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BrBRCVAg0100-29452003000300004

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National varietyBr
Year2003
SourceScielo

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Caracterização fenológica e requerimentos térmicos de variedades de uvas sem sementes no Vale do São Francisco BOTÂNICA E FISIOLOGIA

Caracterização fenológica e requerimentos térmicos de variedades de uvas sem sementes no Vale do São Francisco1

Phenological evaluation and thermal requirements of five seedless grapes in the San Francisco River Valley

Patricia Coelho de Souza LeãoI; Emanuel Elder Gomes da SilvaII IEngª Agr., M.Sc., Pesquisadora Embrapa Semi-Árido, Caixa Postal 23, 56302-970, Petrolina, PE, Fone: (87)3862-1711, patricia@cpatsa.embrapa.br IIEngª Agr., M.Sc., Bolsista CNPq, Embrapa Semi-Árido, emanoel@cpatsa.embrapa.br

INTRODUÇÃO Na introdução de novas variedades, a fenologia desempenha importante função, pois permite a caracterização da duração das fases do desenvolvimento da videira em relação ao clima, especialmente às variações estacionais, além de ser utilizada para interpretar como as diferentes regiões climáticas interagem com a cultura (Terra et al., 1998).

Na viticultura brasileira realizaram-se estudos de fenologia e caracterização térmica nas tradicionais regiões produtoras de uva no sudeste e sul do país.

Mandelli (1984) caracterizou a potencialidade climática da região de Bento Gonçalves no Rio Grande do Sul para o cultivo de algumas variedades para vinificação. A fenologia da variedade Niagara Rosada foi estudada por Pedro Júnior et al. (1993), Ferri (1994) e Guerreiro (1997). Por sua vez, Silva et al. (1990) estudaram o comportamento de vinte variedades americanas de videira em Jundiaí. Boliani (1994) avaliou o comportamento fenológico das variedades Itália e Rubi na região oeste do Estado de São Paulo. No Vale do São Francisco, seis cultivares de uvas sem sementes foram avaliadas em condições tropicais (Leão e Pereira, 2001).

A fenologia varia em função do genótipo e das condições climáticas de cada região produtora, ou em uma mesma região devido às variações estacionais do clima ao longo do ano. Em condições de clima tropical, como aquelas predominantes no Vale do São Francisco, a videira vegeta continuamente, não apresentando fase de repouso hibernal. A data de poda passa a ser a referência para o início do ciclo fenológico da videira, que sofre a influência das condições climáticas predominantes durante aquele período. No entanto, poucos estudos foram realizados sobre a fenologia da videira em condições tropicais.

A caracterização das exigências térmicas da videira mediante o conceito de graus-dia tem sido utilizada por diversos autores, sendo um método eficiente para prever antecipadamente a data de colheita (Pedro Júnior et al, 1994).

O presente trabalho teve como objetivo estudar o comportamento fenológico de cinco variedades de uvas sem sementes em diferentes épocas de poda nas condições do Vale do São Francisco.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Campo Experimental de Bebedouro, pertencente à Embrapa Semi-Árido, localizado no município de Petrolina-PE (latitude 9º09' Sul, longitude 40º22' Oeste, e altitude média de 365 m). Segundo Köeppen, o clima da região pode ser classificado como tipo Bswh, que corresponde a uma região semi-árida muito quente. As temperaturas mensais médias, mínimas e máximas que ocorreram durante a realização do trabalho são apresentadas na Figura_1.

O período considerado no estudo correspondeu aos anos de 2000 a 2002, estudando-se para cada variedade seis diferentes datas de poda: dezembro de 2000, abril de 2001, junho de 2001, outubro de 2001, janeiro a fevereiro de 2002 e abril de 2002.

Foram utilizadas as seguintes variedades de uva sem sementes: Superior Seedless ou Festival, Thompson Seedless, Catalunha, Perlette e Marroo Seedless, enxertadas sobre porta-enxerto IAC 572 'Jales'.

O comportamento fenológico das variedades foi avaliado através de observações visuais realizadas semanalmente a partir da poda até a colheita. As determinações dos estádios fenológicos foram baseadas na escala BBCH (Lorenz et al.,1995), para os seguintes períodos: gemas dormentes (data de poda) a gemas inchadas fases 00 a 05 (1), gemas inchadas a início de brotação fases 05 a 09 (2), início de brotação a 5-6 folhas separadas fases 09 a 16 (3), 5- 6 folhas separadas a início de floração fases 16 a 61 (4), início de floração à plena-floração fases 61 a 65 (5), plena-floração a "chumbinho"- fases 65 a 71 (6), "chumbinho" à "ervilha" fases 71 a 75 (7), "ervilha" a ½ baga fases 75 a 79 (8), ½ baga a início de maturação fases 79 a 81 (9) e início de maturação à maturação plena fases 81 a 89 (10). O momento adequado para a colheita foi considerado quando as variedades apresentavam teor de sólidos solúveis totais superior a 16oBrix.

Para caracterização dos requerimentos térmicos de cada variedade, utilizou-se o somatório de graus-dia desde a poda até a colheita para os seis ciclos de produção, bem como para cada um dos períodos, utilizando-se temperatura-base de 12ºC, segundo equações propostas por Villa Nova et al. (1972).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Observou-se uma variação no número de dias e requerimentos térmicos necessários para completar cada estádio fenológico, entre as diferentes variedades e épocas de poda (Tabelas_1 e 2). Essas variações eram esperadas uma vez que as variedades possuem origem genética distintas e foram obtidas para adaptação em condições ambientais diversas.

A 'Superior Seedless' foi a variedade mais precoce, cujo ciclo fenológico variou de 85 (podas em junho e outubro de 2001) a 100 dias (poda em janeiro de 2002), com uma média de 91 dias entre o estádio de gemas dormentes à plena maturação. Os requerimentos térmicos nesta variedade, variaram entre 1.088 e 1.489 GD (podas de junho de 2001 e janeiro de 2002, respectivamente). 'Marroo Seedless' foi a segunda variedade mais precoce, cujo ciclo fenológico variou entre 93 (poda em dezembro de 2000) e 110 dias (poda em junho de 2001), o que correspondeu à duração média de 100 dias desde a poda até a colheita e requerimentos térmicos que variaram entre 1.109 e 1.489 GD. A duração do ciclo fenológico variou de 88 a 113 dias na 'Perlette', 96 a 110 dias na 'Catalunha' e de 93 a 110 dias na 'Thompson Seedless'. Estas três variedades apresentaram comportamentos semelhantes quanto à duração do ciclo e requerimentos térmicos, respectivamente de 105, 102 e 103 dias e 1.514, 1.411 e 1.441 GD, para as médias das cinco épocas de poda. Esta semelhança é mais evidenciada entre a 'Catalunha' e a 'Thompson Seedless', onde a maior diferença na duração do ciclo entre as variedades foi de apenas 6 dias para a poda de outubro de 2002. A variedade Perlette destacou-se entre todas as variedades estudadas por ser a mais tardia e que demanda maior somatório térmico para completar o ciclo. A duração média do ciclo para as variedades Superior Seedless, Marroo Seedless e Thompson Seedless são semelhantes àquelas obtidas em trabalhos anteriores para estas variedades nesta mesma região (Leão e Pereira, 2001; Grangeiro et al., 2002). Entretanto, pode-se observar uma redução de 86 dias no ciclo da variedade Thompson Seedless quando comparada aos resultados obtidos por Villaseca et al. (1986) no Chile. Os requerimentos térmicos desde a poda até a colheita, observados neste trabalho, estão próximos dos valores obtidos por Pedro Júnior et al. (1993) na variedade Niágara rosada em diferentes regiões do Estado de São Paulo e Mandelli (1984) em Bento Gonçalves para o período brotação-colheita.

O estádio fenológico de amadurecimento de frutos compreendido entre o início e o final da maturação foi o que apresentou maior duração em todas as cultivares, bem como maior demanda térmica. Nas cultivares 'Superior Seedless' e 'Marroo Seedless', a poda que promoveu a maior duração desta fase do ciclo foi aquela realizada no final de janeiro e início de fevereiro de 2002, quando obteve-se respectivamente 31 e 37 dias nas duas variedades. Por outro lado, para as demais variedades, a poda realizada em dezembro de 2000 foi a que proporcionou maior duração deste estádio fenológico, sendo de 37, 33 e 31 dias para Perlette, Thompson Seedless e Catalunha, respectivamente. Outros estádios fenológicos que também apresentaram duração mais prolongada que os demais foram a fase final de crescimento de bagas (1/2 baga à início de maturação) cuja média variou de 15 dias na 'Superior Seedless' a 21 dias na 'Perlette', e o período compreendido entre 4 a 6 folhas separadas e início de floração (15 dias na 'Marroo Seedless', 17 dias na 'Superior Seedless' e 'Perlette' e 18 dias na 'Thompson Seedless' e 'Catalunha'). As fases fenológicas desde ½ baga até o final de maturação foram as que exigiram maior somatório térmico em todas as variedades (Tabela_2).

CONCLUSÕES Nas condições em que foi realizado este trabalho, pode-se concluir o seguinte: 1) As variedades mais precoces foram a 'Superior Seedless' com duração média do ciclo fenológico de 91 dias e Marroo Seedless com 100 dias; 2) 'Perlette', 'Thompson Seedless' e 'Catalunha' apresentam comportamento fenológico semelhante com média de duração para o ciclo fenológico de 105, 103 e 102 dias, respectivamente; 3) Os requerimentos térmicos para completar o ciclo fenológico foram mais elevados nas variedades Perlette (1514 GD), Thompson Seedless (1442 GD) e Catalunha (1411 GD), enquanto 'Superior Seedless' (1315 GD) e 'Maroo Seedless' (1397 GD) foram menos exigentes; 4) Os períodos compreendidos entre o início e o final da maturação, 1/2 baga a início de maturação e 5 a 6 folhas separadas a início de floração apresentaram a maior duração entre todos os períodos em todas as variedades.


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