Adaptação de uma escala multidimensional de identificação para português
Adaptação de uma escala multidimensional de identificação para português
Desde a teoria de identificação social (Tafjel, 1978) que a temática da
identificação grupal tem ocupado um lugar importante em psicologia social. De
facto, os vários grupos a que pertencemos têm um impacto fundamental na forma
como nos comportamos e posicionamos no meio social (Tajfel & Turner, 1979;
Turner, Hogg, Oakes, Reicher, & Wetherell, 1987). Apesar do enorme avanço
científico nesta área (ver Ellemers, Spears, & Doosje, 1999), a forma como
a identificação social é conceptualizada e medida tem sido alvo de debate e
discórdia entre investigadores (Ashmoore, Deaux & McLaughlin-Volpe, 2004).
Numa tentativa de uniformizar e criar novos padrões para a medição da
identificação grupal, Leach e colaboradores (2008) analisaram múltiplas escalas
de identificação social e definiram uma medida bidimensional. O trabalho de
Leach et al. (2008) criou um novo padrão na medição de identificação grupal que
tem sido usado em diversos estudos (e.g., Miron, Branscombe, & Biernat,
2010; Nadler, Harpaz-Gorodeisky, & Bem-David, 2009). Apesar destes avanços
teóricos recentes, o trabalho de investigação em português tem recorrido a
escalas unidimensionais que abordam diferentes aspectos de identificação (e.g.,
Ferreira & Marques, 2007; Pimentel, Gouveia, & Fonseca, 2005). Assim,
não se verifica uma uniformização da medição do conceito de identificação
grupal, impossibilitando muitas vezes comparações entre estudos e uma
compreensão total dos resultados. Tendo em conta estas limitações, no presente
artigo propomo-nos a introduzir uma adaptação da escala de Leach et al. (2008)
à lingua Portuguesa (versão europeia), pois acreditamos que tal irá permitir
uma maior uniformização do conceito, possibilitar a comparação de resultados
entre estudos, e servir também o interesse de investigadores que pretendem
analisar aspectos específicos da identificação grupal.
Uma perspectiva multidimensional sobre a identificação social
Uma questão importante para a investigação em psicologia social tem sido se a
identificação social tem apenas uma ou várias dimensões separadas (Brown,
Condor, Mathews, Wade, & Williams, 1986; Ellemers, Kortekaas &
Ouwerker, 1999; Hinkle, Taylor Fox-Cardamone, & Crook, 1989). Os modelos
multidimensionais defendem que nenhuma dimensão de identificação social isolada
é representativa desta mesma identificação. De facto, dimensões diferentes
estão associadas a resultados e efeitos diferentes (Sellers et al., 1998). Por
exemplo, num estudo com Afro-Americanos, Rowley, Sellers, Chavous e Smith
(1998) verificaram que componentes afectivos da identificação estão
positivamente relacionados com a auto-estima pessoal, quando estes indivíduos
consideram o seu grupo étnico relevante para si. Noutro estudo, Spencer-Rodgers
e Collins (2006) demonstraram que uma vinculação com o grupo mediou a relação
entre as percepções de desvantagem do endogrupo e a auto-estima2. Em suma, a
investigação tem sugerido que as identidades grupais têm efeitos diferentes
dependendo nas dimensões que são analisadas (Jackson & Smith, 1999).
O trabalho pioneiro sobre a medição de identificação social centrou-se no facto
de que uma dada pertença grupal tem significados diferentes para indivíduos
diferentes (Brown & Williams, 1984). Recentemente, a investigação tem-se
centrado no facto de que, dependendo da dimensão, uma dada pertença grupal pode
ter significados diferentes para o mesmo indivíduo (Cameron, 2004; Cameron
& Lalonde, 2001; Ellemers et al., 1999; Jackson, 2002) . Por exemplo, uma
pessoa pode definir-se como Português enquanto sendo a sua identidade, mas pode
sentir que não tem nada em comum com outros Portugueses, ou pode mesmo não
estar contente por pertencer a este grupo.
A definição de Tajfel (1978) de identificação social permite ter uma visão mais
detalhada sobre as dimensões envolvidas neste conceito. Para este autor, a
identificação social é a parte do auto-conceito que tem origem no seu
conhecimento sobre a pertença a um dado grupo social (ou grupos) conjuntamente
com o valor e significado emocional relacionado com este grupo (Tajfel, 1978,
p. 63, tradução nossa). A partir desta definição é possível distinguir três
componentes da identificação social: um componente cognitivo (estar
sensibilizado para uma pertença grupal); um componente avaliativo (a estima
pelo grupo); e um componente emocional (aspectos emocionais de vinculação com o
grupo) (Ellemers et al., 1999).
Apesar de haver algum consenso sobre a existência de uma multi-dimensionalidade
da identificação social, não há um acordo quanto à natureza e número de
dimensões. Por exemplo, Karasawa (1991) sugeriu que identificação com o grupo e
identificação com os membros do grupo são aspectos diferentes da identificação
social. Ellemers et al. (1999) argumentaram que a identificação social é
composta por três factores: a auto-estima do grupo, a auto-categorização, e o
empenho pelo grupo. Jackson (2002) também considerou três aspectos diferentes:
a auto-categorização, uma avaliação emocional do grupo, e percepções emocionais
de solidariedade para com o grupo. Cameron (2004) comparou medidas já validadas
de identificação social que foram testadas em vários grupos. Desta análise
emergiram três componentes: o cognitivo, o afectivo, e um de vinculação.
Mais recentemente, Leach et al. (2008) propuseram um modelo hierárquico de duas
dimensões de identificação social, tendo sugerido as dimensões de auto-
definição e de auto-investimento, ambas compostas por diversos factores que
apresentamos nas próximas secções.
Auto-definição: auto-estereotipização e homogeneidade do endogrupo
A identificação com um determinado grupo é muito mais do que uma simples
inclusão no grupo (Tajfel, 1978) e a auto-definição indica a forma como um
indíviduo se define num nível grupal. Investigação anterior sugeriu que
indivíduos que se identificam com um grupo tendem a percepcionar-se como sendo
semelhantes a membros prototípicos do mesmo grupo (Oakes, Haslam, & Turner,
1994). Leach et al. (2008) denominaram este processo de auto-estereotipizaçãoo
qual está relacionado com uma despersonalização einclusão no grupo. A auto-
estereotipização é o grau em que um indivíduo se vê como semelhante e, também,
com algo em comum em relação ao membro habitual do grupo. Portanto, uma pessoa
deixa de se percepcionar a si própria enquanto indivíduo isolado e passa a
percepcionar-se como sendo semelhante ao indivíduo prototípico do grupo (Oakes
et al., 1994). Por exemplo, alguns(mas) Portugueses(as) podem achar que são
muito parecidos com a sua representação do(a) Português(a)3 habitual enquanto
outros(as) podem não concordar com essa perspectiva.
A auto-definição envolve ainda a homogeneidade do grupo, ou seja, a percepção
do grau de semelhança entre os indíviduos do endogrupo (Doosje, Ellemers, &
Spears, 1995). É esta percepção que confere uma identidade social coerente e
estabelece o contraste entre o endogrupo e o exogrupo (Oakes et al., 1994). Por
exemplo, uns indivíduos podem pensar que os Portugueses são muito parecidos
entre si, enquanto outros podem achar que os Portugueses pouco têm em comum.
Auto-investimento: Centralidade, satisfação e solidariedade
O auto-investimento está relacionado com investimento pessoal depositado num
grupo ao qual o indivíduo pertence. As pessoas pertencem a vários grupos na
nossa sociedade, mas nem todos são importantes num determinado tempo
específico, ou seja, os vários grupos não têm sempre um significado psicológico
equivalente (Deaux, Reid, Mizrahi, & Ethier, 1995). Por um lado, o contexto
tem um papel determinante em tornar uma dada identidade grupal saliente. Por
outro lado, alguns indivíduos estão consistentemente mais inclinados para
actuarem de acordo com uma determinada identidade em detrimento de outras
identidades grupais (Gurin & Markus, 1989; Oakes, 1987). Por exemplo, um
emigrante português na Alemanha pode estar mais inclinado a comportar-se de
acordo com a sua identidade nacional do que outros compatriotas na Alemanha.
Neste caso, espera-se que a identidade nacional seja mais central para o
primeiro indivíduo do que para os outros. Leach et al. (2008) definiram
centralidade como sendo o grau de importância de uma dada identidade grupal
para o auto-conceito do indivíduo. Mais especificamente, trata-se a frequência
com que uma identidade grupal específica se torna activa em contextos
diferentes. Outros autores definiram este conceito de uma forma semelhante,
argumentando que a centralidade está associada a uma importância subjectiva de
uma dada identidade grupal para o self (Hutnik, 1991; Rosenberg, 1979; Sellers
et al., 1997).
Uma segunda dimensão de auto-investimento está relacionada com um componente
afectivo que se encontra presente na maior parte das escalas de identificação
grupal (e.g., Brown et al., 1986; Ellemers et al., 1999), por exemplo, em
escalas de identificação étnica (e.g., Phinney, 1992) e racial (e.g., Sellers
et al., 1997). Leach et al. (2008) definiram este componente como satisfação ,
reflectindo uma avaliação sobre a identidade grupal e relacionado com as
emoções específicas que emergem de uma pertença grupal específica. Por exemplo,
alguns Portugueses podem gostar e sentir-se bem em ser Portugueses, enquanto
outros podem ter avaliações negativas sobre o grupo nacional a que pertencem.
Por fim, é importante também considerar os laços que as pessoas desenvolvem em
relação aos outros membros do mesmo grupo. Estes laços dão um sentido de
pertença e trazem proximidade emocional (Cameron, 2004). A solidariedade está
relacionada com a percepção de pertença a um grupo e com os laços psicológicos
que ligam o self ao grupo (Cameron, 2004). De uma forma idêntica, outros
autores conceptualizaram a solidariedade como sendo um vínculo entre a pessoa e
os membros do grupo (Cameron & Lalonde, 2001), ou um sentimento de pertença
ao grupo (Phinney, 1992). Por exemplo, alguns Portugueses podem sentir-se
ligados aos outros
Portugueses enquanto outros podem sentir-se desprendidos ou separados dos
membros desse grupo nacional.
O presente trabalho
A nossa investigação centrou-se no modelo bidimensional de Leach et al. (2008),
por várias razões. Primeiro, como inicialmente argumentámos, apesar do elevado
suporte empírico a favor de diversas dimensões de identificação social (e.g.,
Ellemers et al., 1999; Jackson, 2002; Sellers et al., 1998), não há consenso
sobre a natureza e número de dimensões. Em relação à medição de identificação
social, as múltiplas metodologias usadas em estudos anteriores não permitem
compreender a diversidade dos seus factores estruturais. A escala de
identificação social de Leach et al. (2008) é baseada em múltiplas análises
factoriais de identificação, tendo sido testadas escalas como as de
identificação social de Brown et al. (1986) e de Hinkle et al. (1989), de auto-
estima colectiva (Luhtanen & Crocker, 1992), assim como trabalho envolvendo
a identificação com as mulheres (Gurin & Markus, 1989; Gurin &
Townsend, 1986). Este modelo foi sujeito a uma análise de modelos estruturais,
permitindo comparar um modelo bidimensional com outros tridimensionais ou
unidimensionais. Os resultados indicaram que um modelo bidimensional fornece
uma explicação mais adequada aos dados do que as outras alternativas. As
dimensões que emergiram desta análise estão na mesma linha de investigação
anterior que tinha distinguido um componente cognitivo, um afectivo, e outro de
vinculação para com o grupo (e.g., Boatswain & Lalonde, 2000; Cameron,
2004).
Um importante segundo aspecto prende-se com o facto de esta escala ter sido
testada com várias categorias sociais (e.g., estudante universitário,
nacionalidade, grupo de cidadãos Europeus) . Assim, em vez de ser uma escala
específica para um determinado grupo, esta permite ser adaptada para vários
tipos de grupos, incluindo grandes categorias sociais como nacionalidade e
etnicidade.
Uma terceira razão relaciona-se com o facto de este modelo ter sido testado com
variáveis adicionais tais como medidas de personalidade e outras específicas
para grupos, permitindo uma avaliação das validades convergente e
discriminante. Os resultados demonstraram que os vários componentes estão
consistentemente associados a outras variáveis. Por exemplo, a necessidade de
pertencer a grupos sociais está unicamente associada com a solidariedade,
enquanto a auto-estima colectiva está unicamente relacionada com a satisfação
(Leach et al., 2008).
Método
Participantes e Procedimento
Participaram neste estudo 478 estudantes universitários. A amostra foi composta
por 183 pessoas do sexo masculino e 295 do sexo feminino. A sua idade variou
entre os 17 e os 60 anos (M = 23.28; DP = 7.24; Md = 20; Moda= 19). Neste
estudo medimos a identificação com uma universidadeem Lisboa (por motivos de
anonimato denominámos de universidade A)4.
Aplicámos uma versão traduzida para Português da escala de Leach et al. (2008)
cujos itens podem ser consultados em Anexo. Os participantes responderam em
escalas entre 1 discordo completamente e 7 concordo completamente, sendo
que um valor mais alto indica um maior grau de identificação.
Resultados
Análise descritiva e fidelidade
A Tabela_1 indica os alfas de Cronbach, médias, desvios-padrão e correlações
entre as variáveis. Em relação à fidelidade, uma análise dos alfas de Cronbach
indica que as várias subescalas tiveram uma elevada consistência interna,
variando entre .76 (centralidade) e .92 (auto-estereotipização). Em relação às
médias, a satisfação foi o componente com valores mais altos (M = 5.84),
enquanto a auto-estereotipização foi o que teve um valor mais baixo (M = 3.96).
Tal como no modelo original, as correlações entre as subescalas são positivas e
significativas (valores entre .27 e .57; ps< .01).
Análise factorial confirmatória
Tal como consta na Figura_1, para testarmos a nossa adaptação seguimos o mesmo
procedimento de Leach et al. (2008) e testámos, através de uma análise
factorial confirmatória, o modelo A numa primeira fase, e numa segunda fase
comparámos este modelo com vários modelos alternativos propostos pelos autores
da escala (modelos B a F). Para este efeito recorremos ao software AMOS versão
17.
Como pode ser consultado na Tabela_2, s resultados da análise factorial
confirmatória indicam que para o modelo A os índices de ajustamento do modelo
(CFI e NFI) são satisfatórios. Ambos os valores estão acima do mínimo
recomendado de .95. O índice de resíduos principais (RMSEA) situa-se abaixo do
valor máximo recomendado de .08 (ver Hu & Bentler, 1999). A Figura_2 indica
os valores estandardizados dos pesos factoriais obtidos para o modelo A. Como
se pode observar, todos os factores estão fortemente relacionados com os itens
correspondentes, apresentando pesos factoriais entre .43 e .96 (todos os ps<
.001). Os pesos factoriais entre as dimensões de primeira e segunda ordem
apresentam pesos factoriais elevados (acima de .62 e p< .001). Por fim, as duas
dimensões de segunda ordem estão correlacionadas (.83; p< .001).
Numa segunda fase, comparámos o modelo A com os modelos alternativos. Como
indica a Tabela_2, os únicos modelos com índices de ajustamento satisfatório
são os modelos A, B, e F (valores de CFI e NFI acima de .95 e de RMSEA abaixo
de .08). Estes três modelos têm em comum uma estrutura com cinco factores. No
entanto, como os modelos de A a F não são nested models5, recorremos aos
valores de AIC (Akaike Information Criterion) para compararmos o seu
ajustamento aos dados (ver Kline, 1988). Os resultados mostram que o modelo A é
o que apresenta o valor mais baixo (AIC = 362.209) e, portanto, o modelo que
melhor explica a matriz de covariâncias. Desta forma, os nossos resultados
sugerem que o modelo de Leach et al. (2008) foi também na nossa tradução o
modelo mais adequado mostrando cinco factores (i.e., solidariedade,
centralidade, satisfação, auto-estereotipização, e homogeneidade do endogrupo)
agrupados em duas dimensões (i.e., auto-investimento e auto-definição).
Discussão
O trabalho de investigação realizado em Portugal não tem, de acordo com o nosso
conhecimento, acompanhado um desenvolvimento de uma perspectiva unidimensional
da identificação para uma multidimensional. De forma a colmatar esta lacuna, a
presente investigação teve o objectivo de adaptar uma escala multidimensional
de identificação ' a de Leach et al. (2008) ' para a língua portuguesa.
Os resultados obtidos no nosso estudo foram consistentes com os de Leach et al.
(2008) . A nossa análise dos itens traduzidos para português confirmou a
estrutura factorial original. Assim, identificámos os cinco componentes da
escala: auto-estereotipização, homogeneidade do grupo, satisfação, centralidade
e solidariedade; agrupados nas dimensões de auto-investimento e auto-definição.
Estes resultados foram acompanhados por coeficientes de fidelidade elevados
para os componentes, assim como correlações altas entre os itens. Importante
também, foi o facto de quando compararmos o modelo de Leach et al. (2008) com
outros modelos alternativos, o modelo sugerido pelos autores ter sido aquele
que apresentou melhor ajustamento aos dados.
A nossa tradução oferece pelo menos três vantagens em relação à actual
literatura para os investigadores que pretendem conduzir estudos em português.
Primeiro, ao identificar cinco componentes e ao apresentar uma definição mais
específica de identificação social, contribui-se para uma maior uniformização
do próprio conceito. De facto, entre vários estudos a identificação é medida
frequentemente com significados diferentes. Por exemplo, estudos que recorrem à
escala de Luhtanen e Crocker (1992) medem uma satisfação com o grupo, enquanto
que aqueles que recorrem à escala de Gurin e Markus (1989) medem aspectos de
centralidade. Portanto, torna-se difícil compreender o alcance dos resultados e
mesmo comparar estes resultados entre estudos. É importante, então, usar uma
medida que seja consensual e ofereça uma definição pormenorizada do conceito de
identificação social.
Segundo, alguma investigação recente tem apontado para o facto de que os
diversos componentes de identificação social têm um papel diferente quando
analisados em processos intergrupais. Estes processos incluem respostas à
discriminação (Ramos, Cassidy, Reicher, & Haslam, no prelo), copingem
situações de estigmatização (Crabtree, Haslam, Postmes, & Haslam, 2010), e
ajustamento psicológico (Leach, Mosquera, Vliek, & Hirt, 2010). Estes
resultados devem encorajar os investigadores a testar novos modelos teóricos e
também a formular hipóteses mais específicas, enquadrando os diversos
componentes de identificação social.
Por fim, nos nossos estudos medimos a identificação com um grupo real que é
relativamente abrangente (ser aluno de uma universidade). De certa forma, os
resultados sugerem que os itens apresentados neste artigo poderão ser adaptados
para uma série de grupos reais, incluindo importantes categorias sociais tais
como, nacionalidade, e etnia, embora não os tenhamos abordado aqui.
Apesar das vantagens apontadas, há duas limitações do nosso estudo que não
devem ser negligenciadas. A primeira limitação prende-se com o facto de que os
participantes foram todos estudantes universitários e de uma faixa etária
relativamente jovem. Uma segunda limitação é a de que a escala de identificação
foi inserida em estudos com outros objectivos e variáveis que podem ter
afectado as respostas. Apesar destas duas limitações, os nossos resultados
foram consistentes e replicaram a estrutura factorial original que tinha sido
demonstrada com grupos etários mais abrangentes e estudos com paradigmas
diferentes.
Conclusão
Apresentámos neste estudo uma versão traduzida para português da escala de
Leach et al. (2008). Os nossos resultados foram consistentes com os dos autores
da escala permitindo uma validação para o contexto de investigação em
português. Acreditamos que este contributo possa ter importantes implicações
não só teóricas mas também na forma como são colocados os problemas de
investigação. Por fim, acreditamos, também, que a nossa investigação possa
contribuir para um maior foco sobre o que significa a identificação social e
qual o significado que esta tem para os indivíduos num contexto intergrupal.