Estratégias e modelos de avaliação utilizados pelos Centros de Recursos TIC no
aconselhamento de produtos de apoio para alunos com Necessidades Educativas
Especiais
RÉSUMÉ
Le Ministère de l'Éducation National Portugais a créé, en 2007, un réseau de 25
centres de ressources TIC (Technologie Information et Communication) pour
l'Éducation Spéciale (CRTIC). Ces centres, parmi d'autres missions, sont
responsables par l'évaluation des élèves en situation de handicap, en vue de
l'attribution des outils de support, essentiels dans
l'accompagnement éducatif près ces élèves. Notre étude apparait dans ce
contexte et cet article présente les résultats obtenus. Nous avons essayée,
d'abord, de comprendre les pratiques menées par les centres, notamment
en ce qui concerne les stratégies et modèles utilisées pendant
l'évaluation des élèves en situation de handicap, ayant comme objectif
l'attribution d'un outil de support. Ce travail est soutenu par un
paradigme pluri-méthodologique qui nous a permis d'analyser les données
obtenues lors d'une enquête par questionnaire répondue par la totalité
des centres, ainsi comme leurs rapports d'activité et quelques
interviews. À partir des pratiques répertoriées, nous avons conçu et dessiné
une plateforme web de support, appelée "Rede NEE" avec des
stratégies qui, souhaitons nous, faciliteront le suivi des outils attribués.
Mots-clé: Centres de Ressources TIC pour l'Éducation Spéciale; Outils de
support; Éducation Spéciale; Évaluation
1. Contextualização do estudo
A difusão dos benefícios que a tecnologia pode assumir nas experiências
académicas e sociais dos alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE) e o
potencial que estas oferecem a estes alunos estão fortemente documentados
(Azevedo, 2005; Basil, Soro-Camats, Bultó, Morales, & Lobato, 2002;
Blackhurst & Edyburn, 2000; Cook & Polgar, 2008; Edyburn, 2002;
Ribeiro, 2012; Ribeiro, Moreira, & Almeida, 2010; Scherer, 2003; von
Tetzchner & Martinsen, 2000; Williams, Jamali, & Nicholas, 2006;
UNESCO, 2006, 2010; European Agency for Development in Special Needs Education
(EADSNE), 2013).
Historicamente, os primeiros avanços tecnológicos ao serviço da Educação
Especial fizeram-se, de forma muito próspera, no acesso a Produtos de Apoio
(PA) que permitissem a estes alunos assumir um papel mais ativo no processo de
aprendizagem. Atualmente, estes avanços verificam-se nas mais variadas áreas e
para as diferentes tipologias de NEE, existindo, no mercado, uma grande
diversidade de soluções tecnológicas para incapacidades sensoriais, motoras,
cognitivas, de linguagem e/ou fala, entre outras. A ampla divulgação dos
benefícios e a consciência da importância dos referidos recursos na intervenção
educativa desta população fez com que, em Portugal, tal como aconteceu em
outros países, se sentisse necessidade de criar uma conjuntura legislativa no
âmbito da Educação Especial que consagrasse a possibilidade de recorrer aos PA
na intervenção junto dos alunos com NEE (Resolução n.º 120/2006; Decreto-Lei
n.º 3/2008).
Para além do incentivo legislativo para recorrer à tecnologia como um recurso a
utilizar na intervenção junto destes alunos, houve também um enorme
investimento financeiro, por parte do Ministério de Educação, na criação de uma
rede de Centro de Recursos TIC (de Tecnologias da Informação e Comunicação)
para a Educação Especial (CRTIC) e, posteriormente, na disponibilização de PA.
A criação desta rede nacional de CRTIC, assegurada pela Resolução do Conselho
de Ministros n.º 120/2006, publicada em Diário da República em 21 de setembro
de 2006, surgiu no âmbito de uma política de re(habilitação) das pessoas com
deficiência, que preconiza a promoção da inclusão destas pessoas na sociedade e
o exercício de uma cidadania plena. Trata-se de uma legislação que aponta
linhas de ação a serem adotadas em vários domínios, cujo objetivo é melhorar a
qualidade de vida das pessoas com deficiência e garantir o acesso a um conjunto
de bens e serviços disponíveis à sociedade em geral. É no domínio da
"qualificação e promoção da inclusão laboral" (Resolução n.º 120/
2006, eixo n.º 2, p. 6960) que se centra um conjunto de estratégias que visam
assegurar "condições de acesso e de frequência por parte dos alunos com
necessidades educativas especiais…", entre as quais se destaca a
"compatibilização e unificação da atribuição de ajudas técnicas para
alunos no âmbito das estruturas educativas com o sistema supletivo de
atribuição e financiamento de ajudas técnicas" (Resolução n.º 120/2006,
eixo n.º 2, p. 6960). Para tal, foi necessário levar a cabo um conjunto de
medidas, que passaram pela elaboração de um novo enquadramento legislativo que
contemplasse o regime de apoio aos alunos com NEE, com a publicação do Decreto-
Lei n.º 3/2008, e pela "consolidação e desenvolvimento de 25 centros de
recursos para as necessidades educativas especiais…" (Resolução n.º 120/
2006, eixo n.º 2, p. 6960).
O processo de constituição da rede de CRTIC iniciou-se com o arranque parcial
de 14 Centros no ano letivo de 2007/2008, tendo os restantes surgido em 2008/
2009, distribuídos pelas 5 regiões educativas. A rede cobre Portugal
continental e cada Centro tem uma área de abrangência que foi equacionada
atendendo à dispersão geográfica, ao número de Agrupamentos e de alunos. De
entre muitas finalidades subjacentes à sua existência, citamos aquelas que
diretamente se prendem com a finalidade do estudo aqui descrito, a saber:
avaliação de alunos com limitações significativas na atividade e participação
para fins de adequação das tecnologias de apoio às suas necessidades
específicas; acompanhamento dos alunos através da monitorização da intervenção
e de reuniões de avaliação; prestação de serviços de informação, formação,
aconselhamento e documentação aos docentes, famílias e outros técnicos no que
diz respeito a utilização das tecnologias e das metodologias a implementar na
sala de aula; manutenção das tecnologias de apoio (Direção Geral de Educação
(DGE), 2007, p. 4).
A população-alvo destes Centros, no que concerne à adequação das tecnologias de
apoio e suas medidas, são os alunos abrangidos pelo Decreto-Lei n.º 3/2008,
cuja legislação define o enquadramento, objetivos e princípios orientadores da
Educação Especial. A referida legislação decreta claramente a necessidade de
criar condições para a adequação do processo educativo às NEE dos alunos
com limitações significativas ao nível da atividade e da participação
num ou vários domínios de vida, decorrentes de alterações funcionais
e estruturais, de carácter permanente, resultando em dificuldades
continuadas ao nível da comunicação, da aprendizagem, da mobilidade,
da autonomia, do relacionamento interpessoal e da participação social
(ponto 1 do artigo 1.º).
A adequação do processo educativo é salvaguardada por um conjunto de medidas
(artigo 16º) que visam promover a aprendizagem e a participação dos alunos com
NEE de caráter permanente, sendo de destacar que uma destas medidas passa pela
possibilidade de adoção de tecnologias de apoio (ponto 2, alínea f do artigo
16.º). São consideradas tecnologias de apoio, no mesmo texto legislativo,
"dispositivos facilitadores que se destinam a melhorar a funcionalidade e
a reduzir a incapacidade do aluno, tendo como impacte permitir o desempenho de
atividades e a participação nos domínios da aprendizagem e da vida profissional
e social" (Decreto-Lei n.º 3/2008, artigo 22.º, p. 159).
Algum tempo mais tarde, o Decreto-Lei n.º 93/2009 surge na mesma senda da
classificação internacional ISO 9999 (2007) substituindo a nomenclatura ajudas
técnicas por PA e apresentando a definição: "produto de apoio (que)
designa qualquer produto, instrumento, equipamento ou sistema técnico usado por
uma pessoa com deficiência, especialmente produzido ou disponível que previne,
compensa, atenua ou neutraliza a limitação funcional ou de participação"
(Decreto-Lei n.º 93/2009, artigo 4.º, p. 2276). Esta definição abrange
diferentes áreas, a saber: comunicação, mobilidade, acesso alternativo,
posicionamento, vida diária, orientação, entre outros; engloba equipamentos
desde os mais simples (low tech) aos mais sofisticados (high tech), como por
exemplo: adaptadores de utensílios, bengalas, teclados adaptados, apontadores
de cabeça, brinquedos adaptados, lupas eletrónicas e ampliadores de textos,
processadores de texto com sintetizadores de fala, entre outros. Contudo, a
integração destes equipamentos na intervenção educativa de alunos com NEE
pressupõe todo um processo complexo, que vai desde a constituição de uma equipa
de avaliação até à recolha de informação e tomada de decisão por um determinado
PA, passando também por um conjunto de serviços a serem disponibilizados aos
intervenientes.
Torna-se, por isso, importante que haja uma maior consciência de que as
práticas relacionadas com a adoção da tecnologia na intervenção educativa
necessitam não só do acesso a soluções tecnológicas, mas de todo um conjunto de
serviços que ofereça aos professores, alunos e suas famílias estratégias
essenciais para alcançar resultados eficazes no progresso do aluno. Neste
sentido a Individuals with Disabilities Education Act Amendments of 2004 (IDEA,
2004) considerou pertinente definir um conjunto de serviços que auxilie
diretamente a seleção, a aquisição e o uso de uma tecnologia na intervenção
educativa com alunos NEE. Assim, identificou quais os serviços a serem
prestados, a saber: i) avaliação das necessidades; ii) indicação da necessidade
de adquirir os PA (compra, empréstimo, entre outros); iii) seleção, conceção,
instalação, adaptação, manutenção, reparação ou substituição de equipamentos;
iv) coordenação na utilização do produto de apoio recebido; v) disponibilização
de formação, treino e assistência ao aluno, à família e aos profissionais
envolvidos.
Por outro lado, a utilização de um PA exige, em certos casos, conhecimentos
específicos que alguns profissionais educativos e famílias não detêm. Tal
situação impõe a necessidade de elaborar um plano de implementação, que deverá
ser construído de forma colaborativa por todos os envolvidos, fornecendo
informações detalhadas sobre o que será feito e quem vai fazê-lo (QIAT, 2005).
Este deverá ser um documento de tipo "guião", que orientará as
equipas no processo de introdução do PA, na intervenção com aquele aluno,
reduzindo, assim, situações de abandono e/ou de subutilização. Assim, a equipa
deverá ter a certeza de que, após a receção do equipamento, os intervenientes
sabem utilizá-lo, sendo, portanto, fundamental equacionar a necessidade de
prestar formação, com a respetiva identificação do formador e dos formandos, do
local e da data onde esta decorrerá (Bausch & Ault, 2008; QIAT, 2005).
Entre as informações que devem ser incluídas na elaboração de um plano de
implementação, destacam-se algumas difundidas pelos investigadores do National
Assistive Technology Research Institute (QIAT, 2005, 2008a, 2008b), e que
importa sublinhar: a indicação da data da reavaliação; a identificação do aluno
e da equipa envolvida na implementação; os contactos; a descrição dos PA
sugeridos e do modo como serão obtidos; a lista de tarefas a realizar; a
identificação do local de implementação (sala de aula, casa ou outro); e, por
último, dados relativos à monitorização (competência a ser atingida,
estratégia, forma e frequência de recolha dos dados e intervenientes
responsáveis).
A identificação da finalidade da utilização do PA e a correlação com os
objetivos previstos no Programa Educativo Individual (PEI) do aluno são
fundamentais. A compreensão desta interdependência é necessária aos
intervenientes, já que todos precisam de ter consciência de quais os resultados
esperados com a utilização daquele equipamento e que se irão repercutir nas
competências/objetivos previstos no PEI do aluno. Esta correlação permitirá a
aferição direta dos níveis de desempenho e a determinação da eficácia ou da
necessidade de ajustes a este processo (Bausch & Ault, 2008).
Em suma, importa definir claramente esta etapa e assegurar que todos os agentes
envolvidos compreendem a sua importância (Bausch & Ault, 2008; Edyburn,
Higgins, & Boone, 2005; Gustafson, 2004; Long, Huang, Woodbridge,
Woolverton, & Minkel, 2003; QIAT, 2005). Tal procedimento torna-se
fundamental para apoiar os intervenientes nas suas práticas, através de
formação adequada às suas necessidades, como forma de diminuir a probabilidade
de abandono na utilização dos PA. É com a convicção absoluta de que
"success is dependent not only on having access to a device, but also on
factors involving selection, acquisition, and use of a tool" (Edyburn et
al., 2005, p. 242) que realizámos o estudo aqui apresentado, esperando que os
resultados alcançados, descritos neste artigo, possam ser um motor para a
reflexão das práticas realizadas por esta rede de CRTIC em Portugal.
2. Finalidade de investigação e procedimentos metodológicos
Os dados aqui descritos são uma síntese de uma investigação mais abrangente
desenvolvida no âmbito do Programa Doutoral em Multimédia em Educação da
Universidade de Aveiro, cujo objetivo central era obter uma compreensão
alargada das práticas em curso nesta recente rede portuguesa. Optou-se por
conduzir um survey, de cariz exploratório, que nos permitiu fazer um
levantamento, e consequente diagnóstico, do atual panorama de avaliação de
alunos para efeitos de aconselhamento de PA. Neste survey recolhemos um
conjunto diversificado de dados, através de variadíssimas técnicas, tal como o
inquérito por questionário e por entrevista e a análise documental. Pelas
limitações impostas na apresentação do formato de um artigo, a análise
apresentada contempla apenas os dados principais relativos à aplicação de duas
das técnicas de recolha de dados utilizadas nesta investigação, a saber: o
inquérito por questionário e a análise documental.
A partir destas diferentes fontes procedeu-se a uma "triangulação dos
dados", que permitiu descrever, caracterizar e diagnosticar o panorama
nacional, mas também sustentar a nossa proposta de plataforma online, designada
por "Rede NEE", que pretende ser um contributo às práticas destes
Centros no que concerne à avaliação de alunos e respetiva implementação dos
produtos aconselhados.
Elaborou-se um guião de operacionalização do questionário a fim de estabelecer
um conjunto de questões que permitissem responder aos objetivos pretendidos,
que foram agrupados em quatro blocos temáticos, a saber: i. Caraterização do
serviço; ii. Avaliação; iii. Recolha e tomada de decisão; iv. Acompanhamento e
plano de implementação.
O inquérito autoadministrado era constituído por questões abertas e fechadas,
utilizando uma escala de Likert de 6 itens. Previamente, fora realizada a sua
validação através da contribuição de três especialistas com formação em ambas
as áreas específicas: Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) e NEE. A sua
aplicação foi realizada entre julho e setembro de 2012, tendo-se convidado a
participar os coordenadores dos 25 CRTIC que constituem esta rede, através de
uma mensagem enviada para o correio eletrónico institucional de cada um dos
Centros, e na qual constava um link de acesso à plataforma Limesurvey, onde
estava alojado o questionário. O inquérito foi enviado a todos os CRTIC, tendo-
se conseguido uma taxa de 100% de respostas. A análise documental abrangeu a
literatura internacional, a legislação nacional, assim como os documentos
oficiais internos cedidos pelo Ministério da Educação, nomeadamente os
relatórios de Balanço Global de Atividades relativos aos anos escolares de
2007/2008, 2008/2009, 2009/2010 e 2010/2011.
Os procedimentos utilizados na análise dos dados foram distintos para cada uma
das técnicas utilizadas: os dados qualitativos foram suportados pela análise de
conteúdo, enquanto para os dados quantitativos, provenientes das questões
fechadas do questionário e das informações dos relatórios, se recorreu à
estatística descritiva, suportada pelo software Statistical Package for the
Social Sciences (SPSS). Na análise do conteúdo foram adotados os procedimentos
de categorização defendidos por Bardin (2009), obedecendo a três etapas
essenciais: pré-análise, exploração e tratamento dos resultados a partir dos
dados constantes dos relatórios e das respostas obtidas nas questões abertas do
questionário. Para facilitar este processo de análise de dados não numéricos e
não estruturados recorreu-se ao software Web Qualitative Data Analysis
(WebQDA).
3. Apresentação e discussão dos resultados
Optou-se por apresentar as informações obtidas através da "triangulação
dos dados" em função de uma sequência dos assuntos, de forma a conseguir
uma caraterização das práticas das equipas no processo de avaliação de alunos
para efeitos de aconselhamento de PA. Apresenta-se uma sucinta caracterização
da Rede CRTIC, dando a conhecer a população avaliada por esta Rede de recursos,
as equipas de trabalho dos CRTIC. Seguidamente, descrevem-se as estratégias de
funcionamento e os procedimentos realizados para cada etapa deste processo,
nomeadamente os aspetos subjacentes ao processo de avaliação, com a descrição
das informações que foram tidas em conta pelas equipas, na recolha e tomada de
decisão. Por último, dá-se a conhecer o tipo de acompanhamento prestado aos
professores, famílias e alunos avaliados.
3.1. Caracterização da Rede CRTIC
3.1.1. População avaliada
O estudo realizado permitiu conhecer a população avaliada por estas equipas
para efeitos de aconselhamento de PA, nomeadamente no que concerne à tipologia
de NEE e ao nível de ensino frequentado. Assim, após compilação dos dados
constantes do Relatório de Balanço Global de Atividades destes centros
(Brandão, 2008, 2009, 2010, 2011), pode-se verificar que, ao longo dos quatro
anos em análise, houve um crescente número de avaliações (ver Figura_1).
Constata-se a existência de alunos avaliados provenientes de todos os níveis de
ensino e tipologias NEE, ainda que seja no 1.º Ciclo do Ensino Básico (CEB)
(ver Figura_2) e na tipologia neuromusculoesquelética e limitações
relacionadas com o movimento, bem como na mental-intelectual, que se concentra
o maior número de avaliações (Figura_3).
As avaliações realizadas por estas equipas permitiram atribuir, anualmente,
cerca de 200 mil euros apenas para PA à aprendizagem. Segundo Brandão (2010),
entre os produtos recomendados pelos CRTIC destacam-se os ecrãs táteis,
switches, ratos adaptados, teclados especiais, teclado de conceitos, joysticks,
lupas, materiais didáticos em relevo, brinquedos adaptados, sintetizadores de
voz, software para suporte à Comunicação Aumentativa e Alternativa e objetos
educativos em vários domínios.
3.1.2.Equipa
De acordo como os dados recebidos, pode-se afirmar que constituem as equipas
dos 25 CRTIC 55 profissionais, dos quais 53 são docentes e 2 são outros
técnicos: uma terapeuta da fala e uma terapeuta ocupacional a exercerem funções
em part-time, no âmbito de parcerias estabelecidas.
No que concerne ao número de elementos, a distribuição destes profissionais não
é constante, já que existem equipas constituídas por 1 a 4 pessoas. Não só a
quantidade de elementos que prestam serviço ao CRTIC deve ser aqui analisada,
mas também a afetação destes elementos à equipa, exercendo funções de forma
integral (65%) e de forma parcial (35%). Como pode analisar-se na Figura_4,
existem Centros onde todos os elementos trabalham a tempo integral, outros onde
todos exercem funções de forma parcial e ainda há aqueles que dispõem de ambas
as situações.
Verificam-se, ainda, circunstâncias muito díspares entre os Centros, havendo
Centros com equipas formadas por 1 único profissional a exercer funções a tempo
parcial e outras equipas com 2, 3 e 4 profissionais a exercerem funções a tempo
integral.
Relativamente à experiência profissional dos elementos que constituem as
equipas, os dados obtidos permitem-nos afirmar que estas são constituídas por
docentes que se encontram na profissão já há alguns anos, já que a média é de
23 anos com o desvio-padrão de 7,071, onde o máximo de anos na profissão é de
33 e o mínimo é de 5 anos. No que se refere ao tempo de serviço na Educação
Especial, verifica-se que a média de tempo de serviço é de 13 anos com o
desvio-padrão de 9,195, onde o máximo de anos na profissão é de 31 e o mínimo é
de 3 anos.
A formação de base dos elementos concentra-se, na sua maioria, em professores
do 1.º CEB, com 36%, seguida dos educadores de infância, com 26% -
situação que foi também verificada no estudo levado a cabo por Ribeiro (2012)
junto de uma amostra de professores de Educação Especial.
Verifica-se alguma disparidade relativa ao conhecimento das TIC existente entre
os profissionais: quando analisamos os dados relativos ao nível de certificação
TIC e ao número de horas de formação, verificamos que somente 29% da população
apresenta certificação do nível 1, uma percentagem que pode ser considerada
muito aquém do que será desejável para profissionais que estão à frente de
Centros.
Os dados revelam que as equipas são pequenas, quer em quantidade, quer em
diversidade de profissionais. Talvez por isso, 92% dos CRTIC estabelecem
parcerias com outras instituições como estratégia para colmatar as lacunas
existentes na obtenção de recursos, mas também para disponibilizarem serviços
mais completos à comunidade.
Com o objetivo de identificar as instituições com que os CRTIC estabelecem
parcerias e para que efeitos se realizam, foi feita uma análise ao conteúdo das
respostas obtidas, que originou duas unidades de análise. A unidade de análise
"Entidade", constituída por cinco categorias (ver Figura_5), que
elenca um conjunto de instituições, e a "Para efeito de", que abrange
quatro categorias (ver Figura_6) e enumera para que efeito estas parcerias são
realizadas.
Após a definição de cada uma das categorias que correspondem às respetivas
unidades de análise, procedeu-se à fase de codificação de cada uma das
respostas com suporte do software WebQDA. Por ordem decrescente, apresentam-se
as categorias que foram identificadas com maior frequência: Formação/divulgação
(20.43%); Avaliação (13.72%); Recursos Humanos (12.49%); Recursos Materiais
(10.27%); Formação Pré-profissional (9.59%); Recursos Financeiros (4.6%);
Recursos Indefinidos (4.36%); Projetos (2.28%); e Formação Creditada (0.65%).
No que diz respeito às entidades com as quais estabelecem parcerias, estas
variam consoante o objetivo a atingir; encontram-se, por ordem decrescente:
Instituições de Natureza Pública (23.75%); Instituições do Ensino Superior
(16.47%); Instituições da Área da Saúde (14.41%); Instituições Particulares de
Solidariedade Social (13.79%); e Empresas (9.12%).
3.2. Caracterização de cada uma das etapas do processo
Realizada uma sucinta caracterização dos profissionais que constituem as
equipas dos CRTIC, importa descrever como se processa cada uma das etapas.
Primeiramente serão relatados os aspetos subjacentes ao processo de avaliação,
com a descrição das informações tidas em conta pelas equipas na recolha e
tomada de decisão, e, por último, dar-se-á a conhecer o tipo de acompanhamento
prestado aos professores, famílias e alunos avaliados.
3.2.1. Processo de avaliação
Os dados revelam que os motivos apontados para uma avaliação se relacionam,
maioritariamente, com as dificuldades do aluno na realização de determinadas
tarefas, exigindo aos intervenientes educativos a procura de novos recursos que
o auxiliem a alcançar algumas das competências previstas no seu PEI. Verifica-
se que a maioria dos inquiridos tem uma opinião positiva sobre o benefício que
as TIC poderão oferecer aos seus alunos, situação que vai ao encontro da
literatura da especialidade (Edyburn et al., 2005; UNESCO, 2006, 2010; Ribeiro,
2012; EADSNE, 2013), ao mesmo tempo que se encontra contemplada na legislação
nacional que rege a Educação Especial (Decreto-Lei n.º 3/2008).
No que respeita aos diferentes momentos avaliativos, os dados obtidos indicam
que as equipas recorrem aos diversos intervenientes educativos que trabalham
com o aluno, assim como a técnicos de parcerias de que dispõem, a fim de obter
conhecimentos multidisciplinares para proceder a uma avaliação consistente.
Assumem uma presença efetiva nas sessões o professor do CRTIC e o aluno, e uma
presença constante o professor de Educação Especial e o encarregado de
educação. Apesar de se verificar a coadjuvação entre todos os intervenientes
educativos presentes, os dados revelam diferenças de atuação entre os
elementos, cabendo um papel mais participativo ao professor do CRTIC e ao
professor de Educação Especial do aluno (Figura_7).
As sessões de avaliação decorrem, maioritariamente, no ambiente escolar do
aluno, o que se traduz num indicador muito positivo das suas práticas, já que
permite conhecer os apoios e as barreiras ambientais. A este respeito, os
investigadores de QIAT (2008b) apontam como um indicador de qualidade nos
serviços de apoio à tecnologia que a avaliação seja conduzida no ambiente
natural do aluno e que, preferencialmente, seja realizado, pelo menos, um
ensaio de experimentação. Esta situação vai ao encontro do novo paradigma
difundido pela CIF e pelo Decreto-Lei n.º 3/2008, que sublinham a necessidade
de uma maior reflexão sobre o contexto ambiental, uma vez que esta dimensão
pode funcionar como facilitador ou barreira à participação.
Quanto ao número de sessões, são tipicamente necessárias duas sessões para
avaliar o aluno (44%), mas é de ressaltar que 28% dos centros avaliam em apenas
uma sessão, 12% precisam de três sessões e somente 4% recorre a uma quarta
sessão.
3.2.2. Recolha e tomada de decisão
Com os resultados alcançados neste estudo, concluímos ainda que as equipas
realizam uma recolha e tomada de decisão formal, suportada, em alguns casos,
por checklists que orientam este processo, ainda que persistam práticas de
recolha informal e não contextualizada no ambiente onde será utilizado o PA.
Mas importava também conhecer quais as informações que as equipas registam ao
longo do processo de recolha e tomada de decisão. Para tal, foi desenhado um
conjunto de questões no inquérito por questionário, apoiado pelo quadro teórico
que sustenta a presente investigação, observando as dimensões do aluno, dos
fatores ambientais e da atividade a ser desenvolvida.
Os dados indicam que as informações a que as equipas mais recorrem são:
identificação das tarefas que o aluno revela dificuldade em executar (92%);
identificação das características do aluno (88%); auscultação das preocupações
dos professores (80%); observação direta do aluno interagindo com os diferentes
PA (76%); identificação do perfil de funcionalidade do aluno por referência à
CIF (72%); identificação das competências/objetivos traçadas/os no PEI (64%); E
ainda, com 60%, cada uma das seguintes situações: identificação das barreiras
ambientais onde se encontra inserido o aluno; identificação das medidas
educativas do Decreto-Lei n.º 3/2008 de que o aluno usufrui; observação direta
do aluno no ambiente escolar e auscultação das preferências do aluno.
Entre os aspetos tidos em conta neste processo, destacamos o facto de as
preferências dos encarregados de educação (56%) e dos alunos (60%) serem
aquelas que são menos tidas em conta, comparativamente com as auscultações
feitas aos professores (80%), situação que deve ser ponderada pelas equipas,
uma vez que diferentes autores (Hemmingsson, Lidström, & Nygård, 2009;
Lidström, Ahlsten, &Hemmingsson, 2011; Parette & Brotherson, 2004;
Zabala & Carl, 2005) alertam para a necessidade de colocar o utilizador e a
família no centro deste processo, como forma de minimizar o abandono ou
subutilização dos produtos. Concluímos, portanto, que importa desenvolver
estratégias que permitam valorizar, de forma mais aprofundada, o contacto e a
auscultação dos alunos e suas famílias e o relato e partilha das suas
experiências na utilização dos PA.
Conhecendo as informações recolhidas, importa explorar quais os aspetos que
constam nos relatórios e comparar as informações a que as equipas recorrem ao
longo do processo de recolha e tomada de decisão. Assim, mais de 50% dos
relatórios mencionam:
- descrição de como decorreu a atividade de avaliação (local,
intervenientes envolvidos, situações experienciadas…);
- identificação das barreiras e dos facilitadores ambientais;
- indicação dos PA recomendados;
- indicação do local onde devem adquirir os PA.
Menos de 40% dos relatórios mencionam:
- indicação de papéis e responsabilidades a desempenhar (Quem irá fazer?
Quem é o responsável pela aquisição? Quem é o responsável pela reparação e
substituição dos PA indicados?);
- indicação detalhada sobre o modo como os produtos recomendados serão
usados nos ambientes educativos (O que será feito?);
- indicação da necessidade de recorrer a outros serviços (Terapia da
Fala, Terapia Ocupacional, Fisioterapia…);
- indicação de uma data para reavaliação;
- indicação de uma data limite para aquisição do PA;
- indicação de como os PA aconselhados poderão contribuir para a
realização das competências traçadas no PEI;
- referência à necessidade de formação para o aluno, encarregado de
educação, assistentes operacionais e professores.
Constatámos que as informações contempladas dizem respeito, maioritariamente, à
descrição das sessões de avaliação, mais do que propriamente a orientações para
a etapa de implementação do PA aconselhado. Neste sentido, alertamos para a
necessidade de incluir aspetos relativos à etapa que se vai desencadear, como
forma de guiar os intervenientes educativos, numa atitude mais proativa. São
vários os autores que salientam que as informações a contemplar, neste âmbito,
devem passar pela indicação de uma data para a reavaliação, pela identificação
de responsáveis para as tarefas a serem desenvolvidas, por uma referência à
formação e ao planeamento de estratégias que possam contribuir para atingir
competências previstas no PEI (Bausch & Ault, 2008; Long et al., 2003;
Hemmingsson et al., 2009; Zabala, 1995). Esta etapa assume-se como fundamental,
não devendo ser ignorada ou subestimada, sob pena de não finalizarmos o
processo.
3.2.3. Acompanhamento e plano de implementação
Analisados os aspetos contemplados no processo de recolha e tomada de decisão,
interessava-nos conhecer o modo como as equipas, após o processo de avaliação,
prestam acompanhamento ao aluno e aos profissionais que com este intervêm.
As respostas obtidas indicam que o tipo de acompanhamento será algo
tendencialmente gerido mediante as circunstâncias, uma vez que se obtiveram os
seguintes valores para cada uma das variáveis: acompanhamento mediante
solicitação - sempre (32%), muito frequentemente (32%) e frequentemente (20%);
acompanhamento que não fica previamente definido, sendo gerido internamente
pelos profissionais - sempre (24%), muito frequentemente (20%) e frequentemente
(32%).
Reforçam a afirmação do parágrafo anterior as percentagens obtidas na variável
"acompanhamento formal, previamente definido na altura da avaliação
através de um plano de implementação": sempre (8%), muito frequentemente
(12%), frequentemente (16%), nunca (28%). (ver Figura_8).
As respostas obtidas permitiram-nos compreender que apenas 10 dos 25 CRTIC
avançam para a etapa de implementação dos PA aconselhados, sendo apontados como
principais motivos para esta necessidade a disponibilização de formação aos
intervenientes, a concertação de estratégias e a monitorização do processo.
Estes motivos também são referidos na literatura consultada (Bausch & Ault,
2008; Gustafson, 2004; Long et al., 2003; Morrison, 2007), que indica um
conjunto de dados que não deve ser ignorado quando se elabora um plano de
implementação, tais como: informações do aluno, contactos, identificação da
equipa de implementação e dos PA atribuídos, definição de responsabilidades,
competências a serem desenvolvidas, eventual necessidade de formação aos
intervenientes, identificação dos diferentes contextos onde se desenrolará o
processo (escola, casa e outros), apresentação de um cronograma com a
identificação dos diferentes momentos de monitorização e avaliação do processo.
Contudo, verificamos que as informações do relatório de avaliação e os aspetos
contemplados na elaboração do plano de implementação dizem respeito mais
propriamente ao momento avaliativo do que a orientações que ajudem a
implementar o PA.
Apresentam-se, agora, e por ordem decrescente, os aspetos referidos com maior
frequência nos planos de implementação: "indicação dos produtos
recomendados" (34%); "indicação detalhada sobre como os produtos
recomendados serão usados nos ambientes educativos" (29%); "indicação
de como os PA poderão contribuir para a realização das competências traçadas no
PEI" e "como serão monitorados os efeitos da utilização do PA no
desempenho do aluno", ambas com a percentagem de 26%; "indicação de
papéis e responsabilidades a desempenhar" (24%); "indicação de
recorrer a outros serviços" (24%); e "indicação da necessidade de
formação" (24%).
Da análise dos dados obtidos nesta questão, destacam-se as baixas percentagens
em aspetos que, na nossa perspetiva, são relevantes no processo de
implementação, tais como: a indicação de uma data para a reavaliação (14%), a
indicação da data e o local onde decorrerá a formação (14%) e a indicação de
papéis e responsabilidades (24%). Sublinhamos, ainda, o facto de 11 inquiridos
não terem respondido a esta questão por terem afirmado que nunca efetuam um
acompanhamento formal previamente definido e, igualmente, não terem sido
indicados pelos respondentes outros aspetos que não tenham sido enumerados.
Constatámos ainda que os meios de acompanhamento utilizados pelas equipas são o
correio eletrónico, o telefone e o contacto presencial, tendo sido relatada
apenas uma outra situação, exposta por um CRTIC, que consiste na utilização de
inquérito para monitorizar a implementação. A frequência do acompanhamento
prestado parece ser algo episódica, dependente da solicitação por parte dos
intervenientes, sendo este acompanhamento, muitas vezes, prestado porque há
dificuldades na implementação do produto.
4. Proposta de plataforma online de apoio à Rede de CRTIC -"REDE
NEE"
Os resultados obtidos nesta investigação permitiram descrever, caracterizar e
diagnosticar o panorama nacional, levando-nos a afirmar que o trabalho
desenvolvido pelas equipas dos CRTIC, no suporte à utilização de PA, ao longo
destes primeiros anos de existência, foi sem dúvida uma mais-valia na
divulgação dos benefícios que as TIC podem proporcionar aos alunos com NEE. Com
efeito, a rede de CRTIC parece ter tido um papel determinante no aumento da
motivação, por parte de professores, pais e técnicos, para a utilização deste
tipo de produtos na intervenção com estes discentes. Neste sentido, se tivermos
em conta o aumento no número de avaliações realizadas, pode afirmar-se que este
primeiro passo foi bem sucedido.
Contudo, uma observação mais pormenorizada dos dados recolhidos no decurso
deste trabalho salienta a necessidade de encontrar estratégias de atuação que
conduzam a um apoio contínuo aos intervenientes educativos e ao aluno, uma vez
que a maioria das equipas realiza apenas um apoio circunstancial. Parece, pois,
necessário encontrar estratégias que favoreçam um apoio contínuo na
monitorização dos PA, o que nos permite sugerir que este possa ser realizado
através da dinamização de um espaço de partilha online que permita acompanhar e
gerir as atividades desenvolvidas pelos 25 Centros.
Neste contexto, foi elaborada uma plataforma web integrada, designada por
"Rede NEE", que visa estabelecer uma rede de contactos entre os
diferentes CRTIC, aglomerando os diversos canais de comunicação atualmente
utilizados, o que poderá conduzir a uma maior visibilidade do trabalho
desenvolvido em Portugal, já que reunirá o esforço das 25 equipas dos CRTIC.
Além disso, pretende-se facilitar a comunicação entre os vários intervenientes
(equipa e profissionais que procuram ajuda), permitindo que um pedido de
avaliação, oriundo de qualquer parte do país, seja automaticamente encaminhado
para o respetivo CRTIC da sua área de abrangência. Esta dinâmica constituir-se-
á como uma efetiva inovação no modo como estes pedidos são, atualmente,
realizados. Para além disso, deseja-se ainda proporcionar, através deste
suporte, estratégias que facilitem a monitorização dos PA atribuídos.
O protótipo da plataforma (disponível em http://redenee.web.ua.pt) foi
desenvolvido no âmbito da Unidade Curricular de Projeto, do 3.º ano da
Licenciatura em Novas Tecnologias da Comunicação da Universidade de Aveiro, em
articulação com a presente investigação. Esta plataforma foi projetada para
permitir o registo de três tipos de utilizadores distintos, com diferentes
perfis de acesso à informação: o visitante, que visualiza apenas informação
destinada ao público em geral; o utilizador registado, condição imprescindível
para realizar pedidos de avaliação e ter acesso à página de partilha de
experiências; e os administradores, que podem ser os coordenadores dos 25 CRTIC
e o representante do Ministério da Educação.
Salienta-se que, como todo o processo é desencadeado numa plataforma, algumas
das informações constantes no formulário do pedido de avaliação podem ser
"reaproveitadas" para o relatório de avaliação que, posteriormente,
será elaborado pela equipa, tais como a identificação do aluno, da escola e do
perfil de funcionalidade por referência à CIF, evitando a duplicação de
informação e de trabalho.
Este fluxo de informação não termina com a realização da avaliação e o envio do
relatório ao utilizador requerente, mas aspira facilitar a concretização de uma
etapa crucial, ainda realizada por um número reduzidíssimo de CRTIC, que é a
monitorização do processo de implementação.
Outra das vantagens obtidas pela centralização dos procedimentos através da
utilização de uma plataforma online é o fluxo de comunicação entre os
intervenientes, já que a ferramenta desenvolvida possibilita, a partir do
momento em que é realizado o pedido de avaliação, a consulta do estado do
processo, assim como a troca de mensagens entre os interessados. Outra
facilidade na utilização desta ferramenta é o envio do relatório em PDF,
imediatamente após a sua conclusão, aos intervenientes educativos, ao mesmo
tempo que os dados do aconselhamento são submetidos ao Gabinete de Gestão
Financeira para que seja atribuído o PA, agilizando o processo e contribuindo
para desburocratizar o sistema de atribuição.
Suportado pelo quadro teórico explicitado anteriormente, optou-se por
contemplar algumas informações respeitantes não só ao processo de recolha e
tomada de decisão por um determinado PA, mas também aos dados relativos ao
processo de implementação, como por exemplo a indicação de uma data para a
avaliação dos objetivos delineados na utilização do PA. Esta(s) data(s)
introduzida(s) será(ão) reconhecida(s), por mecanismos internos de
funcionamento desta infraestrutura, como momento(s) para o envio de lembretes
aos intervenientes implicados, para que desencadeiem o ponto da situação. Estes
pequenos lembretes espoletarão uma interação comunicacional, entre os
intervenientes educativos e a equipa, o que facilitará o trabalho de
monitorização do processo de implementação.
Esta plataforma visa, portanto, apoiar o processo de monitorização e oferecer
uma solução que permita a disseminação das atuais práticas em curso,
congregando as partilhas oriundas dos vários CRTIC num único espaço e
aumentando, potencialmente, a visibilidade das iniciativas dos Centros.
O protótipo da plataforma "Rede NEE" encontra-se organizado em
diferentes secções, abaixo descritas.
- Página 'Home Page' - Fornece uma breve exposição da
plataforma e possibilita visualizar um vídeo elucidativo do projeto (Figura_9).
- Página 'Entrar'- Disponibiliza a opção de registo na
plataforma; caso o utilizador já se encontre registado, é possível fazer o
login para ter acesso às informações que não são públicas.
- Página 'Quem somos nós'- Apresenta os responsáveis pelo
desenvolvimento deste projeto e os objetivos a que se propõem.
- Página 'NEE e CRTIC' - Descreve as siglas e explica a
organização destes Centros. Disponibiliza também links importantes, como forma
de aprofundar o conhecimento do visitante acerca de algumas informações:
endereços de cada CRTIC, mapa da disposição geográfica dos CRTIC, acreditação
dos centros, informações sobre a CIF e manual sobre o financiamento de produtos
de apoio.
- Página 'Legislação' - Apresenta a legislação nacional
relativa à Educação Especial e aos PA.
- Página 'Contactos' - Disponibiliza os nomes e endereços de
correio eletrónico de todas as pessoas implicadas neste projeto.
- Página 'FAQ'- Enumera um conjunto de respostas para as
principais dúvidas que podem advir da utilização da plataforma, bem como
dúvidas relativas à temática do projeto.
- Página 'Termos de utilização'- Salienta um conjunto de
regras que devem ser respeitadas quando se usa a plataforma. Devido à sua
importância passamos a enunciá-las: "Não colocar nenhuma fotografia ou
vídeo, sem autorização prévia dos intervenientes na mesma. Não publicar
conteúdo que constitua um discurso de ódio, uma ameaça ou pornografia, incite à
violência ou contenha nudez ou violência explícita ou gratuita. Não utilizar a
plataforma para cometer qualquer ato ilegal, enganador, malicioso ou
discriminatório".
- Página 'O meu perfil'- Permite ao utilizador registado
disponibilizar a fotografia e texto de apresentação, podendo esta informação
ser editada em qualquer momento. Contempla várias funcionalidades: lembretes,
mensagens (edição e envio) para qualquer utilizador da plataforma, correio
eletrónico (responder e apagar) e, ainda, a partilha de experiências. Neste
campo é possível entrar na página "Uma experiência", bem como
consultar as experiências publicadas pelo autor do perfil e definir a
privacidade da publicação, entre público ou privado.
- Página 'Uma experiência'- Possibilita ao utilizador
registado relatar uma experiência para ser publicada, assim como fazer upload
de fotografias, através do preenchimento do formulário. Inclui também um resumo
das experiências escritas pelo autor (Figura_10).
- Página 'Experiência'- Disponibiliza aos utilizadores
registados, ou aos administradores, relatos de experiências, assim como as
fotos e os comentários dos outros utilizadores. Por defeito, aparecem as
últimas experiências partilhadas.
- Página 'Minhas experiências'- Permite ao utilizador
registado visualizar a secção de experiências disponíveis no seu perfil.
- Página 'Todas as experiências' - Disponibiliza, por
defeito, as experiências mais recentes publicadas pelos utilizadores, sendo
possível pesquisar por título da experiência, produtos de apoio, CRTIC e/ou
utilizador.
- Página 'Fazer um pedido' - Esta página disponibiliza ao
utilizador registado um formulário composto por vários campos, que deverão ser
preenchidos e depois submetidos para solicitar uma avaliação de aluno para
efeitos de atribuição de produtos de apoio, sendo posteriormente encaminhado
pelo sistema para o respetivo CRTIC da área de abrangência (Figura_11).
Constituem informações requeridas neste formulário:
- nome do requerente e contacto;
- nome do aluno, data de nascimento e morada;
- identificação do Agrupamento, escola e respetiva morada;
- indicação do CRTIC a que pertence;
- nome do titular ou do diretor de turma e contacto;
- nome do professor de Educação Especial e contacto;
- nome do encarregado de educação e contacto;
- caracterização da tipologia de NEE;
- sumário de informações relevantes;
- indicação dos serviços de que o aluno beneficia;
- indicação das medidas educativas do Decreto-Lei n.º 3/2008 adotadas no
PEI do aluno;
- indicação do perfil de funcionalidade por referência à CIF;
- confirmação, por parte do respondente, que tem a autorização do
encarregado de educação para efeitos de avaliação.
- Página' Fazer um relatório'- Disponibiliza aos
coordenadores dos CRTIC um formulário que, depois de preenchido, será
automaticamente convertido em PDF e enviado ao utilizador que requereu o pedido
de avaliação (Figura_12). Este formulário é constituído por vários campos:
- identificação dos dados pessoais do aluno avaliado, bem como a
tipologia NEE de que é portador;
- identificação dos objetivos que sustentaram a avaliação;
- descrição dos momentos de avaliação (indicação da data, local e
estratégias/produtos utilizados);
- descrição dos intervenientes que colaboraram no processo de avaliação;
- identificação dos PA recomendados, assim como: área de intervenção,
local de implementação, situação dos equipamentos (aquisição ou empréstimo) e
responsável pela obtenção;
- solicitação de formação para os intervenientes, caso seja necessário,
com a indicação da área, tipologia de formação, formador, formandos, local e
data;
- disponibilização de informação relevante para a monitorização, tal
como: identificação do(s) PA e das áreas de intervenção para a implementação;
competências a serem desenvolvidas; intervenientes responsáveis no
desenvolvimento dessas competências; indicação de uma data para o ponto da
situação;
- identificação do responsável pela elaboração do relatório.
- Página 'Ver relatórios'- Contém uma lista com os
relatórios recebidos ou solicitados, dependendo se estamos perante um
utilizador registado ou o administrador.
- Página 'Estado pedidos'- Apresenta uma lista dos pedidos
recebidos, onde é possível alterar a fase em que este se encontra, sendo apenas
acessível a coordenadores dos CRTIC.
- Página 'Estado dos seus pedidos' - Permite ao utilizador
registado aceder à lista dos pedidos enviados e consultar a fase em que se
encontra cada um dos pedidos (Figura_13).
- Página 'Gerir contas dos utilizadores'- Autoriza o
utilizador do tipo administrador a procurar um determinado perfil de
utilizador, apagar o perfil de um utilizador, bem como torná-lo gestor ou
administrador.
- Página 'Gerir CRTIC'- Página com limitações no acesso a
informação consoante o tipo de utilizador, que pode ser do tipo administrador
ou utilizador registado. Possibilita editar, acrescentar ou apagar o nome dos
coordenadores, assim como acrescentar Centros à rede (apenas os
administradores) ou dados dos utilizadores registados (pelos próprios).
Disponível apenas a utilizadores registados, quer pelos próprios, quer pelos
administradores coordenadores dos CRTIC.
- Página 'Gerir produtos'- Possibilita aos utilizadores do
tipo administrador a inserção de um novo PA, na página de produtos livres ou
homologados, de acordo com o formulário preenchido. Nesta página é ainda
possível editar a descrição de determinado produto, entre outros campos
relacionados.
- Página 'Ver todos'- Mostra uma lista de todos os PA,
referidos na plataforma. É possível filtrar a pesquisa por nome e por tipologia
do produto.
- Página 'Produtos homologados'- Apresenta uma lista dos PA
homologados e disponibiliza a opção de pesquisa por tipologia ou nome do
produto.
- Página 'Produtos livres'- Apresenta uma lista dos PA
freeware e disponibiliza a opção de pesquisa por tipologia ou nome do produto.
- Página 'Produtos de Apoio'- Esta página permite consultar
informações detalhadas acerca de um PA e os respetivos comentários, caso
existam. É possível denunciar um produto e/ou comentário.
5. Considerações finais
Fruto de uma maior divulgação das potencialidades que os PA podem oferecer aos
alunos com NEE, ano após ano, o número de profissionais da educação que
procuram adequar o processo de ensino-aprendizagem de alunos com necessidades
especiais com recurso à tecnologia tem aumentado exponencialmente nos vários
CRTIC. A opinião positiva acerca dos benefícios que as TIC poderão oferecer a
estes alunos conduz, sobretudo, os professores a realizarem pedidos de
avaliação na procura de novos recursos que ajudem os seus alunos a alcançar
algumas competências previstas nos seus PEI.
O processo de avaliação que está a ser desenvolvido por estes Centros revela,
ao nível das estratégias e modelos utilizados, características consistentes e
alinhadas com alguns dos aspetos destacados na literatura (Chambers, 1997;
QIAT, 2008a, 2008b; Zabala, 1995), tais como: a necessidade de constituir
equipas multidisciplinares contextualizadas com as necessidades educativas do
aluno (como forma de realizar uma análise rica e profunda que contribua para a
tomada de decisão); a tomada de decisão colaborativa, com a participação de
todos os elementos que constituem a equipa; a avaliação funcional do aluno no
ambiente onde este se encontra inserido, decorrente do novo paradigma assumido
pela Educação Especial, adotado pela utilização da CIF (Organização Mundial de
Saúde (OMS), 2004).
No que concerne à etapa de implementação, os dados indicam que ainda há um
número muito pequeno de CRTIC que realiza planos de implementação para os PA
aconselhados. Para a maioria das equipas, o acompanhamento é uma situação
circunstancial, embora estas manifestem total disponibilidade para ajudar os
intervenientes educativos, sempre que solicitadas. Apesar de este apoio
incondicional ser apreciável, não podemos deixar de lamentar que o serviço
prestado por estes Centros seja, na sua esmagadora maioria, caracterizado por
este tipo de práxis.
Em suma, tendo em conta o panorama nacional caracterizado, concluímos que é
urgente que esta rede desenvolva estratégias de acompanhamento formais, de modo
a conseguir realizar uma prestação de serviços mais alinhada e homogénea. Foi a
partir desta conclusão que conceptualizámos a proposta de uma ferramenta online
de apoio à avaliação e monitorização da implementação dos PA aconselhados por
esta rede de 25 CRTIC. Acreditamos que esta plataforma possa ser um contributo
no sentido de incrementar estratégias nas atuais práticas desta rede,
facilitando e fomentando as interações para a monitorização dos PA atribuídos.