QUANTIDADE E PREÇOS DA BANANA-'PRATA' COMERCIALIZADA NAS CEASAS DO DISTRITO
FEDERAL, SÃO PAULO, BELO HORIZONTE E RIO DE JANEIRO, NO PERÍODO DE 1995 A 1999
QUANTIDADE E PREÇOS DA BANANA-'PRATA' COMERCIALIZADA NAS CEASAS DO DISTRITO
FEDERAL, SÃO PAULO, BELO HORIZONTE E RIO DE JANEIRO, NO PERÍODO DE 1995 A 19991
INTRODUÇÃO
A banana ocupa o segundo lugar dentre as frutíferas cultivadas no Brasil, após
os cítricos, apresentando uma produção estimada de 6,0 milhões de toneladas
anuais e uma área cultivada próxima de 500.000 hectares (Silva & Torres
Filho,1997).
A bananeira, por ser uma frutífera de clima tropical, apresenta um maior
desenvolvimento em condições de temperatura média anual elevada (igual ou
superior a 22ºC), precipitações pluviométricas anuais acima de 1.200 mm e bem
distribuídas. Portanto, a época de colheita da banana está relacionada com as
condições climáticas e com os tratos culturais (Manica, 1997). Segundo este
autor, a bananeira apresenta um ciclo mais curto durante o período quente e
úmido e mais longo no período frio e seco. Sendo assim, os cachos desenvolvem-
se mais rapidamente nos meses quentes, causando maior oferta do produto e,
conseqüentemente, menores preços. Já nos meses frios, ocorre o contrário, pois
o desenvolvimento dos cachos é retardado, reduzindo a oferta e provocando
maiores preços.
A banana é caracterizada pelo comércio de vizinhança e, por ser um produto
muito perecível, é importante que sua comercialização seja rápida, racional e
com cuidados para reduzir as perdas e, ainda, para que o produto chegue ao seu
destino em boas condições. A qualidade da fruta é essencial não apenas para a
exportação, mas também para o mercado interno, pois muitos supermercados já
diferenciam os preços de produtos perecíveis, caso das frutas, através da marca
e, obviamente, da qualidade (Anuário Estatístico, 1998).
A estrutura de comercialização da banana no Brasil consiste, quase sempre, na
participação direta do produtor e do comprador, sendo que as CEASAS apenas
centralizam a distribuição dos produtos nas capitais dos estados.
Com relação à formação do preço, a mesma depende dos seguintes fatores:
procura, qualidade e quantidade ofertada. No Brasil, a quantidade de banana
ofertada é grande; no entanto, a qualidade do produto, em determinados locais,
ainda é baixa, contribuindo para que o preço, principalmente ao nível de
produtor, seja baixo. A baixa qualidade da banana e a adoção de estruturas
precárias de produção e comercialização são consideradas entraves à exportação
da fruta pelo País (Pizzol e Eleutério, 2000).
Alguns produtores de bananas já estão se conscientizando de que a qualidade é
um dos principais fatores na formação do preço, e por isso estão investindo em
novas tecnologias para o manejo pós-colheita desses frutos. No entanto, ainda
são poucos aqueles que utilizam tecnologias adequadas aos padrões
internacionais.
Com o advento do Plano Real (estabilização da moeda brasileira) e também com a
tendência moderna de uma dieta mais saudável, houve um aumento do consumoper
capita de frutas. No Brasil, o consumo per capita de banana evoluiu de 21,5 kg/
hab/ano no triênio 73/75 para 24,4 kg/hab/ano no triênio 95/96 (Mascarenhas,
1999). Este incremento no consumo da banana contribuiu para um aumento dos
preços, seguindo a lei da oferta e procura.
Portanto, é muito importante o conhecimento da variação estacional de preço e
quantidade, para a orientação dos bananicultores, dos comerciantes e até dos
consumidores, pois as oscilações de preços têm efeito na elaboração do
orçamento familiar e também no fluxo de caixa dos produtores (Perez et al.,
1995).
O presente trabalho teve como objetivo verificar a variação das quantidades e
preços da banana- 'Prata' comercializada nas CEASAS do Distrito Federal (DF),
São Paulo (SP), Belo Horizonte (BH) e Rio de Janeiro (RJ).
MATERIAL E MÉTODOS
Neste trabalho, foram utilizados dados dos levantamentos mensais da quantidade
de banana- 'Prata' comercializada nas CEASAS do DF, SP, BH e RJ, no período de
julho de 1994 a dezembro de 1999, registrados pelas respectivas CEASAS.
As quantidades de banana-'Prata' mensalmente comercializadas são o somatório
das quantidades diárias, enquanto as quantidades anuais são a média dos meses
no referido ano. Estas quantidades, anteriormente em quilograma, foram
convertidas para tonelada.
Os preços médios mensais, corrigidos pelo índice de inflação mensal, foram
obtidos também através de levantamentos feitos pelas respectivas CEASAS, sendo
apresentados em R$/kg. Os preços médios anuais representam a média dos preços
médios mensais no referido ano, em valores nominais.
Para comparação das quantidades e preços médios anuais e mensais, foi aplicado
o teste de Tukey, ao nível de 5% probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela_1, encontram-se os dados referentes às quantidades e preços médios
anuais da banana- 'Prata' comercializada nas CEASAS do DF, SP, BH e RJ, no
período de janeiro de 1995 a dezembro de 1999. Verificou-se que, até 1997,
houve um aumento significativo na quantidade média de banana comercializada nas
4 CEASAS analisadas, decrescendo em 1998 e voltando a crescer em 1999. A
quantidade média de banana comercializada foi maior no ano de 1999 nas CEASAS
do DF, BH e RJ, enquanto, na CEAGESP, esta foi maior em 1997. O ano de 1995
apresentou menor volume comercializado.
Os preços médios anuais diferiram estatisticamente, sendo que, em todas as
CEASAS, estes foram maiores em 1995 e menores em 1997 (exceto na CEASA/RJ).
Isso mostra que, em 1995, o preço seguiu a lei da oferta e procura; já em 1997,
o comportamento foi atípico. Esta variação pode também ser devida às
adversidades climáticas nas zonas produtoras.
Na CEAGESP, no período analisado, a média de comercialização da banana-'Prata'
foi de 1.012 toneladas anuais, bastante inferior quando comparada com o volume
comercializado nas CEASAS de BH e RJ. Isto se deve ao fato de a banana-'Prata'
representar apenas 17,4% da banana comercializada no Estado de São Paulo, sendo
a banana-'Nanica' responsável por 72%, em contraste com as CEASAS do RJ, BH e
DF, onde a banana-'Prata' responde por 77,8%; 58,7% e 40,9%, respectivamente,
do volume total comercializado de banana (Mascarenhas, 1999). O preço médio
anual foi maior na CEASA/RJ (R$ 1,01/kg), que foi 18,8%; 32,9% e 80,4% superior
quando comparado ao preço praticado nas CEASAS do DF, SP e BH, respectivamente.
O fato de a média dos preços anuais praticados nas CEASAS de SP e BH terem sido
inferiores à média dos preços das CEASAS do DF e RJ, pode ser atribuído ao fato
de estes entrepostos estarem situados próximos das principais zonas produtoras
de banana do Brasil. No caso de São Paulo, dados mostram que cerca de 70% da
banana-'Prata' é oriunda de municípios do próprio Estado (FrutiSéries 6, 1998).
As quantidades e os preços médios mensais da banana-'Prata' comercializada nas
CEASAS do DF, SP, BH e RJ estão na Tabela_2. Houve diferença significativa na
quantidade média mensal comercializada em todas as CEASAS. A quantidade de
banana-'Prata' comercializada nas quatro CEASAS tendeu a ser maior no período
de setembro a janeiro, concordando com Perez et al. (1995) que concluíram que
as condições climáticas (chuva e temperatura) afetam tanto a oferta quanto a
demanda de banana. Segundo estes autores, os maiores índices de precipitação
pluviométrica e temperatura elevada aceleram a formação dos cachos, aumentando
a quantidade de banana enviada ao mercado e provocando a redução dos preços e
vice-versa. Conte et al. (1994) observaram que a quantidade de banana
comercializada na CEASA/RS, no período de 1985 a 1995, foi maior no mês de
março, a qual foi estatisticamente superior ao volume comercializado no período
de junho a outubro e semelhante à quantidade comercializada nos demais meses.
A quantidade média mensal comercializada teve relação inversa e direta com o
preço médio mensal para as CEASAS do DF e BH, já as demais apresentaram, em
alguns meses, um comportamento atípico, ou seja, alta oferta e altos preços.
Observou-se que houve variação estatística do preço médio mensal da banana-
'Prata' comercializada nas CEASAS do DF, SP e BH no período analisado. Os meses
de junho e julho apresentaram maior preço médio mensal em todas as CEASAS,
mostrando que, no período onde geralmente as temperaturas são mais baixas, a
oferta da banana é menor, provocando assim aumento dos preços. O preço médio,
em todas as CEASAS, foi menor nos meses de outubro, novembro e dezembro, que
normalmente coincide com altas temperaturas e pluviosidade, favorecendo o
desenvolvimento da cultura da banana e, conseqüentemente, aumentando a oferta
do produto.
É importante, portanto, que os produtores de banana estejam preparados para
colocar seu produto no mercado e fazer a negociação de sua produção, buscando
deslocá-la para épocas de melhores preços. Uma das formas de se deslocar a
produção do bananal seria através do manejo das touceiras pela eliminação
programada das brotações e com um adequado manejo nutricional e fitossanitário
da cultura.
Sugere-se que os produtores adotem novas tecnologias de cultivo para melhorar a
qualidade do fruto e aumentar a eficiência na produção e na comercialização,
reduzindo perdas e custos, e aumentando receitas.
CONCLUSÕES
A análise dos dados permite concluir que:
1. As quantidades médias de banana-'Prata' comercializadas nas CEASAS estudadas
apresentaram variações significativas. Já a quantidade média mensal foi estável
apenas na CEAGESP.
2. O preço médio anual da banana-'Prata' praticado nas CEASAS do DF, SP, BH e
RJ foi maior em 1995 e menor em 1997 (exceto na CEASA/RJ).
3. O preço médio mensal da banana-'Prata' não diferiu significativamente apenas
na CEASA/RJ, sendo maior nos meses de junho e julho.