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BrBRCVAg0100-29452003000200050

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National varietyBr
Year2003
SourceScielo

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Multiplicação in vitro da ameixeira 'Santa Rosa': efeito da citocinina BAP COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA

Multiplicação in vitro da ameixeira 'Santa Rosa': efeito da citocinina BAP1

In vitromultiplication of 'Santa Rosa' plum: effect of cytokynin BAP

Marcelo RogalskiI; Miguel Pedro GuerraII; Aparecido Lima da SilvaIII IBiólogo, Mestre, Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Fitotecnia, C.P. 476, 88049-900, Florianópolis, SC, (48) 331-5330 IIProfessor Titular, Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Fitotecnia, C.P. 476, 88049-900, Florianópolis, SC, (48) 331-5330 IIIProf. Adjunto, Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Fitotecnia, C.P. 476, 88049-900, Florianópolis, SC, (48) 331-5330, alsilva@cca.ufsc.br

No Brasil, a cultura da ameixeira japonesa (Prunus salicina Lindl.) ocupa atualmente uma área de 3.920 hectares, com uma produção de 31.700 toneladas de frutos. No Sul do País, o cultivo desta frutífera destaca-se como uma atividade de alta densidade econômica e uso intensivo de mão-de-obra, constituindo-se numa importante opção para viabilizar uma agricultura familiar e sustentável (Epagri, 2001).

No entanto, a cultura da ameixeira está seriamente ameaçada pela escaldadura das folhas, uma doença endêmica, causada pela bactéria Xylella fastidiosa Wells. A transmissão desta ocorre através de material de propagação, via enxertia, e/ou por insetos (cigarrinhas da família Cicadellidae) no pomar (Ducroquet et al., 2001).

No Estado de Santa Catarina, a variedade Santa Rosa apresenta alta produtividade, ótimo sabor e aparência dos frutos com excelentes perspectivas para a comercialização, sendo a cultivar de maior interesse para novos plantios, porém, é a mais suscetível à escaldadura das folhas (Epagri, 2001; Ducroquet et al., 2001).

Dentre as medidas para sanar o problema, as mais eficientes constam a eliminação da bactéria para um programa de certificação de matrizes e produção de mudas; o plantio de cultivares resistentes; o melhoramento genético de variedades suscetíveis e/ou a introgressão de genes de resistência através da transformação genética.

Neste contexto, as técnicas de cultura in vitro são de fundamental importância, pois através destas é possível propagar de forma rápida espécies e/ou variedades de interesse e ainda, podem servir como ferramenta auxiliar na eliminação de patógenos, obtendo assim matrizes com qualidade genética e sanitária comprovada.

No entanto, para o uso prático da micropropagação é necessário otimizar as condições de cultura para cada espécie e/ou variedade. Dentre os fatores que mais influenciam para a maximização do potencial genotípico na multiplicação in vitro, estão os fitoreguladores, em especial as citocininas, como a 6- benzilaminopurina (Leontiev-Orlov et al., 2000a; Leontiev-Orlov et al., 2000b; Pérez-Tornero et al., 2000).

O objetivo principal deste trabalho foi avaliar o potencial de multiplicação in vitro da ameixeira (Prunus salicina Lindl.) 'Santa Rosa' sob diferentes concentrações de 6-benzilaminopurina (BAP).

Para o estabelecimento in vitro foram utilizados como explantes ápices caulinares e gemas laterais de ameixeira (Prunus salicinaLindl.) 'Santa Rosa', obtidos a partir de plantas matrizes, mantidas em casa de vegetação do Departamento de Fitotecnia, CCA/UFSC. O processo de desinfestação dos explantes foi realizado com as seguintes etapas: 5 minutos em solução água + Tween 20 (10 gotas.L-1); lavagem em água corrente; 2 minutos em álcool 70%; 15 minutos em hipoclorito de sódio 1,5% e em câmara de fluxo laminar três lavagens em água destilada autoclavada.

Os explantes foram introduzidos em meio de cultura MA1 para a cultura in vitro de Prunáceas. A composição mineral e orgânica é a seguinte: NH4NO3 (50 mg.L-1); KNO3 (1000 mg.L-1); CaNO3.6H2O (1600 mg.L-1); Mg(NO3).6H2O (257 mg.L-1); MgSO4.7H2O (360 mg.L-1); KH2PO4 (170 mg.L-1); micronutrientes e vitaminas de Lepoivre (Quoirin et al., 1977) suplementado com 0,5 mg.L-1 de 6- benzilaminopurina (BAP), sacarose (20,0 g.L-1) e ágar (7,0 g.L-1). O pH do meio de cultura foi ajustado para 5,5-5,6 antes da autoclavagem a 121ºC por 15 minutos.

Após três subculturas em fase de multiplicação, segmentos nodais com 0,5-1,0 cm foram introduzidos em meios de cultura suplementados com diferentes concentrações de BAP (0,5; 1,0; 2,0 e 3,0 mg.L-1). As avaliações realizaram-se após 21 dias de cultura in vitro, levando em consideração número e altura dos brotos por explante. A variável altura de brotos foi mensurada, por meio de um paquímetro, avaliando-se todas as brotações por explante para cada tratamento e repetições. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente ao acaso com quatro tratamentos, cinco repetições e cada unidade experimental (frasco) composta de cinco explantes. Os dados não transformados foram submetidos à análise da variância (ANOVA) e ao teste de separação de médias SNK (5%). Os valores do efeito do BAP para altura de brotos foram submetidos à análise de regressão polinomial, de acordo com Sokal e Rohlf (1995).

Todas as fases do presente estudo foram conduzidas em câmara de crescimento com temperatura de 25±2ºC, fotoperíodo de 16 horas e intensidade luminosa de 40- 45mmol.m-2.s-1, fornecida por lâmpadas fluorescentes brancas frias.

O efeito das diferentes concentrações de BAP para o número de brotos por explante é mostrado na Tabela_1. Não ocorreram diferenças significativas no número de brotos para as diferentes concentrações de BAP testadas. No entanto, o maior número de brotos obteve-se na concentração de 2,0 mg.L-1, com uma taxa de multiplicação de 3,6 brotos por explante.

As taxas de multiplicação observadas podem ser consideradas adequadas para a micropropagação desta variedade. Os resultados verificados para o número de brotos por explantes estão dentro dos valores citados na literatura para as diferentes espécies do gênero Prunus (Parfitt e Almehdi, 1986; Harada e Murai, 1996; Pérez-Tornero et al., 2000). Na multiplicação in vitro de pessegueiro Parfitt e Almehdi (1986) observaram uma variação de 1,3 a 9,9 brotos por explante. Variedades de Prunus domestica e Prunus cerasus resultaram em taxas de multiplicaçãoin vitrode 9,8 a 22,6 brotos por explante (Leontiev-Orlov et al., 2000b). Arena e Caso (1992), Leontiev-Orlov et al. (2000b), Pérez-Tornero e Burgos (2000) sugeriram que as diferenças observadas nas taxas de multiplicação in vitro para espécies e/ou variedades de Prunus são freqüentemente atribuídas ao genótipo.

Com relação ao efeito da citocinina (BAP) na proliferação de brotos, Pérez- Tornero et al. (2000) verificaram que as concentrações de 0,4 e 0,6 mg.L-1 de BAP possibilitaram os melhores resultados na multiplicação in vitro de Prunus armenica L. No entanto, Rogalski (2002) observou que a taxa de multiplicação in vitro foi superior para o porta-enxerto de Prunus 'Capdeboscq' nas concentrações de 1,0'2,0 mg.L-1 de BAP. Em ameixeira européia (Prunus domestica) os resultados superiores de multiplicação in vitro foram observados com o uso de 0,5 e 1,5 mg.L-1 de BAP (Leontiev-Orlov et al., 2000a).

A altura média dos brotos apresentou diferenças significativas em resposta às diferentes concentrações de BAP testadas (Tabela_1). A maior altura média dos brotos foi obtida em resposta à concentração de 0,5 mg.L-1, ocorrendo uma redução nos valores para esta variável proporcionalmente ao aumento na concentração de BAP (Figura_1). O ajuste da equação de regressão permitiu inferir que a concentração ótima testada foi de 0,5 mg.L-1, com uma altura média de 6,0 mm por broto.

Estes resultados são similares àqueles obtidos por Leontiev-Orlov et al.

(2000b) e Pérez-Tornero et al. (2000), que observaram que doses crescentes de citocininas inibiram o alongamento das brotações em Prunáceas. Rogalski (2002), na multiplicação in vitro de pessegueiro, obteve maior altura de brotos com uso de 0,1 mg.L-1 de BAP. Leontiev-Orlov et al. (2000a) verificaram que em ameixeira européia 'Kantimirovskaja' a utilização de 0,1 mg.L-1 de '2iP ' ribose' [N6 ' (2 ' isopentenil) adenosina] proporcionou maior altura das brotações.

Os resultados encontrados na literatura de inibição do alongamento dos brotos pelo BAP foram confirmados no presente trabalho quando se considera o ajuste da equação de regressão (Figura_1), que revelou que a ameixeira 'Santa Rosa' apresentou a maior altura dos brotos com a menor concentração de BAP testada.

Uma correlação negativa foi observada entre altura de brotos e concentração de BAP (R2=0,61; F=12,5; p<0,05), revelando que o aumento nos níveis de BAP reduziu o crescimento dos brotos.

Em conclusão, os resultados obtidos no presente trabalho revelaram que para a micropropagação da ameixeira 'Santa Rosa' é possível a obtenção de uma taxa média de regeneração de 3,6 brotos/explante em resposta ao nível de 2,0 mg.L- 1 de BAP. Concentrações maiores que 0,5 mg.L-1 deste fitorregulador reduziram a altura média dos brotos.


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