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BrBRCVAg0100-29452004000200022

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National varietyBr
Year2004
SourceScielo

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Seleção de progênies de maracujazeiro-amarelo vigorosas e resistentes à verrugose (Cladosporium cladosporioides)

INTRODUÇÃO O maracujazeiro-amarelo encontra no Brasil excelentes condições para seu cultivo. É apreciado pela qualidade do suco, do aroma e do sabor bastante agradáveis (Meletti, 1996). Apresenta grande variabilidade genética a ser explorada pelo melhoramento. Três cultivares, denominados IAC 273, IAC 275 e IAC 277, foram lançados pelo Instituto Agronômico de Campinas e produzem maracujás com características adequadas ao processamento industrial, podendo também ser comercializados no mercado de fruta fresca (Meletti et al., 2000).

Apesar da grande importância econômica e da sua rusticidade, existem diversos problemas fitossanitários afetando a cultura. No Brasil, dentre as principais doenças fúngicas que infectam a parte aérea do maracujazeiro, estão a antracnose, a verrugose ou cladosporiose, a mancha-parda e a septoriose (Ruggiero et al., 1996; Goes, 1998).

A verrugose ataca tecidos novos de folhas, ramos, gavinhas, flores e frutos.

Nas folhas, manifesta-se inicialmente como pequenas manchas translúcidas circulares, onde, depois, os tecidos da lesão sofrem necrose e caem. Em partes jovens dos ramos, pecíolos e gavinhas, ocorrem lesões deprimidas (acanoadas), onde posteriormente o fungo esporula (Simmonds, 1932). Nos frutos, as lesões são superficiais, não causando deterioração da polpa, mas prejudicam a aparência e a aceitação do fruto no mercado in natura (Goes, 1998). Pelo crescimento do tecido da casca adjacente à margem da lesão, a área afetada é ligeiramente elevada acima da superfície, originando calombos denominados de verrugas, que podem coalescer e permanecer até a maturação do fruto (Simmonds, 1932).

Barreto et al. (1996) identificaram como agente etiológico o fungo Cladosporium cladosporioides, o causador da queima de mudas de maracujazeiro, uma doença comum, sobretudo em viveiros onde as plantas são mantidas em populações muito densas, sendo sua evolução muito rápida, levando à necrose generalizada da parte aérea das plantas atacadas.

Bueno et al. (2002) verificaram que houve diferenças significativas na incidência e severidade da verrugose em frutos de genótipos de maracujazeiro- amarelo cultivados sob três níveis de potássio. Porém, não houve diferenças devido aos níveis de potássio e à interação genótipos x níveis de potássio na ocorrência da doença.

Este trabalho teve como objetivo avaliar a viabilidade de seleção e selecionar, entre progênies de meios-irmãos de maracujazeiro, plantas mais vigorosas e resistentes à verrugose, sob ocorrência de inóculo natural da doença.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa-MG. Avaliaram-se 42 tratamentos, compostos de 39 progênies de meios-irmãos e três cultivares (Tabela_1). O plantio deu-se em novembro de 2002, em espaçamento de 3,5 x 3,5 m, em espaldeira com um fio de arame, sendo realizados todos os tratos culturais normalmente recomendados para a cultura. A irrigação foi realizada somente na fase inicial da instalação da cultura. A adubação utilizada foi de acordo com a recomendada por Souza et al. (1999).

As plantas foram avaliadas em 13-02-2003 quanto ao vigor e incidência de verrugose. O vigor foi avaliado segundo escala de notas de um a cinco, conforme explicitado na Tabela_2. A incidência de verrugose foi avaliada em ramos novos e folhas, segundo escala de notas de um a cinco, sob ocorrência de fonte de inóculo natural (Tabela_2). Essa escala corresponde à parte da escala de notas proposta por Horsfall & Barrat, citados por Maffia et al. (1999).

Simulou-se a seleção independentemente para resistência à verrugose e vigor, e por índices de seleção envolvendo os dois caracteres. Para os índices de seleção, consideraram-se os pesos para resistência à verrugose e vigor de 1 : 1 e 2 : 1, respectivamente, para o índice 1 e índice 2. Em cada caso, selecionaram-se as dez melhores progênies (25%).

O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com 42 tratamentos, 03 repetições e 04 plantas por parcela. Os dados obtidos foram analisados no aplicativo computacional GENES (Cruz, 2001), versão 2003.

Foi estimada a herdabilidade das características por meio da expressão (Cruz & Regazzi, 1997):

= componente de variância genética estimado por meio de: <formula/>= QMG QMR/r QMG: quadrado médio do genótipo; QMR: quadrado médio do resíduo; r: número de repetições.

Os ganhos por seleção direta e indireta foram estimados por meio de: GSj = h2j DSj e GSj (j') = h2j DSj (j') em que: GSj, GSj (j'): ganho na característica j, pela seleção direta e indireta, via j', respectivamente; h2j: herdabilidade da característica j; DSj e DSj (j'): diferença de seleção para as características j pela seleção direta e indireta, via j', respectivamente.

Também foi estimado o ganho por meio da seleção simultânea considerando o índice de Smith e Hazel, estabelecido a partir do sistema de equações: Pb = Ga, em que: P = matriz de covariâncias fenotípicas; G = matriz de covariâncias genotípicas; a = vetor de pesos econômicos (estabelecidos iguais a -1 e 1, ou -2 e 1 para doença e vigor, respectivamente); b = vetor de coeficientes do índice de seleção.

RESULTADOS E DISCUSSÃO As médias das notas de incidência de verrugose e vigor estão representadas na Figura_1. A seleção independente para resistência à verrugose e vigor indica que apenas três progênies (6; 7 e 27) seriam selecionadas com base nos dois caracteres. Além destas, sete progênies diferentes seriam selecionadas com base em cada caráter (Tabela_3). Com base nos índices de seleção, serão selecionadas, além das progênies 6; 7 e 27, aquelas de número 2; 3; 19; 20 e 36 e as de número 15 e 41 (Índice 1) ou 22 e 32 (Índice 2) (Tabela_3).

O índice de seleção 1 (Índice Clássico, de Smith, 1936, e Hazel, 1943) proporcionou ganho de seleção estimado de 5,79% para resistência à verrugose e 14,48% para vigor. O índice de seleção 2 prevê ganho de seleção mais equilibrado, em torno de 10% para cada um dos caracteres (Tabela_3) e foi, portanto, adotado neste trabalho. As progênies selecionadas neste trabalho serão submetidas à seleção, visando à produtividade e qualidade de frutos.

A herdabilidade estimada foi de 44,68% para resistência à verrugose e 56,53% para o vigor. Herdabilidades dessa magnitude indicam que a seleção para estes caracteres deva ser eficiente. Em maracujazeiro, foram encontradas herdabilidades de 95,93% e 97,29% para a característica número de frutos, indicando que o ambiente não tem grande influência na expressão do caráter e que um método simples de seleção pode ser aplicado (Viana, 2001).

As cultivares IAC-273, IAC-275 e IAC-277 foram incluídas no ensaio para efeito de comparação. As cultivares IAC-273 e IAC-275 estão entre as progênies selecionadas apenas com base no vigor. Com relação à incidência à verrugose, nenhuma das cultivares IAC testadas está entre as progênies selecionadas. Na seleção com base em índice de seleção, IAC 275 está entre as progênies selecionadas no caso do índice 1 e nenhuma delas em se tratando do índice 2.

Esses resultados indicam que é possível selecionar plantas mais vigorosas e com maior resistência à verrugose do que as cultivares atualmente disponíveis.

Segundo Simmonds (1932), abundante umidade favorece o aumento da infecção de verrugose no maracujazeiro. Nesse trabalho, a grande incidência de verrugose foi favorecida pela grande quantidade de chuvas e conseqüente aumento na umidade ocorridas no mês de janeiro de 2003 (Tabela_4), sendo os ramos e folhas jovens as partes mais atacadas.

CONCLUSÕES 1. A seleção de plantas mais vigorosas e resistentes à verrugose mostrou-se viável.

2. O índice de seleção 2, com peso -2 : 1, para resistência à verrugose e vigor, foi o mais adequado.

3. As progênies selecionadas para maior resistência à verrugose e vigor, com base no índice 2, foram 2; 3; 6; 7; 19; 20; 22; 27; 32 e 36.


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