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BrBRCVAg0100-29452002000100015

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National varietyBr
Year2002
SourceScielo

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Atratividade e preferência alimentar de adultos de Epicauta atomaria (Germ., 1821) (Col.: Meloidae) em maracujazeiros (Passiflora spp.), sob condições de laboratório ATRATIVIDADE E PREFERÊNCIA ALIMENTAR DE ADULTOS DE Epicauta atomaria(Germ., 1821) (COL.: MELOIDAE) EM MARACUJAZEIROS (Passifloraspp.), SOB CONDIÇÕES DE LABORATÓRIO1

INTRODUÇÃO A cultura do maracujazeiro apresenta uma rica fauna formada por ácaros e insetos, sendo alguns extremamente úteis (polinização) e outros altamente nocivos (Santos & Costa, 1983; Ruggiero et al.,1996; Nascimento, 1997).

Boiça Jr. (1998) afirma que praticamente todas as estruturas do maracujazeiro (ramos, folhas, botões florais, flores e frutos) podem ser atacadas por insetos, afetando significativamente a produtividade.

Boaretto et al.(1994) alertam para o surgimento de determinadas espécies de insetos assumindo o "status"de praga e sobrepondo em danos aquelas tradicionalmente relacionadas na literatura como "chaves". Epicauta atomaria(Germ.) não está relacionada entre as principais pragas da cultura do maracujazeiro. Gallo et al.(1988) descrevem E. atomariacomo uma praga polífaga, cujo adulto mede cerca de 8 a 17 mm de comprimento, de coloração geralmente escura, com corpo revestido de pêlos finos e curtos de cor cinza. Em grandes populações, os adultos destroem em pouco tempo as folhas de diversas culturas, deixando apenas as nervuras. Teixeira (1994) cita que este inseto ocasionou grandes danos na década de 80 nas regiões de Campinas e Jaboticabal - SP, atacando Passiflora edulis(Sims) e P. serrato digitata(L.), respectivamente.

Danos ocasionados por E. atomariaem leguminosas foram citados por Lourenção et al. (1985), que notaram desfolha entre 17,2% e 32,0 % nas plantas de farinha- seca. Estudando outras leguminosas, Nead et al.(1996) constataram que as plantas de tremoço são mais preferidas por Epicauta fabricini(Leconte) que as de feijão, grão-de-bico e lentilha. Boiça Jr. et al.(1996) compararam a preferência alimentar de E. atomariaentre nove espécies de maracujazeiro, constatando maior atratividade e consumo do inseto em folhas de P. caerulea.

Segundo Rossetto et al. (1981) e Lara (1991), o controle de insetos pelo uso de materiais resistentes é o método ideal, principalmente em virtude da preservação ambiental e da sensível redução nos custos de produção. Devido à escassez de trabalhos com este enfoque, desenvolveu-se esta pesquisa com o objetivo de selecionar espécies de maracujazeiro resistentes a E. atomaria, através da avaliação de sua preferência alimentar e da atratividade dos materiais.

MATERIAL E MÉTODOS Foram conduzidos no Laboratório de Resistência de Plantas a Insetos, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP, Jaboticabal, entre os anos de 1998 e 1999, ensaios de preferência alimentar de adultos de E.

atomariaem cinco espécies de maracujazeiro. Todos os insetos foram coletados na cultura da alfafa, evitando o condicionamento pré-imaginal, citado por Lara (1991), e mantidos em jejum durante 24 horas antes do início dos ensaios.

Ensaios com discos foliares.Foram realizados testes de consumo e atratividade, simultaneamente, utilizando-se de discos foliares das espécies P. alata, P.

edulisf. flavicarpa, P. nitida, P. setaceae P. giberti. Para tanto, retiraram- se dois discos de folhas novas, simetricamente opostos (vazador de 2,54 cm de diâmetro), sendo um deles utilizado como tratamento e outro como testemunha.

Utilizaram-se placas de Petri, colocando-se um disco de papel de filtro umedecido ao fundo, sendo os discos dos diferentes genótipos distribuídos ao acaso, em círculo, no interior destas. Liberaram-se 5 adultos por placa. Foram empregadas 10 repetições em delineamento de blocos casualizados. Foram avaliados o consumo dos insetos e o número de indivíduos atraídos pelos discos aos 15; 30; 60; 90; 120 e 180 minutos da liberação. Durante o período de avaliações, as placas de Petri foram mantidas dentro de uma BOD (25 ± C e 65 ± 10% UR) e após constatado o consumo entre 80 e 100% num dos tratamentos, encerrou-se o ensaio. A seguir, os discos utilizados como tratamentos e testemunhas foram pesados, calculando-se o peso consumido pelos insetos em cada tratamento, descontando-se a respectiva percentagem de umidade perdida para o meio. Para o teste de consumo sem chance de escolha, seguiu-se a mesma metodologia descrita nos testes com chance, colocando-se, porém, 1 disco foliar/espécie/placa, juntamente com 2 insetos, seguindo um delineamento inteiramente casualizado. Neste ensaio, não foi avaliada a atratividade dos materiais.

Ensaio com olfatômetro.Para este ensaio, folhas novas de cada espécie (exceto P. giberti) foram coletadas no campo, sendo posteriormente lavadas e secas em laboratório. Pesou-se 1g de cada folha, colocando-as em seguida dentro de um cadinho de porcelana, juntamente com 5 gotas de água destilada. Este material foi macerado até que fosse obtido o extrato aquoso de cada tratamento. Colocou- se 1 ml de cada extrato em porções de algodão, sendo estas conduzidas para compartimentos do olfatômetro, localizado em outra sala. Os insetos (2/espécie) permaneceram 5 minutos dentro do olfatômetro ligado, sem possibilidade de acesso aos materiais; após este período, foi liberada a passagem para os compartimentos, avaliando-se o número de insetos atraídos a 1; 5; 15; 30; 45 e 60 minutos da liberação. Efetuaram-se 10 repetições em delineamento de blocos casualizados.

Análise Estatística.Os dados foram transformados em e submetidos à análise de variância, sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Ensaios com Discos Foliares.O consumo médio de discos por adultos de E.

atomariano teste com chance de escolha (Tabela_1) foi maior em P. setacea(31,32 10,30 mg), diferindo significativamente das demais espécies. Embora tenha sido consumida (2,94 1,55 mg) em reduzida quantidade, P. edulisf. flavicarpanão diferiu significativamente de P. alata, P. nitidae P. giberti, cujos discos não foram atacados. Em teste de consumo sem chance de escolha (Tabela_1), P.

setaceanovamentediferiu significativamente das demais espécies; entretanto, neste tipo de ensaio, todos os materiais, com exceção de P. nitida, foram consumidos. Estes dados indicam que as folhas de P. giberti e principalmente P.

nitidasão menos preferidas para alimentação pelo inseto em relação às demais espécies, sugerindo a não-preferência como mecanismo de resistência nestes materiais. Níveis mais baixos de não-preferência para alimentação também foram constatados em P. edulisf. flavicarpae P. alata. Em ensaio semelhante, Boiça Jr. et al. (1996) também observaram que discos foliares de P. edulisf.

flavicarpa, P. alatae P. nitidaforam pouco preferidos por E. atomaria; entretanto, a espécie P. giberti não estava incluída nos testes.

Com relação à atratividade dos discos de folha (Figura_1), P. setaceafoi o mais atrativo para o inseto em todos os períodos de avaliação, diferindo significativamente das outras espécies. Com exceção de P. edulisf. flavicarpa a 15 e 30 minutos da liberação e P. alataa 180 minutos da liberação, que mostraram atração semelhante a P. setacea nos demais tempos de avaliação, as espécies P. nitidae P. gibertiforam semelhantes entre si quanto à atratividade foliar.

Ensaio com Olfatômetro.A atratividade em olfatômetro (Figura_2) mostra que 1 minuto após a liberação dos compartimentos, os extratos foliares de P. setacea, P. edulisf. flavicarpae P. alataforam mais atrativos, diferindo significativamente de P. nitidaque não atraiu nenhum indivíduo. A baixa atratividade em discos foliares de P. nitidajá havia sido relatada por Boiça Jr. et al. (1996); entretanto, no presente estudo, avaliou-se a atratividade dos extratos foliares em olfatômetro, o que torna os resultados mais precisos neste tipo de avaliação. A partir de 5 minutos da liberação dos compartimentos, notou-se não mais haver diferença estatística entre os extratos, podendo-se, porém, constatar que o extrato foliar de P. setaceafoi ligeiramente mais atrativo, sobretudo a 45 e 60 minutos, confirmando os resultados observados na Tabela_1 e Figura_1. O fato de os insetos estarem presentes dentro do olfatômetro 5 minutos antes da liberação dos compartimentos, pode ser uma possível explicação para a constatação de diferença estatística entre os extratos somente após 1 minuto da liberação. Isto sugere que, neste ambiente, talvez não seja necessário deixá-los por mais tempo para detectar-se a atração de E. atomaria.

Os elevados níveis de não-preferência para alimentação obseravdos em P. nitidae P. giberti, principalmente em teste de consumo sem chance de escolha, sugerem que talvez essas espécies não sejam hospedeiras naturais do inseto. com relação a P. edulisf. flavicarpae P. alata, o fato de também terem apresentado não-preferência para alimentação vem questinar a indicação de E. atomariacomo praga de espécies comerciais de maracujazeiro.

CONCLUSÕES 1) As folhas de P. setaceasão altamente suscetíveis ao ataque do inseto.

2) As espécies P. nitidae P. gibertisão resistentes a E. atomaria,expressando não-preferência para alimentação (atratividade e consumo).

3) As espécies P. edulisf. flavicarpae P. alata apresentam não-preferência para alimentação em níveis mais baixos.


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