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EuPTHUHu0873-65292007000300002

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National varietyEu
Country of publicationPT
SchoolHumanities
Great areaHuman Sciences
ISSN0873-6529
Year2007
Issue0003
Article number00002

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Velhos e novos aspectos da epistemologia das Ciências Sociais As posições racionalistas construtivistas: consequências e desenvolvimentos recentes Com a referência a Bachelard reencontramos, em versão moderna, o par tradicional racionalismo versus empirismo. Relembre-se que antepassados filosóficos ilustres para as duas tendências epistemológicas.

O que se pode dizer, muito sinteticamente, é que no empirismo provavelmente ainda hoje dominante na filosofia espontânea dos cientistas o postulado fundamental será de que a verdade é igual a dados.

O trabalho científico corresponderia a uma abstracção/extracção de essências.

Os dados seriam neutros, a realidade falaria por si e por isso bastaria ao cientista absorver e registar fielmente o que ela tem para dizer, à semelhança de uma boa aparelhagem de gravação.

Ora o racionalismo aplicado que Bachelard propunha e, com variantes, todas as posições ditas construtivistas, afirmam que a natureza e a sociedade falam quando são interrogadas, que a forma da pergunta condiciona o tipo de resposta, que todo o conhecimento é construção activa.

Não ter em conta estas características oculta a presença de pré-noções e de teorias implícitas no processo de pesquisa e, por isso mesmo, oculta também os inevitáveis efeitos de tais teorias implícitas nos resultados obtidos.

Se, por um lado e como se sublinhou, ser e saber são irredutíveis por remeterem para processos de diferente natureza, então também a verdade, no seu sentido absoluto, é uma categoria metafísica, dado o carácter sempre e aproximado do conhecimento.

Na sequência da sua própria lógica, as posições epistemológicas antiempiristas vêm afirmar o primado da interrogação e do ponto de vista na definição dos objectos teóricos disciplinares.

Serão, assim, esses diferentes pontos de vista que distinguem as disciplinas entre si e não os objectos reais que pretendem apreender. No que às ciências sociais respeita, a realidade que analisam não está compartimentada, à espera que cada matriz disciplinar descubra e desvende os mistérios da fatia que lhe corresponde. Essas pretensas fatias seriam uma realidade económica, uma realidade política e por fora, que não deixam de obter continuada consagração na nossa linguagem quotidiana.

Consequências das posições racionalistas: um exemplo Mas se sabemos que assim é, nem sempre se tiram todas as necessárias consequências das posições racionalistas.

Vejamos um exemplo de fronteiras artificiais na sociologia.

A disciplina, com escassas excepções, tende a parar respeitosamente nas fronteiras dos sentimentos, dos afectos e, mais genericamente, dos comportamentos individuais. Eles seriam o inviolável domínio de outros saberes, por exemplo da psicologia ou da psicanálise.

Ora tudo a esperar dos trabalhos cooperativos com diferentes níveis de exigência e de integração, designados por pluri, inter e transdisciplinares.

Significa isso partilhar objectos, explorar complementaridades de teorias e métodos, a partir, ao menos por ora, das aquisições das diversas disciplinas implicadas.

Trata-se, então, de transgredir e transpor fronteiras.

Para prolongar o exemplo pode dizer-se que ao investir em objectos novos como é o caso do que Bernard Lahire chama o social na sua forma individual e incorporada, está a gerar-se uma sociologia à escala individual. Claro que tal escala de análise convoca instrumentos conceptuais e metodologias específicas em relação às utilizadas na escala macrossocietal. Mas é difícil contestar que se abrem por possibilidades úteis de diálogo e trabalho com outras disciplinas, sendo possível do mesmo passo eliminar a ilusão da subjectividade radical e internamente homogénea, bem como a de que o social se reduz ao geral ou ao colectivo.

A produção social do indivíduo, em diferentes contextos e com diferentes socializações, mostra que ele é, como também diz Lahire, multideterminado e multissocializado.

Podemos pensar nos heterónimos de Fernando Pessoa como uma ilustração literária genial dessa diversidade identitária e disposicional.

A sociologia não tem assim razão alguma para deixar de apreender as lógicas sociais também ao nível do sujeito, o que sublinha a centralidade de todas as análises em torno da socialização, em torno do processo de incorporação dos sistemas de disposições, do habitus. Tais processos, organizados em contextos diversos, podem comportar eventuais dissonâncias e, por , identidades complexas ou mesmo fragmentadas.

O exemplo que se deixou é um entre muitos e não vale para a sociologia.

Nenhum horizonte empírico deve estar a priori vedado a qualquer disciplina do campo das ciências sociais.

O apelo para a colaboração entre disciplinas, por outro lado, embora ainda por vezes não ultrapasse o voto piedoso, resulta do reconhecimento da artificialidade das fronteiras e também, por outro lado, da fecundidade virtual da sua transgressão. Os lugares de encontro temático constituem com frequência lugares de práticas virtuosas de hibridação a caminho da transdisciplinaridade.

Desenvolvimentos recentes Com raiz ou implicação epistemológica, algumas propostas recentes merecem informação e debate. Reportáveis às ciências sociais, têm carácter mais pragmático umas, outras carácter mais analítico.

Lembrámos que as posições racionalistas, com as suas múltiplas variantes, recuam ao antigo debate filosófico com os empiristas. Um dos seus desenvolvimentos actuais entendeu autoclassificar-se como epistemologia social e procura prolongar a tradição de complementar a epistemologia descartiana, estritamente ligada ao sujeito pensante.

Steve Fuller, um dos promotores da corrente, escreveu um livro justamente com esse nome Social Epistemology.

1 Com ele, aparece claramente a preocupação pragmática. Em circunstâncias normais, diz-nos Fuller, o conhecimento é procurado e produzido por muita gente, com todas as limitações e imperfeições de cada um dos produtores. que reconhecer, por outro lado, que os resultados são sempre afectados pelo tipo de relações sociais estabelecidas entre os cientistas, bem como pelas instituições onde trabalham, as suas regras e os seus poderes internos, além, naturalmente, das influências geradas nos contextos sociais mais amplos.

A questão a pôr, então, será a do melhor modo de organizar essa produção.

Immannuel Wallerstein, que coordenou cerca de dez anos um grupo de cientistas na chamada Comissão Gulbenkian, foi responsável com o grupo por um documento intitulado Open the Social Sciences, propondo um diagnóstico crítico da situação, ao tempo, das ciências sociais. E entre outras formas de melhorar essa situação, advogava-se a obrigatoriedade de cada investigador pertencer a mais do que um departamento, de forma a ir diminuindo isolamentos disciplinares e ir favorecendo fertilizações cruzadas.

A preocupação de sarar patologias de pesquisa abre, naturalmente, para as questões muito amplas enunciadas por Fuller e que incluem ainda, entre muitas outras, a que respeita aos modelos de investigação na universidade e nos diversos centros especializados, à concorrência entre unidades, aos mecanismos de avaliação e de actualização, aos enquadramentos internacionais e às políticas públicas de nível nacional sobre a investigação e o ensino.

Passando agora a um outro diagnóstico, mais analítico e exigente este, do que se trata é de verificar a emergência e as características do que seria a progressiva prevalência de um modo novo de fazer ciência, designado por modo-2.

A sede mais importante dessa proposta embora não a primeira é o livro Re- Thinking Science: Knowledge and the Public in a Age of Uncertainty, datado de 2001 e que tem como autores Helga Nowotny, Peter Scott e Michael Gibbons.

O modo-2 deixou de se apoiar na tradicional base disciplinar e revela um outro conjunto de características distintivas: a comunicação atravessa mais facilmente as fronteiras institucionais; o conhecimento é crescentemente produzido nos próprios contextos de aplicação; aumenta a interacção entre diversos produtores de conhecimento, alargada ela própria também a não cientistas e à sociedade em geral.

A evolução no modo de produção de conhecimento ocorre em simultâneo embora não necessariamente em harmonia com a evolução da própria sociedade.

Seria assim igualmente identificável uma sociedade tipo-2: mais complexa, com mais incerteza, com maior permeabilidade institucional, com acrescida capacidade de auto-organização, com mudanças nas noções de tempo e de espaço, com novas formas de organização económica, com presença crescente de informação e comunicação.

Por outro lado, o sentido quase exclusivo de comunicação que ia da ciência para a sociedade é agora complementado por fluxos inversos, por um falar em retorno da sociedade à ciência. A sociedade speaks back, alterando, com isso, os problemas de investigação, os financiamentos, os modos de investigar e as parcerias da pesquisa.

A produção do conhecimento passa a ocorrer no meio do público, numa ágora em que os produtos científicos estão abertos à discussão, à negociação, estão obrigados, em suma, a uma prestação de contas alargada.

O conhecimento tem de continuar a ser fiável (reliable),mas o que agora é novo é que ele tem também de ser socialmente robusto.

Todas estas transformações afectam, por seu turno, o núcleo epistémico da ciência, desdobrando as epistemologias, passando mesmo algumas a perder a natureza propriamente científica, que os processos de pesquisa estão submetidos a escrutínios sociais mais amplos. Os instrumentos clássicos de controlo de qualidade, que costumavam ser, no essencial, a avaliação e a aprovação pelos pares, são agora também alargados, com a correlativa perda relativa da autonomia científica.

O modo-2 é transdisciplinar, distinguindo-se das anteriores tentativas embrionárias de meras justaposições disciplinares. Procura-se, desde o início, chegar a formas e perspectivas integradas, logo na formulação dos problemas de pesquisa e depois nos procedimentos partilhados para encontrar soluções. Novos e diversificados actores alguns deles não cientistas trazem as suas perspectivas próprias e heterogéneas para as estruturas de trabalho. Estas são desejavelmente mais fluidas, com hierarquias menos pronunciadas.

A prestação de contas envolve não apenas a avaliação da excelência científica dos produtos, mas também do seu valor societal, por resultado das interpelações múltiplas que chegam e se fazem ouvir a partir do exterior do campo científico.

Resumidas assim as características centrais desta proposta, parece claro que o modo-2  se fará sentir desigualmente em função dos campos científicos e dos objectos de pesquisa. Ele manifestar-se-á com mais clareza, por exemplo, nas pesquisas de ciências sociais sobre os problemas do desenvolvimento ou em torno das questões ambientais. São áreas, com efeito, em que aos tradicionais trabalhos sobre o public understanding of science se deve juntar e eventualmente sobrepor o que poderíamos chamar o science understanding of public.

Um último diagnóstico que vale a pena referir tem a ver com o sociólogo americano Michael Burawoy, recentemente presidente da Associação Americana de Sociologia. Ele tem-se batido, na mesma linha de preocupações que enunciámos, pelo que chama a public sociology(sociologia pública).

O mais recente artigo que refere esta questão chama-se Open the social sciences: to whom and for what? e está agora para sair no Portuguese Journal of Social Science (vol. 6; 3).

A ideia que alguns partilham e que Burawoy critica a Wallerstein, de dissolver as ciências sociais, reunificando-as numa ciência social, parece-lhe uma utopia abstracta e totalizadora. Propõe, em alternativa, criar alianças entre as diversas disciplinas e os públicos, em torno de projectos partilhados.

As duas perguntas essenciais serão, então, se se produz para uma audiência académica ou também para audiências extra-académicas, por um lado, e se se produz um saber instrumental, com objectivos pré-fixados, ou um saber reflexivo, que também põe em debate o valor e a relevância social desse saber.

O cruzamento das quatro hipóteses enunciadas resulta num espaço de atributos a quatro dimensões. Saber instrumental mais audiência académica saber académico (tradução para a versão anglo-saxónica de professional); saber instrumental mais audiência extra-académica resulta em saber para políticas e para clientes;saber reflexivo mais audiência académica produz saber crítico; saber reflexivo mais audiência extra-académica saber público.

Os quatro tipos de saberes sociológicos mas extensíveis a outras ciências sociais inter-relacionam-se e coexistem, embora com variações nos seus pesos relativos no tempo e no espaço. Cada um deles, no entanto, implica práticas diferentes, diferentes critérios de validação e de legitimidade, diferentes regimes de prestação de contas e, até, diferentes tendências patológicas.

Para Burawoy a sociologia pública, discutindo meios e objectivos em sedes amplas, torna-se essencial, pelo impacto que pode ter na defesa da sociedade civil. Virando-se para audiências públicas e desenvolvendo o pensamento reflexivo, a sociologia daria um útil contributo para resistir ao que chama a terceira vaga de mercantilização, ela própria ameaçadora também quer para a investigação, quer para as universidades.

Comentários finais Acompanhámos alguns aspectos de uma epistemologia construtivista que afirma, com Bachelard, que o sentido do problema marca o espírito científico e que os problemas não se põem a si próprios.

O racionalismo aplicado desemboca, julgo que com naturalidade, na necessidade de incluir a dimensão societal na agenda do discurso epistemológico, o que significa dotar-se do objecto constituído pelas relações dinâmicas entre a sociedade e a prática científica.

Os exemplos que propus, em particular as propostas de Helga Nowotny e de Michael Burawoy nadam nessas águas, inserem-se claramente nessa agenda. E legitimam o debate aberto e em curso.

A transgressividade transdisciplinar que Nowotny diagnostica e apoia está certamente a funcionar em alguns caminhos de pesquisa. Não esse tipo de abertura é desejável e potencialmente produtivo, como vai sendo facilitado pelo carácter crescentemente colaborativo da produção de ciência.

Penso, no entanto, que a base do conhecimento e sobretudo das suas aprendizagens iniciais continua a ser disciplinar.

Vale sempre a pena evitar o risco de generalizar aquela situação do médico que era também literato, de quem se gabava a proficiência em ambas as actividades, mas que, por qualquer misteriosa razão, falava de medicina com literatos e de literatura com médicos.

A preguiça disciplinar é sempre conselheira da qualidade.

Julgo, por outro lado, que os critérios de validação, de fiabilidade das proposições científicas, devem ser independentes da também desejável robustez social que constitui o segundo critério proposto por Nowotny.

Claro que da ciência se espera que seja socialmente relevante e que preste contas dessa relevância a um público cada vez mais capaz de a entender e de a exigir.

Mas trata-se de dois planos completamente distintos. A ciência, como dizia Bourdieu, é dialógica e argumentativa, mas a validação das suas proposições não se faz por voto democrático.

Confundir ambos os planos pode até valorizar o aplausímetro, distinguir como boa a ciência que consiga maior popularidade.

Essa confusão é ainda susceptível de favorecer a tendência, bem visível, de desvalorizar a universidade e a sua autonomia, transferindo exclusivamente para o mercado, com o apoio do estado, a autoridade final sobre o que deve ser financiado, investigado e validado.

Ao limite, num mundo assim, teríamos a generalização do síndroma de Zelig, sob a capa de uma gestão livre e democrática de competição por recursos, gestão e competição organizadas por alguma mão invisível.

São riscos que poderiam contaminar duradouramente as políticas científicas, obedientes apenas a lógicas pragmáticas e favorecendo a investigação aplicada supostamente valorizadora da actividade económica. Num mundo com prevalência absoluta da ciência tipo-2, a investigação dita fundamental, provisoriamente desligada de utilidades imediatas, de contextos de aplicação e da inclusão de parcerias não científicas, ficaria certamente anémica e debilitada apesar da sua indesmentível importância.

A eventual dominação de uma ciência pós-académica, com o correlativo enfraquecimento do ethos científico, teria, segundo John Zimman, nascido no Reino Unido dos anos 70, com o thatcherismo e os seus cortes ao financiamento pelo estado. A tendência ter-se-ia generalizado e ter-se-ia tornado irreversível.

Os riscos têm obviamente de ser ponderados, sobretudo em contextos que são os nossos, em que os constrangimentos são moventes e incertos, como incertas e moventes são as oportunidades.

A proposta de Burawoy no sentido de tentar robustecer uma sociologia pública, parece, a um tempo, mais realista e mais produtiva. Como parece também certeiro o diagnóstico de que as ciências sociais não têm necessariamente entre elas desenvolvimentos harmónicos e que, por isso, a eventual tentativa de artificialmente as compactar deve ser substituída pelo bem exigente esforço no sentido de colaborações alargadas, que lhes preservem a diversidade e as produtividades próprias.

Sabemos, com efeito, que as ciências sociais continuam a ser pluriparadigmáticas e não pré-paradigmáticas, como têm, por vezes, sido etiquetadas. Mas a existência de diversos paradigmas de referência também não tende a facilitar tais colaborações. Julgo, em todo o caso, que pelo menos no interior de cada disciplina passou o tempo de um pluriparadigmatismo de combate, de enfrentamento, com os seus efeitos paralisadores. Estou menos certo que assim seja entre as diversas disciplinas e a dúvida não tem apenas a ver com o facto de se verificarem diferentes estádios de desenvolvimento no interior do campo.

Mas creio que no essencial prevalece hoje o que chamei um pluriparadigmatismo de convivência, sem que isso elimine ou sequer atenue as dificuldades das aberturas transfronteiriças.

Correndo o risco de terminar de forma moralista, eu diria que a sociologia pode guiar-se por três mandamentos principais.

O primeiro consiste, como Wittgenstein propunha, em eliminar falsos problemas.

Muitas vezes eles resultam da recorrente invenção de conceitos ou se se quiser de palavras-chave que à força de quererem explicar tudo acabam por tornar invisível a complexidade social. Complementar desta gestação de falsos problemas é a invenção de novos nomes para velhas coisas, é a amnésia estratégica dos patrimónios disciplinares com a consequente abertura continuada e celebrada de portas abertas.

O segundo mandamento dirige-se ao esforço de recensear sistematicamente ignorâncias, sejam elas vazios de conhecimento ou conhecimentos inadequados. são também indispensáveis os processos de colaboração entre disciplinas, que parcerias dessas estão especialmente bem colocadas para ir às terras de ninguém e começar a explorá-las. Claro que se trata de um terreno mais difícil e incerto do que as securizantes pesquisas de mais do mesmo.

O último mandamento beneficia para o seu cumprimento da eficiência obtida nos outros dois e consiste na necessidade de definir prioridades de pesquisa, de escolher os enigmas de mais urgente solução. E não se pode subestimar aqui a dificuldade de conseguir equilíbrios produtivos entre a resposta a procuras exteriores e a livre iniciativa na eleição dos temas de investigação. Mas a eficaz definição de prioridades contribui, por seu turno, para o trabalho da cumulatividade dos saberes, que devem ser, em simultâneo, adequados, válidos e socialmente relevantes.

1 Na Indiana University Press, cuja edição é de 2002.

* João Ferreira de Almeida. Departamento de Sociologia do ISCTE. E-mail:  ferreira.almeida@iscte.pt


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