Uma memória para a tecnologia
Informática e mnemotécnica
Como já tem sido salientado em vários domínios, o computador é um tipo de
médium onde a memória (entendida como suporte estável ou transitório, alterado
através de mudanças operadas ao nível dos dados) desempenha um papel
fundamental.1 A rom e a ram, somente para citar dois termos que há uns anos
andavam na boca de todos os neófitos da área, são precisamente definidas como
"memórias" (respectivamente read only memory e random access memory).
Mesmo os suportes de registro de dados merecem a denominação de memórias,
memórias de massa.2 Houve quem tivesse tentado comparar a ram e a memória de
massa a dois tipos de funções psicológicas, como as memórias a curto e a longo
prazo, ou, pelo menos, às formas de articulação mnemotécnica de que a tradição
retórica nos deixou abundantes testemunhos.3
Actualmente, o nosso receio é de que esta metáfora do funcionamento do
computador enquanto "máquina psicológica" se enquadre numa visão
redutora das potencialidades humanas. Os neurologistas, por exemplo, tendem
hoje a discutir o facto de as nossas recordações individuais terem de per si
uma consistência estável, isto é, uma formulação de stock de dados, propondo
modelos alternativos baseados mais na estabilidade relacional do sistema
neurológico do que na solidez das suas partes. Todavia, tal não torna menos
interessante o problema, pelo menos do ponto de vista da auto-representação
social da questão da memória.
No entanto, pretendemos ainda deter-nos um pouco mais pormenorizadamente no
facto de a informática nos ter dado a possibilidade de criarmos arquivos
extremamente funcionais, pois possui condições para combinar quatro aspectos
determinantes: a reduzida necessidade de utilização do espaço, a redução dos
custos, a capacidade e a agilidade nos procedimentos de busca de dados
armazenados.
A reduzida utilização do espaço deve ser entendida de duas formas. Em primeiro
lugar como é sabido a miniaturização do hardware andou a par e passo com um
processo de miniaturização que levou das válvulas aos transístores e que desde
então não mais cessou. A evolução dos computadores pessoais e dos portáteis até
às pequenas agendas electrónicas demonstra precisamente como a miniaturização
se constitui num dos elementos que permite ao computador infiltrar-se em
espaços que até há bem pouco tempo eram apanágio do suporte de papel e da
escrita manual. A segunda acepção do termo é a possibilidade de centralizar os
dados num só arquivo colocado em rede com ligação a uma série de terminais.
Isto permite reduzir o número de arquivos (e, portanto, também o seu
congestionamento) e pensar a memória arquivística como um facto mental, já não
físico, onde o problema do acesso se coloca ao nível da comunicação e não da
deslocação. A evolução da internet fez, pois, despontar a questão: projectada
como sistema militar (arpanet), fortemente modular por forma a permitir a
sobrevivência em caso de catástrofe, a internet constitui um exemplo de
"memória em rede" onde as informações podem ser dispostas em
"pacotes" por vários arquivos diferentes.4 De um certo ponto de
vista, isto comporta a possibilidade de constituir uma grande memória composta
por minúsculos arquivos disseminados no espaço geográfico
No que concerne à redução dos custos devemos também evidenciar alguns aspectos
distintos. O primeiro diz respeito genericamente ao processo fundamental de
redução progressiva dos preços do hardware. Este aparece associado, seja ao
baixo valor das matérias primas utilizadas, seja à feroz concorrência no
sector. O segundo é o da substituição progressiva da propriedade pelo acesso.
Os esforços para o lançamento de net-computers, ou seja, de terminais em
condições de utilizar software residente na rede, não são senão o último passo
de uma longa tendência que viu a utopia dos arquivos totalizantes ser
progressivamente substituída pela de uma rede global de arquivos parciais, com
significativas reduções na forma de aquisição de informações-recordações.5 Por
fim, surge o problema da duplicação de software, que, quer se queira quer não,
não é sentido como um problema eticamente relevante pela maior parte das
pessoas. Por muito delicado que seja este aspecto, deve ter-se presente que as
tecnologias reprodutivas têm vindo a colocar seriamente em crise uma noção como
a dos direitos de autor, pertencente precisamente a uma fase de
industrialização já obsoleta.6
Também no que diz respeito à capacidade de armazenar dados, podemos distinguir
diversos aspectos. Existe uma capacidade, por assim dizer quantitativa,
relativa ao número de dados armazenados ou armazenáveis. Esta procede de forma
inversamente proporcional à miniaturização e, por isso, hoje é possível
registar no disco rígido de um notebook muito mais dados do que seria possível
guardar num mastodôntico mainframe. Há uma capacidade, que poderíamos denominar
qualitativa, através da qual é possível registar num CD-ROM não unicamente
informações escritas, mas também imagens em movimento e sons, constituindo
arquivos multicódigo. Termo mais estrito que "multimédia", que
preferiremos reservar para usos especificamente comunicativos, o arquivo
multicódigo pode conjugar-se de forma proveitosa com os livros, as
videocassetes e os CD. Retomando ainda aqui algumas considerações já enunciadas
sobre a dispersão dos dados na rede, torna-se evidente que esta confere uma
capacidade global ao sistema-arquivo incomparável com a limitação das
capacidades "locais" dos próprios arquivos. Como é do conhecimento de
qualquer estudante que esteja a desenvolver uma pesquisa bibliográfica para a
sua tese, a investigação e a pesquisa podem ser desenvolvidas quer procurando
nos catálogos de cada biblioteca ligada à rede, quer submetendo a palavra-chave
aos motores de pesquisa. É como encontrar-se perante um gigantesco arquivo sem
fronteiras, de infinitas possibilidades, que conduz inevitavelmente à
borgesiana biblioteca de Babel.7
A última questão, como foi dito, diz respeito à facilidade nos modos de acesso
aos dados armazenados. Aqui seria oportuno voltar a referir, mas limitar-nos-
emos a reenviar à vasta bibliografia sobre o assunto as abordagens sobre o
estatuto específico do acesso aos arquivos informatizados, distinguindo entre o
acesso sequencial e o acesso directo e, sobretudo, o problema da
"miopia" (entendida neutralmente, numa acepção que recorda a que é
utilizada pelos matemáticos na descrição dos logaritmos, que permitem
solucionar os problemas colocados pelos labirintos) dos percursos do utilizador
no próprio arquivo, cuja razão construtiva não deve necessariamente ser-lhe
transparente. Deter-nos-emos então brevemente sobre uma questão ulterior: os
hipertextos e as novas possibilidades de consulta que oferecem ao utilizador.
Os hipertextos são programas que gerem programas, permitindo estabelecer uma
relação entre variadas funções, nomeadamente (exemplo neste caso, em nada
inocente) o arquivo e a escrita. A consulta ou a utilização de um hipertexto
são habitualmente designadas pelo termo "navegação", que simboliza a
capacidade de percorrer um texto passando de um modo de fruição ao outro.
Assim, num CD-ROM contendo a descrição geográfica de um país, pode interromper-
se a qualquer momento a "leitura" tradicional e chamar ao pormenor a
composição da população, ou a história de um certo monumento numa determinada
cidade, para depois voltar exactamente ao ponto onde se interrompeu a consulta.
Neste caso é evidente que a "miopia" do uso do arquivo diminui,
permitindo mesmo superar momentaneamente a típica dificuldade no acesso à visão
global do edifício mnemotécnico. No entanto, de um certo ponto de vista, os
hipertextos confirmam a efectiva ligação entre informática e memória, sendo
este um dos primeiros aspectos que nos interessou relevar. Até mesmo este
aspecto conhece uma declinação própria da rede, já que permite, através da
navegação, uma deslocação de página a página, seguindo as várias possibilidades
oferecidas pelo sistema. A rede é a materialização efectiva de um território do
qual não se dão mapas completos, mas tão-só mapas locais ou repertórios
"por tema", contrapondo a "miopia" da consulta e da
opacidade absoluta dos mecanismos de funcionamento do sistema à transparência
dos conteúdos.
Conteúdos mnemotécnicos e praxis sociais
A tecnologia da memória não esgota a discussão do tema, sobretudo se se
considerar que desde sempre sustenta uma filosofia da memória social e, por
conseguinte, também uma concepção do saber e da cultura.
Neste sentido, devem ser consideradas as situações onde as formas de arquivo
interagem com funções específicas, como a informação. De particular interesse a
este propósito são as questões relativas às transformações do jornalismo, pela
introdução das tecnologias avançadas, desempenhando aqui os bancos de dados um
papel determinante.
Digamos que são dois os grandes âmbitos através dos quais a progressiva
infiltração das novas tecnologias operou transformações no jornalismo enquanto
praxis social. O primeiro diz respeito ao trabalho informativo que, no entanto,
conduz ainda a um produto de tipo tradicional. A partir dos anos 70 a
introdução de novos sistemas de composição, de paginação e de consulta de
arquivos foram a pouco e pouco dando origem ao chamado jornalismo de
secretária, que frequentemente vem sendo também injustamente contraposto ao
jornalismo tradicional, entendido como "perseguição física" das
notícias. Este processo de transformação persiste ainda hoje, seja potenciado
pelo desenvolvimento da informática e da telemática, seja "baseado"
em formatos e também parcialmente em conteúdos do jornal impresso. E, todavia,
é o segundo âmbito que constitui a viragem mais significativa: pensemos no caso
dos serviços de informação online presentes na rede, sejam derivados de
cabeçalhos impressos, sejam geridos e organizados no formato tradicional. Aqui
a actividade produtiva encontra uma perfeita homologia com um consumo
electrónico que cria, de variadas formas, situações comunicacionais inéditas.8
As reflexões que faremos neste âmbito pretendem reter de ambas as partes esses
aspectos da transformação da profissão jornalística e que dizem respeito a
algumas características dos novos média como a instantaneidade, a radicação
cognoscitiva, a documentação icónica e a formatação.
O conceito de instantaneidade não necessita de muitas clarificações. Bastará
observar que a quase totalidade das novas tecnologias difundidas no quotidiano
do newsmaking (telemática em geral, satélite, telefax) requer uma maior
aderência da notícia ao evento em termos cronológicos. Isto comporta, do ponto
de vista do arquivo, um paradoxo significativo. De facto, a instantaneidade não
exclui a utilidade da memorização social, mas tende a vinculá-la e prendê-la
nas suas próprias lógicas. Diversas pesquisas efectuadas sobre os arquivos
jornalísticos demonstram que os critérios de arquivo tendem a duplicar os da
noticiabilidade, o que significa que a interpretação de um facto tende a
apoiar-se na informação, removendo diferenças existentes entre discursos
heterogéneos pela função e estatuto disciplinar. Dito de outro modo, os bancos
de dados jornalísticos arquivam notícias que, por sua vez, aparecem como
informações instantâneas e não como documentos, com todos os problemas que este
facto pode acarretar.
A instantaneidade dos conteúdos contrapõe-se aparentemente ao segundo aspecto:
a radicação cognoscitiva. Esta define-se enquanto nova possibilidade de o
jornalista poder aceder em directo a um evento enquadrado no seu próprio
background. Os bancos de dados jornalísticos e, sobretudo, a sua nova
legibilidade proporcionada pela informática permitem a consulta através de dois
canais principais: a narração em chave tipológica (os outros casos análogos) ou
histórica (os factos antecedentes dos protagonistas). A prática da documentação
esteve sempre difundida no bom jornalismo. No entanto, esta prática assume hoje
uma nova natureza como consequência do facto de a recepção da notícia e do
acesso aos seus desenvolvimentos ocorrerem a partir da própria tecnologia
devido simplesmente a um diferente "esboço" da prótese informática.
Por outras palavras, para um jornalista ligado a um terminal, a proveniência do
flash da agência, da comunicação redaccional e dos dados que se encontram na
memória do arquivo é sempre a mesma: o monitor.
Justamente aqui pode observar-se como a radicação cognoscitiva e a
instantaneidade não se opõem totalmente, mas participam na tendência comum de
negação da especificidade do dado memorial e da sua profundidade histórica.9
O terceiro aspecto mencionado é oferecido pela nova iconografia da
documentação. Pensamos aqui, essencialmente, na telemática aplicada às imagens,
técnica que já permite à imprensa, bem como à televisão, mostrar com suficiente
rapidez documentos de um evento, já para não falar da circulação de imagens na
rede. Isto confirma a tendência para a homogeneização dos vários média (com
excepção da rádio, à qual se aplicam tão-só parte das observações que estamos a
desenvolver), o que contribui para a recente proeminência da imagem na
sociedade da informação: um domínio que já foi discutido por diversas vezes e
sobre o qual não nos pretendemos deter neste âmbito.
O quarto aspecto diz respeito à formatação, isto é, à crescente agregação das
notícias em conjuntos organizados, permitida principalmente pelas novas
tecnologias de edição. As suas repercussões na profissão jornalística são
verdadeiramente notáveis, uma vez que este fenómeno pode produzir
potencialmente um deslocamento da selecção e da composição sempre um pouco a
montante e a jusante do jornalista isolado, ou também da redacção. Por um lado,
alguns "pacotes" podem ser de facto preconfeccionados e, por outro,
algumas transformações dos "pacotes" são produzidas igualmente na
fase da redacção final: tudo isto comporta naturalmente uma redefinição das
tarefas tradicionais na estrutura da cadeia produtiva da informação
As considerações apresentadas a propósito da capacidade qualitativa encontram
aqui um importante corolário. Na verdade, o facto de um arquivo ser multicódigo
coloca-nos perante um fenómeno novo: um documento que não pode ser reduzido a
uma série linear de parâmetros (autenticidade, exaustividade, etc.), mas ao
efeito de toda a complexidade própria do audiovisual, se possível acrescida
ainda da natureza hipertextual do arquivo. Todavia, com estas considerações
estamos ainda do lado da natureza (tecnológica ou social) dos arquivos.
Quando nos propomos observar a verdadeira natureza dos conteúdos, defrontamo-
nos com a tarefa de estabelecer prioridades. Aqui colocam-se então as usuais
questões sobre a memória dos vencedores contraposta à dos derrotados ou, de
modo menos dramático, sobre as diversas memórias dos vários componentes
sociais, dos quais só alguns chegam ao limiar da visibilidade e do
reconhecimento.
O esquecimento entre a repressão e a libertação
O último argumento abordado reenvia-nos para a questão que entendemos central e
pelo menos neste âmbito conclusiva: o esquecimento. Por diversas vezes,
como será salientado, este tema foi enunciado quer a propósito da selecção das
notícias destinadas a tornarem-se dados de arquivo nos bancos de dados
jornalísticos, quer da determinação social dos conteúdos da memória em geral.
Por outro lado, é inevitável observar que cada forma de memória se encontra
fortemente entrecruzada com o esquecimento. Num passado recente uma vastíssima
pesquisa do Instituto Gemelli-Musatti, de Milão, abordou a memória
precisamente, do ponto de vista do seu oposto, com resultados bastante
significativos.10
Em suma, acreditamos que a questão possa ser colocada nestes termos: cada forma
de memorização, social ou individual, encontra-se fortemente imbuída no
esquecimento. A memória existe sobretudo na perspectiva da oposição, dado que
se constitui pela negação do desaparecimento do presente e dos seus fenómenos
e, ao fazê-lo, determina assim a ideia de profundidade temporal. Mas também na
perspectiva da diversidade, na medida em que cada memória, social ou
individual, se determina fazendo selecções sobre o material que tem à
disposição. Estas selecções podem ser prévias e normalmente, ao nível social,
são orientadas por pressupostos ideológicos (no sentido lato do termo) ou
posteriores à memorização, respondendo assim sobretudo a critérios de
operacionalidade e de funcionalidade. A este nível também a ideologia tem
naturalmente um papel a desempenhar. Do conjunto de elementos memorizados,
submetidos a uma selecção, serão obviamente os dados mais consensuais e
conformes a um certo grau de importância a serem guardados.
Coloca-se, pois, a questão da obsolescência da memória. Esta encontra-se de
facto no seu término, no sentido em que os dados memorizados (por exemplo, nas
tradições orais e nos suportes tecnológicos) podem sofrer e em qualquer caso
sofrem necessariamente um processo de degradação. Procura-se obviar essa
degradação através de diversos processos, que vão da filologia à interpretação
crítica, da historiografia ao restauro. Estes, todavia colocam sempre e de novo
o problema do esquecimento, dado que a recuperação de um dado de per si
obsoleto é uma operação artificial, composta de critérios subjectivos e não da
sua própria natureza. Aqui a relação das tecnologias com a memória, sobretudo
das electrónicas e informáticas em particular, adquire extrema importância na
medida em que tende a colocar-se sob a forma de um registo potencialmente
universal, duradouro e estável.
Trata-se de uma pretensão implícita, nunca declarada abertamente pelos mais
informados, sendo apesar disso plenamente participativa de um mito do
progresso, desacreditado em muitas outras vertentes. Eis, portanto, a criação
dissimulada, sub-reptícia da ideia de uma memória universal que se sobrepõe
às memórias locais e imperfeitas, superando o esquecimento.
Uma ideia burlesca mais do que perigosa, porque, como tentámos demonstrar, a
questão das memórias e da sua relação com o esquecimento não pode derivar de
nenhuma escolha tecnológica. Com efeito, o ponto fulcral parece-nos residir na
acepção negativa do esquecimento como inimigo da memória, quando bastaria
subverter a perspectiva para se ver o contrário: o esquecimento desenvolve, nos
dois sentidos, um papel positivo e determinante nos processos de memorização.
Acima de tudo, o esquecimento é a testemunha mais fiel da transitoriedade, mas
também da extraordinária elasticidade e criatividade dos processos de
memorização que, ainda que limitados e imperfeitos, são significativos. Neste
sentido, somente uma concepção "débil" das capacidades humanas, ao
nível dos indivíduos e da espécie, mas igualmente e em particular de redes de
agregados sociais, permite solucionar de forma positiva e produtiva a relação
entre o arquivo e o esquecimento.
Em segundo lugar, a percepção do esquecimento enquanto agente inevitável obriga
a reconsiderar cada estratégia de memorização à luz das suas escolhas de fundo,
da operação da sua selecção e da reagregação cultural, reduzindo a máscara da
totalidade a operações socialmente determinadas na base de identidades
económicas e culturais.
Individualizar no esquecimento assim como na memória a regularidade dos
processos culturais, não só serve para reler a (mnemo)técnica numa perspectiva
fecunda, mas também, e sobretudo, para repensar de uma vez por todas os
processos de socialização numa lógica não violenta e imperialista, mas moderada
e autenticamente democrática.
Vale a pena reforçar estes conceitos a propósito da informação e das suas
conexões com o que Pierre Lévy denomina de inteligência colectiva.11 Vale a
pena porque é precisamente na descoberta da perene edificação da consciência
social e do contributo que as tecnologias podem oferecer a este processo que se
encontram os anticorpos contra o uso desvirtuado e redutor da mnemotécnica
contemporânea.
Notas
1 O presente artigo encontra-se publicado em Gianfranco Bettetini; Fausto
Colombo, Eros, memória e civilità, Génova, Costa & Nolan, 1998, 39-52.
2 Sobre o tema cfr., por exemplo, G.Bettetini, "Introduzione", in
Cronografie (Catálogo da exposição homónima), Marsilio, Veneza, 1980, e
F.Colombo, Gli archivi imperfetti, Vita e Pensiero, Milão, 1986.
3 O confronto entre tecnologia, memória e mnemotécnica voltou recentemente a
ser proposto por M. Turello, Anima artificiale. Il Teatro magico di Giulio
Camillo, Aviani, Udine, 1993.
4 A bibliografia sobre a internet cresceu nestes anos de forma exponencial.
Neste âmbito, limitar-nos-emos a indicar, para o aprofundamento de alguns
aspectos técnicos, M. Calvo, F. Ciotti, G. Roncaglia, M.A. Zela, Internet 97.
Manuale per l'uso della rete, Laterza, Roma-Bari, 1997.
5 Sobre o tema da transformação progressiva da telemática sob o impulso da
evolução da rede, podemos reenviar aos Rapporti annualida Summit della
Comunicazione Telecom, 1995, 1996, 1997.
6 Sobre o tema da transformação da propriedade intelectual e, em geral, do
significado da autoria, veja-se, por exemplo, F. Pasquali,
"Reticoli", Nuova Corrente, XLIII, n.° 118, 1996, pp. 315-344.
7 O autor refere-se a um dos capítulos da obra Ficções, de Jorge Luís Borges,
intitulado a "Biblioteca de Babel". Cf. Jorge Luís Borges, Ficções,
Teorema, 1997, Lisboa.
8 Nos jornais online cfr. B. Scifo, "Una ricerca sul giornale elettronico.
Verso un nuovo statuto dell'informazione", in Aggiornamenti Sociali, ano
49, n.os 7-8, Julho-Agosto, 1998, pp. 597-604 e F. Pasquali, "I giornali
on-line", Problemi dell'informazione, XXIII, 1, Março, 1998, pp. 109-123.
9 Uma conclusão deste tipo é perfeitamente congruente, parece-nos, com uma
visão da tecnologia onde a máquina, apesar das suas potencialidades, não produz
automaticamente efeitos sociais. Pelo contrário, as possibilidades reais do
impacte da tecnologia são sempre determinadas pelo uso social que vem definido
na praxis colectiva e nas routines profissionais. Sobre o assunto cfr. T.
Maldonado, Critica della ragione informatica, Feltrinelli, Milão, 1997
10 A pesquisa foi publicada em sete volumes, com o título genéricoL'arte della
dimenticanza, por Franco Angeli, Milão, 1990. Remete-se sobretudo para o volume
Miti e mass media, editado por G. Bettetini.
11 Cfr. P. Lévy (tradução italiana)L'intelligenza collettiva. Per
un'antropologia del cyberspazio, Feltrinelli, Milão, 1996.
[Tradução de Catarina Lorga da Silva; revisão científica da tradução de Gustavo
Cardoso]
*Fausto Colombo. Director do Observatório da Comunicação da Universidade
Católica de Milão, onde exerce também funções de docência e de investigação.
É autor, entre outras obras, de Le Nuove Tecnologie della Comunicazione(com G.
Bettetini, Milão 1993); Media e industria culturale, 1994; Il Dizionario della
pubblicità (com A. Abruzzese, Bolonha 1994) e Eros, Memória e Civilità,Génova,
1998. E-mail fcolombo@mi.unicatt.it URL: http://www.unicatt.it/docenti/
colombof.htm.