no XI congresso internacional de psicotécnica.

Intervención en el XI congreso internacional de psicotécnica.

Intervention au xième congrès international de psychotechnique.

Speech at the eleventh international congress of psychotechnics.

Georges Friedmann

Texto original: Friedmann, G. (1954). Intervention au XIème Congrès International de Psychotechnique (Psychologie appliquée), Section de psychologie du travail, Paris, 1953. Le Travail Humain, 17, 1-2, 39-40.

O Dr. Frisby sublinhou justamente, na conferência do Prof. Hearnshaw, que a obrigação, a imposição e a disciplina constituem a essência do trabalho, podendo este último ser definido, em última análise, como uma atividade em que intervém um elemento de imposição. Existe, evidentemente, uma grande variedade de imposições e não resulta automaticamente que uma atividade exercida nessas condições não possa comportar diversas formas de satisfação. Espero que a discussão permita retomar este assunto e, pela parte que me toca, salientarei na exposição do Sr. Hearnshaw, juntamente com alguns comentários, os seguintes pontos:

1.º É consensual que a conceção de uma psicologia industrial, que seria uma simples utilização de técnicas «aplicadas» à vida económica e, em especial, à vida industrial, é exígua e limitadora. que salientar que as ciências do homem, que constituem as mais recentes, suscitaram analogias erradas com as ciências psicomatemáticas. Existiria uma psicologia aplicada à vida industrial, derivada da psicologia teórica, como existe, em relação à teoria física, uma termodinâmica e uma mecânica aplicadas, ou uma eletricidade industrial: conceção que, de resto, implica uma dicotomia arbitrária entre a teoria e a prática. Saliente-se, a este respeito, as confusões geradas pelo próprio termo «psicotécnica», que foi objeto de discussão no Congresso de Göteborg.

Para o Sr. Hearnshaw, que rejeita esta conceção, a psicologia industrial é uma ciência onde distingue 3 aspetos: (a) Um conjunto de fins e de princípios; (b) Um conjunto de conceitos teóricos; (c) Um corpo de técnicas.

Mas esta própria divisão, e talvez Sr. Hearnshaw pudesse salientá-lo, é didática e um pouco artificial no sentido de que a aplicação das técnicas, o respetivo desenvolvimento, a sua comprovação através da experiência repercutem- se constantemente nos conceitos teóricos, modelam-nos e modificam-nos numa incessante ação recíproca. Facto que J. M. LAHY muito bem expressou num artigo notável sobre higiene mental (Hygiène mentale) (dezembro de 1932), quando escreveu: «A psicologia aplicada ou psicotécnica não é senão a psicologia científica geral. Não esta não difere da psicologia teórica, mas, fruto desta, ultrapassa-a, transforma-a e vai substituí-la como o produto da sua evolução necessária, como uma síntese da teoria com uma nova prática.»

2.º A psicologia industrial não pode ser uma coleção de aplicações e tal, no nosso entender, sobretudo porque o trabalho é uma realidade original, global, una, que não pode ser avaliada, absorvida, compreendida por pretensas «aplicações», dispersas de uma ciência «pura». que insistir aqui no caráter uno e complexo dos conteúdos do trabalho.

Independentemente da tarefa, observada concretamente nas oficinas, escritórios, estaleiros, na agricultura moderna, esta apresenta-se sob 5 aspetos ou características principais: técnica, fisiológica, psicológica, social e económica. Cada um destes aspetos expressa a mesma realidade vista sob diferentes ângulos e em toda a sua riqueza de conteúdo. As reações mentais de um operário, Paul, numa determinada oficina, no conjunto das suas tarefas quotidianas e, inversamente, o seu esforço para modelá-las de acordo com as suas características pessoais revelam, a propósito do que se convencionou denominar «aptidões», «dedicação laboral», «satisfação» ou «insatisfação» que não existe, indubitavelmente, um único problema relativo ao trabalho humano que seja meramente psicológico.

Explicam-se, desta forma, a relatividade e também determinadas deceções e erros do método dos testes que foi frequentemente aplicado na indústria ao longo dos últimos vinte anos. Explicam-se também, assim, a relatividade e as desilusões de vários estudos que visavam compreender os fenómenos do «tédio», da «monotonia», e mesmo a «fadiga», fenómenos que suscitam também, evidentemente, condições técnicas, económicas e sociais. As investigações em matéria de sociologia industrial confrontam-nos permanentemente com a inter-relação dos diversos aspetos do trabalho e revelam a necessidade de uma colaboração estreita de equipas de investigadores pertencentes às várias ciências dedicadas ao trabalho humano.

Por conseguinte, garantem-nos que qualquer «política da produtividade» que ignorava ou negligenciava esta inter-relação seja, mais tarde ou mais cedo, condenada ao fracasso. Permitam-me acrescentar, concordando com a Sra. PACAUD, que ela não merecia a colaboração de psicólogos industriais preocupados em não comprometer a respetiva atividade ao serviço de interesses particulares e de mantê-la num campo científico.

COMO REFERENCIAR ESTE ARTIGO? Friedmann, G. (1954). Intervention au XIème Congrès International de Psychotechnique. Laboreal, 11 (2), 84–85.


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