O Relatório Albright e a grande estratégia Obama um caso de convergência
Os cientistas políticos tendem a considerar determinadas datas como marcos de
referência dos acontecimentos mais importantes das relações internacionais. Em
1989 caiu o Muro de Berlim, em 1991 o Império Soviético implodiu, em 2001 os
ataques terroristas transformaram a visão americana da política internacional,
em 2003 começou a II Guerra do Iraque, e 2008 ficou marcado pela afirmação de
potências emergentes no sistema internacional
1
. Se as tendências que pretendemos analisar aqui se mantiverem, 2010 poderá vir
a ser considerado um ano-chave, devido a uma profunda mudança na grande
estratégia norte-americana. Poderá ser o ano em que a liderança americana se
modificou profundamente, não propriamente no que respeita aos objectivos
estratégicos, mas na forma de liderança que os Estados Unidos desempenharão, a
partir de agora, no sistema internacional.
A verificarem-se, estas transformações terão grande impacto nos próximos anos.
Curiosamente, o processo intelectual público por trás desta grande estratégia
começou a ser delineado no seio da nato ' no Grupo de Sábios, designado para
apresentar uma proposta de revisão do Conceito Estratégico da Aliança ' e não
no National Security Council.
Este artigo argumenta que existe uma confluência entre a grande estratégia dos
Estados Unidos para os próximos quatro anos (National Security Strategy) e o
Relatório dos Peritos nomeado pelo secretário-geral da Aliança Atlântica, Hans
Fogg Rasmussen (NATO 2020: Assured Security; Dynamic Engagement ' Analysis and
Recommendations of the Group of Experts on a New Strategic Concept for NATO),
muitas vezes designado Relatório Albright. Os documentos convergem no que
respeita a duas questões interligadas:
· Os Estados Unidos desejam ter um papel menos activo no sistema internacional
e, para isso, precisam de certificar-se que não deixam a estrutura entregue a
si mesmo, de forma a evitar vazios de poder. Assim:
· se os estados-membros da Aliança Atlântica aceitarem incorporar as propostas
do Grupo de Peritos, a nato passa a ser uma plataforma fundamental em duas
vertentes: na redefinição das regras da ordem internacional (nesse aspecto, o
Relatório Albright é bastante conservador, regressando aos valores pós-1945,
abalados pelas inovações epistemológicas introduzidas nos anos 1990 e pela
crise transatlântica de 2003) e no papel de entidade pivô no que respeita às
relações do Ocidente com outras organizações internacionais, e com as potências
emergentes.
A Administração Obama e o Grupo de Sábios estão de acordo na interpretação das
mudanças no sistema internacional, e são concorrentes no que respeita ao papel
que cada actor passará a desempenhar: ao aparente recuo norte-americano parece
corresponder um avanço da Aliança Atlântica.
Para demonstrar este argumento, consideram-se duas partes. Na primeira,
contextualiza-se e analisa-se a National Security Strategy (NSS) de 2010, a
primeira da Administração Obama
2
. Enfatiza-se o facto de que vários factores contribuíram para uma mudança
significativa na orientação da política externa norte-americana. Mas também se
chama atenção para o facto de Obama não se ter apenas desviado do seu
antecessor, George W. Bush, (como seria de esperar), mas ter escolhido, também,
reposicionar os Estados Unidos de acordo com uma nova perspectiva do sistema
internacional ' que tende a tornar-se multipolar no futuro ' e uma nova visão
americana da política internacional ' mais retraída e multilateralizada. Se as
mudanças anunciadas no documento se concretizarem, poderão saldar-se em
transformações significativas nos equilíbrios de poder e nas relações entre as
grandes potências do sistema internacional.
Na segunda parte, analisa-se o Relatório Albright. Não seria necessário
observá-lo pela lente da NSS para detectar novos caminhos para possíveis
alterações ao papel da Aliança Atlântica, quer no que se refere à sua relação
com os Estados e outras organizações internacionais, quer no que respeita à
percepção de novas ameaças não tradicionais.
As notas finais darão conta da convergência acima referida, sublinhando que,
se, por um lado, a Aliança Atlântica não se transformará na NATO Global
defendida por alguns
3
, por outro, poderá ganhar relevância relativa através de um conjunto de novas
exigências desencadeadas por um sistema de estados em transformação.
Doutrina Obama: uma estratégia de transição de poder ou o retraimento
estratégico norte-americano?
Os Dilemas das Segurança Americana no século XXI ' a contextualização da nova
estratégia
Para compreendermos a doutrina Obama, é necessário contextualizá-la,
relembrando que não se trata apenas de uma reacção à doutrina Bush
4
. É também uma nova tentativa de resolver as questões de ordem internacional
deixadas em aberto desde os anos 1990 (corrigindo a euforia do fim da história,
mas regressando a um discurso liberal e institucionalista que recorda os anos
Clinton), e uma primeira aproximação a um sistema internacional pós-hegemónico
5
.
Em primeiro lugar, e no que concerne à doutrina Bush, Barack Obama viu-se
forçado a procurar reconquistar a legitimidade internacional dos Estados
Unidos. A controversa decisão de invadir o Iraque originou dois problemas. O
primeiro foi a sobreextensão do poder militar norte-americano; a dispersão de
forças pelo Afeganistão e pelo Iraque e a morosidade das duas guerras levou à
percepção generalizada do declínio de capacidades dos Estados Unidos. O segundo
foi uma certa perda de legitimidade internacional norte-americana. Ainda que o
recurso à força militar seja uma ferramenta legítima de autodefesa ao alcance
dos estados, a crise transatlântica de 2002-2003, a oposição explícita de
vários sectores da sociedade norte-americana e da comunidade internacional à
doutrina da guerra preventiva, e a ausência de consentimento das Nações Unidas
relativamente a uma intervenção militar, levaram os analistas e a opinião
pública de diversos países a mudar a sua percepção relativamente aos Estados
Unidos: passaram a encarar a potência hegemónica com desconfiança. Nesta
perspectiva, os Estados Unidos perderam algum do seu capital político.
No contexto estratégico, os ataques do 11 de Setembro e a Guerra do Iraque
abriram caminho a que os analistas detectassem falhas mais profundas,
especialmente no que respeita ao ordenamento internacional. Com a potência
hegemónica numa crise de legitimidade, provocada por um ataque inesperado,
tornavam-se visíveis alguns problemas escondidos pela aparente harmonia dos
anos 1990. Por um lado, não havia uma estratégia para contra-atacar os
perpetradores dos ataques. A ordem baseada no sistema de estados deixava os
decisores sem respostas prontas para fazer face a este desafio. Por outro, não
havia coesão suficiente entre os estados do sistema internacional (nem mesmo
entre as democracias) para uma condenação maciça e uma abordagem conjunta à
ameaça constituída pelo terrorismo internacionalista. Os ataques de 11 de
Setembro mostraram uma nova realidade: os desafios do futuro tendiam a ser cada
vez mais transnacionais e o sistema de estados-nação não parecia estar
habilitado a responder-lhes.
Finalmente, a fragilidade da liderança americana deu origem a novas percepções
ao nível sistémico: um pouco por todo o mundo, os decisores começaram a
considerar que o sistema internacional estava a sofrer alterações devido à
emergência de novas potências ' China e Índia ' e que outros actores,
porventura menos poderosos, estavam a transformar as suas políticas externas de
forma a terem maior visibilidade e preponderância na distribuição relativa de
poder ' Brasil e Rússia. Esta nova realidade tem vindo a transformar as
políticas externas de diversos estados, e a estratégia norte-americana não
poderia ser uma excepção.
A estes três desafios ' o relançamento da liderança americana, o problema de
ausência de ordem e a recém-percepcionada emergência de grandes potências ' a
Administração Obama respondeu com uma estratégia unificada: a assunção da perda
relativa de poder norte-americano, que deverá ser colmatada por um novo tipo de
liderança mais retraída e menos interventiva (o clássico lead by exemple)
6
, e a bilateralização e institucionalização da política externa norte-
americana, tendo como objectivo uma mais efectiva distribuição do esforço de
manutenção da estabilidade internacional
7
.
A resposta da Administração Obama aos três desafios estratégicos norte-
americanos
Assim, e ainda que de uma forma superficial e um tanto vaga, a National
Security Strategy tenta responder a três desafios:
· Encontrar uma nova orientação para a liderança americana ' os decisores
entenderam que a Administração Bush corroeu as fundações da legitimidade dos
Estados Unidos como potência hegemónica. Por conseguinte, a nova estratégia
terá que relançá-las
8
;
· Responder ao reconhecimento objectivo que estamos a atravessar uma fase de
transição de poder (pelo menos ao nível das percepções), que leva os decisores
a procurar ajustar o papel dos Estados Unidos no sistema internacional a esta
nova realidade
9
;
· Garantir a segurança norte-americana face aos desafios transnacionais '
nomeadamente a tríade de ameaças já identificada pela Administração Bush na
National Security Strategy de 2002, a combinação de terrorismo, proliferação de
armas de destruição maciça e estados falhados, através de novos mecanismos
multilaterais.
A nova estratégia faz quatro afirmações que denotam uma profunda mudança na
forma como os Estados Unidos pretendem relacionar-se com o sistema
internacional. Primeiro, afirma que existem outros grandes poderes para além
dos Estados Unidos no sistema internacional
10
. Segundo, reitera a declaração anterior ao identificar a actualidade com um
momento de transição
11
. Terceiro, assume que nenhum Estado pode resolver sozinho os problemas actuais
12
. Quarto, enuncia que a característica fundamental da nova estratégia norte-
americana será estabelecer abordagens cooperativas entre Estados «que produzam
resultados»
13
. Sob pano de fundo está a afirmação de que os valores norte-americanos
(democracia, justiça e globalização) são valores universais (na tradição dos
Pais Fundadores)
14
, sendo que a nova ordem, a ser construída, terá de ter em conta esta
realidade. Como iremos observar na parte seguinte, o Relatório Albright também
enfatiza o carácter democrático da NATO, apresentando, assim, maior sintonia
com a Administração norte-americana, marcando uma das razões pelas quais a
Aliança é, acentuadamente, relevante no seu papel na nova ordem internacional
norte-americana.
A doutrina Obama recusa, pelo menos nesta fase, a proposta realista de vários
autores de criar um concerto de grandes potências
15
(é certo que reconhece que é necessário reformar as Nações Unidas, mas não faz
disso uma prioridade). Mas também não reconhece a necessidade de criar um
concerto global de democracias, que tem vindo a ser defendido por diversos
autores liberais
16
. Em vez disso, enfatiza quatro vertentes de cooperação: a necessidade de
resolver problemas transnacionais (que terão de envolver, subentende-se, todas
as potências do sistema para que sejam efectivos); o aprofundamento de novas
instituições internacionais económicas (especialmente o G20, considerado uma
«instituição emergente»); a necessidade de estabelecer relações bilaterais com
as três futuras grandes potências ' China, Índia e Rússia; e a renovação dos
laços transatlânticos como pedra de toque da relação dos Estados Unidos com o
mundo. Obama parece querer enfatizar a relação transatlântica por razões de
legitimidade e partilha de esforço, mas também porque é no seio desta
organização que se deverão começar a estabelecer as relações entre as
democracias, onde se encontram os aliados mais confiáveis dos Estados Unidos.
Segundo o documento, «a nato é a aliança de segurança por excelência, no mundo
de hoje»
17
(seguida das democracias asiáticas).
Em síntese, a estratégia Obama introduz um novo dado significativo: parece
existir vontade política de proceder a uma mais profunda institucionalização
dos Estados Unidos. Trata-se de um abandono da doutrina hegemónica que teve
origem no final da Guerra Fria?
18
Este possível retraimento estratégico pode ter, teoricamente, dois motivos
diferentes: ou fazer parte de uma sólida estratégia de institucionalização da
única grande potência, que pretende auto-conter o seu poder para obter ganhos
de legitimidade
19
, ou tratar-se de uma estratégia de underbalancing em que a única grande
potência procura retirar-se da sua posição hegemónica no sistema internacional
de forma a evitar comportamentos revisionistas de potências emergentes
20
. Qualquer dos resultados ' esta questão continua em aberto ' configurará uma
nova dinâmica nas relações internacionais. É neste contexto que se deve
apreciar o Relatório Albright, que confere uma nova posição à Aliança
Atlântica.
Relatório Albright ' uma estratégia para um sistema internacional mais flexível
e polarizado
Os dilemas estratégicos do Século XXI: a contextualização da estratégia dos
Peritos
«Caso a Organização do Tratado do Atlântico Norte não existisse hoje, os
Estados Unidos não tentariam criá-la.»
21
É com esta afirmação ' que vem sendo repetida em diversos foradesde a sua
publicação ' que James Goldgeier, especialista em assuntos da NATO no Council
on Foreign Relations, abre o seu relatório sobre o futuro da Aliança Atlântica.
Pode parecer uma apreciação drástica, mas a verdade é que sintetiza a
importância e urgência da revisão do Conceito Estratégico da NATO (CEN). O CEN
ainda vigente data de 1999
22
, e quando foi redigido as condições sistémicas e conjunturais com as quais a
NATO se confrontava eram substancialmente diferentes.
Do ponto de vista estrutural, a emergência de novas potências fora do espaço
transatlântico não era, de todo, previsível. Mais importante, a nato tinha
entre os seus membros a única potência global do sistema internacional; o
debate centrava-se, pois, na manutenção do status quo, do sistema unipolar, que
não indiciava alterações significativas nos anos seguintes.
Do ponto de vista conjuntural, os anos 2000 também trouxeram diversas mudanças.
Nas vésperas dos ataques de 11 de Setembro, a nato era uma aliança que, uma
década após a Guerra Fria, tinha sobrevivido ao desaparecimento do seu inimigo
comum e tinha encontrado um novo objectivo: a estabilização e pacificação do
espaço europeu, quer por via do alargamento da Aliança Atlântica aos estados do
ex-Pacto de Varsóvia, quer pelas intervenções militares para a estabilização
dos Balcãs. Em 1999, ainda eram desconhecidas as chamadas «novas ameaças»; a
indivisibilidade da segurança transatlântica ainda não tinha sido posta em
causa pela recusa norte-americana em accionar o artigo 5.º; a comunidade
transatlântica não tinha enfrentado as divisões provocadas pela invasão do
Iraque pela «coligação de vontade» liderada pelos Estados Unidos; a NATO não
tinha testado os seus limites numa operação «fora de área»; e a Rússia ainda
não anunciara a doutrina Medvedev
23
(atribuindo-se o direito de tutelar a sua «esfera de influência»), nem a pusera
em prática na sua manifestação mais extrema ' a intervenção armada na Geórgia,
em 2008.
As novas condições estruturais e conjunturais demonstram a necessidade de, mais
uma vez, reinventar a Aliança Atlântica. Por um lado, é preciso garantir que a
nato mantém a sua relevância: para isso terá se ajustar à perda relativa de
centralidade no sistema internacional e à nova estratégia dos Estados Unidos. A
emergência de novas potências democráticas com vontade política de exercer
poder internacionalmente e de usar a força militar em conjunto com a NATO tem o
efeito simultâneo de enfraquecer a posição da Aliança e de lhe conferir a
oportunidade de forjar novas parcerias. Por outro, é necessário um esforço de
actualização de doutrina e meios, que possibilite à Aliança estar preparada
para enfrentar novas ameaças, inexistentes há dez anos, sem com isso perder de
vista a vertente convencional da defesa colectiva.
Além disso, a reconstrução da solidariedade transatlântica ' depois da crise do
Iraque ' terá de ser um tema central, reflectido, indirectamente, no espírito
do novo CEN. A NATO precisa de ressurgir com uma nova legitimidade necessária à
sua actuação internacional, que terá de advir, simultaneamente, de uma nova
abordagem ao sistema internacional, de uma maior coesão entre os estados-
membros e ' segundo a nova linha de transparência diplomática lançada pelo
Presidente Barack Obama ' do apoio das populações dos estados que constituem a
NATO.
Neste contexto, e pela primeira vez na sua história, a revisão do CEN foi
lançada como um exercício de diplomacia pública. Na Cimeira de Estrasburgo/Kehl
(Abril de 2009) o secretário-geral da NATO foi encarregue de nomear um grupo de
doze peritos
24
com duas funções essenciais: (1) efectuar um périplo pelos estados-membros da
NATO com a dupla finalidade de debater com as instituições e a sociedade civil
a orientação do cen e esclarecer a opinião pública da importância da Aliança
Atlântica; (2) produzir um relatório de recomendações para apoiar Aners Fogh
Rasmussen na redacção do CEN. O Conceito Estratégico da NATO será aprovado na
Cimeira de Lisboa, em Novembro de 2010.
O Relatório Albright foi tornado público a 17 de Março de 2010
25
. Não tem qualquer poder vinculativo, mas está a coberto da legitimidade da
consulta pública e diversificada, sendo pois de esperar que pelo menos parte
das suas recomendações seja adoptada na redacção do documento final.
As recomendações dos Peritos ' a resposta da NATO aos desafios do século XXI
Se é verdade que a relevância da nato parece estar a diluir-se devido à
emergência de novas potências democráticas, como refere Goldgeier, também é
importante lembrar que «A Aliança não está sozinha no compromisso [de projecção
da paz e estabilidade internacional], mas a sua combinação de capacidade
militar e solidariedade política torna-se singularmente importante e
insubstituível»
26
, como afirma o relatório do Grupo de Peritos. Necessariamente, a revisão do
Conceito Estratégico da Aliança deverá enquadrar e equilibrar estas duas
realidades e responder às três questões essenciais que se colocam neste tipo de
exercício: que Aliança pretende a nato ser nos próximos dez anos? Qual o tipo
de missões que a Aliança deve empreender? Qual o lugar da nato na ordem
internacional do século XXI? Cinco pontos ajudam a clarificar estas questões.
1. Indivisibilidade da segurança comum e a reafirmação dos valores democráticos
fundadores da NATO. O primeiro ponto ' a reafirmação dos valores da Aliança do
Tratado do Atlântico Norte
27
' não é, exactamente, original no seu conteúdo. Aparentemente, os peritos vêm
apenas reafirmar que a nato é, na sua essência, uma aliança de democracias e
que uma das suas funções é preservar a segurança deste tipo de regime. Mais,
sublinham que se trata de uma aliança defensiva, sem inimigos ou adversários
definidos. Esta declaração tem duas implicações: em primeiro lugar, coloca em
pé de igualdade a integridade territorial dos estados-membros e a integridade
valorativa da aliança, ambas partes essenciais de um todo. Em segundo lugar,
coloca o ónus da identidade da Aliança na sua existência, desligando-o da
definição típica de posicionamento contra um «outro». Estas duas implicações
apresentam a nato como uma aliança de status quo, aparentemente preparada para
diluir as suas fronteiras de segurança até onde for necessário de forma a
preservaro seu tipo de regime. Nesta perspectiva ' a nato dos peritos não é uma
aliança militar regional. É uma aliança disposta a intervir onde for necessário
para preservar a sua forma de existência.
2. Codificação das regras das missões fora de área. Apesar de a nato dever
estar preparada para intervir militarmente em cenários como o Afeganistão ' em
nome da preservação da estabilidade internacional e do regime democrático ' os
peritos aconselham a que se definam rigorosamente em que circunstâncias podem
ter lugar intervenções fora de área
28
. As fragilidades demonstradas pela Aliança em fazer face à missão no
Afeganistão levaram os peritos a concluir que tais operações fragilizam a nato,
sendo necessário definir onde residem os interesses vitais da Aliança. Uma
missão fora de área é um risco ' que muitos vaticinaram que ditaria o fim da
NATO, no caso do Afeganistão ', por isso estas intervenções devem constituir a
excepção, não a regra
29
.
3. O resgate do artigo 4.º e a flexibilidade requerida pelas novas ameaças.
Apesar de não ter um inimigo comum, a Aliança Atlântica deverá definir uma gama
de diversas ameaças não convencionais, aceitando o princípio que nem todas
colocam o mesmo grau de risco à integridade territorial e valorativa dos seus
membros. Assim, o artigo 5.º deixou de ser suficiente (ainda que se mantenha
central) para orientar as acções da NATO. Um ciberataque, por exemplo, não pode
ser tratado como um ataque militar a um dos estados-membros. Assim, os peritos
propõem dar uma maior ênfase ao artigo 4.º do Tratado do Atlântico Norte, que
prevê uma consulta dos membros da Aliança em caso de se verificarem potenciais
ameaças, de grau inferior a um ataque territorial de um dos estados-membros. Se
as ameaças mais prováveis aos estados-membros são um ataque por míssil
balístico (em alusão à escalada da nuclearização iraniana); acções de grupos
terroristas; ciberataques; interrupção de fornecimento de energia; ou
consequências do aquecimento global e da crise financeira internacional,
entende-se a necessidade de flexibilizar a tomada de decisão pela consulta
30
. O artigo 5.º deve permanecer central, mas vocacionado para ameaças de cariz
convencional. O artigo 4.º deve ser o mecanismo privilegiado para fazer face a
uma ameaça menos premente, mas suficientemente desestabilizadora para merecer
uma resposta da Aliança Atlântica.
4. As relações com a Rússia e o broaderneighborwood securitycomo substituto dos
alargamentos. O capítulo das relações com a Rússia é aquele em que os peritos
têm uma posição mais hesitante. Por um lado, consideram que a Rússia é uma
parte indivisível da segurança euroatlântica e um potencial parceiro através
dos laços institucionais já estabelecidos
31
; por outro, afirmam que a Rússia da década de 1990 desapareceu, dando lugar a
um actor politicamente mais assertivo. A intervenção russa na Geórgia, em 2008,
é avaliada como um fracasso da Aliança Atlântica no que constitui a defesa dos
seus interesses estratégicos. Neste contexto, e apesar das possibilidades de
cooperação, a Federação Russa é, na opinião dos peritos, um dos maiores focos
de divisão da comunidade transatlântica. Os estados-membros da NATO têm
percepções diferentes no que respeita quer ao papel da Rússia no contexto da
NATO, quer ao seu comportamento e consequências desse comportamento no sistema
de segurança regional. Assim, as recomendações relativamente à Rússia são,
necessariamente, uma solução de compromisso. A ambiguidade de posições traduz-
se numa oferta cautelosa de aprofundamento da cooperação: a Aliança Atlântica
deve realçar a sua determinação em ser uma aliança defensiva e procurar um
constructive re-engagement
32
com o vizinho oriental. Os peritos acreditam que a nato poderá demonstrar a sua
boa vontade através de uma cedência fundamental ' abandonado a intenção de
George W. Bush (e Obama, em campanha eleitoral) de aceitar a Geórgia e a
Ucrânia como estados-membros da Aliança. Para isso, os peritos aconselham a
adopção da política de broader neighborhood policy. Nesta perspectiva, a nato
ocupa o papel de off shore balancer«em benefício de todos». Funciona como
árbitro das relações complexas naquela região. A adopção desta política tenderá
a atrasar, ou mesmo a tornar supérfluos, futuros alargamentos no Cáucaso. Como
já foi referido, a posição dos peritos é hesitante, no que respeita às relações
NATO -Rússia. Por um lado, avisa quanto à assertividade da Federação; por
outro, cede às maiores exigências de Moscovo. Aqui, os peritos seguem a
estratégia adoptada pela Administração Obama: cooperar quando é possível, e em
questões segmentadas, onde se verifiquem interesses comuns (nomeadamente
políticas de não proliferação nuclear ou de contenção de ataques terroristas),
mantendo em aberto a possibilidade ' e tentando evitar ' que a Rússia se
transforme num adversário político.
5. Devolução das missões humanitárias às Nações Unidas. O quinto ponto em
questão também tende a agradar à Rússia: a nato dos peritos deverá encerrar o
capítulo aberto nos anos 1990 em que a responsabilidade de proteger ' sem a
autorização prévia das Nações Unidas ' era uma estratégia legítima
33
.
REINVENTAR O SISTEMA DE ALIANÇAS: A NATO E AS PARCERIAS PARA O SÉCULO XXI
O ponto anterior poderia parecer irrelevante, se não estivesse associado a uma
transformação das relações da Aliança Atlântica com outras entidades (estados e
organizações internacionais). Aqui os peritos revelam o mais importante da sua
visão da NATO após CEN 2010: a Aliança deverá ser um actor flexível, assumindo
quatro papéis diferentes, consoante as necessidades sistémicas
34
. Esses quatro papéis são os seguintes:
O papel de estabilizador regional.A NATO deverá manter as suas relações com
actores regionais. Deverá aprofundar as Parcerias para a Paz, o Diálogo do
Mediterrâneo, a Iniciativa de Cooperação de Istambul
35
. Deverá ter um papel activo na estabilização da região do Cáucaso. Neste
aspecto, a nato deverá manter, na opinião dos peritos, o estatuto de líder
regional que a caracteriza desde o início dos anos 1990.
O papel de agente de cooperação em questões pontuais e segmentadas com
estados não democráticos. As relações com a Rússia ilustram este ponto: o tipo
de regime liberal dos estados que constituem a Aliança Atlântica não lhes
permite estabelecer relações estratégicasprofundas com estados não
democráticos. Mas, a bem da resolução de problemas pontuais e do
estabelecimento de laços de confiança com potências emergentes não
democráticas, a Aliança deverá estabelecer relações de cooperação em
determinados contextos.
· O papel de subsidiariedade relativamente a outros estados ou organizações
internacionais. A NATO não poderá ocupar sempre o papel de liderança. Mas
haverá situações em que a Aliança terá interesse em contribuir para processos
de estabilização regional. Neste contexto, deverá comportar-se como actor
secundário, subordinando-se à liderança de um Estado ou outra organização
internacional. A ser codificado no CEN, este será um novo papel que a nato
nunca desempenhou no passado. Esta nova possibilidade reflecte o reconhecimento
dos limites da Aliança, e um certo retraimento estratégico, aparentemente
necessário para a sobrevivência da NATO (dir-se-ia, uma lição do Afeganistão).
· O papel de pivô das relações entre democracias.O Relatório dos Peritos
rejeita a ideia de uma NATO global
36
, mas reconhece a importância dos Países de Contacto para o sucesso das
políticas da Aliança Atlântica. Assim, os peritos propõem um novo papel para a
NATO: o de plataforma das relações entre democracias liberais, substituindo as
relações formais pela diplomacia activa
37
. Os peritos lêem as reticências de estados como o Brasil e a Índia numa
parceria institucional com a NATO, e propõem que a Aliança seja agente informal
de parcerias igualmente informais, mas fundamentais para a estabilidade
internacional no século XXI.
Este quadro complexo remete para uma nova realidade: a emergência de novas
potências exige da NATO um papel activo em diversas vertentes, uma nova
flexibilidade, a fim de manter a sua relevância. Mais, em vez de esclarecer
sobre o papel específico da Aliança Atlântica enquanto actor internacional,
complexifica o quadro. Porquê? Porque a nato está hesitante em entrar em fase
de retraimento estratégico ' abdicando do seu papel de liderança para ganhar em
estabilidade regional ' e a necessidade de garantir que outras regiões de
potencial instabilidade se transformem em focos de conflito ' daí funcionar
como pivô das relações entre democracias. O futuro da Aliança dependerá da
preponderância relativa de cada um dos papéis acima mencionados. Esta
preponderância decorrerá, no entanto, de decisões estratégicas específicas
relativas a cada caso, questões que transcendem a revisão do Conceito
Estratégico da Aliança Atlântica.
Numa recente conferência em Lisboa, o secretário-geral da NATO, Anders Fogh
Rasmussen, veio esclarecer o público português quanto à sua visão para o futuro
da Aliança Atlântica
38
. Grande parte do seu discurso reflectiu a essência do Relatório dos Peritos,
especialmente no que respeita à revisão do papel da Aliança no sistema
internacional. Rasmussen sublinhou a importância de a nato assumir o seu papel
na «segurança cooperativa», indiciando que o futuro da Aliança não passa nem
por um fechamento da Aliança no seu espaço regional, nem por uma abertura quer
a membros fora do espaço transatlântico, quer a missões fora de área (a menos
que se configure um contexto muito específico, detalhado acima).
O relatório do Grupo de Peritos para a revisão do Conceito Estratégico
reconhece que a Aliança Atlântica se encontra numa situação de maior
fragilidade relativamente às décadas anteriores. A Nato já não tem um inimigo
comum que lhe clarifique os objectivos, nem é apenas uma Aliança de status
quonum sistema internacional sem grandes adversidades, mas uma comunidade de
segurança que precisa de se voltar simultaneamente para dentro (para um
discurso mais defensivo, ancorado nos valores que é necessário garantir que
sobrevivem) e para fora (na procura da forma mais eficaz de partilhar poder sem
perder relevância). É justo afirmar que o debate sobre o CEN está
fundamentalmente centrado nas mudanças da ordem internacional e na adaptação da
Aliança a estas mudanças.
A resposta do Grupo de Peritos às três perguntas formuladas inicialmente (a
estratégia, tipo de missões e lugar da Aliança Atlântica no século XXI) foi que
a nato não deve ser apenas uma aliança regional, mas deve rejeitar o papel de
actor global por princípio, abrindo excepções muito específicas. Ou melhor,
deverá ser regional no que respeita aos estados-membros, mas não deverá
reconhecer limite geográfico em determinadas circunstâncias, uma vez que as
ameaças actuais estão diluídas num espaço geográfico global, exigindo uma
flexibilidade de resposta, por definição, global. Mas, mais importante, as
limitações relacionadas com a perda de centralidade da NATO somadas à
impressibilidade de onde poderá surgir instabilidade regional que ponha em
perigo a segurança dos estados-membros dá origem a dois novos papéis para a
NATO:
· o de aliança-pivô, colocada no centro de uma rede de parcerias entre estados
democráticos. A Administração Bush chamou a si este papel em 2005,
desenvolvendo com algum sucesso relações privilegiadas com potências emergentes
de regime democrático; a administração Obama, se seguir as recomendações do
Grupo de Sábios, descentralizará essa função na Aliança Atlântica;
· o de Aliança subsidiária de outras entidades no sistema internacional. O
Relatório dos Peritos reconhece a perda de centralidade da NATO, o esforço no
Afeganistão, que está a testar os limites da Aliança, bem como a conveniência
em readquirir legitimidade internacional.
A resposta, para os peritos, reside em abdicar de um estatuto central nas
operações militares internacionais (recuando da iniciativa da intervenção no
Kosovo sem autorização da ONU) e numa abordagem modesta a problemas fora de
área. Se esta condição for enquadrada no Novo Conceito Estratégico da NATO,
esta será a grande inovação da próxima década. A Aliança chama a si múltiplos
papéis de forma a adequar a sua intervenção a novas ameaças, a um novo sistema
e um novo conjunto de limitações. O futuro da NATO passa, pois, pela segurança
cooperativa, pela colaboração, ora em posição de liderança, ora em posição
secundária, com um conjunto mais vasto de intervenientes internacionais. Esta é
a resposta encontrada pelos peritos para assegurar que a Aliança Atlântica
mantém a sua relevância.
Há ainda um ponto a acrescentar: as relações NATO-Rússia e NATO -União Europeia
ficam por resolver na versão dos peritos da revisão do CEN. Será necessário
empenho político para desempatar indecisões nestes dois impasses, de modo a
fornecer à Aliança um quadro estável para o desenvolvimento destas duas
relações estratégicas que, por motivos diferentes, são as mais importantes para
o futuro da NATO.
NOTAS FINAIS
Será 2010 um ano de transição para a política externa norte-americana e para a
Aliança Atlântica? As tendências apontadas pela National Security Strategy e
pelo NATO 2020 indicam que sim. A doutrina Obama aponta para uma mudança
conceptual na grande estratégia ' a potência dominante dá lugar a uma potência
ainda em posição de liderança, mas em processo de retraimento. É prematuro
concluir qual será a expressão desse retraimento, mas o simples facto de se
detectar a assunção de que estamos a atravessar uma fase de transição de poder
' que implica um declínio da posição sistémica norte-americana ' e que é
necessário reformar as instituições e a ordem internacional (o paralelo com o
pós-II Guerra Mundial é significativo) o que pressupõe a premissa de que o
sistema está a entrar numa nova era sistémica e que é necessário aceitar e
criar espaço para que as novas potências emerjam pacificamente.
É neste contexto que deve ser percepcionada a revisão do Conceito Estratégico
da NATO. Há um paradoxo inerente ao debate do CEN e à doutrina Obama: os
estados-membros europeus continuam a demonstrar pouco empenhamento político no
fortalecimento da Aliança e, simultaneamente, não conseguem chegar a um acordo
relativamente às duas relações mais importantes da NATO (União Europeia e
Rússia). Mas este paradoxo é essencialmente político e não conceptual. Ao nível
dos conceitos, o Relatório Albright dialoga com a doutrina Obama: preenche o
papel que a última destina à primeira. Daí, o argumento inicial de que os
documentos são confluentes.
A doutrina Obama destaca três organizações internacionais: as Nações Unidas, no
seu papel de guardiã dos valores universais; o G20, a instituição económica da
era Obama (que deve ser vista como um concerto politicamente informal de
grandes potências económicas), e a Aliança Atlântica, ou seja, o centro da
comunidade de segurança das democracias.
Neste contexto, quais serão as características na nato enquanto comunidade das
democracias que tem como principal função preservar a segurança dos seus
membros? Se as recomendações do Relatório Albright forem aprovadas no Conselho
da NATO será a de entidade-pivô para as relações das democracias ocidentais com
diversos tipos de actores num sistema internacional renovado.
Notas
1
Evidentemente, este marco é muito discutível. No entanto, vários autores têm-no
considerado, devido a dois acontecimentos quase simultâneos: a abertura dos
Jogos Olímpicos de Verão, em Pequim, e o início do conflito Rússia-Georgia. Cf.
ASH, Timothy Garton ' «China, Russia and the new world disorder». In Los
Angeles Times, 8 de Setembro de 2008. Disponível em http://www.latimes.com/
news/opinion/commentary/la-oe-ash11-2008sep11,0,6733055.story. [Consultado a 1
de Setembro de 2010].
2
Cf. OBAMA, Barack ' «The National Security Strategy». Washington, Maio de 2010.
Disponível em http://www.whitehouse.gov/sites/default/files/rss_viewer/
national_security_strategy.pdf. [Consultado a 1 de Setembro de 2010].
3
Cf. DAALDER, Ivo H. e GOLDGEIER, James ' «Global NATO». In Foreign Affairs,
Setembro-Outubro de 2006, pp.105-113.
4
BUSH, George W. ' «The National Security Strategy of United States of America».
Washington, Setembro de 2002. Disponível em http://www.globalsecurity.org/
military/library/policy/national/nss-020920.pdf. [Consultado a 1 de Setembro de
2010].
5
Cf. Cf. ZAKARIA, Farred ' The Post-American World. Nova Iorque: W. W. Norton
and Company, 2008.
6
OBAMA, Barack ' «National Security Strategy», p. 5.
7
Ibidem, p. 5.
8
Ibidem, p. 1.
9
Ibidem, p. 1.
10
Ibidem, introdução.
11
Ibidem, introdução.
12
Ibidem, p. 1.
13
Ibidem, p. 2.
14
O presidente norte-americano assume-se como um Constitucionalista. (Cf. Obama,
Barack ' The Audacity of Hope ' Thoughts on Reclaiming the American Dream. Nova
York: Random House 2006). Apesar de o tema estar longe de ser novo na política
externa norte-americana, este é, de alguma forma, um dos seus traços pessoais
no documento.
15
Cf. LIEVAN, Anatol e HULSMAN, John' Ethical Realism ' A Vision for America's
Role in the World. Nova York: Ramdom House, 2006.
16
Cf. IKENBERRY, G. John e SLAUGHTER, Anne-Marie (eds) ' «Forging a World of
Liberty Under Law ' U.S. National Security In The 21st Century». Final Report
of The Princeton Project on National Security, 2006. Disponível em: http://
www.princeton.edu/~ppns/report/FinalReport.pdf. [Consultado a 1 de Setembro de
2010]; DAALDER, Ivo e LINDAY, James ' «Democracies of the World, Unite». In The
American Interest, Janeiro-Fevereiro de 2007.
17
OBAMA, Barack ' «National Security Strategy», p. 42..
18
Cf. BACEVICH, Andrew ' American Empire ' The Realities and Consequences of U.S.
Diplomacy. Harvard: Harvard University Press, 2003.
19
Cf. IKENBERRY, G. John ' Institutions, Strategic Restraint, and the Rebuilding
of Order after Major Wars. Princeton: Princeton University Press, 2001.
20
Cf. SCHWELLER, Randall ' Unanswered Threats ' Polítical Constraints on the
Balance of Power. Princeton: Princeton University Press, 2006.
21
GOLDGEIER, James - «The Future of NATO». Council Special Report No. 51 '
Council on Foreign Relations. Disponível em http://www.cfr.org/publication/
21044. [Consultado a 17 de Março de 2010].
22
Cf. ««The Alliance Strategic Concept ' Approved by the Heads of State and
Government participating in the meeting of the North Atlantic Council in
Washington D.C.». 24 de Abril de 1999. Disponível em http://www.nato.int/cps/
en/natolive/official_texts_27433.htm. [Consultado a 17 de Maio de 2010].
23
Cf. «The Medvedev Doctrine ' Dmitri Medvedev Great Strategic Ambitions». In
Newsweek, 22 de Novembro de 2008. Disponível em http://www.newsweek.com/2008/
11/21/the-medvedev-doctrine.html. [Consultado a 17 de Março de 2010].
24
O Grupo de Peritos para a revisão do Conceito Estratégico da NATO é constituído
pelos seguintes elementos: Presidente: Madeleine K. Albright (Estados Unidos da
América); Vice-Presidente: Jeroen van der Veer (Holanda); Giancarlo Aragona
(Itália); Marie Gervais-Vidricaire (Canada); Geoff Hoon (Reino Unido); Ümit
Pamir (Turquia); Fernando Perpiñá-Robert Peyra (Espanha); Hans-Friedrich von
Ploetz (Alemanha); Bruno Racine (França); Adam Daniel Rotfeld (Polónia); Aivis
Ronis (Letónia); Yannis-Alexis Zepos (Grécia).
25
Cf. Cf. Group of Experts - «NATO 2020: Assured Security; Dynamic Engagement '
Analysis and Recommendations of the Group of Experts on a New Strategic Concept
for NATO». 17 de Maio de 2010. Disponível em: http://www.nato.int/nato_static/
assets/pdf/pdf_2010_05/20100517_100517_expertsreport.pdf [Consultado a 17 de
Março de 2010].
26
Ibidem, p. 47.
27
Ibidem, pp. 5, 6, 8, 12, 29 e 47.
28
Ibidem, p. 33.
29
Segundo o Relatório dos Peritos uma intervenção fora de área terá de ser
decidida caso a casa tendo em consideração oito condições: (1) a extensão e
iminência da ameaça para os membros da Aliança; (2) a exaustão ou aparente
ineficácia de medidas alternativas; (3) a capacidade e vontade dos membros da
NATO de disporem dos meios necessários para obter sucesso na operação; (4) o
envolvimento de parceiros que ajudem a garantir uma solução atempada e efectiva
do problema em questão; (5) o impacto colateral em outras missões ou
necessidades da NATO; (6) o grau de apoio da opinião pública doméstica e
internacional; (7) a conformidade com o direito internacional; e (8)
consequências previsíveis por inacção. (cf. Group of Experts - «NATO 2020:
Assured Security; Dynamic Engagement, p.33).
30
Ibidem, p. 18.
31
Nomeadamente, o Conselho nato-Rússia, praticamente paralisado desde Agosto de
2008, devido à intervenção militar da Rússia na Geórgia.
32
GROUP OF EXPERTS - «NATO 2020: Assured Security; Dynamic Engagement», p. 27.
33
Ibidem, p. 25.
34
Numa recente reunião do Grupo de Estudos do Conceito Estratégico foi feita uma
referência que ilustra o diferente peso que as relações com exterior ocupam,
neste momento. O Conceito Estratégico da NATO de 1999 dedica seis parágrafos à
questão da cooperação com outros actores fora da comunidade de segurança
Atlântica. Em contraste, o Relatório dos Peritos dedica oito páginas ao mesmo
assunto
35
GROUP OF EXPERTS - «NATO 2020: Assured Security; Dynamic Engagement», pp. 23 e
28.
36
DAALDER, Ivo H. e GOLDGEIER, James ' «Global NATO». In Foreign Affairs,
Outubro/Novembro de 2006. Disponível em http://www.foreignaffairs.com/articles/
61922/ivo-daalder-and-james-goldgeier/global-nato.
37
GROUP OF EXPERTS - «NATO 2020: Assured Security; Dynamic Engagement», p.29
38
A conferência em questão ocorreu na Universidade Católica no passado dia 2 de
Junho de 2010. A transcrição do discurso pode ser consultada em http://
www.nato.int/cps/en/natolive/opinions_64814.htm
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