Editorial
É também dos média que trata o artigo onde Pedro Diniz de Sousa propõe um
modelo de análise do discurso com base no conceito de dramatização, ainda que
aqui seja sobretudo de realçar o plano metodológico, tal como acontece com o
texto de Sílvia Sousa Saramago, no qual a autora apresenta a sua abordagem
inovadora à problemática da infância, centrada em modelos de entrevistas a
crianças.
Num outro registo, desta vez enquanto reflexão teórica, este número conta ainda
com o contributo de Filipe Carreira da Silva e com a sua análise crítica em
torno do conceito de esfera pública e da teoria da democracia deliberativa na
obra de Habermas.
Por fim, sublinhe-se a inclusão de uma nova secção intitulada "Diálogos", na
qual se abre um espaço de discussão com outras áreas de saber. É aqui
apresentado um texto do arquitecto Luiz Cunha, também ele numa clara alusão à
era da modernidade, e no qual o autor faz o que designa por "exercício de
memória" acerca de alguns aspectos da actividade arquitectónica.
O Conselho de Redacção
EDITORIAL
A sociedade deste terceiro milénio é atravessada por novos fenómenos, que
constituem pretexto para o desenvolvimento de toda uma série de
problematizações analíticas e de pesquisas empíricas centradas em novas
abordagens da realidade, a qual vai continuamente adquirindo diferentes e
complexos contornos.
O primeiro número que Sociologia, Problemas e Práticasedita no presente século
é, precisamente, composto por um leque de artigos que, de certo modo, reflectem
tal facto. Aqui são analisados temas, de uma ou outra forma identificáveis com
preocupações e modos de viver caracterizadores da sociedade de modernidade
avançada.
Destaque-se, em primeiro lugar, o artigo de S. N. Eisenstadt, importante figura
no quadro do pensamento sociológico a nível internacional, e cujo texto
representa um contributo de grande alcance e grande actualidade. Nele
encontramos a proposta do conceito de "modernidades múltiplas", com vista à
compreensão da contemporaneidade. Na perspectiva do autor, a modernidade é
constituída não apenas pelo mundo ocidental, mas pelas sociedades dos vários
quadrantes geográficos, caracterizando-se por uma pluralidade de possibilidades
de interpretações ideológicas, umas mais universalistas, outras mais
particularistas, isto é, por diferentes "programas culturais", por sua vez
investidos de dinâmicas que os vão reconstruindo, e reconfigurando o próprio
sentido da modernidade.
Um outro artigo cujo tema em análise é também ilustrativo de problemáticas
emergentes é o de Elsa Guedes Teixeira, que elabora uma reflexão acerca dos
sentimentos de solidão e isolamento na sociedade actual. A autora apoia-se
simultaneamente em material empírico recolhido para o efeito e na perspectiva
teórica de vários autores que se têm debruçado sobre as mudanças ocorridas nas
relações de sociabilidade e sobre o modo como recentemente se manifestam os
afectos e os relacionamentos entre mulheres e homens. Trata-se de uma
interessante abordagem que se depara com as ambiguidades que caracterizam a
apologia de novos modelos de relacionamento em detrimento dos do passado,
embora não sem dele aparentar saudade.
Tema da era actual, com o grande desenvolvimento que nela têm os média, é
igualmente o do texto de José Nuno Lacerda Fonseca. Nele são discutidos os
direitos à informação e os deveres informativos; e a propósito dos efeitos
anti-sociais dos meios de comunicação social, com base em estudos de autores
que desde os anos 30 revelaram preocupações sobre a matéria, são avançadas para
reflexão várias hipóteses acerca da eventual necessidade de se estabelecerem
princípios de regulação política da comunicação social. Isto sem, contudo,
atentar nas dificuldades de instauração de tais princípios e reconhecendo a
importância do desenvolvimento de novos quadros conceptualizadores das questões
da informação e da cultura.
É também dos média que trata o artigo onde Pedro Diniz de Sousa propõe um
modelo de análise do discurso com base no conceito de dramatização, ainda que
aqui seja sobretudo de realçar o plano metodológico, tal como acontece com o
texto de Sílvia Sousa Saramago, no qual a autora apresenta a sua abordagem
inovadora à problemática da infância, centrada em modelos de entrevistas a
crianças.
Num outro registo, desta vez enquanto reflexão teórica, este número conta ainda
com o contributo de Filipe Carreira da Silva e com a sua análise crítica em
torno do conceito de esfera pública e da teoria da democracia deliberativa na
obra de Habermas.
Por fim, sublinhe-se a inclusão de uma nova secção intitulada "Diálogos", na
qual se abre um espaço de discussão com outras áreas de saber. É aqui
apresentado um texto do arquitecto Luiz Cunha, também ele numa clara alusão à
era da modernidade, e no qual o autor faz o que designa por "exercício de
memória" acerca de alguns aspectos da actividade arquitectónica.
O Conselho de Redacção