Promoção Digital: o exemplo da Gorila Vintage Edition
Introdução
Com este artigo e tomando como estudo de caso a campanha Gorila Vintage, levada
a cabo pela agência de publicidade BAR em 2012, pretendemos distinguir a
promoção digital da publicidade dita offline e a online, evidenciando os
limites desta e argumentando sobre as vantagens de integração das técnicas
tradicionais e digitais. A publicidade é, enquanto técnica de comunicação de
massas, destinada a um público específico e que é especialmente paga com o
objectivo de dar a conhecer e valorizar uma marca (Rasquilha, 2009, p. 20),
percebendo-se assim a razão pela qual tradicionalmente a publicidade de massas
se focou na televisão e na imprensa (King, Lawler, McBain & Moscardini,
1999, p. 127).
Actualmente, com o surgimento da Internet e de plataformas com crescentes
audiências, cada vez mais activas e participativas, as marcas vêm-se na
contingência de abandonar um modelo unidireccional para proporcionar aos seus
fãs motivos que os levem não só a comprar, mas a participar de outras formas.
O modelo publicitário evolui da AIDA: atenção, interesse, desejo e acção/
compra, para um AIPC: atenção, interesse, participação (experiência) e compra.
E esta experiência tem de ser diferenciadora e cativante, pois com os múltiplos
estímulos a que o consumidor está exposto, nem tudo o faz participar além de um
gosto na plataforma que habitualmente frequenta (facebook) e onde, por norma,
interage com os seus amigos.
É necessário, por isso, convencer o fã e para isso recorre-se a estratégias
inovadoras e a instrumentos tecnológicos sedutores que fazem parte de um
estilo de vida, de uma maneira de ser do consumidor actual.
Este artigo encontra-se dividido em três partes principais. Nas duas primeiras
é abordado o conceito de publicidade, sua evolução, vantagens e desvantagens; e
é caracterizada a estratégia do retrobranding. A última parte inicia-se com uma
nota metodológica que enquadra a análise detalhada da campanha Gorila Vintage,
utilizando a observação sistemática e dados analíticos da rede social do
facebook,assim como, declarações dos responsáveis criativos da mesma (Agência
BAR).
1. A Publicidade: sua evolução e características
A publicidade como hoje a conhecemos, sofreu várias alterações ao longo do
tempo, fruto da evolução natural dos diversos meios de comunicação e das
relações socioeconómicas. Por exemplo, a década de 60 demonstrou ser um
período importante para a formação de grupos económicos e de tecnoestruturas
(Rasquilha, 2009, p. 38), uma vez que foi neste período que se iniciaram e
fundamentaram as políticas de grande produção e de distribuição de produtos.
Não é por acaso que Jean Baudrillard, no início da década de 70, classifica a
sociedade desta época como sendo uma sociedade de consumo, uma vez que estamos
a viver o período dos objectos, ou seja, vivemos de acordo com o seu ritmo e de
acordo com os seus ciclos incessantes (Baudrillard, 1999, p. 33). Mas para o
consumo, não basta haver oferta, tem que existir lugar para a sugestão. Numa
altura em que a principal preocupação do consumidor era consumir, o marketing e
a publicidade atingem o seu expoente máximo de efectividade, uma vez que os
consumidores não contestam a publicidade, acreditando nos publicitários e nas
soluções propostas (Rasquilha, 2009, p. 39).
Contudo, a década de 70 traz consigo a consciência dos limites do crescimento
económico e inicia-se a diversificação dos meios publicitários até então
limitados à televisão, à rádio e à imprensa. Com as novas técnicas de
comunicação aposta-se na comunicação below the line, ou seja, na promoção
feita fora do espectro dos mass media (above the line) recorrendo às relações
públicas de produto e marca, ao merchandising, à publicidade no local de venda,
ao marketing directo e às promoções, de forma a abranger um leque cada vez mais
diferenciado de consumidores e de estilos de vida, à luz do desenvolvimento do
individualismo(Rasquilha, 2009, p. 39). Deste modo, e sobretudo a partir de
meados da década de 80, o consumidor começa a exigir uma publicidade com
características mais conceptuais (Rasquilha, 2009, p. 40), ou seja, uma
publicidade que não esteja directamente relacionada com o produto em si, mas
sim com os estilos de vida associados ao uso desse mesmo produto.
Com o advento e rápida evolução da Internet ao longo dos anos 90 fez com que um
meio até então restrito aos especialistas se tornasse num meio mais user
friendly do que nas décadas de 70 e de 80, quando era dominado por cientistas e
investigadores (Kim & McMillan, 2008, p. 99). Esta evolução fez com que
muitos empreendedores, investigadores, anunciantes e os próprios consumidores
começassem a examinar o potencial da Internet como um meio de publicidade
(Kim & McMillan, 2008, p. 99).
A ascensão dos mediadigitais, definidos como qualquer conteúdo de áudio e
vídeo que existe em formatos digitais e que são distribuídos viaInternet
(Truong & Simmons, 2010, p. 239) tem tido um grande efeito nas técnicas de
comunicação do marketing, nomeadamente na publicidade. A título de exemplo,
foram gastos aproximadamente 25 mil milhões de dólares em publicidade nos
media digitais em 2006 (Truong & Simmons, 2010, p. 239) e embora possa
parecer um número imponente, é relativamente inferior quando comparado com os
custos da publicidade nos mass mediahabituais, uma vez que a demanda por
mensagens publicitárias desejáveis pode ser satisfeita mais eficazmente porque
existem maiores volumes de espaço publicitável disponíveis na Internet (King,
Lawler, McBain & Moscardini, 1999, p. 127).
Hoje o investimento em publicidade digital não pára de aumentar, sobretudo nos
Estados Unidos da América, onde em 2012 as receitas destes tipo de publicidade
chegaram aos 36,6 mil milhões de dólares, de acordo com o último relatório do
Interactive Advertising Bureau (IAB), representando assim um aumento de 15%
face a 2011. Estes números provam assim que a publicidade na Internet continua
a mostrar-se forte desde a recessão ( ) de 2009 (IAB, 2013, p. 8). Dos 36,6
mil milhões de dólares, 46% são provenientes de anúncios de pesquisa; 21% de
anúncios de exibição e 7% de classificados1. Este valor ultrapassa as receitas
obtidas com a publicidade realizada na televisão por cabo, nos jornais, nas
revistas e na rádio, ficando apenas atrás das receitas obtidas com a
publicidade em canais de televisão de acesso livre.
Em Portugal, em termos de investimento, os canais generalistas continuam a ser
preferidos ' em 2010, de acordo com o Omnicom Media Group (OMG), receberam
49,1% de um total aproximado de 691 milhões de euros em investimento
publicitário. Os investimentos publicitários na Internet representaram 4,3% do
total (cerca de 29,5 milhões de euros), ficando assim bastante à frente dos
investimentos feitos em publicidade para cinema (0,4%), e muito perto do
investimento realizado na televisão por cabo (4,5%). Embora 4,3% possa parecer
um valor diminuto, de acordo estes dados contidos no Relatório de Regulação da
ERC de 2010, o investimento em publicidade digital foi o que mais aumentou em
termos percentuais nos últimos 10 anos, passando de 0,8% do total em 2001 para
4,3% em 2010. Os investimentos em publicidade na imprensa não-diária foram os
que mais caíram no mesmo período tempo (-6,2%), seguindo-se os da imprensa
diária (-3,4%), rádio (-1%) e cinema (-0,3%). Do lado positivo, além da
Internet, já referenciada (+3,5%) destacam-se com um aumento nos últimos 10
anos, os outdoors(+3,2%), os canais por cabo (+3%) e a televisão generalista
(+1,1%).
Porém, estes dados não vão ao encontro dos apresentados pela Marktest no início
deste ano, no que diz respeito aos investimentos publicitários realizados em
2012. De acordo com a Marktest, o investimento em publicidade digital não tem
qualquer representatividade, ao mesmo tempo que para esta empresa, os
investimentos em televisão representaram perto de 75% do valor total dos
investimentos (74,8%) ' um valor bem distanciado dos 49,1% apresentados pelo
Omnicom Media Group em 2010 no Relatório de Regulação da ERC. Estas duas
empresas apenas apresentam como valores semelhantes os investimentos em rádio
(5,9% OMG (2010); 5% Marktest (2012)) e os de cinema (0,4% OMG (2010); 0,6%
Marktest (2012)). Estas grandes diferenças ficam a dever-se ao facto do plano
metodológico utilizado ser diferente para cada empresa e aos formatos de
publicidade considerados2. Enquanto a Marktest não apresenta valores de
investimento publicitário na Internet e agrega as estimativas para televisão,
a OMG não só apresenta estatísticas para a Internet como também separa em
duas sub-categorias o investimento publicitário na televisão (ERC, 2011, p.
138) ' os canais generalistas (RTP1, SIC e TVI) e os canais pagos.
Apesar de tudo, de acordo com os dados do Omnicom Media Group, o investimento
na Internet tem sido gradual, não se percebendo ainda a razão pela qual o
código da publicidade português não faz qualquer referência a este tipo de
publicidade, que pode assumir diversas formas e formatos e é agora motivo de
investimento por parte dos anunciantes. O facto de não existir qualquer menção
à publicidade digital não se coaduna com o que se encontra escrito no referido
código, já que segundo este, a publicidade assume, nos dias de hoje, uma
importância e um alcance significativos, quer no domínio da actividade
económica, quer como instrumento privilegiado do fomento da concorrência
(Código da Publicidade, Decreto-Lei n.º 330/90). Dadas as circunstâncias, seria
importante do ponto vista jurídico-legal instituir uma nova alteração ao
código, algo que não acontece desde 1998.
1.1. Particularidades da Publicidade Digital
Existem diferenças substanciais entre a publicidade tradicional, como a que é
feita nos meios de comunicação social e a publicidade digital. Toda a estrutura
da Internet faz com que seja possível tanto para os anunciantes como para as
próprias agências de publicidade saber mais sobre os utilizadores online ( )
do que outros media tradicionais como a imprensa, a rádio e a televisão
(Evans, 2009, p. 42). Por exemplo, enquanto é possível saber num determinado
instante quantas pessoas estão ligadas a uma página web e o que estão a fazer
dentro da própria página, o mesmo não acontece com a rádio, a imprensa ou a
televisão. Esta questão é relevante para a publicidade, uma vez que não se
consegue saber em tempo real se um ouvinte de rádio está a ouvir ou não os
anúncios; se um leitor de jornal repara nos anúncios neste inseridos; ou mesmo
se um telespectador muda de canal quando começam os blocos publicitários. Além
disso, o facto de cada utilizador da Internet estar associado a um IP
(protocolo de Internet), faz com que os media digitais consigam descodificar a
localização de cada utilizador. Mesmo nos casos em que existe um mesmo IP para
vários utilizadores (por exemplo, em casa e no emprego), os mediadigitais e,
por sua vez, os anunciantes, conseguem obter informações importantes sobre os
utilizadores, uma vez que estes podem usar os IPs para analisarem que outros
sites foram visitados pelos utilizadores com esse endereço IP e cruzar com
outros detalhes sobre o indivíduo ou o agregado (Evans, 2009, p. 42). Ora,
tudo isto faz com que seja possível dirigir a publicidade a públicos-alvo
específicos, uma vez que os anunciantes (e os seus intermediários) sabem com
confiança qual o conteúdo que um consumidor em particular vê (Evans, 2009, p.
42). Como se percebe, a questão da segmentação assume um papel cada vez mais
importante no mundo da publicidade, porque um dos grandes desafios da
publicidade digital prende-se precisamente com o facto de existir um vasto
número de anunciantes a querer entregar múltiplas mensagens a um vasto número
de consumidores (Evans, 2009, p. 43).
Uma das grandes vantagens da publicidade digital está associada ao facto desta
oferecer o potencial de ser um veículo mais eficiente (Evans, 2009, p. 43)
para a transmissão de conteúdos entre os anunciantes e osrespectivos públicos-
alvo do que a publicidade offline. Mas, para Rob Stokes (2008), é o facto de
alguns formatos da publicidade digital possuírem algumas semelhanças com outros
formatos da publicidade offline que faz com que esta seja vantajosa. Tomando o
exemplo dos banners, este autor refere que estes podem parecer muito
semelhantes aos anúncios em imprensa ( ) são fáceis de perceber (Stokes, 2008,
p. 38) pelos potenciais consumidores, fazendo com que a publicidade seja
eficiente.
Com a inclusão de rich media nos banners, estes podem revelar-se como sendo
interactivos, oferecendo assim níveis de interactividade que outras formas de
publicidade não conseguem atingir (Stokes, 2008, p. 38). Desta forma, o
público-alvo de um determinado anúncio, além de se limitar a visualizar um
anúncio, pode interagir e criar uma ligação com este, aumentando as hipóteses
do consumidor lembrar-se da marca amanhã (Stokes, 2008, p. 39), indo ao
encontro do que foi referido no início deste trabalho ' cada vez mais existe a
necessidade de ligar o consumidor não a um produto ou serviço em particular,
mas sim a uma marca, interagindo com a mesma.
Um estudo levado a cabo por um conjunto de três investigadores veio ainda
demonstrar que existem diferenças em termos de atitude dos utilizadores da
Internet em relação a vários tipos de publicidade. Este estudo demonstrou que
os utilizadores consideram a publicidade digital como sendo mais informativa
que a publicidade offline, ao mesmo tempo que estes sentem mais confiança ao
utilizar a informação que vêem num anúncio onlinepara se decidirem em relação à
compra de um determinado produto (Schlosser, Shavitt & Kanfer, 1999, pp.
43-5).
No espectro negativo, em termos técnicos, o aumento dos browsers com
bloqueadores de pop-ups pode ser um entrave à publicidade digital devido à
própria natureza intrusiva dos web display ads, uma vez que tanto a boa como
a má publicidade nunca chegará aos olhos dos utilizadores destes
bloqueadores.
Vários autores têm apontado que as percepções do consumidor em relação à
publicidade digital tem-se tornado cada vez mais negativas, porque alguns
formatos são considerados como distractivos, perturbadores, forçados, ( ) e
intrusivos (Truong & Simmons, 2010, p. 241), acabando por provocar no
utilizador um efeito contrário ao desejado. Vários estudos revelaram que
ospop-upse osbannersforam percepcionados como intrusivos para os utilizadores,
interrompendo ( ) as suas tarefasonline (Truong & Simmons, 2010, p. 241),
acabando assim por gerar sentimentos de irritabilidade em relação a anúncios na
esfera digital.
Outra dificuldade que os anunciantes têm no contexto online prende-se com a
existência de ad clutter, ou seja, a imensidão de mensagens publicitárias a
que um utilizador está exposto quando navega na Internet. Conforme apontam Cho
e Cheon, apesar de alguns consumidores continuarem a clicar nos anúncios da
Internet que consideram úteis, muitos consumidores decidem não fazê-lo devido a
uma aversão à quantidade de anúncios na Internet. A existência deste ad
clutter pode assim reduzir a eficácia colectiva da publicidade na Internet
(Cho & Cheon, 2004, p. 93).
Além disso, a questão da velocidade de ligação à Internet pode ser um factor
limitativo, embora este seja um problema que se coloca cada vez menos. De
facto, o último relatório disponível da Autoridade Nacional de Comunicações
(ANACOM) relativo ao acesso à Internet revela que, no final do 3º trimestre de
2012, existiam cerca de 2,3 milhões de utilizadores com acesso a Internet de
banda larga fixa e outros 3,2 milhões com acesso a banda larga móvel. Quando
comparado com o mesmo trimestre de 2011, o número de utilizadores com acesso a
Internet de banda larga fixa aumentou 5,6%. Por sua vez, o número de
utilizadores com acesso à Internet via dial-up continua com a tendência de
queda, sendo neste momento representada por pouco mais de 25.000 utilizadores.
Estas desvantagens evidenciam a necessidade de diferenciar a promoção digital
da publicidade introduzindo-lhe componentes que estão para além do simples
display de uma mensagem, de um jingle ou de uma imagem. Cada vez mais, a
integração de técnicas de comunicação e de elementos de entretenimento tem
propiciado uma maior notoriedade de campanhas de comunicação que recorrem ao
digital, como evidenciaremos com o estudo de caso apresentado.
2. Retrobranding
A estratégia retro assenta no rationalede recuperação de um produto ou de uma
marca entretanto desaparecida do mercado e o seu sucesso depende do grau de
reconhecimento e de memória que persistem na sociedade sobre esse produto ou
marca. Assim sendo, ao assumirmos que todos os produtos e marcas, à semelhança
dos indivíduos, possuem um ciclo de vida (têm um início, um ponto alto e um
fim), compreendemos que o significado dos produtos retrodepende da memória dos
consumidores sobre os produtos.
Os esforços de marketing retrosão facilitados pela reconstrução de uma marca
antiga, em detrimento da criação e desenvolvimento de uma novidade,
beneficiando em tempo e dinheiro, da reputação e da notoriedade que essa marca
poderia ter antes de adormecida. Segundo Rob Walker (2008), este facto
resulta da combinação de dois elementos, a familiarização dos consumidores com
as marcas e a opinião positiva em relação às mesmas. Contudo, a falta de
memória dos consumidores sobre uma marca também pode ser uma vantagem quando se
opta pelo retrobranding. Neste caso, usa-se a carga simbólica da marca e da sua
identidade. No caso de marcas nacionais, estas têm o potencial de reforçar o
sentimento patriótico, aumentando o apelo dos consumidores de optar pelo que é
deles, pelo que é nacional.
Para Stephen Brown, existe uma ligação entre o crescimento da procura por
produtos retroe as características demográficas da população. O aumento do
tempo médio de vida e o envelhecimento demográfico proporcionam o aumento da
memória individual e colectiva que, por sua vez, se traduz na procura pelos
bens que por remeterem aos tempos de infância e juventude, transmitem conforto
e reconfortam o peso dos anos (1999, p. 367). Por seu turno, os mesmos produtos
antigos que fazem parte da memória dos mais velhos não passam despercebidos aos
consumidores mais jovens. Assim, os produtos retrosão reconhecidos e
valorizados pelos jovens que perfilham os tempos de privação de acesso a
produtos e serviços(Brown, 1999, p. 368).
Stephen Brown caracteriza o século XX como uma época nostálgica provocada pelo
fim de século. Inclusivamente existe uma predominância da nostalgia em
sociedades que de alguma forma viveram ou ainda vivem num estado de caos,
turbulência e transformação (1999, p. 368). As marcas antigas, devido à carga
temporal simbólica que veiculam, assumem o efeito de equilíbrio, conforto e de
esperança para todos aqueles que vivem momentos conturbados e de instabilidade
(Brown, Kozinets, & Sherry, 2003, p. 20). Neste sentido, acreditamos na
fidelidade às marcas nutrida pelos consumidores e que poderá traduzir-se no
entusiasmo e receptividade a marcas antigas.
Em termos de marketing, a estratégia a enveredar deve passar pelo
reposicionamento das marcas, através do rejuvenescimento das mesmas (em termos
de imagem, variedade). Por sua vez, o rejuvenescimento de marcas antigas
implica desbravar as características originais das marcas e que se constituem
como heranças(Brown, Kozinets, & Sherry, 2003, p. 20).
3. Nota metodológica de análise da Campanha
Uma vez explorado o conceito de publicidade, sua evolução, vantagens, e
limitações; e evidenciados os princípios do retrobranding, poderemos agora
perceber o porquê de algumas das escolhas da equipa criativa responsável pela
campanha que iremos analisar de seguida.
Nesta parte é apresentada a marca e o produto recorrendo a informação pública
da Lusitecae é conduzida uma análise detalhada da campanha Gorila Vintage,
utilizando a observação sistemática e dados analíticos da rede social do
facebook,assim como, declarações dos responsáveis criativos da mesma.
Começaremos a análise a partir da apresentação da marca e do produto em si, e
posteriormente partiremos para a análise dos objectivos e dos dados recolhidos
relativamente à implementação da campanha, onde se inclui a entrevista com dois
dos criativos da agência de publicidade BAR, a responsável pela campanha das
pastilhas Gorila Vintage. As declarações destes informadores qualificados foram
fundamentais para podermos apresentar os objectivos e público-alvo da campanha,
assim como, a forma de implementação da mesma3.
A observação sistemática da página da rede social do Facebook teve em conta os
seguintes indicadores: data de criação da página, número de publicações, número
de fãs, frequência de publicação e número de gostos e comentários.
Optou-se por não analisar o conteúdo dos comentários nem o perfil dos fãs, uma
vez que o objectivo principal deste trabalho é perceber a estratégia de
retrobranding e as tácticas usadas para o relançamento da Gorila no mercado
português. Procurou-se igualmente perceber a intensificação da adesão à página
(número de fãs e gostos) durante o período da campanha Gorila Vintage. Para
tal, foram usados os dados analíticos do facebook disponibilizados na página da
Gorila.
3.1. Apresentação da Marca e do Produto
A marca de pastilhas elásticas Gorila pertence ao grupo Lusiteca -
Transformação e Embalagem de Produtos Alimentares, S.A.R.L, uma empresa
portuguesa fundada em 1968.
O primeiro grande objectivo da empresa seria centralizar-se no empacotamento de
produtos alimentares, já que surgiu numa altura em que as grandes superfícies
começavam a ganhar lugar no mercado face às pequenas mercearias.
Consequentemente, os produtos a granel passaram também a ser menos comprados e
houve a necessidade de virar o mercado para os produtos embalados.
Foi quando as próprias produtoras começaram a embalar os produtos na fábrica de
origem que a Lusiteca começou a fabricar os seus produtos e a concentrar-se na
confeitaria, nomeadamente de rebuçados de fruta. Através da variedade de
produtos que começou a comercializar, a Lusiteca foi ganhando espaço no mercado
português, principalmente com as marcas Mouro e Penha - de drops vários e
caramelos. No entanto, foram as pastilhas Gorila, nascidas em 1975, que se
tornaram o porta-estandarte do grupo e o produto com mais visibilidade da
Lusiteca.
Apesar de continuar a aumentar a sua gama de produtos e a sua presença no
mercado português, tem também ganho reconhecimento no estrangeiro. Actualmente,
os produtos Lusiteca estão presentes em mais de 30 países, principalmente
lusófonos ' tendo as pastilhas Gorila ganho notoriedade em Angola.
Desde 2012 que a Lusiteca tem vindo a desenvolver uma nova estratégia para
aumentar a sua quota no mercado nacional, cujo objectivo é o de duplicar o
volume de negócios para 20 milhões de euros até 2016 (Silva, 2012). Esta
estratégia passa por uma renovação da imagem de todos os produtos da empresa,
mas é nas pastilhas Gorila que concentram os esforços.
As pastilhas Gorila são queridas pelo público, sendo possível à Lusiteca
reestruturar-se e crescer, mantendo apenas as Gorila nos pontos de venda. Para
reconquistar o lugar que a marca ocupava no mercado, a Lusiteca optou por
investir na renovação do produto e em torná-lo mais visível nos pontos de
venda. O primeiro passo foi renovar a imagem das caixas, das embalagens
individuais e dos próprios expositores do produto, sem nunca perder a
identidade visual: as embalagens vermelhas e o logotipo da marca. Além disso,
existiu também um investimento em merchandising e na distribuição, pois é nos
pontos de venda, que a empresa considera obter a maior promoção. Sendo um
produto de impulso, não é a publicidade que leva o consumidor a agir mas sim
aquilo que o chama a atenção e estimula à acção no momento da compra.
Outra aposta da empresa foi o lançamento de novos sabores. Com uma concorrência
cada vez mais forte (diferente do contexto em que a marca se lançou), os
consumidores pedem inovação e o lançamento dos sabores de maracujá, tropicool
e cola & limão responde a essa necessidade.
É nesta estratégia de rebranding que surge a Gorila Vintage, uma edição
limitada das pastilhas Gorila que remete para o saudosismo da marca e mesmo
para uma maior qualidade do produto. Neste sentido, a marca utilizou a
estratégia de retrobranding com um dos seus best sellers nos anos 80.
A fórmula passou por uma nova embalagem, o revivalismo ao retomar a colecção de
cromos de aviões da Segunda Guerra Mundial e ao trazer de volta o sabor a menta
(escolhido por representar cerca de 60% das vendas totais). Esta seria uma
forma de, não só chamar a atenção de adultos de 30 ou 40 anos que relembram a
marca, mas também conseguir angariar novos consumidores; um novo produto traz
uma oportunidade para uma nova campanha e para o relançamento das pastilhas de
um modo geral.
3.2. Objectivos e Público-alvo da Campanha
As pastilhas da marca Gorila fazem parte do emocional colectivo de uma geração,
nomeadamente, a que nasceu e cresceu nos anos 80. Desse modo, o objectivo desta
campanha foi trazer de volta essa memória emocional, não só através do
lançamento de um produto exclusivo e de edição limitada (Gorila Vintage
Edition), como também da utilização dos jogos de vídeo típicos da década de 80
- que, na altura, representavam o pico da inovação tecnológica ' adaptando-os à
tecnologia actual, e tornando-os passíveis de serem jogados em smartphones,
tablets e computadores4.
Em suma, a ideia base da campanha seria juntar duas das coisas que marcaram os
jovens nos anos 80: as pastilhas Gorila e os icónicos jogos de vídeo,
aproveitando a onda saudosista e seguindo uma estratégia retro5.
A actual época de crise em Portugal acabou por ajudar a acender o fogo desta
campanha, uma vez que, em momentos de crise, os indivíduos sentem-se mais
confortáveis com o passado, devido à incerteza no futuro. A Gorila é uma
referência do passado do público-alvo desta campanha, e relembra os tempos de
juventude em que, enquanto se comia uma destas pastilhas ou se jogava aqueles
jogos, viviam-se os melhores anos ' sem ideias de responsabilidade ou contas
para pagar.
O desafio nesta campanha estava em falar sobre os bons velhos tempos sem
correr o risco de ver a marca passar por velha, do século passado e fora de
moda. A solução passou por recorrer a técnicas e plataformas actuais, adaptando
a linguagem e os instrumentos da campanha às mesmas6.
Assim, depois de ficar mais de vinte anos sem realizar qualquer tipo de
campanha promocional, a Gorila decidiu optar por fazer-se notar junto dos seus
consumidores originais, recorrendo ao retobranding e à emoção em torno das
arcades dos anos 80, com jogos icónicos como o Pong, o Arcanoid ou o Space
Invaders. No fundo, esta campanha pretendeu atingir os indivíduos que viveram a
juventude nessa época e que hoje se encontram entre os 25 e os 40 anos de
idade7.
3.3. Implementação da Campanha
A campanha da Gorila Vintage, cujo slogan é de volta aos melhores tempos da
tua vida começou a ser divulgada através da página oficial das pastilhas
Gorila no Facebook, a 25 de maio de 20128. Esta divulgação foi feita com a
imagem da embalagem Gorila Vintage com a mensagem: E finalmente... Gorila
Vintage! Uma edição especial para quem quer recordar o sabor da mítica Gorila
de mentol e que vai transportar tudo e todos de volta aos melhores tempos das
suas vidas, com uma colecção muito especial no interior. Consegues adivinhar
qual? que serviu como um teaser à campanha em si.
A partir de 22 de outubro de 2012 foram divulgadas novas imagens da pastilha
tanto na página da Gorila no Facebook, como no jornal gratuito Destak. Estas
pastilhas tinham a forma de um teclado spectrum, cassetes e até mesmo do carro
do filme Regresso ao Futuro ' mais uma vez, todos estes são elementos
característicos da década de 1980. Tanto no Facebook como no jornal, as imagens
eram acompanhadas pelo slogan da campanha, anteriormente referido.
Já no final do mês de Outubro foram finalmente expostos tanto em mupis na
estação de Metro Marquês de Pombal em Lisboa, como no jornal Destak os QR Code9
alusivos à campanha que remetiam para o download gratuito da aplicação onde era
possível jogar os jogos previamente mencionados.
A principal técnica utilizada nesta campanha diz respeito ao uso dos QR Codes,
que foram desenhados e construídos recorrendo ao produto que se planeava
promover: as pastilhas Gorila. Estes códigos permitiam aos indivíduos o acesso
à aplicação especialmente feita para esta campanha (podendo também ser
descarregada da página da Gorila, assim como de quase todas as lojas online de
aplicações) e posteriormente jogar jogos de vídeo que marcaram a sua
infância10. Deste modo, foi possível juntar uma maneira de ter o produto
visível, ao mesmo tempo que ainda mantinha um elemento de mistério que apelava
aos indivíduos e os fazia querer saber mais.
Desse modo, e relativamente aos meios, o mupi (publicidade exterior) foi um dos
escolhidos, devido ao facto deste ser o mais adequado para causar impacto e
passar a mensagem. Este meio oferece uma vantagem relativamente ao meio online,
no que respeita às redes sociais, porque, de acordo com os criativos da
campanha (em entrevista), esta perderia impacto se apenas se colocasse o QR
Code na página de fãs da Gorila no Facebook. Assim, a principal razão para a
utilização deste meio ' o mupi ' relaciona-se com o maior nível de memorização
da mensagem por parte dos indivíduos quando são os próprios a completar todo o
processo comunicacional (neste caso, a descarregar a aplicação para poder
jogar). A campanha tornou-se assim mais interessante ao permitir a envolvência
do consumidor da mesma, ao proporcionar-lhe uma experiência.
Conforme vimos anteriormente, além de estar presente nos mupis, o QR Code foi
também difundido através da imprensa escrita, mais especificamente, no jornal
diário gratuito Destak. De acordo com dois dos responsáveis por esta campanha
(em entrevista), a escolha ficou a dever-se sobretudo a dois factores: em
primeiro lugar, devido à existência de um budget reduzido, que não permitia
campanhas televisivas, por exemplo; e às audiências do jornal gratuito11.
A Internet foi também um dos meios de difusão desta campanha, devido ao budget
reduzido. Foi na Internet que começou a divulgação da campanha, através das
redes sociais, nomeadamente no Facebook,e que tem permitido maior aproximação e
interacção com os consumidores. Nesta página é possível encontrar imagens dos
produtos da Gorila com destaque para os diferentes sabores e embalagens que
podem ser encontradas nos pontos de venda, a promoção de vários passatempos
(com ênfase no Gorila Power) onde são oferecidos brindes com a imagem Gorila
(t-shirts, material escolar, embalagens de produto), a divulgação de acções de
rua com a mascote Gorila e com promotoras que usam as t-shirts da marca e
oferecem merchandisinge amostras. É ainda dado destaque à parceria com a Rádio
Comercial que incluiu o envio de amostras para as Manhãs da Comercialno dia do
aniversário de Pedro Ribeiro (24 de abril de 2012) e a edição da Caderneta de
Cromos de Nuno Markl (24 de abril de 2012). A página do Facebooké igualmente
usada para interagir com os consumidores solicitando-lhes imagens dos cromos
das várias edições (dos anos 80 e 90 e as mais recentes), assim como, frases
alusivas a dias comemorativos (como o Dia dos Namorados, o Dia da Mãe, o Dia do
Pai, o Dia da Criança, ou mesmo o Dia de Portugal).
De sublinhar a considerável adesão dos consumidores à página Gorila
(actualmente com mais de 114 mil fãs12), assim como, às diferentes publicações
que chegam a reunir perto de 200 gostos e uma média de 30 comentários13. A
análise demorada do perfil do Facebook mostra uma adesão substancial dos fãs
nos meses de maior promoção da Gorila Vintage (outubro e novembro de 2012),
assim como, a sua participação nas experiências promovidas pela marca. De
destacar igualmente, a maior envolvência dos fãs quando existe um complemento
das mensagens no ambiente digital com acções de rua ou em órgãos de comunicação
social (como as rádios do grupo Media Capital, ou o jornal gratuito Destak).
A análise dos dados mostra que apesar da adesão da marca ao website da rede
social ter ocorrido em outubro de 2011, a dinamização da mesma só se inicia em
fevereiro de 2012 com publicações de imagens das novas embalagens e informação
sobre o relançamento nacional das pastilhas Gorila. Os meses seguintes são
marcados por oscilações quer na adesão à página quer em termos de word of mouth
assegurado por publicações diárias de imagens do produto, imagens de gorilas,
de acções de rua e de passatempos e cromos oferecidos. De sublinhar que de
acordo com a plataforma a semana mais popular foi a de 28 de outubro de 2012
(lançamento da Gorila Vintage) - ver tabela_nr_114.
O recurso a elementos digitais (os jogos optimizados e o QR Code) permitiu
aumentar a visibilidade da campanha e, por conseguinte, da marca. De facto, os
downloads da aplicação foram tão numerosos que esta chegou aos primeiros
lugares dos tops15 de aplicações gratuitas.
Em suma, apesar de nesta campanha terem sido utilizados tanto os mediadigitais
como os mediatradicionais (mupis, rádio e jornal gratuito), nunca deixou de
existir complementaridade e coerência entre ambos, pois o conceito permaneceu
igual e a mensagem transmitida foi a mesma. A integração das técnicas permitiu
aumentar as hipóteses de visualização da mensagem por parte do público-alvo,
atendendo a diferentes gostos e mantendo os valores da marca. Não obstante, os
criadores da campanha terem indicado que o público-alvo são indivíduos com
idades entre os 25 e os 40 anos, a adesão na página do Facebook mostra que a
faixa etária mais participativa no perfil da Gorila tem idades compreendidas
entre os 18 e os 24 anos, o que poderá estar associado à maior disponibilidade
de tempo e à sua maior apetência pela vertente de entretenimento.
A utilização do ambiente digital por sua vez relacionou-se com a inovação
comunicacional. A utilização do QR Code, de aplicações de jogos e do perfil no
Facebook aumentou a interacção entre a marca e o consumidor, reforçando a
transmissão da mensagem com a experiência em torno da marca, que passou pelo
revivalismo proporcionado pela utilização da estratégia de retrobranding.
Considerações Finais
Os media digitais introduziram alterações ao nível da publicidade, uma vez que
o advento da Internet possibilitou o surgimento de novos formatos de
publicidade, assumindo-se como um complemento a outros formatos existentes nos
mediatradicionais. A linguagem digital tem vindo a contribuir em larga medida
para a existência de audiências fragmentadas, algo que pode ser aproveitado
tanto pelos anunciantes como pelas agências de comunicação, uma vez que podem
assim aumentar a eficácia e a rentabilidade de um determinado anúncio e/ou
campanha.
Além disso, não deve ser posta de lado uma complementaridade entre as técnicas
de comunicação, já que a sua integração pode aumentar e garantir a visibilidade
da marca, como aconteceu com a campanha da Gorila Vintage, que contou tanto com
elementos offline, como as imagens no jornal Destak; e também com elementos
online, através do downloadde uma aplicação com jogos, cujo acesso é obtido
através da descodificação de um QR Code. A combinação destes dois elementos
acabou por tornar a campanha viral, sendo então cumprido o principal objectivo
da campanha: dar a (re)conhecer uma marca já esquecida.
A promoção digital permite atingir uma vasta audiência, que no caso analisado
coincide em grande parte com o público consumidor do produto. Não obstante, não
se pode descurar a necessidade de diferenciação da mensagem promocional,
atendendo à saturação do mercado das mensagens publicitárias. Neste campo, a
criatividadee ainovação são cruciais. Caso contrário, corre-se o risco de criar
um anúncio e/ou uma campanha que se perde no meio de tantas outras existentes
na Internet ' ad clutter.
Sendo esta uma área em constante mudança e transformação, as ferramentas
multimédia vão permitindo uma melhoria destas ferramentas bem como das
condições de acesso às mesmas, dando espaço ao surgimento de novos tipos e
formatos de promoção não abrangidos pelo Código da Publicidade actual.
Consequentemente torna-se necessário actualizar as concepções teóricas da
Publicidade, mas igualmente, regulamentar formas de promoção comercial mais
selvagens e não regulamentadas que começam a proliferar em ambiente digital
(como campanhas em redes sociais, vídeos no YouTube, ou até mesmo a criação de
aplicações) que contribuíram para a comunicação da marca analisada no decurso
deste trabalho.
A campanha Gorila Vintage analisada beneficiou de um conjunto de factores que
levaram ao seu sucessoreconhecido internacionalmente ao vencer o Best Ads on
TV, na categoria Melhor Anúncio Interativo (Marcela, 21/11/2012). Por um
lado, a estratégia retrobrandingque permitiu o renascimento de uma marca
presente no imaginário de uma geração que facilmente transmite o seu entusiasmo
à geração dos seus filhos. Por outro lado, a integração de técnicas de
comunicação usando o potencial da inovação tecnológica e aumentando as
hipóteses de contacto dos consumidores com a marca. Finalmente, a criação de
elementos que obrigam à participação do consumidor, não apenas no registo de
compra, mas essencialmente na vertente do entretenimento (jogos de vídeo,
participação em passatempos, criação de conteúdos).
Com a análise desta campanha esperamos ter contribuído para o entendimento
prático do trabalho de criativos de comunicação, evidenciando várias etapas e a
árdua tarefa inerente à criatividade, ao conhecimento dos instrumentos e às
limitações orçamentais. Reconhecemos, contudo, que fazer comunicação é uma arte
e cada campanha tem as suas idiossincrasias próprias que não podem (de modo
algum) ser contempladas numa análise desta natureza. Por outro lado, teria sido
vantajoso analisar a parte do consumidor, isto é, indagar a sua percepção da
campanha e a sua opinião sobre a mesma.