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EuPTHUHu1645-37942015000100001

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National varietyEu
Country of publicationPT
SchoolHumanities
Great areaHuman Sciences
ISSN1645-3794
Year2015
Issue0001
Article number00001

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Ana Bénard da Costa e os Cadernos de Estudos Africanos NOTA EDITORIAL Ana Bénard da Costa e os Cadernos de Estudos Africanos

Clara Carvalho* *Centro de Estudos Internacionais (CEI-IUL), Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), Avenida das Forças Armadas, 1649-026 Lisboa, Portugal, clara.carvalho@iscte.pt

Este número dos Cadernos de Estudos Africanos é o último coordenado por Ana Bénard da Costa e a equipa editorial que, com mestria, conduziram a revista entre 2008 e 2015. A revista, criada em 2001 como expressão privilegiada da investigação realizada no Centro de Estudos Africanos, desde cedo se afirmou como um marco nos Estudos Africanos em Portugal, ao lado da sua congénere mais velha, a Africana Studia. Mas é com a direção de Ana Bénard da Costa que se profissionaliza e adquire definitivamente um nome internacional. Neste momento de mudança, recordemos brevemente a importância desta publicação e do papel da sua diretora na sua afirmação.

Os Cadernos de Estudos Africanos, criados em julho de 2001, representaram um importante marco na afirmação desta área multidisciplinar em Portugal, em África e na Europa. Os primeiros números foram marcantes pelos temas abordados e representaram a consolidação do ensino dos Estudos Africanos. Os professores do mestrado em Estudos Africanos escreveram artigos ainda hoje citados pelos seus antigos e novos alunos, deixando um testemunho indelével do conhecimento sobre África que se pretendeu valorizar, no cruzamento da economia política, dos estudos de desenvolvimento, da sociologia, da antropologia, da história. Os números dirigidos pelo seu primeiro diretor, Rui Mateus Pereira, são hoje referências na história dos Estudos Africanos. Os primeiros números alternavam entre as publicações abertas e as temáticas, sendo estas últimas um espelho da atividade do Centro de Estudos Africanos em plena expansão. Na introdução, Franz-Wilhelm Heimer, presidente do Centro de Estudos Africanos, realçava a importância desta publicação como meio de divulgação da investigação em ciências sociais que se realizava sobretudo na África subsaariana, e com especial atenção (mas não exclusividade) para os contextos sociopolíticos dos países africanos de língua oficial portuguesa. Contudo, como o autor explicitava, a atenção ia para o contexto continental no seu todo. Os CAE eram responsabilidade da direção do Centro, a que se juntavam os membros do seu conselho científico, afirmando o carácter umbilical entre a publicação e o centro de investigação que lhe deu origem. O primeiro número foi pensado como o seu cartão de visita e nele participaram os principais colaboradores na área de Estudos Africanos e do Centro de Estudos Africanos do ISCTE, com artigos assinados, ou com a colaboração, de Franz-Wilhelm Heimer, Eduardo Costa Dias, António Leão Correia e Silva, Christian Sigrist, Mário Ribeiro e Nuno Cunha, Adolfo Yáñez Casal, Rui Mateus Pereira, a que se seguem, nos números seguintes, Carlos Cardoso e Manuel João Ramos, Nelson Pestana, Elísio Macamo, Fernando Florêncio, José Fialho Feliciano, Armando Trigo de Abreu e ainda Rogério Roque Amaro, cujo artigo, Desenvolvimento um conceito ultrapassado ou em renovação?, publicado no número 4 de 2003, foi o mais citado de sempre nesta revista. A revista engrossou o número dos seus colaboradores, quase todos profundamente ligados ao Centro de Estudos Africanos como professores ou investigadores. Uma sucessão de números temáticos, publicados entre 2006 e 2010, resultam de conferências organizadas pelo Centro e assinalam as principais áreas de pesquisa desenvolvidas: dinâmicas políticas, empresários e empreendedorismo, memórias coloniais, ou outras em lançamento como autoridades tradicionais, ajuda humanitária e desenvolvimento, juventude e modernidade.

A entrada de Ana Bénard da Costa para a direção da revista representou uma nova fase da publicação. Com uma comissão editorial e científica renovadas, a nova diretora incentivou uma remodelação que se enquadrou nos parâmetros internacionais. Desde logo criou números temáticos específicos com call for papers dedicadas; instituiu uma secção de recensões bibliográficas; alargou o âmbito da revista para além dos temas e das áreas tratadas pelos investigadores do Centro de Estudos Africanos. Finalmente, a revista foi referenciada nos principais diretórios tais como o DOAJ, Latindex e Index Copernicus International, e indexada na ProQuest, SciELO, EBSCO Fonte Acadêmica, Redalyc e na Revues.org. Está atualmente, disponibilizada online nos referidos índices, no site do Centro de Estudos Internacionais e no Repositório do ISCTE-IUL, com uma divulgação online muito apreciada pelos seus leitores em África, no Brasil, nos Estados Unidos e em vários pontos da Europa que todos os dias recorrem aos artigos. Nesta profissionalização da revista, Ana Bénard da Costa contou sempre com o apoio inestimável da Comissão Editorial onde se incluem Andréa de Souza Lobo, Clara Carvalho, Cristina Udelsmann Rodrigues, Fernando Florêncio, Gerhard Seibert, João Vasconcelos, Jordi Tomàs, José Lingna Nafafé, Paulo Granjo, Philip J. Havik e Vitor Alexandre Lourenço, e ainda de João Dias, como secretário da revista, e de Teresa Montenegro. Mas foi o seu empenho, profissionalismo e energia que permitiram aos Cadernos de Estudos Africanos chegar ao patamar de afirmação nacional e internacional onde hoje se encontram.

No momento em que Ana Bénard da Costa parte para novos desafios, os Cadernos de Estudos Africanos ficar-lhe-ão para sempre devedores.


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