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BrBRCVAg0100-29452002000100033

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National varietyBr
Year2002
SourceScielo

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Métodos para acelerar a germinação de sementes de Bacuri (Platonia insignis Mart.) MÉTODOS PARA ACELERAR A GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE BACURI (Platonia insignisMart.)1

INTRODUÇÃO O bacurizeiro é uma árvore frutífera e madeireira, pertencente à família Clusiaceae, distribuindo-se por toda a Região Amazônica, sendo o seu provável centro de origem o Estado do Pará, atingindo também os Estados do Maranhão, Goiás, Mato Grosso e Piauí. Ocorre naturalmente na vegetação aberta de transição, nas áreas descampadas, poucas vezes na floresta alta, indiferente aos tipos de solos, sejam pobres, arenosos ou argilosos. O fruto apresenta grande potencial para essas regiões, tanto sob o ponto de vista do seu aproveitamento industrial, como através do seu consumo "in natura" (Alcoforado Filho et al., 1996;Carvalho & Müller, 1996; Cavalcante, 1991; Mourão, 1992).

Por não constituir ainda uma cultura comercialmente estabelecida, a produção de frutos é decorrente, na quase totalidade, de atividades extrativistas, sendo raros os pomares com essa espécie.

O bacurizeiro pode ser propagado tanto por sementes como por processos vegetativos, principalmente por enxertia. Na propagação por semente, o aspecto mais importante é a utilização de sementes novas, pois a mesma apresenta comportamento recalcitrante, possibilitando altas percentagens de germinação, embora o processo seja extremamente lento e com acentuada desuniformidade. O tempo para a emergência da radícula de 50% de um lote é de 17 dias, enquanto, para a emergência do caulículo, é de 600 dias (Carvalho & Müller, 1996; Villachica, 1996). Ainda que o método mais utilizado para a propagação seja o uso de sementes, o excessivo tempo requerido para a germinação limita freqüentemente a formação de plântulas por esta via. Assim, faz-se necessário estudar formas para acelerar a germinação do bacuri, reduzindo o tempo de formação de mudas.

Este trabalho foi realizado com o objetivo de estudar o efeito da remoção da película e da execução de cortes em sementes de bacuri, combinados com lavagens em água morna e solventes orgânicos, visando a reduzir o longo tempo de sua germinação natural.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Embrapa Meio-Norte, em Teresina-PI, sob condições climáticas do tipo Aw', segundo a classificação de Köppen, com temperatura média anual de 26,5ºC, umidade relativa do ar de 70% e precipitação pluviométrica anual de 1300 mm.

As sementes de bacurizeiro utilizadas foram obtidas de frutos adquiridos na Central de Abastecimento (CEASA-PI), oriundos da safra 96/97. O processo de extração envolveu primeiramente a abertura dos frutos, que foram cortados com o auxílio de uma faca. Após a abertura, as sementes foram extraídas com a polpa aderida à sua superfície. A remoção da polpa foi efetuada manualmente, com o auxílio de uma faca, raspando-se a superfície das sementes. Após este processo, as sementes foram selecionadas quanto à uniformidade de tamanho e, em seguida, foram efetuados os cortes e a remoção da película (Figura_1) e posteriormente imersas em água quente e solventes orgânicos, conforme os tratamentos avaliados.

O plantio foi realizado no dia 17 de fevereiro de 1997, utilizando-se de 400 sementes previamente selecionadas quanto à uniformidade de tamanho. A semeadura foi feita em sacos de polietileno preto, medindo 15 cm x 22 cm, com substrato composto de vermiculita, sob condições de casa de vegetação com 70% de sombreamento. As sementes foram semeadas na posição horizontal, com a porção onde está localizada a linha da rafe voltada pra baixo, de modo que a superfície superior ficasse a 1 cm abaixo do nível do substrato. Foram realizadas regas diárias com vistas a manter o substrato sempre úmido.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições e dez tratamentos, sendo a parcela experimental constituída de dez sementes. Os tratamentos avaliados foram: T1 - testemunha (semente sem tratamento prévio); T2 - remoção do tegumento da semente; T3 - remoção do meristema fundamental cortical, através de cortes em planos perpendiculares ao plano dorsal/ventral, nos dois lados da semente, sem atingir o meristema fundamental medular; T4 - T3 mais a remoção do meristema fundamental cortical através de cortes em planos paralelos ao plano dorsal/ventral, na região dorsal, sem atingir o meristema fundamental medular; T5 - T3 mantido em água a 40°C por 20 minutos; T6 - T4 mantido em água a 40°C por 20 minutos; T7 - T3 mantido em etanol 80% por 5 minutos; T8 - T4 mantido em etanol 80% por 5 minutos;T9 - T3 mantido em acetona 80% por 5 minutos; T10 - T4 mantido em acetona 80% por 5 minutos.

Os parâmetros de resposta considerados foram a percentagem de emergência de radículas (PEr), o índice de velocidade de emergência de radículas (IVEr) e o comprimento de radículas (Cr). Os testes de emergência tiveram a duração de 35 dias e foram consideradas emergidas as radículas que apresentaram comprimento igual ou superior a 3 mm. Na avaliação do índice de velocidade de emergência, foi utilizada a metodologia citada por Popiningis (1985), na qual se multiplicou o número de radículas normais retiradas a cada dia, pelo inverso do número de dias após o início do teste e, em seguida, somaram-se os valores obtidos. Os dados referentes ao comprimento de radículas foram obtidos até o 21º dia após a semeadura, devido às dificuldades no manejo das sementes, que eram retiradas dos sacos, lavadas e feita a mensuração com régua.

Os resultados foram submetidos à análise da variância e, quando constatadas diferenças significativas ao nível de 5%, suas médias foram comparadas pelo teste de agrupamento de Scott-Knott.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve diferença significativa, ao nível de 5% de probabilidade, entre os tratamentos para as variáveis PEr14, PEr21, IVEr e Cr, enquanto entre blocos não se detectou diferença. As sementes submetidas aos tratamentos relativos à remoção da película, dois e três cortes, com e sem imersão em água morna (T2, T3, T4, T5 e T6), apresentaram percentagens de emergência de radículas aos 14 dias (PEr14) de 72,5%; 65,0%; 72,5%; 52,5% e 67,5%, respectivamente, sendo superiores aos demais tratamentos. Na testemunha, não houve emergência de radículas e, para os demais tratamentos, a percentagem de emergência variou de 22,5% a 30,0% (Tabela_1).

De acordo com Carvalho & Müller (1996), a emergência da radícula caracteriza-se pelo rompimento do tegumento pela mesma, em local próximo ao hilo e atinge o tempo de 17 dias para emergência de 50% de um lote de sementes.

No presente trabalho, verificou-se que, em um tempo menor (14 dias), alguns tratamentos (T2, T3, T4, T5 e T6) apresentaram percentagem de emergência de radículas (PEr14) superior a 50%, indicando os resultados que os tratamentos relativos à remoção da película e/ou cortes da semente com ou sem banho-maria podem acelerar o processo de emissão da radícula.

Todos os tratamentos foram superiores à testemunha em relação à percentagem de emergência de radículas aos 21 dias (PEr21), indicando que a remoção da película e a realização de cortes podem proporcionar uma melhoria nas trocas líquidas e gasosas necessárias ao processo de germinação.

Não foram verificadas diferenças estatísticas significativas entre os tratamentos, em relação à percentagem de emergência de radículas aos 28 (PEr28) e 35 (PEr35) dias após a semeadura. Destaca-se que os tratamentos apresentaram valores aproximados e elevados. Esses resultados vêm confirmar os estudos realizados por Carvalho & Müller (1996) e Villachica (1996), os quais afirmam que, embora com certa desuniformidade, a emergência atinge altas percentagens.

Com relação ao índice de velocidade de emergência de radículas (IVEr) das sementes de bacuri, aos 35 dias, houve diferença significativa entre os índices alcançados pelas sementes submetidas aos tratamentos relativos à remoção da película, dois e três cortes, com e sem imersão em água morna (T2, T3, T4, T5 e T6), e os demais tratamentos (Tabela_2). Apresentaram-se, portanto, mais eficientes quando comparados com os demais tratamentos, verificando-se, ainda, que os demais tratamentos apresentaram índices com valores próximos ao obtido pela testemunha, não superando a mesma. De forma geral, houve uma tendência de os maiores valores de emergência de radículas estarem associados às maiores médias de velocidade de emergência das mesmas.

Quanto ao comprimento de radículas (Cr), notou-se que os mesmos tratamentos (T2, T3, T4, T5 e T6) apresentaram acréscimo significativo no comprimento da radícula em relação aos demais tratamentos, observando-se, ainda, que todos os tratamentos se destacaram em relação à testemunha (Tabela_2). Portanto, as sementes que sofreram cortes e/ou banho-maria e remoção da película apresentaram maiores valores de comprimento de radícula, indicando melhor desempenho durante a emergência.

CONCLUSÕES 1. Os tratamentos relativos à remoção da película e à efetivação de dois e três cortes, com e sem imersão em banho-maria, aceleraram a emergência de radículas, o que poderá possibilitar redução no tempo e nos custos de formação de mudas, além de proporcionar um maior índice de velocidade de emergência destas.

2. Recomenda-se, para acelerar a emergência de radículas, efetuar dois cortes laterais ao plano dorsal/ventral da semente sem atingir o meristema fundamental medular (T3), por se tratar de um método simples e mais econômico.


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