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BrBRCVAg0100-29452002000300015

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National varietyBr
Year2002
SourceScielo

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Produção do porta-enxerto (Annona squamosa L.) com o uso de reguladores vegetais Produção do porta-enxerto (Annona squamosa L.) com o uso de reguladores vegetais1INTRODUÇÃO A fruta-do-conde (Annona squamosa L.) é uma das principais anonáceas cultivadas no Brasil, principalmente na região Nordeste e no Estado de São Paulo.

Segundo Hernández (1993), referindo-se a citações de Leslie (1922) e de Campbel & Philips (1983), a cultura é basicamente propagada por sementes, produzindo plantas geneticamente diferentes, que possuem floração irregular e qualidade de frutos. Para obter-se plantas comercialmente produtivas, é necessário propagar a cultura vegetativamente, podendo-se realizar a enxertia com material selecionado, utilizando para tanto porta-enxertos obtidos de sementes (Agustín & Alviter, 1996).

De acordo com Bezerra & Lederman (1997), dentre os porta-enxertos que podem ser utilizados na cultura da fruta-do-conde, estão a A. squamosa L., a A.

reticulata L., e a A. glabra L., sendo que o porta-enxerto mais recomendado é o da própria espécie (A. squamosa L.).

A fruta-do-conde também pode ser utilizada como porta-enxerto para outras espécies de anonáceas, como, por exemplo, a graviola (A. muricata L.) e a cherimóia (A. cherimola Miller). Em cherimóia, sua utilização traz como vantagem a redução do porte da planta, o que é um aspecto desejável do ponto de vista de manejo cultural e colheita (Bezerra & Lederman,1997).

Para a formação do porta-enxerto, realiza-se a semeadura diretamente no campo ou em embalagens para posterior enxertia. Segundo Sanewski (1991), as plantas enxertadas podem ser produzidas em aproximadamente 18 meses, se a propagação for realizada em cultivo protegido e estender-se para dois anos ou mais, em condições de cultivo aberto.

A diminuição do tempo de formação dos porta-enxertos é ainda uma incógnita para a fruta-do-conde, sendo os estudos neste sentido, segundo Ascenso (1971), também muito escassos para outras espécies arbóreas e arbustivas. Porém, a possibilidade de utilizar-se reguladores vegetais para este fim. Segundo Taiz & Zeiger (1998), a aplicação exógena de ácido giberélico provoca a alongação do caule, o que é um aspecto interessante.

Randhawa & Singh (1959), referindo-se a Citrus limon (L.) Burman f., recomendam o uso de ácido giberélico para promover o crescimento de plantas jovens, acrescentando que o aumento na taxa de crescimento dos porta-enxertos traz vantagens tanto para os viveiristas como para pesquisadores, uma vez que se tem diminuído o tempo gasto para as plantas serem enxertadas.

De acordo com Monselise & Halevy (1962), pulverizações com giberelinas mostraram efeito significativo no crescimento, acúmulo de massa seca e conteúdo de clorofila em porta-enxertos de Citrus limettioides T. e Citrus aurantium L..

Coelho et al. (1983), aplicando ácido giberélico (GA3) em híbridos de Citrus reshni T. x Poncirus trifoliata, nas concentrações de 0; 50; 100; 150 e 200 mg.L-1 na fase de sementeira, verificaram que a dosagem de 100 mg.L-1 foi a mais eficaz, pois aumentou o crescimento das plantas em 37%. Nas concentrações de 150 e 200 mg.L-1, os autores observaram aumento de 63 e 59 % no crescimento, respectivamente, porém houve morte da parte apical das plantas. Para Moti-Singh et al. (1989), com a aplicação de 500 mg.L-1 de ácido giberélico, aumentou-se o crescimento de plantas jovens de citros, cujo comprimento do caule atingiu 9,23 cm, em relação à testemunha (6,05 cm).

Em contrapartida, conforme o descrito por Abdalla et al. (1978), o tratamento no viveiro de mudas de Citrus aurantium L., Citrus jambhiri Lushington e Poncirus trifoliata, na primavera e no outono, com ácido giberélico nas concentrações de 0; 125; 250; 500; 750 e 1.000 mg.L-1 de GA3, resultou em diminuição na altura do caule e na área foliar dos três porta-enxertos, em proporções diferentes, não havendo efeito dos tratamentos sobre o diâmetro do caule.

Outros grupos de giberelinas e citocininas têm demonstrado resultados favoráveis. Fergunson et al. (1987), trabalhando com Citrus aurantium, realizaram tratamentos com giberelinas e citocininas nas concentrações de 250 mg.L-1 de BA (benziladenina); 450 mg.L-1 de GA3 e 250 mg.L-1 de GA4+7, em condições de casa de vegetação e em ambiente enriquecido com CO2 (330 ou 660 mg.L-1), concluindo que a concentração de 250 mg.L-1 de GA4+7 e o meio enriquecido com CO2 proporcionaram plantas mais altas e com o maior peso seco das folhas, havendo também aumento no peso e no diâmetro do caule.

O objetivo deste trabalho foi estudar o efeito de diferentes produtos e concentrações de reguladores vegetais no crescimento e desenvolvimento do porta-enxerto Annona squamosa L..

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido no viveiro da propriedade rural de Orlando Erig, localizada no município de Marechal Cândido Rondon-PR, no período de janeiro a junho de 2001.

As plantas de fruta-do-conde (Annona squamosa L.) foram obtidas de propagação sexuada, sendo a semeadura realizada aos dois de janeiro de 2001 em sacos de polietileno preto, com capacidade para 0,5 L, contendo substrato comercial para mudas, e mantidas sob condições de viveiro.

O experimento foi instalado em delineamento experimental inteiramente casualizado, com 7 tratamentos e 5 repetições de 15 plantas, perfazendo assim 90 plantas por tratamento. Os tratamentos foram constituídos por 25; 50 e 75 mg.L-1, de cada um dos seguintes reguladores vegetais: GA3 (Giberelina), GA4+7+fenilmetil-aminopurina (Giberelinas + citocinina) e a Testemunha (sem pulverização).

Os compostos empregados como fonte dos reguladores vegetais foram os produtos comerciais Progibb (GA3) e Promalin (GA4+7 + fenilmetil aminopurina).

As plantas receberam os tratamentos com os reguladores vegetais através de pulverização, com pulverizador de pressão constante, conforme sugerido por Ahmed & Khan (1962/64). A calda correspondeu a uma solução diluída dos reguladores vegetais em água. As pulverizações foram realizadas a cada 14 dias, sendo a primeira realizada aos 50 dias após a semeadura, quando a maioria das plantas apresentava em média 10 cm de altura, e a última aos 134 dias após a semeadura, totalizando sete pulverizações.

As avaliações quanto ao comprimento do caule (cm) e número de folhas foram realizadas 50; 92 e 148 dias após a semeadura, em todas as plantas da parcela.

O diâmetro do caule a 20 cm da base das plantas (mm) foi avaliado aos 148 dias após a semeadura. A massa seca da parte aérea e radicular (g) foi também avaliada aos 148 dias após a semeadura, tomando-se quatro plantas por repetição, totalizando 20 plantas por tratamento.

Os dados foram submetidos à análise de variância, teste de comparações de médias de Tukey e análise de regressão, considerando-se todos os testes estatísticos ao nível de 5% de probabilidade.

Para os parâmetros avaliados em que ocorreu resposta quadrática na última avaliação (148 DAS), realizou-se a determinação da concentração de máxima eficiência técnica através da derivada primeira da equação correspondente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A aplicação de reguladores vegetais nas plantas de Annona squamosa L. favoreceu significativamente o crescimento destas, tanto com a utilização de GA3 (Progibb) como com GA4+7 + fenilmetil-aminopurina (Promalin), conforme está demonstrado através da análise de regressão, nas Figuras_1 e 2 (Progibb e Promalin, respectivamente).

Na Figura_1, pode-se verificar que ocorreu resposta quadrática para comprimento do caule, tanto na avaliação feita aos 92 dias após a semeadura (DAS) como na realizada aos 148 DAS, resultando em coeficientes de correlação (r2) de 0,9959 e 0,99965, respectivamente. Na avaliação efetuada aos 148 DAS, a concentração de máxima eficiência técnica calculada para GA3 foi de 65,37 mg.L-1, promovendo comprimento de caule de 65,41 cm. Este efeito do ácido giberélico no crescimento das plantas de A. squamosa L. concorda com as citações de Taiz & Zeiger (1998) e também com os resultados obtidos por diversos autores em outras espécies vegetais, com a utilização de GA3, tais como Randhwa & Singh (1959), Monselise & Halevy (1962), Coelho et al. (1983), os quais trabalharam, respectivamente, com Citrus limon (L.) Burman f., Citrus limettioides T. e Citrus aurantium L., Citrus reshni T. x Poncirus trifoliata (L.) Raf. e observaram aumento no crescimento das plantas.

Na Figura_2, observa-se a ocorrência de resposta linear ao invés de quadrática para comprimento de caule com o uso de GA4+7 + fenilmetil-aminopurina, somente na avaliação realizada aos 148 DAS. Tais resultados condizem com os obtidos por Ferguson et al. (1987) em Citrus aurantium L.. A resposta linear ocorrida nesta avaliação indica a possibilidade de existir uma concentração maior do que 75 mg.L-1 de GA4+7 + fenilmetil-aminopurina, que pudesse incrementar ainda mais o crescimento do porta-enxerto, até um ponto que talvez superasse os resultados verificados com o uso de GA3.

Quanto ao parâmetro diâmetro do caule a 20 cm da base das plantas, observou-se resposta quadrática somente com a utilização de GA3, a qual está representada na Figura_3. A concentração calculada de GA3 de máxima eficiência técnica foi de 65,97 mg.L-1 de GA3, resultando em um diâmetro de caule de 4,59 mm. Estes resultados discordam dos obtidos por outros autores. Com relação ao GA3, os resultados discordam dos verificados por Abdalla et al. (1978) com Citrus aurantium L., Citrus jambhiri Lushington e Poncirus trifoliata (L.) Raf., os quais não observaram efeito do GA3 sobre o diâmetro do caule. Por outro lado, os dados obtidos com o uso de GA4+7 + fenilmetil-aminopurina discordam de Ferguson et al. (1987), que verificaram resultado positivo no diâmetro do caule de Citrus aurantium L., ao contrário do observado no presente experimento. As médias das concentrações dos reguladores vegetais para este parâmetro, comparadas pelo teste de Tukey, estão na Figura_4. Nesta, pode-se notar a superioridade das médias de GA3 (50 e 75 mg.L-1 ) em relação às médias da testemunha e de GA4+7 + fenilmetil-aminopurina.

A aplicação dos reguladores vegetais também incrementou o parâmetro número de folhas, tanto com o uso de GA3 como GA4+7 + fenilmetil-aminopurina. Com a utilização de GA3, ocorreu resposta linear ao invés de quadrática, somente na avaliação realizada aos 148 DAS (Figura_5), o que indica a possibilidade de não ter sido utilizada a concentração de máxima eficiência técnica. O uso de GA4+7 + fenilmetil-aminopurina proporcionou, por sua vez, resposta quadrática na avaliação realizada aos 92 DAS, e resposta linear aos 148 DAS (Figura_6), o que também indica a possibilidade para esta última avaliação, de não ter sido utilizada a concentração de máxima eficiência técnica. Deste modo, sugerem-se estudos com outras concentrações de GA4+7 + fenilmetil-aminopurina, a fim de detectar tratamentos mais efetivos.

Para o parâmetro massa seca da parte aérea, observou-se resposta quadrática com o uso de GA3, resultando num coeficiente de correlação (r2) de 0,9426 (Figura_7). Com relação ao parâmetro massa seca da parte radicular, não se observou nenhuma correlação. As médias comparadas pelo teste de Tukey, do parâmetro massa seca da parte radicular e matéria seca da parte aérea, estão apresentadas na Figura_8.

CONCLUSÕES A partir dos resultados obtidos pode-se concluir: 1 - A utilização de GA3 demonstrou respostas mais efetivas para diversos parâmetros avaliados nas concentrações entre 50 e 75 mg.L-1.

2 - Para os parâmetros comprimento do caule e diâmetro, foi possível calcular a concentração de GA3 de máxima eficiência técnica, 65,37 e 65,97 mg.L-1, respectivamente.

3 - A concentração de GA4+7 + fenilmetil-aminopurina, que promoveu maior incremento no comprimento do caule, foi 75 mg.L-1, porém os resultados não permitiram calcular a concentração de máxima eficiência técnica.


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