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BrBRCVAg0100-29452002000100032

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National varietyBr
Year2002
SourceScielo

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Desempenho de sementes de sapoti (Achras sapota L.) submetidas a diferentes tratamentos pré-germinativos

INTRODUÇÃO O sapotizeiro (Achras sapotaL.) é uma espécie exótica no Brasil (Moura et al., 1983), sendo cultivado na região Nordeste, principalmente para consumo de frutos "in natura", e para a industrialização de sucos, sorvetes e geléias. Em virtude do ótimo sabor e aroma apresentados, alcançam elevados preços nos mercados regionais (Guia Rural, 1991). Essa espécie tem sido usada também na medicina popular, em que componentes das sementes e da casca dos ramos, que apresentam propriedades diuréticas e antipiréticas, são empregados para dissolver cálculos hepáticos, nefríticos e combater a anorexia (Cordeiro et al., 1996).

Para justificar o presente estudo, considera-se principalmente o potencial e as possibilidades para exploração dessa frutífera e, conseqüentemente, sua expansão na região Nordeste. Para isso, entende-se que as sementes devem, de início, ser objeto primordial a ser estudado.

Considerando que a germinação das sementes de sapoti ocorre lenta e tardiamente (estudos preliminares), o presente trabalho teve como objetivo testar diferentes tratamentos pré-germinativos, visando a uniformizar e acelerar a emergência de plântulas.

MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido em casa de vegetação, no Departamento de Fitotecnia do Centro de Ciências Agrárias da UFPB, Areia-PB, no período de 29/02 a 19/05 de 2000. As sementes de sapoti foram obtidas de frutos colhidos no estádio "de vez", a partir de matrizes localizadas no município de Pilõezinhos-PB.

Os frutos foram mantidos no ambiente de laboratório a uma temperatura de 28oC e 65% de umidade relativa, tardando em torno de 12 dias para que atingissem o amadurecimento total (pericarpo amolecido ao tato), procedendo-se a extração das sementes. Em seguida, as mesmas foram postas para secar à sombra, sobre folhas de papel jornal durante cinco dias. Os tratamentos pré-germinativos foram os seguintes: T1, imersão em água a 60°C por 1 minuto; T2, imersão em água a 60°C por 2 minutos; T3, imersão em água a 60°C por 3 minutos; T4, corte lateral ao embrião, seguido de embebição em água por 24 horas; T5, corte lateral ao embrião, sem embebição; T6, corte distal ao embrião, seguido de embebição em água por 24 horas; T7, corte distal ao embrião, sem embebição; T8, corte lateral+distal ao embrião, seguido de embebição em água por 24 horas; T9, corte lateral+distal ao embrião, sem embebição; e T10, Testemunha (ausência de tratamento). O corte no tegumento foi efetuado utilizando-se de estilete, conforme ilustra a Figura_1.

Após os tratamentos, as sementes foram colocadas em bandejas com dimensões de 45cm x 30cm x 7cm, contendo areia lavada e autoclavada. Diariamente, realizaram-se irrigações com regador manual, para manter a umidade do substrato. Foram avaliadas as seguintes variáveis: percentagem de emergência (realizada aos 45 dias); índice de velocidade de emergência (IVE) com registro do número de plântulas emersas diariamente a partir do 20o até o 45o dia; comprimentos de raiz e hipocótilo; e peso de matéria seca de planta, aos 60 dias após emergência. O IVE foi calculado segundo fórmula proposta por Maguire (1962).

O delineamento experimental foi o Inteiramente Casualizado, constando de 10 tratamentos e quatro repetições com 25 sementes. Os dados foram expressos em percentagem, e a análise de variância foi efetuada aplicando-se o teste F, sendo as médias dos tratamentos comparadas pelo teste de Duncan, ao nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Com base na análise de variância (Tabela_1), observa-se que houve efeito significativo em todas as características avaliadas ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F, exceto para peso de matéria seca de planta (5%).

Quanto à percentagem de emergência de plântulas e IVE (Tabela_2), constatou-se que os maiores valores (81% e 0,58, respectivamente) foram verificados com as sementes submetidas ao corte lateral sem embebição. Esses valores diferiram estatisticamente dos obtidos com as sementes imersas em água a 60°C, e daquelas que sofreram cortes lateral, distal e lateral+distal, com embebição por 24 horas. Resultados contraditórios foram obtidos por Firmino et al. (1997), em sementes de cajá (Spondias lutea L.), onde não encontraram diferença significativa com relação à percentagem de emergência para os três tipos de escarificação (distal, proximal e proximal+distal ao embrião) e períodos de embebição (2, 4 e 6 horas) estudados; no entanto, observaram que a escarificação realizada na região proximal+distal ao embrião, durante 2 horas de embebição, promoveu uma maior percentagem de emergência em relação aos demais tratamentos. Por outro lado, Souza & Varela (1989) constataram que, em sementes de orelha-de-macaco (Enterolobium schomburgkii Benth), os tratamentos submetidos ao corte do lado oposto à emissão da radícula e à escarificação manual foram eficientes, porém, não diferiram significativamente em relação à percentagem de germinação. Em sementes de mulungu (Erithrina speciosa Andr.), Carvalho et al. (1980) verificaram que a escarificação próxima à extremidade das sementes acelerou a germinação, resultando em plântulas mais vigorosas. Em cajá, a maior velocidade de emergência foi alcançada com as sementes despontadas na região proximal ao embrião (Firmino et al., 1997).

Pode-se observar ainda, na Tabela_2, que a imersão em água a 60°C, independentemente do tempo utilizado, foi extremamente prejudicial à qualidade fisiológica das sementes, apresentando valores abaixo de 25% (emergência) e 0,12 (IVE). Verificou-se que os tratamentos constituídos por cortes seguidos de embebição foram pouco efetivos, apresentando valores de emergência e IVE inferiores a 35% e 0,22, respectivamente; principalmente quando comparados com aqueles não submetidos a embebição que, apesar de não diferirem do tratamento corte lateral+distal ao embrião, sem embebição, exibiram valores considerados elevados; e também com a testemunha, cujas sementes não foram submetidas a nenhum tipo de tratamento pré-germinativo, e não obstante, apresentaram uma superioridade, em termos absolutos, em relação aos tratamentos seguidos de embebição.Varela & Ferraz (1991), estudando sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale (Cav.ex Lam.) Urb, verificaram que a velocidade de germinação foi maior quando utilizaram a escarificação manual e imersão em água durante 6 horas.

Os resultados observados constituem um indicativo dos efeitos deletérios causados pela embebição das sementes por 24 horas, os quais podem ser atribuídos à perda de parte dos constituintes celulares por lixiviação para o exterior da célula (Leopold, citado por Vieira & Carvalho, 1994), ou provavelmente à redução na disponibilidade de oxigênio em condição de temperatura elevada (28°C) durante a embebição das sementes, segundo afirma Popinigis (1985). Este autor constata que, no processo de embebição em água, a reidratação das macromoléculas e organelas celulares proporcionam o aumento das atividades respiratórias da semente e causam, com isto, o aparecimento imediato de avidez das células por oxigênio.

Quanto aos comprimentos de raiz, de hipocótilo e peso de matéria seca de plantas (Tabela_2), não se constataram diferenças significativas para nenhuma destas características. Tais resultados divergem de Sarmento (1997) em sementes escarificadas de cajá, as quais produziram plantas com maior peso de matéria seca de raiz e de folhas. Entretanto, pode-se observar que o corte lateral sem embebição e a imersão em água a 60°C, nos diferentes tempos, expressaram, em geral, os maiores e menores valores de vigor, respectivamente, reforçando os resultados obtidos em relação à emergência e ao índice de velocidade de emergência de plântulas.

Com base nos resultados obtidos no presente trabalho, sugerem-se novos estudos com o emprego de outros tratamentos pré-germinativos, incluindo menores períodos de embebição, no sentido de se obter maiores respostas na emergência e no vigor de sementes de sapoti.

CONCLUSÕES Nas condições em que o presente trabalho foi realizado, os resultados permitem concluir que: 1) As sementes de sapoti exibem maior percentual e índice de velocidade de emergência quando submetidas ao corte lateral ao embrião, sem embebição.

2) O corte das sementes, seguido de embebição por 24 horas, não foi eficiente para acelerar a emergência e o seu índice de velocidade, nas plântulas de sapoti.

3) A imersão em água a 60°C por 1, 2 e 3 minutos não deve ser recomendada como tratamento pré-germinativo de sementes de sapoti.


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