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BrBRCVAg0100-29452002000200046

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National varietyBr
Year2002
SourceScielo

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Enraizamento de estacas lenhosas e semilenhosas de cultivares de ameixeira com várias concentrações de ácido indolbutírico ENRAIZAMENTO DE ESTACAS LENHOSAS E SEMILENHOSAS DE CULTIVARES DE AMEIXEIRA COM VÁRIAS CONCENTRAÇÕES DE ÁCIDO INDOLBUTÍRICO1

INTRODUÇÃO Na fruticultura mundial, a cultura da ameixeira exerce papel importante e, na América do Sul, destaca-se em países como o Chile. No Brasil, é realizada principalmente nos Estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. Em Minas Gerais, a produção ainda é pequena, mesmo havendo condições edafoclimáticas favoráveis para o cultivo, especialmente nas regiões sul deste Estado.

Um dos principais fatores que limita o aumento da produção nacional de ameixas, é sem dúvida o clima, pois, como citado por Dutra et al. (1998), a exploração de ameixa está em função da ocorrência de baixas temperaturas durante o inverno. No entanto, outros fatores também contribuem para a baixa produção brasileira desta fruta e, dentre as práticas essenciais para o sucesso da cultura, está a utilização de mudas de qualidade. A propagação da ameixeira é comumente realizada através da enxertia, utilizando-se do pessegueiro (Prunus persica (L.) Batsch) como porta-enxerto, o qual é multiplicado por sementes.

Assim, risco de ocorrer segregação genética deste material, produzindo pomares desuniformes quanto ao porte e longevidade. Além disso, de acordo com Kersten (1990), a vida útil da planta fica limitada devido ao pessegueiro possuir uma menor longevidade que a ameixeira.

A estaquia vem sendo empregada com sucesso na propagação de espécies frutíferas e é uma técnica de maior viabilidade econômica (Chalfun & Hoffmann; Hoffmann et al.; citados por Antunes et al., 2000), porém, para a ameixeira, não têm sido obtidos resultados satisfatórios no Brasil, seja pelo baixo potencial de enraizamento apresentado por esta espécie, seja pelas deficiências nas técnicas de enraizamento. Com o objetivo de incrementar a capacidade de enraizamento de estacas de ameixeira, é que a aplicação de fitorreguladores sintéticos vem sendo amplamente utilizada. Entre os mais empregados, destaca-se o ácido indolbutírico (IBA), seja pela sua maior resistência à degradação por ação de raios solar, seja pela sua maior resistência ao ataque por ação biológica.

A capacidade de enraizamento de estaca varia de acordo com a espécie, tipo de estaca e cultivar (Tofanelli, 1999). Pasinato et al. (1998) demonstraram que, entre as cultivares de ameixeira All Producer, Ace, Sangal, Roxa de Itaquera, Frontier, Reubennel e Beauty, a cultivar Roxa de Itaquera foi a que apresentou maior porcentual de estacas lenhosas enraizadas (76,1%) quando foram tratadas com 3000mg L-1 de IBA. Finardi & Camelatto (1995) recomendaram o tratamento da base de estacas lenhosas da ameixeira Santa Rosa com solução de IBA, na concentração de 2000mg L-1, durante 5 segundos para a obtenção de mudas.

Porcentagens de até 68,22 % de enraizamento em estacas medianas da cultivar Frontier, colhidas em janeiro e de 65,99 % nas colhidas em março, foram obtidas em experimento realizado por Dutra & Kersten (1996), quando utilizaram a concentração de 3000mg L-1 de IBA.

O objetivo deste trabalho foi estudar o potencial de enraizamento de estacas lenhosas e semilenhosas de cultivares de ameixeira tratadas com ácido indolbutírico em diferentes concentrações.

MATERIAL E MÉTODOS O presente estudo foi desenvolvido no Pomar Didático da Universidade Federal de Lavras (UFLA), localizada no município de Lavras-MG. O experimento foi conduzido em duas fases: na primeira, foram utilizadas estacas lenhosas e na segunda, estacas semilenhosas.

O delineamento experimental adotado foi o inteiramente ao acaso, com quatro repetições e quinze estacas lenhosas e, devido à pouca disponibilidade de material, apenas dez estacas semilenhosas por parcela. Em cada fase, os tratamentos das parcelas seguiram um esquema fatorial 4 x 2 x 4, envolvendo quatro cultivares (Carmesin, Gema de Ouro, Januária e Reubennel), dois tipos de estaca (lenhosa e semilenhosa) e quatro concentrações de IBA (0; 1000; 2000 e 3000mg L-1).

As estacas de ameixeira foram coletadas de plantas com 8 a 9 anos de idade existentes na coleção de cultivares da UFLA. O material lenhoso foi coletado no final de junho de 1997, quando as plantas se encontravam em repouso vegetativo, aproveitando-se ramos descartados da poda de frutificação no inverno, e o semilenhoso em início de dezembro de 1997, utilizando-se de ramos de plantas em desenvolvimento vegetativo. Após a coleta, as estacas foram preparadas com comprimento de 15 a 20cm e diâmetro de 5 a 7mm. Nas estacas semilenhosas, foram mantidas duas folhas cortadas ao meio por estaca. O substrato utilizado foi a areia lavada, colocada em sacos plástico pretos de polietileno medindo 10cm de diâmetro por 20cm de altura. Após o plantio, as estacas lenhosas foram colocadas em casa de sombreamento com 50% de sombra e as semilenhosas em casa de vegetação, onde permaneceram nestes ambientes por um período de 60 dias.

Utilizou-se da irrigação manual periódica para as estacas lenhosas e a nebulização intermitente da casa de vegetação para as estacas semilenhosas.

As variáveis analisadas neste trabalho foram a porcentagem de estacas enraizadas, sendo consideradas as estacas que apresentassem pelo menos uma raiz adventícia emitida, o número médio de raízes primárias por estaca enraizada e o comprimento médio das raízes primárias por estaca enraizada. Os resultados foram analisados, comparando-se os níveis dos fatores cultivar e tipo de estaca através do teste de Duncan a 5% de significância e os níveis do fator IBA através de análise de regressão. Efetuou-se transformação de dados segundo a equação arco-seno para os valores em porcentagem e <formula/> para os valores unitários, e, para isto, realizou-se o teste de normalidade no sistema SAS em ambos os experimentos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A cultivar Januária (16,31%) foi superior às demais quanto ao porcentual de estacas enraizadas (Tabela_1). Alguns fatores podem ter contribuído para este comportamento, como potencial genético de cada cultivar em formar raízes adventícias, balanço hormonal e consistência dos tecidos nas estacas (maior ou menor espessura do anel de esclerênquima). Além disso, as condições edafoclimáticas também influenciam na variabilidade do potencial de enraizamento de estaca entre as cultivares, pois, como relataram Kaundal et al.

(1993) em estudo para avaliar o efeito de fitorreguladores sintéticos (IBA e Seradix B3) na rizogênese em estacas lenhosas de pessegueiro ("Flodarsun", "Shan-i-Punjab", "Florda Red", "Sharbati" e "Nemaguard"), a exigência de horas de frio e a condição fisiológica da planta-matriz dependem do agroclima e poderiam influenciar na capacidade de formar raízes da estaca de acordo com as características de cada cultivar. Garrido et al. (1998), estudando a formação e crescimento de raízes em estacas de cravo (Diantus caryophillus L.) das cultivares Solar e Master, mencionaram que a sensibilidade e a resposta à auxina ao enraizamento depende de cada cultivar.

Também o tipo de estaca influenciou no porcentual de enraizamento (Tabela_1), ou seja, as estacas semilenhosas (16,63%) foram superiores às lenhosas. O tipo de estaca é um dos principais fatores que influenciam na capacidade de formação de raízes em estaca de planta e, de acordo com Fachinello et al. (1995), estacas semilenhosas tendem a enraizar com mais facilidade, pois elas se apresentam menos lignificadas, não havendo, conseqüentemente, a presença de um anel de esclerênquima altamente lignificado, que dificultaria a emissão dos primórdios radiculares. Klein et al. (2000) consideraram a época de coleta da estaca (tipo de estaca) um fator crítico na determinação do porcentual de enraizamento. Sharma e Aier (1989), em trabalho desenvolvido para avaliar a formação de raízes em estacas de cultivares de ameixeiras japonesas e européias, observaram maior facilidade de enraizamento no material semilenhoso e atribuíram à baixa capacidade de formar raízes adventícias das estacas lenhosas, a presença do anel esclerenquimatoso e ao aumento de substâncias inibidoras durante a dormência. Rossal et al. (1997) relacionaram altos teores do precursor de auxina triptofano com a maior facilidade de enraizamento em estaca menos lignificada e, em adição, mencionaram que esta acumula reservas intensamente, que poderiam favorecer a formação das raízes.

Para estudo do efeito do IBA no enraizamento, realizaram-se regressões polinomiais para as interações significativas. Para a interação cultivar ' IBA, observou-se que as cultivares Carmesin e Gema de Ouro obtiveram maiores porcentuais de estacas enraizadas na concentração de 3000mg L-1 de IBA (29,58% e 36,82%, respectivamente) (Figura_1). As cultivares Januária e Reubennel não obtiveram regressões significativas, Quanto à interação tipo de estaca ' IBA, as estacas semilenhosas apresentaram regressão significativa, obtendo o maior enraizamento na concentração de 3000mg L-1 de IBA (55,95%) (Figura_2). Tais resultados sugerem o estudo de concentrações de IBA superiores a 3000mg L-1, pois poderiam proporcionar maiores enraizamentos. As estacas lenhosas não obtiveram regressão significativa. Este comportamento pode ser resultado do balanço hormonal favorável ao enraizamento ocasionado pela maior dosagem do fitorregulador. Biasi et al. (2000) observaram que a maior concentração de IBA utilizada (2000mg L-1) proporcionou maior enraizamento das estacas semilenhosas da cultivar de pessegueiro Coral (83,37%).

Para a variável número de raízes, observou-se efeito significativo de todos os fatores, inclusive da interação tripla. Verifica-se, na Figura_3, que apenas as estacas semilenhosas das cultivares Carmesin, Gema de Ouro e Januária (máximos de 2,98; 3,08 e 5,47; respectivamente, com 3000mg L-1 de IBA) obtiveram regressões significativas ao nível de 5% de probabilidade. Rufato & Kersten (2000) também observaram que o IBA aumentou o número de raízes em estacas lenhosas de pessegueiro das cultivares Esmeralda e BR2. Para estes autores, isso ocorreu pela característica do fitorregulador em estimular a emissão de raízes.

Para a variável comprimento médio de raízes, houve efeito significativo do fator cultivar (Tabela_1), onde as cultivares Januária e Gema de Ouro promoveram os maiores comprimentos de raízes (1,88 e 1,81cm, respectivamente).

Houve também efeito do tipo de estaca, onde as estacas semilenhosas (2,44cm) foram superiores às lenhosas (0,13cm) (Tabela_1). Para a interação cultivar ' tipo de estaca, observaram-se resultados superiores de comprimento de raízes nas estacas semilenhosas das cultivares Januária e Gema de Ouro (4,75 e 3,88cm, respectivamente). O efeito do IBA foi semelhante ao ocorrido para o enraizamento (Figuras_1 e 4; Figuras_2 e 5), pois, em ambas as variáveis, o IBA influenciou nas cultivares Carmesin e Gema de Ouro para a interação cultivar ' IBA e somente nas estacas semilenhosas para a interação tipo de estaca ' IBA.

Esta relação entre enraizamento e comprimento de raízes é comprovada pela alta significância demonstrada pela análise de correlação simples entre estas duas variáveis (Tabela_2). Na cultivar Carmesin, houve aumento linear no comprimento de raízes até 3000mg L-1 de IBA (2,45cm) e, na cultivar Gema de Ouro, o aumento obedeceu a uma regressão quadrática com o máximo de 3,51cm na concentração de 2158,95mg L-1 (Figura_4). A regressão quadrática para tipo de estaca ' IBA demonstrou um máximo de comprimento de raízes de 3,68cm com 2541,82mg L-1 (Figura_5).

Importantes correlações puderam ser observadas entre os parâmetros estudados neste experimento (Tabela_2), pois verificou-se que quanto maior o enraizamento, maior o número e comprimento de raízes.

CONCLUSÕES A cultivar, IBA e o tipo de estaca influenciam no porcentual de enraizamento. A estaca semilenhosa das ameixeiras possui maior capacidade de enraizamento do que a lenhosa, e a concentração de 3000mg L-1 de IBA foi mais eficiente na promoção do enraizamento. A propagação da ameixeira, utilizando-se de estacas semilenhosas da cultivar Januária, constitui-se uma alternativa para a obtenção de mudas.


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