As relações entre a NATO e a União Europeia pós-11 de Setembro
As relações entre a NATO e a União Europeia pós-11 de Setembro
[1]
Bernardo Pires de Lima
*
No momento em que a nato celebra os seus 60 anos, em que uma nova administração
norte-americana inicia funções e em que as três principais potências europeias
apresentam lideranças atlantistas, vale a pena fazer o ponto da situação sobre
a relação que a nato e a União Europeia têm mantido na arquitectura de
segurança internacional pós-11 de Setembro. Duas razões fundamentais motivam
este artigo: a emergência de novos actores estatais e não estatais; a urgência
de forjar um novo paradigma para a relação transatlântica.
Palavras-chave: NATO, União Europeia, relações transatlânticas, segurança
internacional
NATO and European Union relations after 9/11
In a moment that NATO is celebrating its 60th anniversary, that the new
American administration is defining its foreign policy agenda, and that the
three major European powers have Atlantic approaches, it is particular relevant
to make the state of the art of NATO and the European Union relationship in the
post-9/11 international security architecture. There are two fundamental
reasons that motivate this article: the emergence of new state and non-state
actors and the urgency of a new transatlantic paradigm to face the current
threats and international challenges.
Keywords: NATO, European Union, transatlantic relations, international security
A ARQUITECTURA DE SEGURANÇA INTERNACIONAL PÓS-11 DE SETEMBRO
Muito se tem criticado e falado acerca da condução dos assuntos internacionais
na era Bush. Embora as questões de estilo prevaleçam normalmente na apreciação
das opiniões públicas, há aspectos bem mais interessantes que foram traçados e
que têm passado um pouco despercebidos. E o maior é, na nossa concepção, o
quadro internacional de alianças que está em andamento.
A guerra no Iraque teve o condão de adormecer os analistas. Ao centrar-se toda
e qualquer apreciação ao que foi feito ou correu mal, relativizou-se a
importância de outros passos que terão, nas décadas mais próximas, profundas
consequências na política internacional. Por exemplo, os alargamentos e as
parcerias da NATO aos Balcãs, ao Cáucaso, à Ásia Central, o reforço da sua
política de cooperação com potências fora do espaço euro-atlântico, como o
Japão, a Coreia do Sul e a Austrália. Além disto, o Brasil vem assumindo um
dinamismo diplomático com Washington que o catapulta para o estatuto de grande
potência na América do Sul, com predominância nas suas políticas energéticas. A
África do Sul e Angola são atractivos sem paralelo no continente africano em
termos de desenvolvimento económico e consequente poder regional. Mas há um
ponto, ainda, que convém reter: os países muçulmanos que têm percorrido
caminhos de aproximação ao Ocidente e implementado algumas reformas têm
assegurado, também eles, uma posição de destaque neste concerto global. A
Indonésia e a Turquia são exemplos disto.
O modelo de conflito entre grandes potências parece bastante mais remoto nesta
nova era do que foi nos séculos passados, sobretudo por duas razões: por um
lado, pela propensão democrática que se foi adoptando, a qual conduz à
resolução de problemas interestaduais por vias não violentas; por outro, pelo
teor da nova ameaça terrorista, que aproveita sobretudo a desagregação das
estruturas dos estados frágeis para as dominar ou influenciar. Neste quadro, no
qual também se movem as National Security Strategies (2002 e 2006), alianças
entre os Estados Unidos e o Médio Oriente (Israel, Arábia Saudita, Egipto,
Jordânia), Europa, África (África do Sul, Nigéria, Angola), América do Sul
(Brasil, México, Chile), Ásia do Sul (Índia, Paquistão), Pacífico (Japão,
Coreia do Sul, Indonésia) e Oceânia (Austrália, Nova Zelândia) promovem um
conceito de segurança que proporciona mecanismos económicos com aparentes
benefícios para todos[2]. Aos Estados Unidos, enquanto superpotência, interessa
manter o seu estatuto internacional sem provocar noutras potências regionais a
tentação de equilibrar o sistema. Às potências regionais, porque garantem
estabilidade interna e segurança regional através da ligação à grande potência
do sistema e a todo o seu poder.
Se este é o desafio que se coloca à política externa norte-americana nos
próximos tempos, um outro surge na Europa: como evitar tornar-se uma região de
menor relevância estratégica para a potência hegemónica? Por outras palavras,
terá a Europa capacidade para não perder a evolução do concerto estratégico das
novas alianças que se está a desenhar?[3]
Este ponto é fundamental para percebermos, também, o dilema europeu
contemporâneo. Por um lado, aqueles que têm defendido uma superestrutura capaz
de rivalizar com a hegemonia norte-americana no sistema. Por outro, os que
promovem alguns passos no processo de integração de forma a complementar essa
mesma hegemonia, entendendo o relacionamento transatlântico como vital não só
para a segurança do Ocidente, como para a própria relevância da Europa no
mundo. Esta é a posição da Grã-Bretanha de Blair ou Brown e, mais recentemente,
da Alemanha de Angela Merkel. Ambos, em períodos mais ou menos subsequentes,
encararam com maior relevância o processo de integração europeu, precisamente
pelas dinâmicas de regionalização do sistema internacional, que foram ganhando
preponderância para Washington, após o fim da Guerra Fria e aceleradas após o
11 de Setembro, em detrimento da Europa Ocidental.
Mas o ano de 2008 revelou um terceiro player nesta propensão atlantista: a
França. Legitimado eleitoralmente e pondo em prática esta dimensão de ruptura
com um passado recente, o Presidente Sarkozy veio dizer aos europeus e norte-
americanos que Paris não queria perder o paquete transatlântico. Mais: foi a
Londres celebrar uma entente formidable ao mesmo tempo que emitia recado para
Berlim dizendo que vontade política para lhe virar as costas não faltava. Mas
não foi só isto que Sarkozy nos veio dizer e, para o caso das relações entre a
NATO e a UE, é particularmente significativa esta viragem: Paris e Londres, os
grandes produtores de segurança europeus na NATO, iriam vincar o elo
transatlântico por via do compromisso francês em regressar em pleno, militar e
politicamente, à NATO e da manutenção britânica em desenvolver uma política
europeia de segurança e defesa. Por outras palavras, ambos os países queriam
pôr termo à crise de identidade euro-atlântica patente durante a Guerra do
Iraque e reafirmar a convergência estratégica entre a UE e a NATO.
Embora seja sempre imprescindível a vontade norte-americana para que tal
convergência suceda, a responsabilidade de fazer reemergir uma forte aliança
entre o Atlântico depende, em grande parte, das principais potências europeias.
Paris, Berlim e Londres, para todos os efeitos, marcam a agenda europeia e
reformulam invariavelmente o seu rumo internacional. Até porque a agenda do
Presidente Obama para o Afeganistão traz para primeiro plano o dilema europeu:
ou acompanha as exigências da Aliança Atlântica no Afeganistão ou perde o que
lhe resta de relevância aos olhos de Washington. Não tenhamos dúvidas: a NATO '
sobretudo os norte-americanos ' joga tudo na frente afegã-paquistanesa e quem
não a quiser defender está a dizer em alta voz que ela passou à irrelevância,
que não quer pagar o preço da segurança europeia e que está disposto a abdicar
da relação com os Estados Unidos. Também não tenhamos ilusões: há outros, fora
da Europa, que desesperam por ela.
CONVERGÊNCIAS ESTRATÉGICAS
Ao recusar o auxílio colectivo da NATO, quando os seus dezanove membros
invocaram o artigo 5.º do Tratado de Washington pela primeira vez na sua
história, Washington implicitamente declarou aberta uma nova fase da sua
política externa[4]. No mesmo dia, os quarenta e seis membros do Euro-Atlantic
Partnership Council foram inequívocos quanto aos esforços conjuntos para
combater o terrorismo. Este foi o momento que simbolizou a viragem entre a
década de 1990, em que a NATO era o principal fórum da arquitectura de
segurança transatlântica e o único pólo capaz de garantir a segurança Europeia,
para uma fase em que Washington parecia querer assumir uma postura menos
comprometida com as alianças do pós-II Guerra Mundial. Nos quatro anos após a
Cimeira de Praga (2002), a NATO apenas levou a cabo uma grande missão, no
Afeganistão, enquanto a UE, através da sua Política Externa de Segurança e
Defesa (PESD), pôs em prática dezasseis missões (civis e militares) nas mais
diversas regiões do mundo. A relação entre a Europa e os Estados Unidos mantém-
se, para ambas as partes, ao nível de uma aliança estratégica. Mas a relação
militar, tão central durante a Guerra Fria, perdeu importância nas prioridades
estratégicas de Washington[5]. Aqui reside um problema de fundo para as
relações entre a UE e a NATO. Mas se a postura de Washington foi fortemente
influenciada pelo 11 de Setembro, que implicações existiram a partir de então
nas estratégias da NATO e da UE?
A NATO procedeu a um reajustamento estratégico, a uma agenda de transformação
que passou também por deixar a porta aberta geograficamente. Incluir a Europa
de Leste e abrir o leque de participantes em programas de parceria com o
Cáucaso, Mediterrâneo, ou os Balcãs («Partnership for Peace, Membership Action
Plan»), acabou por representar um compromisso entre os defensores e os
opositores de alargamentos contínuos para fora do tradicional espaço da NATO.
Das cimeiras de Praga (2002) e Istambul (2004) saíram as linhas mestras quer
para o enquadramento da organização no combate às ameaças internacionais '
terrorismo e proliferação de armas de destruição maciça[6] ', quer no contexto
das alianças e parcerias com as demais organizações. A última, em Bucareste
(Abril de 2008), escancarou a porta à Croácia e à Albânia e deixou-
a entreaberta à Macedónia, à Ucrânia e à Geórgia.
Um outro ponto residiu na forma de combater essas ameaças. Por um lado, com o
recurso à criação de uma força militar tecnologicamente avançada,
interoperacional, sustentável e disponível sempre que se decidisse pela sua
actuação. Esta NATO Response Force (NRF) reforçou os headline goals da UE
(1999), o entendimento mútuo e a autonomia de ambas. Por outro lado, a NATO
procedeu ao reajustamento da estrutura de comando militar, de forma a estar
plenamente operacional face às missões futuras. A NATO continuaria a
desenvolver meios tecnológicos e a reforçar o seu conceito militar
antiterrorista, que passaria, entre outras matérias, por uma melhor coordenação
interestadual ao nível da intelligence e da capacidade de resposta a crises.
Foi ainda traçado um fortalecimento no combate ao cyberterrorismo, na rápida
actuação após ataques com armas de destruição maciça e, um ponto-chave, que
passava por «auxiliar a prevenção do uso de ADM», assumidamente através de
mecanismos multilaterais[7].
O último ponto seria desenvolver um conjunto de parcerias estratégicas
internacionais, de forma a alargar o âmbito político da NATO e estabelecer
novas áreas de influência. Nesta matéria, deu-se ênfase à relação com a UE, mas
também se garantiu a continuidade de acções políticas e militares conjuntas com
a Rússia, a Ucrânia e países do Mediterrâneo. No que toca ao relacionamento com
a UE, salientou-se a «partilha de interesses estratégicos comuns», espelhados
no sucesso nos Balcãs pelo que, após o 11 de Setembro, seria vital a cooperação
reforçada do espaço euro-atlântico em questões comuns, como a segurança, a
defesa e a gestão de crises. A expressão adoptada catalogou-a de «parceria
estratégica genuína»[8].
Com a publicação dos documentos estratégicos de Praga (Novembro de 2002) e da
Administração Bush (Setembro de 2002)[9], a UE teve necessidade de acompanhar o
desenrolar dos acontecimentos e dar resposta ao novo paradigma internacional
que o 11 de Setembro originara. Assim, em Dezembro de 2003, a Estratégia de
Segurança Europeia (ESE)[10] traduziu a visão dos parceiros europeus sobre a
definição das ameaças contemporâneas, bem como a forma de as combater e os
mecanismos pelos quais a UE deveria pautar o seu comportamento futuro. E tal
como concluiu a NATO em Praga, também o terrorismo e a proliferação de ADM
foram identificadas como as principais ameaças com as quais a UE se confronta
no presente e se debateria no futuro. No que toca à proliferação de ADM, a UE
emitiu mesmo uma estratégia concreta sobre o tema, pondo sempre a tónica nas
«potencialidades» desta ameaça, muito ao jeito da argumentação europeia sobre
segurança[11]: um grande voluntarismo na escrita, uma enorme inibição nas
acções. Credibilidade procura-se, podia ser o slogan.
Nesta matéria, a estratégia de combate às ADM pela UE passava, também ela, pela
partilha de informação e análise com a NATO[12], o que nos leva a concluir que
o vector militar transatlântico corporizado na Aliança Atlântica não é visto
com menoridade, antes como um mecanismo internacional indispensável para o
próprio redimensionamento estratégico global da União.
OS ACORDOS DE BERLIM MAIS
O mecanismo formal traçado por ambas as organizações para espelhar esta
convergência estratégica foi iniciado em Dezembro de 2002, com a assinatura da
«NATO-EU Declaration on ESDP». Embora esta declaração sublinhasse o papel
central da NATO na segurança colectiva euro-atlântica, abria espaço ao mesmo
tempo para reafirmar o contributo de uma PESD para a vitalidade da Aliança
Atlântica no campo da gestão de crises, porque ambas as organizações tinham
diferentes naturezas. Assim, no final de 2002, altura em que o processo de
decisão transatlântico referente à intervenção no Iraque entrava numa fase de
crispação crescente, os dois lados do Atlântico mostraram, mais uma vez no
plano das intenções, uma convergência que na prática não se ia revelando.
«Parceria estratégica» e «consultas mútuas» eram duas das orientações
definidas. Em Março de 2003, estes tópicos chegariam a um segundo estádio de
convergência: os Acordos de Berlim Mais[13].
Estes acordos definiam um conjunto mais concreto de posições. Primeiro, um
acordo de segurança sobre informações classificadas. Segundo, assegurava à UE o
acesso ao planeamento da NATO para as operações de gestão de crises lideradas
pela União. Terceiro, a NATO disponibilizaria, entre outros aspectos, unidades
de comunicação e infra-estruturas para operações lideradas pela UE. Quarto, o
Deputy Supreme Allied Commander Europe (DSACEUR, NATO) é o comandante
operacional e utiliza as capacidades de planeamento e de geração de forças no
Supreme Headquarters Allied Powers Europe (SHAPE, NATO), enquanto o controlo
político da operação continuaria com a UE, uma vez autorizada pelos membros da
NATO. Quinto, foi consagrada a incorporação no interior do sistema de
planeamento de defesa da NATO das necessidades militares passíveis de serem
requeridas por uma operação militar conduzida pela UE. Por outras palavras, um
conjunto de conjugação de esforços sem duplicação de meios no plano militar e
estratégico.
Numa primeira análise, estes acordos pautaram-se por um relativo sucesso,
nomeadamente em duas operações: na primeira missão, liderada pela UE ao abrigo
dos Acordos Berlim Mais, a Concórdia (Macedónia) e a Althea (Bósnia-
Herzegovina). No primeiro caso, por ter avançado de forma sustentada, embora o
seu reduzido número de forças tivesse diminuído o risco de descoordenação. No
segundo exemplo, a UE assumiu a liderança operacional da situação sucedendo
precisamente à NATO em Dezembro de 2004. DSACEUR seria o comandante operacional
para a Althea, como previsto em Berlim Mais e, também, o coordenador da
estratégia militar da NATO para com a UE. A título de exemplo, as reservas
tácticas da Althea foram disponibilizadas para a missão NATO no Kosovo (KFOR),
enquanto as reservas da kfor foram colocadas à disposição também das operações
na Bósnia-Herzegovina.
Mas estes dois casos de sucesso operacional não devem levar os decisores
políticos a encararem a situação como conclusiva no que diz respeito à relação
entre a NATO e a UE. Os Acordos de Berlim Mais apresentam alguns limites e é
sobre um novo estádio neste relacionamento transatlântico que procuraremos
traçar algumas considerações. Além disto, não deve constituir um motivo de
satisfação para as lideranças europeia e norte-americana que a relação
transatlântica se paute meramente por este quadro. É redutor e reflecte, como
muito bem disse o secretário-geral da NATO, Jaap de Hoop Scheffer, a dura
realidade: as relações entre a NATO e a UE ainda não chegaram verdadeiramente
ao século xxi, continuam presas aos anos de 1990[14].
PARA ALÉM DE BERLIM MAIS
Os anos de 1990 espelharam o início da PESD, é um facto. Mas durante a sua
geminação, a segurança europeia foi-se organizando segundo uma dupla estratégia
e que, em última análise, a conduziu à indefinição. Por um lado, aqueles que
queriam uma autonomia efectiva do pilar europeu de segurança em relação à NATO,
isto é, a Washington: tinha chegado a «hora da Europa». As guerras na Bósnia e
no Kosovo mostraram a inviabilidade de um pilar europeu de defesa e segurança
manifestamente opositor quer à Aliança Atlântica, quer ao estatuto dos Estados
Unidos no sistema internacional.
Por outro lado, também ficou patente uma linha política não hostil a uma maior
capacidade militar conjunta da UE, mas que a queria ver constituída em plena
coordenação com a NATO, sem duplicação de meios e esforços e, implicitamente,
aceitando a ideia de a Aliança Atlântica ser a moldura por excelência da
segurança euro-atlântica. De certa forma, a Cimeira de Saint-Malo (1998) entre
Jacques Chirac e Tony Blair simbolizou esta linha. Mais uma vez, no plano das
intenções e da retórica estávamos perante uma solução prudente para os próprios
interesses europeus.
Mas este final de século terminou apenas na manhã de 11 de Setembro de 2001. Ou
mais precisamente quando a resposta à solidariedade da NATO foi a rejeição de
Washington que iniciaria um processo, esse sim de alcance autonómico, da sua
segurança nacional. A partir da concepção de uma «guerra global ao terrorismo»,
das «coligações de vontade» e de uma estratégia assente na «expansão da
democracia», quer a NATO quer a UE ficaram reféns desta disposição da potência
liderante e tiveram de assumir um de dois caminhos: a ruptura ou a
convergência. A solução da convergência estratégica acabou por, sensatamente,
ser traçada nos documentos saídos das principais cimeiras das duas
organizações. Embora convergência estratégica não signifique a ausência de
conflitualidade política, é um facto que a crise transatlântica em redor da
decisão de invasão do Iraque parece ter sido ultrapassada. Basta ler com alguma
atenção os posicionamentos atlantistas das principais capitais europeias, em
particular Londres, Berlim e, sobretudo, Paris[15].
Mas é exactamente este alinhamento que exige uma capacidade conjunta de uma
nova moldura de relacionamento transatlântico na qual é também essencial uma
dinâmica diferente no relacionamento político e estratégico entre a UE, no seu
pilar de PESD, e a NATO. E é aqui que chegamos, de facto, ao «século XXI
transatlântico», de que fala Jaap de Hoop Scheffer. Os Acordos de Berlim Mais
foram extremamente importantes no caminho da acessibilidade da UE aos recursos
da NATO sempre que esta opte por não encabeçar uma operação. Mas o quadro
Berlim Mais é hoje insuficiente para os desafios à segurança euro-atlântica. A
redutora perspectiva material não dá corpo suficiente a uma nova cultura
estratégica e operacional entre a NATO e a ue, porque muito simplesmente não
deve ser pela demarcação operacional que o relacionamento de ambas as
organizações se deve pautar. É esta situação, também, que os Balcãs, o
Afeganistão e outros pontos de crise vêm mostrando no actual quadro
geopolítico.
A pergunta nesta fase é simples de formular: quais são, afinal, os limites dos
Acordos de Berlim Mais? Ou, se quisermos ir um pouco mais longe, que tipo de
relacionamento devem a NATO e a UE protagonizar numa fase posterior a estes
mesmos acordos?
A resposta à primeira pergunta pode ser dada por um conjunto de problemáticas.
Em primeiro lugar, Berlim Mais diz apenas respeito a um número restrito de
operações, precisamente aquelas em que a UE assume a liderança querendo ter
acesso a determinados instrumentos da NATO, como o planeamento, a geração de
forças ou capacidades em centros de comando do SHAPE. Berlim Mais, não
disponibiliza à UE acesso a tropas ou equipamento da NATO, o que por si só
limita em muito o alcance das operações. Em segundo lugar, e este é um aspecto
extremamente relevante no actual quadro de crises internacionais, Berlim Mais
não contempla um mecanismo concreto de integração entre capacidades militares e
civis numa operação específica. Além disso, e este seria um terceiro ponto,
Berlim Mais não facilita necessariamente o processo de decisão entre a UE e a
NATO quando estas acordam em ceder margem de acção uma à outra num cenário de
crise. De certa maneira, apenas está previsto por estes acordos um processo
conjunto depois de a decisão estar tomada, ou seja, após a NATO ter decidido
não liderar uma operação militar deixando esta posição à UE.
Um exemplo muito concreto destas limitações foi dado na Primavera de 2005, no
quadro da crise humanitária no Darfur. Esta seria uma nova e exigente prova do
relacionamento e eficácia entre as duas organizações. É certo que o contexto
não era fácil e incomparável às missões enquadradas anteriormente, mas o
resultado não foi animador. A União Africana (UA) solicitou à UE e à NATO
assistência à sua missão de peacekeeping na região ocidental do Sudão. O
presidente da UA, Oumar Konore, pediu ajuda a diversos países para conduzirem
as suas tropas para essa zona, tendo a NATO e a UE aceite o desafio. Contudo,
foram incapazes de decidir sobre um único centro de comando operacional para
transporte aéreo, tendo a UE proposto Eindhoven (Holanda) e a NATO mantendo o
protagonismo do SHAPE (Bélgica). O resultado foi a demonstração da inoperância
deste processo decisório e a falta de uma coordenação mútua.
E aqui entronca a resposta à segunda questão. O caminho por onde deve seguir
este renovado relacionamento entre a NATO e a UE exige, em primeiro lugar, que
os decisores políticos em causa se disponibilizem a colocar no debate
contemporâneo as questões da segurança e defesa, dos desafios e ameaças
contemporâneos, das alianças estratégicas, tudo de uma forma exigente, clara e
pedagógica. Sem receios de constrangimentos eleitorais ou queda de popularidade
pública. Sobretudo no lado europeu, é urgente que os decisores expliquem de uma
vez por todas às populações que a realidade internacional não é estanque e que
implica responsabilidades e custos repartidos. Que o insucesso de alguns pode
ser o fracasso de muitos outros. Que o modo de vida quotidiano ocidental só é
possível porque foram fortalecidos determinados mecanismos de cooperação
ímpares na história moderna, cuja implosão implicaria necessariamente uma
alteração de hábitos nas democracias. Em última análise, que as democracias
devem ser capazes de ultrapassar a mitologia do triunfo de uma ordem
internacional liberal sem custos.
O primeiro desafio a que este quadro pós-Berlim Mais tem de saber dar resposta
é a cenários de crise à segurança transatlântica. Significa isto, desde logo,
que só estabelecendo uma estrutura para a cooperação civil-militar antes das
crises eclodirem é possível uma resposta conjunta e articulada. Por outras
palavras, é necessário um planeamento prévio e duradouro que não esteja sujeito
à precipitação dos acontecimentos na altura em que a crise surge, o que
dificulta ainda mais a coordenação e o processo de decisão entre as
organizações. O sucesso da operação liderada pela UE na Bósnia-Herzegovina, ao
abrigo dos acordos de Berlim Mais e que demorou cerca de sete meses a preparar,
só foi possível fruto desse planeamento atempado. Ao invés, as dificuldades
sentidas na operação no Darfur foram o espelho dessa mesma falta de negociação
prévia para uma estrutura conjunta que facilitasse a decisão e a eficácia da
missão[16].
Assim, este planeamento prévio poderia incluir o tratamento de cenários
ameaçadores e a identificação das respostas a cada uma dessas situações. Neste
domínio, seria vantajoso esclarecer os domínios em que a NATO e a UE se
encarregariam de liderar, bem como os países membros que estariam dispostos a
protagonizar os diversos tipos de acção. Este ponto revela ainda um importante
compromisso entre disponibilidades nacionais e capacidades no terreno, uma
forma mais clara de se evitarem voluntarismos de determinados estados que
depois esbarram num sem-número de caveats nos teatros de operações. Ainda neste
plano, seria vantajoso que ambas as organizações fossem capazes de agendar
periodicamente exercícios conjuntos, identificando-se as debilidades e
estabelecendo contactos entre forças armadas de países diferentes.
Um outro aspecto a desenvolver seria uma ligação entre as modernas tipologias
militares da NATO e da UE, isto é, a NATO Response Force (NRF) e os Battle
Groups[17]. Estas fórmulas, desenhadas para operar em teatros de operações
contemporâneos, são bem-vindas e procuram responder a crises repentinas, a
conflitos de durabilidade curta mas cuja segurança exige a manutenção de forças
no terreno por um período mais alargado, de forma a permitir que os processos
político e económico sejam postos em prática em paralelo. Concebidas para dar
resposta rápida a determinados contextos de guerra e pós-guerra, com uma
sustentação em números e tempo consideráveis, seria vantajoso para as forças
especiais multinacionais, sejam elas NATO ou UE, que se gerassem mecanismos
periódicos de treino, planeamento e racionalização de logística e comunicações.
As características muito próprias de um alicerce rápido e sustentado de forças
de múltiplos países implicam um outro modelo de cooperação muito mais
ambicioso. Este é um problema a que os estados-membros das duas organizações
(na esmagadora maioria os mesmos) terão de saber dar resposta célere face às
solicitações internacionais de que são alvo, assim como à ambição global que
expressamente ambas já definiram para si[18].
É certo que existem diferenças implícitas à própria natureza das duas
organizações, como por exemplo a robustez das missões e dos contingentes
militares ou, por seu lado, a existência de uma cadeia de comando NATO para a
NRF e uma multinacional ou até nacional em função da liderança do respectivo
Battle Group, e depois a cadeia de comando militar da UE[19]. Contudo, como
afirmou o ex-saceur general James Jones, «seria importante mantermos os
standards da NATO, a sua terminologia e treino» para se chegar a uma certa
racionalização de esforços[20]. Os avanços neste e noutros domínios foram já
descritos como positivos pela própria UE, se atendermos à «coerência e
complementaridade entre os Battle Groups e a NRF, incluindo a compatibilidade
de standards, medidas práticas e procedimentos». Este desenvolvimento gradual
pode ser uma realidade, mas não responde às limitações de Berlim Mais. Se este
percurso é assim tão sublinhado, como explicar que o Grupo de Capacidades UE-
NATO criado em Maio de 2003 para coordenar os compromissos assumidos na cimeira
da NATO em Praga (2002) e o Plano de Acção das Capacidades Europeias formulado
na cimeira da UE em Laeken (2001), esteja actualmente reduzido a meras trocas
de informações, reunindo meia dúzia de vezes por ano e sem real coordenação?
[21] Se nem os fóruns conjuntos de coordenação de capacidades e geração de
forças funcionam com regularidade e consistência, como poderemos assegurar que
os estados envolvidos em ambas as organizações não são sujeitos a esforços
desnecessários ou que uma missão de maior risco do que até aqui presenciámos
possa ser levada a cabo com sucesso?
Outro aspecto a resolver para passarmos a um outro patamar transatlântico é a
resolução do diferendo entre Chipre e a Turquia e que inviabiliza o desejável
reforço das relações entre a NATO e a UE. Ancara tem sido um obstáculo às
consultas e à partilha de informações entre as organizações, nomeadamente ao
nível dos seus fóruns periódicos, o North Atlantic Council e o Political and
Security Committee ou entre o NATO Military Committee e o EU Military
Committee. Em resposta à adesão de Chipre à UE, a Turquia tem-se batido por um
diálogo entre as duas organizações envolvendo apenas e só os membros que fazem
parte de ambas ou do Partnership for Peace (PfP-NATO). Um critério que exclui
imediatamente Chipre e Malta, e que no caso deste último foi recentemente
desbloqueado pelo convite na Cimeira de Bucareste (Abril de 2008) a La Valetta
para o PfP[22]. Este «problema de participação» acaba por gerar um ambiente
entre as duas organizações de exclusão óbvia de alguns dos seus membros por
recusa de outros, o que inviabiliza a troca de informações ou a abertura de
novos dossiês num plano mais ambicioso de relacionamento. Além disso, o
bloqueio que alguns países fazem neste domínio concreto apenas contribui para
que os membros da NATO acabem por ter pouca influência no desenvolvimento da
PESD, o que não seria desejável. Os europeus poderiam, por exemplo, pressionar
Ancara nesta matéria, fazendo-a ver que é do seu interesse particular e crucial
para a sua adesão à União[23].
Por outro lado, é urgente um maior investimento na defesa por parte dos países
europeus. Primeiro, porque sem capacidades militares e de investigação, a
convergência de esforços, seja ela liderada pela UE ou pela NATO, continuará a
revelar uma discrepância gritante entre a retórica política espelhada em
documentos estratégicos e a credibilidade operacional nos teatros de operações.
Não falamos apenas em mais equipamento militar. Hoje, nos contextos de crises
longínquas, é indispensável investir no transporte ágil e operacional ao
serviço das missões civis e militares das duas organizações. Esta é, aliás, uma
das suas maiores debilidades, recorrendo-se vastíssimas vezes a meios bastante
mais caros para suprir as necessidades. Sem mobilidade dos meios, falar de
resposta rápida entra no domínio do absurdo.
A urgência no cumprimento das metas financeiras traçadas não deve ter como
objectivo igualar o orçamento anual dos Estados Unidos. Isso seria não só
lunático como revelaria uma obsessão pouco saudável dos europeus. No entanto,
implica toda uma questão de credibilidade global. A UE não deve estar
permanentemente refém da sua retórica ou embrenhada em letras de tratados. Como
mais uma vez alertou Jaap de Hoop Scheffer, desta vez num dos mais importantes
think tanks de segurança europeia, em Bruxelas, e logo após o discurso
inaugural do Presidente Obama, «se queremos mais dos americanos, temos de dar
mais de nós próprios. [ ] Eu não espero um aumento dos orçamentos de Defesa.
Então vamos fazer mais com o dinheiro que temos»[24].
Um outro ponto é a identificação da Rússia como um grande desafio estratégico
conjunto. Este ponto faz não só parte do draft para a nova estratégia de
segurança europeia[25], como voltou ao topo da agenda da NATO por via do dilema
da adesão da Ucrânia e da Geórgia ao longo de 2008. Moscovo tem vindo a
reposicionar-se como uma potência euro-asiática a ter em conta. A Rússia tem
sabido movimentar-se com à-vontade na política europeia, cumprindo os
objectivos a que tradicionalmente se propõe, isto é, dividindo-os. Além disto,
tem conseguido manter uma esfera de influência por via de cortes energéticos
sucessivos à Bielorrússia, à Ucrânia e à Geórgia, ameaçando-as com novas
investidas caso continuem a trilhar um caminho de acesso à NATO e à UE. Também
por aqui se percebe a relevância para as duas organizações do desafio russo:
sem um posicionamento conjunto em matéria energética ' promovendo a utilização
de energias alternativas ou criando um mercado energético comum, com a Ucrânia
e a Turquia, necessariamente ' realista no relacionamento com Moscovo, fugindo
aos moralismos tradicionais e trazendo a Rússia para os fóruns internacionais
de responsabilidade, se pode controlar as suas ambições. Seria um bom sinal de
coesão e uma demonstração de realismo estratégico que esta matéria fosse
central no próximo documento europeu.
É ainda importante definir uma estratégia conjunta relativa à proliferação
nuclear e ao terrorismo. Na Estratégia de Segurança Europeia identificou-se a
proliferação de armas de destruição maciça como uma das grandes ameaças à
segurança[26]. A prevenção e uma relação próxima com os mais directos aliados
(Estados Unidos, Japão e Rússia) foram os caminhos definidos para controlar a
ameaça. Sobre a relação com a NATO apenas duas linhas em treze páginas, para
realçar o empenhamento da União em assegurar uma troca de informações com a
Aliança Atlântica ao abrigo da moldura de cooperação estabelecida.
Do lado da NATO, foi lançado em 2000 o WMD Centre, em Bruxelas. Em 2004, foi
declarada operacional uma das medidas resultantes dessa estratégia: um batalhão
de defesa multinacional contra a proliferação de armas químicas e biológicas,
desenhado para responder e gerir qualquer consequência de um ataque com essas
características. A este passo seguiu-se a concretização de uma defence task
force para o mesmo efeito, liderada por cada um dos aliados por períodos
semestrais rotativos. Em Julho de 2007, seria criado ainda um centro de
excelência sobre a mesma matéria, de carácter militar e prestador de auxílio no
treino, aprendizagem e interoperabilidade entre aliados. No fórum com a UE, o
Euro-Atlantic Partnership Council Action Plan, o relacionamento tem-se limitado
apenas à troca de informações e experiências sobre o tema[27].
É verdade que a NATO tem ao seu dispor um conjunto de meios mais sofisticados
para lidar com esta ameaça. É verdade que a sua natureza também a legitima a
operacionalizar com outro rigor o seu combate. O que já não é razoável é que se
continue a dar corpo a uma cooperação entre a NATO e a UE numa linha ambiciosa
e não se trace um conjunto comum de estratégias sobre aquela que é uma das
grandes ameaças à sua segurança comum, senão mesmo a maior. Ora se a própria UE
se deu ao trabalho de produzir uma estratégia sobre a matéria em 2003 ' num
contexto em que as armas de destruição maciças do Iraque, do Irão e da Coreia
do Norte, mas também da Líbia, estavam no centro do debate ', como se explica
que passados cinco anos não exista ainda um passo efectivamente conjunto que
desenhe um documento estratégico comum de combate a esta ameaça? Terá esta
evaporado subitamente?
Além disto, é urgente que ambas as organizações sejam capazes de definir o
conceito de terrorismo transnacional, de balizar a sua natureza, de revelar o
seu alcance e o seu modus operandi. Seria um sinal forte de coesão do espaço
político euro-atlântico em relação a uma ameaça que se mostra capaz não só de o
dividir, como, em último caso, de o fazer implodir.
CONCLUSÕES
As relações entre a NATO e a UE parecem responder no plano estratégico ao
conjunto dos desafios que o 11 de Setembro trouxe à política internacional.
Após mais uma crise, a relação transatlântica tem sabido reagir, no plano das
vontades políticas e realinhamentos estratégicos, com sensatez e pragmatismo.
Isto não significa que os mecanismos sejam suficientes para, por um lado,
continuar a dotar a UE de protagonismo no quadro de alianças global norte-
americano e, por outro, de capacitar a Aliança Atlântica da flexibilidade na
decisão e acção que a política externa americana parece necessitar. Os
equilíbrios são complicados. Certo é que é preciso um novo e mais ambicioso
paradigma transatlântico. Que o 60.º aniversário da NATO possa ir nesse
sentido. Para bem dos europeus, sobretudo.
[1] Agradeço ao João Marques de Almeida e ao Sr. Major-General Carlos Martins
Branco as sugestões e comentários a este artigo. A responsabilidade pelo texto
final é, naturalmente, apenas e só do seu autor.
[2] Cf. HAASS, Richard N. ' The Opportunity: America's Moment to Alter
History's Course. Nova York: Public Affairs, 2005; LIND, Michael ' «Beyond
American hegemony». In The National Interest, N.º 89, Maio-Junho de 2007, pp.
9-15; LIEVEN, ANATOl, e HULSMAN, John ' Ethical Realism: A Vision for America's
Role in the World. Nova York: Pantheon Books, 2006.
[3] Cf. DASSÙ, Marta, e MENOTTI, Roberto ' «Europe and America in the age of
Bush». In Survival, Vol. 47, N.º 1, Primavera de 2005, pp. 105-122.
[4] NATO Statement by the North Atlantic Council, Press Release (2001) 124, 12
de Setembro de 2001; EAPC, Statement by the Euro-Atlantic Partnership Council,
Press Release (2001) 123, 12 de Setembro de 2001.
[5] Em meados de 2004, o Presidente Bush apresentou uma política de redefinição
das tropas estacionadas no estrangeiro. A ideia era reduzir o número de forças
militares em países aliados e estabilizados, como a Alemanha, o Japão e a
Coreia do Sul, direccionando-as para teatros de crise onde a nova concepção
estratégica de segurança norte-americana se enquadrasse. O discurso de George
W. Bush está disponível em whitehouse.gov/news/releases/2004/08/20040816-
5.html. Sobre esta redefinição militar em debate em Washington, cf. MENON,
Rajan ' The End of Alliances. Oxford: Oxford University Press, 2007.
[6] NORTH ATLANTIC COUNCIL ' PragueSummit Declaration. Praga. 21 de Novembro de
2002, p. 72, parágrafo 3.
[7]
Ibidem
, pp. 72-74 e p. 87, parágrafo 7.
[8]
Ibidem
, p. 76, parágrafo 11.
[9] BUSH, George W. ' The National Security Strategy of the United States of
America. Washington, Setembro de 2002.
[10] EUROPEAN COUNCIL ' A Secure Europe in a Better World.Bruxelas, 12 de
Dezembro de 2003.
[11]
Ibidem
, pp. 3-4.
[12] Ibidem, p. 8, parágrafo 28.
[13] Ver mais sobre esta matéria em ARCHICK, Kristin, e GALLIS, Paul ' «NATO
and the European Union». In CRS Report for Congress, 29 de Janeiro de 2008.
[14] SCHEFFER, Jaap de Hoop ' «NATO and the EU: time for a New Chapter».
Berlim, 29 de Janeiro de 2007.
[15] Cf. CABINET OFFICE ' The National Security Strategy of the United Kingdom:
Security in an Interdependent World, Março de 2008; PRÉSIDENCE DE LA RÉPUBLIQUE
' The French White Paper on Defence and Security Paper. 17 de Julho de 2008;
RESOLUTION FROM THE CDU/CSU PARLIAMENTARY GROUP ' A Security Strategy for
Germany, 6 de Maio de 2008.
[16] BURWELL, Frances G., GOMPERT, David C., LEBL, Leslie S., LODAL Jan M., e
SLOCOMBE, Walter B. ' «Transatlantic transformation: building a NATO-EU
security architecture». In The Atlantic Council of the United States Policy
Paper, Washington, Março de 2006, p. 14.
[17] A iniciativa da NRF foi do ex-secretário da Defesa dos Estados Unidos,
Donald Rumsfeld, em 2002, em reunião dos ministros da Defesa da NATO, em
Varsóvia. Dois meses depois, na Cimeira de Praga, os Aliados incluíram-na na
«agenda de transformação» da declaração da reunião. Cf. NORTH ATLANTIC COUNCIL
' Prague Summit Declaration, 21 de Novembro de 2002. A iniciativa dos Battle
Groups foi lançada na cimeira franco-britânica de Le Touquet, em Fevereiro de
2003. Na altura ficou clara a ambição de melhorar as capacidades europeias no
planeamento e operacionalização de tropas num curto espaço de tempo, entre
cinco a dez dias por terra, mar e ar. Cf. «Declaration on Strenghtening
European Co-operation in Security and Defence», Le Touquet, 4 de Fevereiro de
2003.
[18] CONSELHO EUROPEU ' A Secure Europe in a Better World, Bruxelas, 12 de
Dezembro de 2003; NORTH ATLANTIC COUNCIL ' Prague Summit Declaration, 21 de
Novembro de 2002.
[19] TOUZOVSKAIA, Natalia ' «EU-NATO relations: how close to "Strategic
Partnership"?». In European Security. Vol. 15, N.º 3, Setembro de 2006, p.
247.
[20] «Interview with SACEUR General James Jones». In NATO Review, Primavera de
2003.
[21] TOUZOVSKAIA, Natalia ' «EU-NATO relations: how close to "Strategic
Partnership"?».
[22] «Bucharest Summit Declaration». In NATO Press Release 049, 3 de Abril de
2008, parágrafo 32.
[23] Cf. TOUZOVSKAIA, Natalia ' «EU-NATO relations: how close to
"Strategic Partnership"?», pp. 240-241; BURWELL, Frances G., GOMPERT,
David C., LEBL, Leslie S., LODAL Jan M., e SLOCOMBE, Walter B. ' «Transatlantic
transformation: building a NATO-EU security architecture». In The Atlantic
Council of the United States Policy Paper, Washington, Março de 2006, p. 25.
[24] SCHEFFER, Jaap de Hoop ' Transatlantic Leadership for a New Era. Discurso
proferido na Security and Defence Agenda, Bruxelas, 26 de Janeiro de 2009.
[25] Ver o discurso mais relevante sobre política externa do Presidente
Sarkozy, «Fifteenth Ambassadors' Conference», Paris, 27 de Agosto de 2007;
VALASEK, Tomas ' «Europe's defence and its new Security Strategy». In Centre
for European Reform Bulletin, Issue 57, Dezembro de 2007-Janeiro de 2008;
PULLINGER, Stephen ' «Revising the European Security Strategy: building a
secure Europe in a better world». In European Security Review, Outubro de 2007;
CONSELHO EUROPEU ' Report on the Implementation of the European Security
Strategy: Providing Security in a Changing World, Bruxelas, 11 de Dezembro de
2008.
[26]CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA' EU Strategy against Proliferation on Weapons of
Mass Destruction,Bruxelas, 10 de Dezembro de 2003, p. 4.
[27] Cf. TERZUOLO, Eric ' NATO and Weapons of Mass Destruction: Regional
Alliance, Global Threats. Nova York: Routledge, 2006; LUGAR, Richard '
«Redefining NATO's mission: preventing WMD terrorism». In The Washington
Quarterly. Vol. 25, N.º 3, Verão de 2002.
*
Investigador do IDN e IPRI ' UNL. Comentador de assuntos internacionais na
Rádio Renascença e no Diário Económico. Autor de Blair, a Moral e o Poder
(2008).
Rua Dona Estefânia, 195, 5 D
1000-155 Lisboa
Portugal
ipri@ipri.pt