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BrBRCVAg0100-29452004000100004

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National varietyBr
Year2004
SourceScielo

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Multiplicação in vitro dos porta-enxertos de Prunus sp. 'Barrier' e 'Cadaman' BIOTECNOLOGIA

Multiplicação in vitro dos porta-enxertos dePrunussp. 'Barrier' e 'Cadaman'1

In vitro multiplication of 'Barrier' and 'Cadaman' Prunussp. rootstocks

Marcelo CoutoI; Roberto Pedroso de OliveiraII; Gerson Renan de Luces FortesIII IBolsista da CAPES. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel - FAEM/UFPel, CP. 354, 96010-9000, Pelotas-RS. E-mail: couto@cpact.embrapa.br IIEmbrapa Clima Temperado, CP. 403, 96001-970, Pelotas-RS - Bolsista CNPq. E- mail: rpedroso@cpact.embrapa.br IIIEmbrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, CP. 02372, 70849-960, Brasília- DF - Bolsista CNPq. E-mail: gerson@cenargen.embrapa.br

INTRODUÇÃO No Brasil, anualmente, são produzidas 150 mil toneladas de pêssego em uma área de 22 mil ha, sendo o Estado do Rio Grande do Sul responsável por 60% da produção (Agrianual, 2003). A produção destina-se ao mercado de frutas frescas e à industrialização, sendo freqüente a realização de importações para atender à demanda interna (Chalfun & Hoffmann, 1997). Um dos principais fatores limitantes à cultura no País refere-se à falta de mudas de alta qualidade genética, fitossanitária e fitotécnica.

A propagação do pessegueiro vem sendo realizada por meio de enxertia, utilizando porta-enxertos produzidos principalmente a partir de sementes, o que acarreta constante variabilidade genética do pomar (Fachinello et al., 1994).

As principais cultivares utilizadas no Sul do Brasil são o 'Capdeboscq' e o 'Aldrighi', os quais são altamente suscetíveis ao nematóide Meloidogyne incognita (Mauch, 1991). vários anos, pesquisadores da Embrapa Clima Temperado e da Universidade Federal de Pelotas vêm dedicando-se à introdução, melhoramento genético, propagação e avaliação de diferentes porta-enxertos para Prunus. Dentre as cultivares introduzidas, destacam-se a 'Barrier' e a 'Cadaman', ambas híbridas provenientes do cruzamento Prunus persica x P.

davidiana. A cv. Barrier apresenta tolerância a nematóides do gênero Meloidogyne e à asfixia das raízes (Finardi, 1998), enquanto a cv. Cadaman apresenta sistema radicular profundo, adaptando-se a diferentes tipos de solo e condições de umidade (Felipe, 1994).

A multiplicação de porta-enxertos de Prunus por meio de estaquia raramente tem sido empregada em função da baixa capacidade de enraizamento da maioria das cultivares de importância econômica (Chalfun & Hoffmann, 1997).

A produção in vitro de porta-enxertos vem sendo realizada de forma comercial em vários países, principalmente na Itália (Loreti & Massai, 1995), não sendo utilizada no Brasil em função da inexistência de um método economicamente viável. A micropropagação apresenta as vantagens de possibilitar a produção massal de mudas livres de patógenos e com uniformidade genética em pequeno espaço físico e curto período de tempo, de forma a atender às exigências das entidades fiscalizadoras e às necessidades dos produtores de mudas de qualidade (Oliveira et al., 2001).

A micropropagação de espécies de Prunus tem apresentado problemas de oxidação, contaminação por bactérias provavelmente endofíticas, dificuldade de enraizamento e, principalmente, baixa taxa de multiplicação dos explantes, havendo a necessidade de maiores estudos (Chalfun & Hoffmann, 1997). Além disso, existe uma resposta diferencial em relação aos genótipos (Parfitt & Almehdi, 1986).

Este trabalho teve por objetivo estabelecer a melhor concentração de sais do meio MS (Murashige & Skoog, 1962) e da citocinina BAP (6-benzilaminopurina) para a multiplicação in vitrodos porta-enxertos de Prunus sp. 'Barrier' e 'Cadaman'.

MATERIAL E MÉTODOS O material vegetal utilizado foi composto de segmentos nodais (5 a 10 mm) de plântulas dos porta-enxertos de Prunussp. 'Barrier' e 'Cadaman' cultivadas in vitro, por cinco subcultivos de 30 dias, em meio 1/2MS suplementado com 0,3 mg L-1 de BAP.

O meio de cultura básico usado no experimento foi o MS suplementado com 10 mg L-1 de ácido ascórbico; 0,5 mg L-1 de ácido cítrico; 1 mg L-1 de ácido nicotínico; 2 mg L-1 de glicina; 0,5 mg L-1 de piridoxina; 0,5 mg L-1 de tiamina; 100 mg L-1 de mio-inositol; 30 g L-1 de sacarose, e 6 g L-1 de ágar, com pH ajustado para 5,8 antes da autoclavagem a 121ºC, por 15 minutos.

A multiplicação in vitro dos explantes dos dois porta-enxertos ('Barrier' e 'Cadaman') foi estudada sob variações na concentração de sais (MS; ½MS; e 2/ 3MS) combinadas com cinco concentrações de BAP (0; 1,5; 2,5; 3,5 e 4,5 mM). O delineamento experimental foi um fatorial 2x3x5, distribuído em blocos casualizados, compostos por quatro repetições, contendo cinco tubos de ensaio (20 x 150 mm) cada uma, sendo inoculado um segmento nodal por tubo, contendo 10 mL de meio de cultura. A cultura dos explantes foi realizada em ambiente com intensidade luminosa de 20 mE m-2 s-1, fotoperíodo de 16 horas e temperatura de 24 ± 4ºC. Após cinco semanas, foram avaliadas as variáveis número de gemas, número e comprimento das brotações (mm). A análise estatística dos dados para os fatores porta-enxerto e variações do meio MS foi realizada por meio de comparação de médias, pelo teste de Duncan, e para os níveis de BAP, por meio de regressão polinomial, utilizando o programa SANEST - Sistema de Análise Estatística para Microcomputadores (Zonta & Machado, 1984). O nível mínimo de significância adotado foi de 5%, sendo os dados das variáveis número de gemas e de brotações transformados para (x + 1)½ e (x + 0,5)½, respectivamente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os porta-enxertos 'Barrier' e 'Cadaman' apresentaram diferenças significativas quanto ao potencial de multiplicação in vitro, o que foi quantificado pela avaliação do número de gemas e de brotações produzidas por explante (Tabela_1).

A cv. Barrier apresentou o melhor desempenho, com média de 3,6 brotações por explante durante o subcultivo de cinco semanas avaliado (Tabela_2).

Desenvolvimento in vitro diferencial entre cultivares havia sido relatado entre outros porta-enxertos de Prunus por Hammerschlag (1982), Parfitt & Almehdi (1986) e Zimmerman (1988). Ao comparar-se com outras espécies perenes, a taxa de multiplicação de 2,9 obtida inclusive para a cv. Cadaman também pode ser considerada satisfatória.

Independentemente da cultivar e da quantidade de citocinina adicionada ao meio de cultura, observou-se efeito da concentração de sais do meio MS na multiplicação dos explantes (Tabela_1). O maior número médio de brotações por explante (4,1) foi obtido no meio ½MS, enquanto o maior comprimento médio de brotações (8,7 mm) no meio MS com concentração original de sais. Segundo Parfitt & Almehdi (1986), taxas de multiplicação próximas a 5,0 são bastante satisfatórias para espécies de Prunus. Conforme se pode observar na Tabela_3, um maior desenvolvimento dos explantes quanto ao número de brotos implica menor comprimento das brotações e vice-versa. No presente trabalho, demonstrou-se que a regulação dessa resposta pode ser realizada por variações na concentração de sais do meio MS. Isto é importante para controlar o processo de multiplicação in vitro dos explantes ao longo dos subcultivos durante a micropropagação dos porta-enxertos 'Barrier' e 'Cadaman'.

As regressões polinomiais das variáveis número de gemas, brotações por explante e comprimento das brotações apresentaram um ajustamento quadrático para níveis de BAP, atingindo os pontos de máximo 31,2 gemas por explante; 4,6 brotações por explante, e 8,1 mm de comprimento nas concentrações 3,3; 3,1 e 3,1 mM de BAP, respectivamente (Figuras_1, 2 e 3). Desta forma, o uso de 3,1 mM de BAP pode ser recomendado para a multiplicação in vitro de ambos os porta-enxertos de Prunus estudados. Embora esta mesma concentração tenha sido também definida como a mais indicada para a micropropagação dos porta-enxertos 'Marianna', 'Mr.S 2/5' e 'G x N22' (Silveira et al., 2001), 'Hansen 2168' e 'Hansen 536' (Martinelli, 1985), não podem ser feitas generalizações. Parfitt & Almehdi (1986) obtiveram taxas diferentes de multiplicação ao trabalharem com 56 cultivares de pessegueiro.

Mesmo no meio de cultura sem adição de BAP, houve multiplicação dos explantes de 'Barrier' e de 'Cadaman' (Figura_2), o que pode ser atribuído a um efeito residual do meio utilizado nos cinco subcultivos anteriores. O uso de 4,5 mM de BAP proporcionou desenvolvimento de um menor número de gemas e de brotações em ambas as cultivares em relação a 3,5 mM de BAP, sugerindo ser uma concentração excessiva desse regulador de crescimento. Chiariotti & Antonelli (1988) haviam demonstrado redução na taxa de multiplicação de explantes de pessegueiro, porém somente ao utilizar-se concentrações superiores a 20 mM de BAP.

Durante o experimento, não foram observadas plântulas com sintomas de vitrificação, oxidação, encarquilhamento ou clorose das folhas, sugerindo desenvolvimento normal dos explantes.

CONCLUSÕES 1) A cv. Barrier apresenta maior potencial genético para multiplicação in vitro em relação à 'Cadaman'.

2) A concentração de sais do meio de cultura pode ser utilizada para controlar o desenvolvimento e a multiplicação de explantes de porta-enxertos de Prunus durante a micropropagação.

3) A suplementação do meio de cultura MS com 3,1 mM de BAP é recomendada para a multiplicação in vitro dos porta-enxertos de Prunus 'Barrier' e 'Cadaman'.


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