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BrBRCVAg0100-29452002000100041

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National varietyBr
Year2002
SourceScielo

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Adubação nitrogenada para bananeira-'Terra' (Musa sp. AAB, subgrupo Terra) ADUBAÇÃO NITROGENADA PARA BANANEIRA-'TERRA' (Musasp.AAB, subgrupo Terra)1

INTRODUÇÃO As bananeiras do subgrupo Terra apresentam frutos grandes e com alto teor de amido, sendo consumidos cozidos, fritos ou assados. Por isto, são importantes na alimentação humana, fazendo parte da dieta alimentar dos países do Sudeste da Ásia, ilhas do Pacífico, do Norte da América do Sul e da África. A produção mundial, em 1999, foi de, aproximadamente, 30,6 milhões de toneladas, e o continente africano representou 74% deste total, sendo Uganda (9,4 milhões de t), Ruanda (2,9 milhões de t), Colômbia (2,7 milhões de t) e Gana (2,0 milhões de t) os países maiores produtores (FAO, 2000).

No Brasil, as regiões Norte e Nordeste são as maiores produtoras e consumidoras de bananas do subgrupo Terra, as quais fazem parte do hábito alimentar de suas populações. Contudo, não existem dados sobre a quantidade produzida, referentes às variedades Terra (Maranhão), D'Angola (Comprida), Terrinha, Pacova e Pacovaçu. Normalmente, são plantios conduzidos por pequenos produtores, muitas vezes sem tecnologias, por falta de informação ou estudos dessas cultivares. Os principais problemas enfrentados pelos produtores, além da comercialização, são a alta incidência-da-broca do rizoma (Cosmopolites sordidus), o manejo da planta e as quantidades e métodos de aplicação dos fertilizantes.

O nitrogênio é o segundo nutriente mais absorvido pelas bananeiras do subgrupo Terra, com aproximadamente 8 kg por tonelada de frutos produzidos, o que, para uma produtividade de 30 t/ha, corresponde a uma extração de 240 kg de N/ha/ ciclo. Considerando o nitrogênio proveniente da mineralização da matéria orgânica do solo e das chuvas (60 kg/ha) e assumindo a eficiência de 50% do fertilizante, a quantidade de nitrogênio que deverá ser aplicada é de 360 kg/ha (IFA, 1992).

Esse nutriente é importante do início do desenvolvimento das folhas até a emissão da inflorescência (7o ao 10o mês), havendo uma redução da sua absorção até a colheita. É muito importante para o crescimento vegetativo da planta, principalmente nos três primeiros meses, quando o meristema está em desenvolvimento (Martin-Prével, 1962; 1964; Warner & Fox, 1977); além disso, a bananeira não armazena o nitrogênio absorvido (Martin-Prével, 1980). O nitrogênio é o nutriente responsável pelo aumento do número de pencas, emissão e crescimento dos rebentos, aumentando consideravelmente a quantidade total de matéria seca (Lahav & Turner, 1983).

Além do fornecimento pelos fertilizantes minerais, os nutrientes, notadamente o nitrogênio, poderão ser supridos por fonte orgânica. Lahav & Turner (1983) observaram que a aplicação de até 80 t/ha/ano de resíduos de estábulos favoreceu o crescimento e antecipou o florescimento e a colheita de bananeiras.

Esses resíduos também aumentaram a produtividade em 33%, sendo recomendável a aplicação conjunta de fertilizantes minerais com matéria orgânica. Trabalhos conduzidos na Nigéria mostraram que a adubação orgânica tem proporcionado a manutenção de produtividades constantes em ciclos seguintes, em bananeiras do subgrupo Terra (Swennen & Wilson, 1982).

Para obtenção de altas produtividades e frutos de qualidade superior, é necessária, além de outras práticas, uma recomendação adequada de fertilizantes. Desta maneira, objetiva-se definir, neste trabalho, a dose de nitrogênio de máxima eficiência física e econômica, bem como a melhor adubação nitrogenada, química ou orgânica, para a bananeira-'Terra' (Musa sp. AAB, subgrupo Terra).

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado em maio de 1998, em área de produtor, no município de Wenceslau Guimarães, no Litoral Sul do Estado da Bahia. O clima é úmido, com pequena ou nenhuma deficiência hídrica, megatérmico, precipitação de 1.140 mm/ ano, chuvas de primavera/verão e outono/inverno (SEI, 1997). O solo é um Latossolo Vermelho-Amarelo, cujas propriedades químicas e físicas estão descritas na Tabela_1.

O delineamento experimental empregado foi em blocos casualizados, com seis tratamentos e quatro repetições. Estudaram-se cinco doses de N mineral (0; 50; 200; 350 e 500 kg/ha) e o tratamento com adubo orgânico (T6), somente com esterco de curral, em cobertura. A parcela útil constou de oito plantas, com área de 72 m2, sendo a parcela total de 216 m2. O experimento ocupou uma área total de 5.184 m2 (576 plantas).

O solo foi preparado com arado de disco e, posteriormente, gradagem para incorporação do calcário dolomítico (4,3 t/ha), calculado para elevar a saturação por bases para 70%, aplicado a lanço em toda a área. A bananeira- 'Terra' foi plantada, empregando-se mudas do tipo "chifrão", em covas de 40 cm x 40 cm x 40 cm, abertas manualmente, em sistemas de fileira dupla, em triângulo, no espaçamento 4 m x 2 m x 3 m, irrigada por microaspersção, com monitoramento por tensiômetros.

A adubação fosfatada (40 kg de P2O5/ha), na forma de superfosfato simples (180 g/ cova) foi aplicada no plantio, juntamente com 10 litros de esterco de curral e 80 g de Furadan 50 G, este para controle da broca-do-rizoma, exceto no tratamento com adubação orgânica. O fósforo foi repetido no ano seguinte, bem como o Furadan, este na quantidade de 4 g/isca tipo "queijo", preparada após a colheita do cacho. A primeira aplicação de nitrogênio mineral, na forma de uréia, foi realizada aos 30 dias após o plantio e parcelada a cada dois meses. A adubação potássica recomendada (450 kg de K2O/ha/ano), na forma de cloreto de potássio, foi iniciada aos cinco meses e repetida a cada dois meses, na dose de 172 g/planta por aplicação.

No tratamento com adubação orgânica, o manejo da cultura foi o usual do agricultor, ou seja, colocando-se o esterco de curral (20 litros) em cobertura, duas vezes no ano, nos meses de abril e outubro, correspondendo a 267 kg/ha/ano de N. Os teores médios de nutrientes encontrados nos estercos utilizados são apresentados na Tabela_2. Nesse tratamento, foi feito o monitoramento da broca- do-rizoma por iscas tipo "telha" e o escoramento das plantas com bambu.

Nos tratamentos com nitrogênio mineral, foi feito o controle do mato com herbicida, a cada três meses, o desbaste e a desfolha três vezes no ano e o escoramento das plantas com bambu.

No primeiro ciclo de produção, foram tomadas as seguintes variáveis na época do florescimento: período (dias) do plantio até o florescimento, altura da planta, diâmetro do pseudocaule a 30 cm do solo, número de folhas vivas e, na época da colheita: peso do cacho, peso das pencas, produtividade, número de frutos/ cacho, peso médio dos frutos, comprimento e diâmetro do fruto mediano da segunda penca, número de pencas e folhas vivas.

Realizou-se análise de variância (Teste F) para cada variável, aplicando-se análise de regressão para as doses de N e o Teste de Dunnett para comparar o tratamento com adubação orgânica e as doses de nitrogênio mineral.

RESULTADOS E DISCUSSÃO O crescimento vegetativo das plantas (altura, diâmetro e número de folhas vivas) e o ciclo de florescimento não diferiram entre si (P > 0,1), nas várias doses de nitrogênio estudadas, como também em relação à adubação orgânica (Tabela_3). Sabe-se que o nitrogênio é importante nesta fase da planta.

Contudo, provavelmente, os teores de matéria orgânica e de nitrogênio (N) total do solo (Tabela_1), considerados altos, notadamente na camada de 0-20 cm de profundidade, bem como o suprimento de N pelo esterco de curral na cova de plantio (34 kg/ha de N) e em cobertura (Tabela_2), tenham sido suficientes para as necessidades da planta. Por isto, não houve resposta a esse nutriente, na fase vegetativa, no primeiro ciclo da cultura.

As variáveis avaliadas na época da colheita também não mostraram diferença significativa (P > 0,1), para as adubações estudadas, exceto para número de frutos por cacho (NFR/CH) e comprimento médio do fruto (CFR), apesar do aumento de 33% na produtividade, em relação à testemunha sem adubação nitrogenada (Tabela_4).

Na Tabela_5, estão apresentados os modelos de regressão para as variáveis estudadas, para as cinco doses de nitrogênio mineral. Quando se considerou 10% de significância, observou-se que as variáveis altura da planta (ALT), número de frutos por cacho (NFR/CH), comprimento (CFR) e diâmetro do fruto (DFR) mediano foram significativos. Para o diâmetro do fruto, o efeito do nitrogênio foi linear negativo, ou seja, quando se adicionou nitrogênio no solo houve uma redução do diâmetro do fruto, apesar de o nitrogênio aumentar a quantidade de matéria seca (Lahav & Turner, 1983).

Quando se compararam, pelo teste de Dunnett, as médias de número de frutos por cacho e comprimento do fruto, as únicas variáveis que diferiram entre as adubações nitrogenadas orgânica e mineral, observou-se que o número de frutos por cacho foi maior no tratamento com N orgânico do que sem N (Tabela_6). O comprimento do fruto também foi superior na adubação orgânica quando comparado com a ausência de N e as doses de 50 e 500 kg de N, certamente, em razão dos teores de nutrientes contidos no adubo orgânico, pois, além de 267 kg de N, adicionaram-se ao solo, em um ano, 61 kg de P2O5; 195 kg de K2O; 298 kg de Ca; 146 kg de Mg; 64,5 kg de S; 845 g de B; 334 g de Cu; 1.335 g de ; 4.005 g de Mn e 1.268 g de Zn. Contudo, não houve efeito na produtividade, indicando não haver diferenças entre fontes orgânica e mineral de N (Tabela_6).

Apesar de a bananeira-'Terra', em algumas localidades, ser considerada uma cultura de um ou, no máximo, dois ciclos, o experimento será continuado, objetivando avaliar a influência da adubação orgânica na longevidade do bananal-'Terra'.

CONCLUSÕES 1. A adubação nitrogenada influenciou a altura da planta, o número de frutos por cacho e o diâmetro e comprimento do fruto.

2. Doses crescentes e fontes de nitrogênio não tiveram efeito significativo sobre a produtividade da bananeira-'Terra'.

3. A adubação orgânica aumentou o número de frutos por cacho e o comprimento do fruto.


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