A gestão da inovação nas PME's da Beira Interior: as perspetivas dos gestores
1. Introdução
O ambiente empresarial a nível global está cada vez mais competitivo e a
inovação é cada vez mais um fator crítico, para que as empresas possam assumir
uma posição dominante (Cheng et al., 2010) e possam revigorar as suas
capacidades (Hu e Hsu, 2008; Kaminski et al., 2008). Amaral et al. (2011)
reforçam esta ideia afirmando, que a pressão competitiva é de tal forma
elevada, que os produtos e processos têm um ciclo de vida cada vez mais curto,
daí as empresas terem que adotar uma posição de mudança e de inovação
constante, para assim conseguirem o sucesso competitivo dos seus produtos no
mercado. Face a isto, a inovação é assim vista como um dos principais rumos de
adaptação a um meio envolvente cada vez mais dinâmico (Roberts e Amit, 2003;
Hua e Wemmerlov, 2006). Uma empresa só poderá obter melhores resultados do que
os seus concorrentes, se conseguir criar um fator diferenciador, que se
mantenha ao longo do tempo, sendo o principal instrumento de criação dessa
vantagem competitiva: a inovação ou os atos de inovação (Porter, 1996). No novo
contexto onde estão inseridas as pequenas e médias empresas, ou mais
concretamente os sistemas de pequenas e médias empresas e a sua capacidade em
participar de forma mais ativa na transformação dos sistemas de produção e
logo, em inovar, permite-nos abandonar a ideia de que as grandes empresas são o
único agente de inovação, sendo esta constatação muito importante, pois ela
permite reconhecer que as capacidades de desenvolvimento são em grande parte
localizadas a nível regional, podendo ser reforçadas por políticas adequadas
(Marques, 1999).
Segundo Abbade et al.(2012) para obter o melhor desempenho organizacional é
necessário que as empresas, assim como os seus gestores, planeiem e implementem
ações que direcionem a empresa para uma postura orientada para o mercado e
orientada para a aprendizagem. Cabral et al. (2003) refere que inovar é mais
que gerar e produzir os produtos ou prestar serviços novos com sucesso,
significa também arriscar, conviver com a incerteza, gerar ideias e conviver
com os erros e fracassos, tudo isto relacionado com o comportamento humano e
por um conjunto de normativos.
Mas falar de inovação não é suficiente, é necessário recolher dados sobre
inovação e executar estudos empíricos, para melhorar a orientação empreendedora
das empresas (Silva e Leitão, 2007). Assim, tendo em conta a importância que a
inovação tem nas empresas, aliada à falta de estudos sobre esta temática nas
regiões do interior de Portugal, esta investigação tem como objetivo analisar
quais as perspetivas dos gestores na importância da inovação na região da Beira
Interior. A presente investigação apresenta-se organizada da seguinte forma:
efetuaremosinicialmente um enquadramento teórico sobre inovação, de seguida
faremos a descrição da metodologia utilizada, bem como a descrição dos dados e
das variáveis utilizadas no estudo. Posteriormente será efetuada a análise e
discussão dos resultados da investigação. Por último são apresentadas as
respetivas conclusões, limitações do estudo e sugestões futuras de
investigação.
2. Enquadramento teórico
A capacidade de inovar é, atualmente, uma das principais vertentes da vantagem
competitiva das empresas (Marques, 2004; Ferreira et al., 2007). Ferreira et
al.(2007) acrescentam que a inovação e a sua gestão não podem ser separadas das
orientações estratégicas genéricas da empresa, pois entre elas existem inter-
relações estreitas, que contribuem decisivamente na criação das suas vantagens
competitivas. Nesse sentido, as empresas terão que procurar constantemente a
inovação e consequentemente a mudança quer de novos produtos, quer de novos
mercados, tendo que procurar também novos processos de produção e novas
atualizações tecnológicas, não se podendo acomodar indo sempre em busca de
novos sucessos (Amaral et al.,2011).
Mas afinal o que é inovação? A inovação não é mais do que o processo de aplicar
novas ideias no uso prático. No entanto com muita frequência, temos tendência
para confundir o conceito de inovação com invenção. Schumpeter (1934)
esclareceu que invenção é uma ideia, um esboço, um modelo para um produto,
processo ou sistema, novo ou aperfeiçoado, mas que não está ainda materializado
no mercado. A inovação só se concretiza com a introdução no mercado.
Muitas são as definições de inovação com diferentes visões, conforme podemos
constatar na tabela seguinte:
Tabela_1
Amaral et al. (2011) consideram que a geração de ideias é um fator fundamental
da criatividade e da inovação, pois sem novas ideias não haverá novos produtos
ou serviços, no entanto, a gestão dessas mesmas ideias também são importantes,
sendo necessário alinhar as novas ideias à estratégia da empresa e ao mercado
concorrencial, de modo a conseguir o sucesso que se pretende alcançar. Para os
autores nos últimos anos têm-se assistido a algumas mudanças no meio envolvente
das organizações e verificou-se um forte progresso tecnológico devido ao avanço
da informática, que possibilitou a aplicação de conhecimentos e de tecnologias
aos produtos concorrentes. Para a OCDE (2005), as atividades de inovação podem-
se verificar em todos os setores da economia: em empresas de transformação, nas
empresas de serviços, na administração pública, no setor da saúde e até mesmo
no setor particular. No entanto, os investigadores têm a consciência de que a
inovação nos serviços é distinta da inovação nas empresas do setor
transformador, pois o próprio setor é portador de características distintas,
criando assim a necessidade de construção de novas abordagens devido às
características intrínsecas aos próprios serviços (Miles, 2005).
Reigado e Braga (2000) alertam para o facto da inovação não surgir de forma
espontânea e muito menos ao acaso. Surge num território apropriado (meio
inovador) organizado e que influencia as dinâmicas de inovação, por outro lado
os métodos inovadores podem e devem ser introduzidos no ordenamento e formas de
ler o território, possuindo este meio, empresários dinâmicos e clientes
exigentes. A capacidade de inovação é também fundamental para que os governos
apoiem políticas de inovação e de mudanças tecnológicas nas regiões, mais
especificamente nas áreas rurais (Doloreux e Dionne, 2008).
E se para uns a inovação é uma aventura atrativa, para outros é uma tábua de
salvação (Freeman, 1975). Mas, segundo Anthony et al.(2008), o maior castigo'
acerca da inovação é que a prova nunca acaba. Um inovador cria um novo mercado,
e logo outras empresas surgem para o inundar. Consegue desviar-se de uma
ameaça, e logo surge outro atacante, cobiçando avidamente o seu negócio
principal.
3. Fatores de inovação
Devido à falta de recursos, as empresas de pequena dimensão comportam maiores
dificuldades para o desenvolvimento bem-sucedido de novos produtos, no entanto
são poucos os estudos empíricos, que revelam quais são os fatores críticos de
sucesso na gestão de projetos de criação de produtos, especificamente em
empresas de base tecnológica e de pequena dimensão (Souder et al., 1997; March-
Chordà, 2002). No entanto na literatura são vulgarmente abordados alguns
fatores considerados como principais para a inovação, nomeadamente a
importância da criação de novas ideias e a sua correta transmissão e
utilização, isto porque dentro da empresa a partilha do conhecimento da
informação só é importante, se todos estiverem em sintonia (Monge et al., 1992;
Tidd e Bessant, 2009; Kaufmann e Todtling, 2002; Chesbrough, 2004). Em relação
à organização há investigadores, que dão exclusiva atenção à estrutura
organizacional, assim como à capacidade que as empresas têm de inovar a sua
estrutura, como por exemplo encorajar os colaboradores a participarem nos
processos de inovação, em prol de mais inovação (Wheelwright e Clark, 1995;
Slappendel, 1996). Outro fator é o ambiente interno das organizações, ou seja a
correta criação de uma estratégia de inovação e a sua transmissão aos
colaboradores é essencial à inovação (Roberts e Berry, 1985; Wheelwright e
Clark, 1995; Slappendel, 1996; Lemon e Sahota, 2004). Por outro lado, a cultura
organizacional é um fator que leva à criação de conhecimento nos diversos
colaboradores com capacidades diferentes, gerando um efeito sinergético pelo
facto de conseguirem solucionar problemas, pela capacidade que têm de trabalhar
em grupo (Amabile et al., 1996; McGourthy et al., 1996; Damanpour e
Gopalakrishnam, 1998; Lemon e Sahota, 2004).
A forte orientação para o mercado, também tem sido apontada como um fator
crítico de sucesso do desenvolvimento do produto e da empresa, como um todo.
Este fator abrange aspetos como a capacidade da empresa avaliar o potencial de
mercado, a par do novo produto e perceber quais as necessidades do mercado-alvo
(Cooper e Kleinschimdt, 1994;. Souder et al., 1997; Roberts e Berry, 1985).
Narver e Slater (1990) também reforçam esta ideia, acrescentando que a
orientação para o mercado, deverá criar um elevado valor para o cliente, de
forma mais eficaz e eficiente, gerando vantagens competitivas, de modo a obter
melhor resultado operacional e estratégico. Lundvall (2005) acrescenta que a
interação com os utilizadores é fundamental para a inovação do produto.
Por outro lado, os níveis de habilidades das pessoas envolvidas, no
desenvolvimento do novo produto têm sido correlacionados com o sucesso e
fracasso dos mesmos, pois a habilidade técnica pode ser definida como a
competência e capacidade de execução correta, interferindo diretamente na
qualidade das atividades e tarefas que constituem o desenvolvimento do produto
(Cooper e Kleinschimdt, 1987; Major e Cordey-Hayes, 2000; Kaufmann e Todtling,
2002).
Loof et al. (2001) ao estudarem os fatores da inovação detetaram ainda, que a
dimensão da empresa é um dos fatores que pode influenciar o esforço da inovação
na empresa. Também a relação entre a inovação e o desempenho das empresas é
explicada com recurso à análise do crescimento das vendas, ao volume de vendas,
aos cash-flow anteriores, às oportunidades tecnológicas, à idade da empresa,
aos subsídios, ao investimento em investigação e ao desenvolvimento numa base
permanente, à cooperação e às barreiras de inovação (Klomp e van Leeuwen,
1999). Segundo, as pesquisas empíricas de Vossen e Nooteboom (1996),
Kleinknecht (2000) e Kleinknecht e Oostendorp (2002) o crescimento das
exportações também tem um efeito positivo sobre as empresas.
Ernest (2002) aponta outros importantes fatores relacionados com as
características organizacionais, para o desenvolvimento de novos produtos: a
organização de equipas multifuncionais, a existência de um líder com autoridade
e responsabilidade, a equipe de desenvolvimento do produto ser responsável
pelas suas funções, o comprometimento de membros da equipa e a intensidade de
comunicação durante a realização do novo produto. Roberts e Berry (1985)
reforçam ainda, que as diferentes opções estratégicas disponíveis para
introduzir inovação no mercado e para o desenvolvimento de novos produtos e
processos, deve-se à utilização de uma perspetiva que envolva toda a empresa,
ao invés de uma perspetiva funcional limitada a determinados aspetos da
empresa. Esta perspetiva deve incluir as necessidades do cliente, como uma
importante componente da rede externa. Sustentando essa visão, Cooper (1990)
observou a importância de identificar as necessidades dos clientes e combiná-
los com capacidades de corporação tecnológicas, onde esta perspetiva também
exige a integração das diferentes funções das organizações. Porter (1998)
refere que tudo o que a empresa faz implica algum tipo de tecnologia, sendo
esta base tecnológica que sustenta a sua atividade e que lhe permite produzir
bens e serviços cada vez melhor ajustados às necessidades do mercado e dos seus
clientes e, portanto, que lhes proporciona uma vantagem competitiva em relação
aos concorrentes. Narver e Slater (1990) concluíram ainda, que as empresas têm
conhecimento de várias formas para reduzir os custos totais de aquisição para
os consumidores e das formas de criar benefícios adicionais, por isso as
alternativas têm de ser avaliadas, para identificar qual a melhor forma de
criar um valor superior e sustentável para a empresa, para os clientes-alvo
atuais e futuros.
Vários estudos empíricos (Klomp & Van Leeuwen, 1999; Conceição & Ávila,
2001) apontam para a importância das vendas resultante de produtos novos ou
melhorados, como a variável mais utilizada no processo de tomada de decisão em
inovação, permitindo distinguir empresas inovadoras e empresas não inovadoras.
4. Área geográfica do estudo
A Região da Beira Interior foi a área geográfica escolhida para a nossa
investigação. Esta região integra os distritos da Guarda e de Castelo Branco e
faz parte da região centro e da região fronteiriça com Espanha. A região
estudada possui uma população aproximada de 357.187 habitantes e uma superfície
de 11.764,8 km2 (INE, 2010). Segundo Silva (2005), a Beira Interior é
considerada uma região periférica, tendo uma dinâmica empresarial bastante
fraca e uma diminuição bastante acentuada da população. Segundo North et al.
(2001) e Smallbone et al. (2002), a densidade populacional é o critério mais
usado pelos agentes económicos, assim como nos estudos académicos, para
determinar, a fronteira entre as áreas rurais e as áreas urbanas. Em termos
regionais, a OCDE (1996) considera rurais, todas as áreas de NUT III com mais
de 50% da sua população a viverem em municípios rurais. Todas as áreas com
menos de 150 habitantes por km2 são áreas rurais (OCDE, 1996). Por isso, a
Beira Interior é considerada rural em todas as localidades que a compõem,
segundo os critérios da OCDE (1996).
5. Metodologia e resultados do estudo
O estudo em questão baseia-se nas perceções que os empresários possuem
relativamente aos principais fatores, que influenciam a implementação da
inovação e realizou-se a partir de uma amostra de 96 empresas situadas na Beira
Interior de Portugal. Os dados foram recolhidos, entre janeiro e abril de 2012.
Os inquiridos responderam ao questionário sob a forma de entrevista, através do
contacto direto, via telefone, pessoalmente e via correio eletrónico (email),
após terem conhecimento do objetivo do estudo e ter sido garantida a
confidencialidade da informação solicitada.
O instrumento de recolha de dados utilizado foi estruturado tendo por base, o
questionário do CIS III 2008 - Inquérito Comunitário à Inovação 2008, elaborado
pelo Observatório da Ciência. Além das questões da caracterização da empresa,
perfil do empresário, o questionário era constituído por 13 itens através dos
quais se pretendia avaliar os indicadores da inovação A resposta a estes 13
itens era dada numa escala de Likert de 4 pontos, onde 1 expressava alta
importância e 4 irrelevante. A análise estatística dos dados obtidos foi feita
recorrendo à versão 19.0 do software SPSS.
Da análise descritiva podemos verificar, que a maior parte dos gestores
inquiridos é do sexo masculino (91,1%), com mais de 50 anos de idade (43,2%),
completaram o ensino secundário (43,8%) ou licenciatura (28,1%), a maioria não
tem formação técnica (50,6%) e a maior parte já tinha experiência na área do
negócio em questão (56,2%), no entanto, a maior parte nunca tinha criado
qualquer empresa anteriormente (65,2%). A maior parte das empresas está sedeada
no distrito de Castelo Branco (54,8%). Uma grande parte das empresas são
sociedades por quotas (76,6%), que iniciaram a sua atividade na década de 80
(29,3%), predominando aspequenas empresas (49,5%) e micro-empresas (39,6%).
Com o objetivo de perceber como se agrupavam, em dimensões, os 13 itens em
análise, recorremos às técnicas de Análise Fatorial. Assim, obtivemos um valor
de 0,822 para o KMO e um valor de p<0,001 associado ao Teste de Bartlett,
indicando que o modelo de Análise Fatorial se adequa à amostra em estudo. Para
a extração dos eixos recorreu-se à Análise em Componentes Principais e para a
determinação do número de eixos a reter, utilizou-se o Scree Plot de Cattell.
Os três eixos retidos explicam 68,66% da variância total dos itens em estudo.
Após rotação Varimax, obteve-se a matriz de componentes que se apresenta na
Tabela_2. Observamos que os itens 1, 2 e 3 apresentam saturações mais elevadas
no Fator 3 e que correspondem a aspetos relacionados com o alargamento da gama
de produtos,com aentrada em novos mercadose com oaumento da quota de mercado.
Concluímos assim, que o Fator 3 se relaciona com a área comercial, verificando-
se que o item 2 (entrar em novos mercados) possui uma carga fatorial mais
elevada (0,871), sendo por isso este o aspeto mais determinante para esta
dimensão.
Os itens 4, 5, 6 e 8 surgem associados ao Fator 2, envolvendo aspetos
relacionados com a substituição de produtos ou processos desatualizados,com a
melhoria da flexibilidade na produção,com a melhoria da qualidade dos
produtosecom a melhoria da saúde e a segurança. Estes itens envolvem a
necessidade de melhorar, sendo o item 4 (substituir produtos e processos
desatualizados) o que tem uma carga fatorial mais elevada (0,838), sendo por
isso este o aspeto com mais peso neste fator.
O item 9 (aumentar a capacidade produtiva) reparte a sua saturação pelos
Fatores 2 e 3, o que se justifica, tendo em conta, o facto de este item estar
relacionado, quer com a necessidade de introduzir melhorias (aumentar a
capacidade), quer com a área comercial (capacidade produtiva). No entanto,
tendo em conta que é no Fator 3, que este item apresenta carga mais elevada
(0,47) e que se relaciona claramente com a área comercial, optou-se por
associar o item 9 ao Fator 3.
Os itens 7, 10, 11, 12 e 13 apresentam saturações mais elevadas no Fator 1 e
dizem respeito a aspetos que se relacionam com a redução do material usado por
unidade produzida, com a redução dos custos do trabalho por unidade
produzida,com a redução da energia utilizada por unidade produzida,com a
redução do impacto ambientale com a necessidade de ir ao encontro das
regulamentações ambientais, de saúde e segurança. Considerou-se assim que o
Fator 1 se relaciona com a redução dos custos, sendo o item 12 (reduzir o
impacto ambiental) aquele que exerce um papel mais preponderante nesta dimensão
visto ter saturação mais elevada (0,864).
Em suma, consideramos que o Fator 1 se associa à Redução de Custos e
Sustentabilidade Ambiental, o Fator 2 está relacionado com as Necessidades
de Atualização e o Fator 3 diz respeito à Orientação para o Mercado.
De forma a avaliar a consistência interna da escala em estudo utilizou-se o
Alpha de Cronbach, obtendo-se níveis satisfatórios (Tabela_3).
O valor obtido para o conjunto dos 13 itens foi de 0,894 o que indica um bom
nível de fiabilidade das questões em análise. Para as diferentes subescalas
podemos verificar que os valores oscilam entre 0,784, (Orientação para o
mercado) e 0,886 (Redução de Custos e Sustentabilidade Ambiental),
indiciando níveis satisfatórios de consistência interna.
6. Considerações finais
Com este estudo podemos concluir, que os empresários encaram a inovação sob
três perspetivas distintas. A primeira perspetiva, a Redução de Custos e
Sustentabilidade Ambiental, passa por uma orientação no sentido de reduzir o
material utilizado, os custos do trabalho e a energia utilizada, havendo ainda
uma preocupação na redução do impacto ambiental, bem como ir de encontro às
regulamentações ambientais, de saúde e de segurança. Assim, podemos verificar a
estreita relação que existe entre inovação e redução de custos, como referido
por Narver e Slater (1990) e a tendência para uma mentalidade empresarial com
preocupações ambientais. A perspetiva, Necessidade de Atualização, passa pela
substituição de produtos e processos desatualizados, melhorar a flexibilidade
na produção, a qualidade dos produtos, bem como melhorar a saúde e segurança,
podendo estas ser consideradas as atividades básicas que uma empresa deve
desenvolver em prol da inovação. A ultima perspetiva aponta para uma Orientação
para o Mercado, havendo todo um conjunto de fatores importantes para a
concretização deste objetivo, sejam eles, alargando a gama de produtos e a
quota de mercado, para posteriormente poder entrar em novos mercados e
consequentemente aumentar a capacidade de produção, como nos referem Cooper e
Kleinschimdt (1994), Souder et al. (1997) e Roberts e Berry (1985).Narver e
Slater (1990). A orientação para o mercado cria uma envolvente que pode
conduzir a uma maior eficácia e eficiência no desenvolvimento das atividades da
organização , conduzindo a maiores resultados empresariais (Souder e Song,
1997).
De uma forma geral, as limitações do presente estudo, resultam de dois aspetos,
a metodologia da investigação e a falta de colaboração dos empresários, no
fornecimento de dados. A limitação relativa à metodologia, resultou dos métodos
de obtenção dos dados escolhidos através de questionário, pois detetou-se uma
certa relutância na disponibilidade de alguns empresários em fornecer a
informação necessária para o desenvolvimento de um estudo mais completo.
Associado a este facto, a desconfiança demonstrada perante as informações
solicitadas, faz com que se coloque a possibilidade de informações distorcidas.
Para futuras investigações sugere-se um estudomais alargado que possibilite
comparar os resultados encontrados com outras regiões do país, com o objetivo
de perceber se a localização das empresas influenciam a cultura empresarial
onde as empresas inovadoras estão instaladas.