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BrBRCVAg0100-29452003000200031

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National varietyBr
Year2003
SourceScielo

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Superação da dormência em sementes de atemóia e fruta-do-conde

INTRODUÇÃO As anonáceas compreendem um grande número de gêneros e espécies, a maioria nativas das regiões tropicais ou subtropicais. Muitas espécies apresentam interesse como frutíferas comerciais, sendo cultivadas em vários países. No Brasil, é crescente o interesse pela produção dessas frutas, principalmente pinha ou fruta-do-conde (Annona squamosa L.) e atemóia (Annona cherimola Mill.

X Annona squamosa L.) (Donadio, 1997).

A forma de propagação mais indicada para as anonáceas é a enxertia, sendo que o porta-enxerto tem sido obtido por sementes (George & Nissen, 1987; Gama & Manica, 1994). Entretanto, as sementes dessas plantas apresentam substâncias inibidoras de germinação que provocam dormência o que, juntamente com um tegumento resistente e impermeável, proporcionam fatores antagônicos à germinação rápida e uniforme (Ratan et al., 1993; Pawshe et al., 1997; Smet et al., 1999).

Para superar este problema, alguns trabalhos têm sido conduzidos com diferentes espécies e testando diferentes métodos para quebrar a dormência. Ledo & Cabanelas (1997) verificaram que em sementes de graviola (Annona muricata L.) a escarificação em liquidificador por 5 segundos intermitentes, o desponte na região distal ao embrião e a imersão em vinagre por 15 minutos foram os que apresentaram as melhores taxas de germinação e velocidade de emergência. Lemos et al. (1987) também observaram que a escarificação com lixa aumentou a germinação e a velocidade de emergência em sementes de fruta-do-conde (Annona squamosa L.).

Valenzuela & Osório (1998) estudaram o efeito de concentrações de ácido giberélico na germinação de sementes de condessa (Annona reticulata).O melhor resultado obtido foi com 10.000 ppm de GA3, promovendo 55,4% de germinação.

Entretanto, Pawshe et al. (1997) obtiveram as melhores taxas de germinação com 100 ppm de GA3 em A. squamosa.

Para o cultivo da atemóia, os porta-enxertos recomendados são o araticum de folha miúda (Rollinia emarginata), o araticum de terra fria (Rolliniasp.), a condessa, a fruta-do-conde e a própria atemóia (Kavati, 1998). Esta última é a que mais tem sido usada no Norte do Paraná. Os produtores e viveiristas dessa região, entretanto, têm observado que a taxa de germinação das sementes é muito baixa em atemóia.

Este trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar a germinação de sementes de fruta-do-conde (Annona squamosa L.) e de cultivares de atemóia (Annona cherimola Mill. X Annona squamosa L.) submetidas a escarificação e embebição em ácido giberélico ou água com duas temperaturas.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Laboratório de Sementes do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) em Londrina, PR. Avaliou-se a germinação das sementes dos cultivares 'Gefner', 'PR-1' e 'PR-3' de atemóia (Annona cherimola Mill. X Annona squamosa L.) e de fruta-do-conde ou pinha (Annona squamosa L.). Os frutos de atemóia, cultivares 'PR-1' e 'PR-3', foram obtidos em pomar da região de Londrina; a cultivar 'Gefner' e a fruta-do-conde, em pomares da região de Lins, SP. Todos os frutos foram colhidos em março de 2001.

Após o completo amadurecimento dos frutos, as sementes foram extraídas manualmente, lavadas e colocadas em recipientes com água e descartadas aquelas que emergiram. A seguir, foram secas à sombra durante 24 horas, armazenadas em frascos de vidro e mantidas à temperatura de 25º C durante uma semana. Em seguida, foi determinado o grau de umidade das sementes através do método da estufa a 105ºC durante 24 horas (Brasil, 1992), das cultivares de atemóia ('Gefner', 'PR-1', 'PR-3') e também da fruta-do-conde, que apresentaram média de 19,2%, 19,8%, 22,0% e 17,2%, respectivamente.

Amostras de 80 sementes de cada material genético foram separadas e escarificadas com lixa para madeira 70, no lado oposto ao hilo, a ponto de poder visualizar o endocarpo. As sementes foram imersas por 24 horas nos seguintes tratamentos: ácido giberélico (GA3) a 50 ppm; GA3 a 100 ppm; água a 5ºC; água a 30ºC. As sementes utilizadas como testemunhas não foram lixadas e também não receberam nenhum tratamento. A seguir, todas as sementes foram tratadas com fungicida a base de Thiram. Cada lote foi dividido em quatro repetições de 20 sementes, dispostas sobre folhas de papel toalha previamente umedecidas e levadas em rolos ao germinador, com temperatura a 25ºC e umidade relativa de 80%. O teste foi instalado em 4 de abril de 2001 e avaliado a cada 7 dias após a instalação, até 63 dias. Foram consideradas sementes germinadas aquelas que emitiram a raiz primária.

Após as avaliações, calculou-se o índice de velocidade de germinação (IVG) através da fórmula de Maguire (1962): IVG = G1/N1 + G2/N2 + ... + Gn/Nn onde: G1, G2, Gn = número de plântulas germinadas na primeira, segunda, até a última contagem e N1, N2, Nn = número de semanas desde a primeira, segunda, até a última contagem.

Para a análise estatística, utilizou-se o delineamento de blocos ao acaso, sendo os tratamentos dispostos em esquema fatorial de 5 (tratamentos) x 4 (materiais genéticos). Os resultados obtidos referentes à percentagem de germinação foram transformados em arc sen e para a comparação das médias foi utilizado o teste de Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO As doses de 50 e 100 ppm de GA3, aplicadas às sementes de atemóia 'Gefner', 'PR-1' e 'PR-3', proporcionaram a maior percentagem de germinação, com diferenças não significativas entre si mas significativamente superiores as dos demais tratamentos (Tabela_1). O tratamento de 50 ppm foi significativamente superior para a fruta-do-conde, que apresentou resultado intermediário na dose de 100 ppm de GA3. O incremento da germinação com a aplicação de GA3 em sementes de anonáceas também foi observado por outros autores (Campbell & Popenoe, 1968; Jubes et al., 1975; Pawshe et al., 1997; Smet et al., 1999). Tal fato ocorre devido ao estímulo, pela giberelina, da síntese de enzimas como á e b ' amilase que digerem as reservas armazenadas no endosperma, formando açúcares, aminoácidos e ácidos nucléicos, que são absorvidos e transportados para as regiões de crescimento do embrião, estimulando o alongamento celular, fazendo com que a raiz rompa o tegumento da semente, acelerando a germinação com maior uniformidade (Hopkins, 1999).

Apesar de outros trabalhos também apresentarem bons resultados com o ácido giberélico, as melhores concentrações desse regulador vegetal não foram as mesmas nos diferentes trabalhos. Valenzuela & Osório (1998) conseguiram os melhores resultados com 10.000 ppm de GA3 em sementes de Annona reticulata, porém Pawshe et al. (1997) obtiveram as maiores taxas de germinação com 100 ppm de GA3 em A. squamosae Smet et al. (1999), com A. cherimola, obtiveram melhores resultados com 500 e 1.000 ppm de GA3. Isto ocorre porque a resposta das plantas aos fitorreguladores depende de muitos fatores, entre eles os genéticos e os ambientais, que influenciam também o nível endógeno de hormônios e de suas substâncias antagônicas, nas plantas (Agustí & Almela, 1991).

Além disso, a escarificação prévia, realizada no lado oposto ao hilo, pode ter contribuido para o aumento da permeabilidade do tegumento à absorção da solução de ácido giberélico (Hartmann et al., 1991). Este fato justificaria também como concentrações menores deste regulador vegetal apresentaram o mesmo efeito de concentrações mais elevadas, como relatado por Valenzuela & Osório (1998), que para 10.000 ppm de GA3 em sementes não escarificadas de Annona reticulata, obtiveram 55,4% de germinação.

A embebição em água não resultou em aumento da percentagem de germinação em relação à testemunha, exceto para as sementes de 'Gefner' em água a 30º C.

Resultado semelhante foi obtido por Bosco & Aguiar Filho (1995) com sementes de graviola. Porém Jubes et al. (1975), com sementes de cherimóia, tiveram resultados positivos com este tratamento; enquanto que para Lemos et al. (1987), com sementes de fruta-do-conde, os tratamentos em água a 27º C ou 60º C reduziram o poder germinativo em relação à testemunha.

Entre os materiais genéticos estudados, a taxa de germinação foi maior para fruta-do-conde e menor para atemóia 'PR-1', para sementes tratadas com GA3 50 ppm; e maior para 'Gefner' e menor para atemóia 'PR-1', para sementes tratadas com GA3 100 ppm. De acordo com George & Nissen (1987), a germinação de híbridos de anonáceas é muito variável, indo de 30 a 80 % e em parte pode ser atribuída à ocorrência de sementes estéreis.

O período da germinação das sementes de atemóia cultivares 'Gefner' e 'PR-3' e de fruta-do-conde, quando tratadas com GA3a 50 e 100 ppm, ocorreu principalmente entre os dias 14 e 28, ou seja, entre a segunda e a terceira semana após terem sido colocadas para germinar (Figura_1). A atemóia 'PR-1' apresentou concentração da germinação principalmente de 21 a 42 dias com 50 ppm de GA3. Jubes et al. (1975) encontraram o maior percentual de germinação após a semeadura entre o e o 38º dia em sementes não escarificadas de cherimóia embebidas em GA3 ou água. Pawshe et al. (1997) observaram maior percentual de germinação nas contagens realizadas aos 22 e 26 dias em sementes de Annona squamosa L., em sementes imersas em água e GA3a 50 e 100 ppm.

Os Índices de Velocidade de Germinação (IVG) para as sementes embebidas em GA3a 50 e 100 ppm foram superiores, sem diferença entre si, apresentando maior vigor em comparação aos outros tratamentos para todos os materiais genéticos avaliados. O tratamento em água a 30º C apresentou valores de IVG intermediários (Tabela_2). A cultivar 'PR-1' apresentou velocidade de germinação significativamente menor para os tratamentos GA3 a 50 e 100 ppm em relação aos outros materiais estudados (Tabela_2). Resultados favoráveis em relação à velocidade de germinação também foram obtidos por Jubes et al.

(1975), quando sementes de cherimóia foram imersas em ácido giberélico.

CONCLUSÕES 1) O uso do ácido giberélico com 50 ou 100 ppm de GA3proporcionam taxa de germinação e velocidade de germinação significativamente superiores aos demais tratamentos, independente do material genético.

2) Em relação aos tratamentos de embebição em água, somente a cultivar Gefner em água à 30º C apresentou germinação superior, quando comparada com as sementes da testemunha.

3) Para os tratamentos GA3a 50 e 100 ppm, as cultivares Gefner, 'PR-3' e fruta- do-conde apresentam velocidade de germinação significativamente maior que a 'PR-1'.

4) A germinação de sementes tratadas com GA3 50 e 100 ppm se concentra do 14º ao 28º dia para as sementes de atemóia Gefner e 'PR-3' e para fruta-do-conde; e do 21º ao 42º dia para a atemóia 'PR-1'.


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