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BrBRCVAg0100-29452001000200040

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National varietyBr
Year2001
SourceScielo

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RESPOSTA DO ABACAXIZEIRO À ADIÇÃO DE NITROGÊNIO, POTÁSSIO E CALCÁRIO EM LATOSSOLO AMARELO DO NORDESTE PARAENSE RESPOSTA DO ABACAXIZEIRO À ADIÇÃO DE NITROGÊNIO, POTÁSSIO E CALCÁRIO EM LATOSSOLO AMARELO DO NORDESTE PARAENSE 1

INTRODUÇÃO O Brasil é um dos três maiores produtores mundiais de abacaxi, sendo o maior produtor na América do Sul. Entre os principais Estados produtores, estão Minas Gerais, Pará e Paraíba (IBGE, 1997).

No Estado do Pará, a cultura do abacaxi tem sido importante para a economia de alguns municípios, por ser uma espécie rústica e adaptada às condições edafoclimáticas adversas que ocorrem nessa região. Na Ilha de Marajó, existem áreas planas extensas com mais de 30 anos de tradição no cultivo do abacaxizeiro. Os municípios de maior produção são Cachoeira do Arari e Salvaterra, sendo os municípios de Soure e Ponta de Pedras com tendência de expansão. No sul do Pará, destacam-se os municípios de Floresta, Conceição do Araguaia e Redenção (Rodrigues & Alves, 1998).

Segundo Netto et al. (1996), a participação do Brasil no mercado externo dessa fruteira é pequena apesar de ser típico das regiões tropicais e subtropicais, e altamente consumido em todo o mundo, tanto in natura quanto na forma de produtos industrializados. No entanto, segundo os autores, para se ter competitividade no mercado externo, é necessária a oferta de frutos de excelente qualidade.

Uma adubação equilibrada propicia maiores produções, obtenção de frutos de melhor qualidade e maior resistência a pragas e doenças (Malavolta, 1980).

Os solos do Estado do Pará, em sua grande maioria, apresentam baixa fertilidade natural e baixa saturação por bases. Segundo Paula et al. (1998), os nutrientes mais exigidos pelo abacaxizeiro são potássio, nitrogênio e cálcio. Também Paula et al. (1991) observaram em um experimento sobre calagem e adubação do abacaxizeiro com nitrogênio e potássio, em um Latossolo Vermelho de Minas Gerais, que a calagem não promoveu aumentos na produção, mas propiciou melhor utilização do potássio pelas plantas. A adubação potássica promoveu aumentos na produção nas doses de 720 e 936 kg/ha de K2O, respectivamente, na presença e ausência de calagem. Na presença de N e K, a produção máxima foi de 34 t/ha.

Desse modo, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da aplicação do nitrogênio e do potássio sob a presença e ausência de calagem para o cultivo do abacaxizeiro na mesorregião do nordeste paraense.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na área da fazenda da CITROPAR - Cítricos do Pará S.A., situada na mesorregião do nordeste paraense, município de Capitão Poço, no período compreendido entre abril de 1997 e novembro de 1998, em solo classificado como Latossolo Amarelo distrófico, textura franco-arenosa (Oxisol), cuja amostragem, anterior à instalação do experimento, foi efetuada na camada de 0¾20 cm de profundidade, para a caracterização química e física (Tabela_1). O clima do município é do tipo Ami (Köppen), com precipitação de 2.502 mm anual, com freqüência média de 140 a 180 dias de chuvas, ocorrendo um período de maior precipitação nos meses de fevereiro março e abril, temperatura média anual de 26,9ºC e umidade relativa média de 80% (Bastos, 1972).

Utilizou-se o delineamento em blocos ao acaso, com três repetições, sendo os tratamentos dispostos em esquema de parcelas subdivididas, correspondendo a quatro doses de nitrogênio, quatro de potássio e duas de calcário. Na parcela, ficaram as doses de calcário e, na subparcela, as combinações das doses de nitrogênio e potássio.

Foi plantada a cultivar Pérola (Ananas comosusL. Merril), com mudas tipo rebentos de peso médio em torno de 180 gramas, com espaçamento de 90 cm entre fileiras duplas, 40 cm entre as filas simples e 30 cm entre plantas. Cada subparcela foi composta de 60 plantas, com 32 plantas úteis.

Os tratamentos corresponderam a quatro doses de nitrogênio (0; 6; 12 e 18 g/ planta de N) na forma de uréia; e quatro doses de potássio (0; 9; 18 e 27 g/ planta de K2O) na forma de cloreto de potássio. A necessidade de calagem foi baseada na elevação da saturação por bases de acordo com Raij (1983), sendo que a calagem foi realizada com 40 dias de antecedência do plantio, nas doses de 0 e 1 t/ha de calcário dolomítico com PRNT 90%. A adubação fosfatada foi realizada de uma única vez na cova de plantio, com 3 g/planta de P2O5, na forma de superfosfato simples. A adubação nitrogenada e potássica foi parcelada em quatro vezes, com intervalos de 60 dias, em cobertura, no , , e mês, após o plantio.

A indução floral foi feita aos doze meses de idade, aplicando-se, na roseta central, 50 ml/planta da solução de Ethrel. A amostragem de folhas foi efetuada aos dezoito meses de idade, segundo Manica et al. (1984). Coletaram-se quatro folhas por planta, uma em cada quadrante, num ângulo de 45º, retirando-se a porção basal não clorofilada para análise.

As amostras de folha foram colocadas para secar em estufa com circulação forçada de ar, temperatura entre 60 e 65 ºC, por cerca de quatro dias. Depois de seco, o material foi moído em moinho tipo Willey com peneira de 20 malhas e acondicionado em saquinhos de papel para análises dos teores totais de N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Mn e Zn, seguindo-se os métodos descritos por Malavolta et al. (1989).

Os frutos das plantas úteis foram contados, pesados e feita análise qualitativa em amostra de cada planta útil da parcela, para a determinação do peso médio, produção (t/ha), diâmetro do fruto, comprimento do fruto, teor de suco, acidez total titulável, sólidos solúveis totais e relação sólidos solúveis totais/ acidez total.

Os dados obtidos foram submetidos à análise estatística, utilizando-se do programa estatístico SAS (Statistical Analysis System), utilizando-se dos módulos GLM, ANOVA E REG. Foram ajustadas equações de regressão, para todas as variáveis estudadas, em função das doses de N e K2O. Efetuou-se análise de correlação linear entre as variáveis massa média de frutos, produção de frutos (t/ha), diâmetro do fruto, comprimento do fruto, teor de suco, acidez total titulável, sólidos solúveis totais e relação sólidos solúveis /acidez.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Produção e peso dos frutos Pela análise de correlação linear, detectou-se uma associação positiva e significativa entre a produção de frutos, diâmetro de frutos e comprimento de frutos. Não houve correlação significativa entre produção de frutos com massa média dos frutos, conforme Tabela_2. Entretanto, a análise de variância não indicou efeito significativo da calagem sobre a produção do abacaxi, o que coincide com os dados obtidos por Magalhães et al. (1978), demonstrando, mais uma vez, que o abacaxizeiro tem boa tolerância à acidez do solo. Houve efeito significativo da aplicação de potássio, sendo que a produção máxima de 79 t ha- 1 de frutos com coroa foi obtida com a dose de 22 g/planta de K2O (Figura_1a).

Isto evidencia a exigência alta ao potássio pela cultura do abacaxi. Segundo Malavolta (1980), quando o nível de cálcio no solo é baixo, adições de cálcio irão aumentar a absorção de potássio, pois o cálcio regula a estrutura e funcionamento das membranas.

Para a massa média dos frutos, ocorreu efeito significativo das doses de potássio e da interação calagem x doses de potássio. Respostas a essa interação também foram encontradas por Paula et al. (1991). O desdobramento para potássio dentro dos níveis de calagem é apresentado na Figura_1b, onde se observa que a massa média dos frutos na ausência da calagem foi superior em relação à presença da calagem. Conforme relato de Malavolta (1982), em solos com baixa saturação em cálcio e magnésio, o potássio fornecido pelo fertilizante pode ocupar os sítios disponíveis para a troca de cátions em lugar de ficar na solução do solo, onde seria absorvido pela raiz.

Diâmetro e comprimento do fruto A análise de variância revelou efeito significativo para potássio sobre o diâmetro do fruto. Para o comprimento dos frutos, a análise de variância indicou efeito significativo para potássio e interação nitrogênio x calagem.

O efeito de doses de potássio sobre o diâmetro dos frutos é de forma quadrática, com ponto máximo em 19,7 g de K2O/planta, correspondente ao diâmetro do fruto estimado de 40,5 cm (Figura_2). Bezerra et al.(1981) obtiveram maior diâmetro do fruto de abacaxi com uso de maiores doses de potássio. Os autores observaram efeito significativo da interação entre as doses de nitrogênio e doses de potássio, favorecendo o desenvolvimento do fruto de abacaxi.

O comprimento dos frutos foi influenciado por doses de nitrogênio, na ausência e na presença da calagem, de forma quadrática, com pontos máximos de 9,4 e 11,4 g de N/planta, correspondente ao comprimento dos frutos, estimado em 22,0 e 21,8 cm, respectivamente, nos tratamentos sem e com calagem (Figura_3a). A relação entre a aplicação de K e o comprimento dos frutos também possui representação quadrática, com ponto máximo em 22,7 g de K2O/planta (comprimento do fruto estimado: 22,2 cm) (Figura_3b). Bezerra et al.(1981) observaram efeito significativo para N e K, e a interação entre as doses de nitrogênio e doses de potássio favorecendo o comprimento do fruto de abacaxi.

Concentração de nutrientes nas folhas Os teores de N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Mn e Zn no tecido foliar do abacaxizeiro "Pérola", em função das doses de nitrogênio, potássio e calcário, encontram-se na Tabela_3. Verifica-se que houve elevação nos teores foliares de N e K com a aplicação da uréia e do cloreto de potássio e de Ca e Mg com a realização da calagem.

Os teores de nitrogênio, encontrados no tecido foliar, revelaram que a adubação nitrogenada foi adequada, encontrando-se dentro da faixa adequada de nutrição do abacaxizeiro, ou seja, a aplicação de 12 g de N/planta proporcionou teor foliar de 12,9 g kg-1 de N (Haag et al., 1963).

A adubação potássica proporcionou comportamento semelhante do abacaxizeiro com as doses estudadas, em que, com a aplicação de 18 g de K2O/planta, obteve-se teor foliar de 17,3 g kg-1 de K, considerado adequado por Hiroce et al.(1977).

A calagem aumentou os teores de Ca e Mg trocáveis no solo, o que contribui para o acréscimo no tecido foliar do abacaxizeiro. Com a aplicação de 1 t ha-1 de calcário dolomítico, obtiveram-se teores foliares de 11,2 g kg-1 de Ca e 2,6 g kg-1de Mg, considerados abaixo da faixa nutricional adequada por Haag et al.

(1963).

A adubação potássica reduziu os teores foliares de Ca e Mg (Tabela_3). De acordo com Malavolta (1982), quando o K é aplicado em uma cultura que responde a este nutriente, o teor de Mg no tecido foliar geralmente reduz-se a um nível abaixo do exigido para uma alta produção.

Qualidade do fruto A análise de correlação linear mostrou relação negativa entre a produção e a acidez total, não detectando correlação significativa entre a produção de frutos e o teor de suco e sólidos solúveis (Tabela_2). A análise de variância revelou efeito significativo para as doses de nitrogênio e interação N x K sobre o rendimento de suco. Houve também efeito significativo das doses de K para o rendimento de suco, acidez total e a relação sólidos solúveis/acidez. A calagem e a interação calagem x N influíram significativamente na acidez e na relação sólidos solúveis/acidez. Fez-se o desdobramento para N dentro das doses de potássio, observando-se resposta quadrática para N dentro de K0, K1 e K3 (Figura_4a). Observou-se que, para os frutos de abacaxi atingirem um rendimento de suco máximo de 56,3% e 60,6%, seria necessária a aplicação de 8,9 e 8,5 g/ planta de N. Houve também resposta quadrática para potássio dentro de N1, N2 e N3 (Figura_4b). O rendimento estimado de 58,6% e 60,5%, do teor de suco de abacaxi, seria obtido com a aplicação de 17,5 e 12,3 g/planta de K2O.

Os teores de sólidos solúveis totais dos frutos foram influenciados pela calagem e diminuíram com a aplicação de calcário; no entanto, a acidez dos frutos foi elevada significativamente com a adubação nitrogenada na presença da calagem, conforme mostra a Figura_5a. Na Figura_5b, observa-se que houve resposta linear decrescente das doses de potássio sobre a acidez do fruto.

CONCLUSÕES 1 - A calagem não aumentou a produção e o teor de K nas folhas. Além disso, diminuiu o tamanho dos frutos.

2 - A adubação nitrogenada não teve efeito na produção e massa do fruto com coroa, mas, na presença das doses de potássio, elevou o rendimento de suco do abacaxi.

3 - A adição de potássio, na forma de cloreto de potássio, aumentou a produção de forma quadrática, estimando-se uma produção máxima de 79 t/ha de frutos com coroa com a dose de 22 g/planta de K2O. O diâmetro e o comprimento do fruto aumentaram com as doses de potássio, e a acidez do fruto decresceu linearmente.

4 - Os teores de Ca e Mg, nas folhas, aumentaram com aplicação de calcário.


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