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BrBRCVAg0100-29452004000200032

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National varietyBr
Year2004
SourceScielo

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Efeito da omissão de macronutrientes e boro no crescimento, nos sintomas de deficiências nutricionais e na composição mineral de plantas de camucamuzeiro SOLOS E NUTRIÇÃO DE PLANTAS

Efeito da omissão de macronutrientes e boro no crescimento, nos sintomas de deficiências nutricionais e na composição mineral de plantas de camucamuzeiro1

Effect of omission of macronutrient and boron on growth, on symptoms of nutritional deficiency and mineral composition in camucamuzeiro plants (Myrciaria dubia)

Ismael de Jesus Matos ViégasI; Maria Alice Alves ThomazII; Jefferson Felipe da SilvaIII; Heráclito Eugênio Oliveira da ConceiçãoIV; Ana Priscilla Miranda NaiffV IEng. Agrôn., D.Sc., Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental e Professor Visitante da Universidade Federal Rural da Amazônia, Caixa Postal 48, CEP 66017- 970, Belém, Pará, e-mail: ismael@cpatu.embrapa.br IIEng. Agrôn., M.Sc., Técnica da Fundação de Parques e Áreas Verdes de Belém, Funverde, e-mail: Alicethomaz@aol.com IIIEng. Agrôn., Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, e-mail: jefferson@cpatu.embrapa.br IVEng. Agrôn., D.Sc. Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental: heraclit@cpatu.embrapa.br VEstudante de agronomia da Universidade Federal Rural da Amazônia, Caixa Postal 917, CEP 66095-100, Belém-PA, e-mail:apnaiff@hotmail.com

INTRODUÇÃO O camucamuzeiro (Myrciaria dubia (H. B. K.) McVaugh) é uma planta tipicamente amazônica, pertencente à família myrtaceae. Apresenta porte arbustivo e vegeta espontaneamente às margens de praias, de rios, e dos lagos da Amazônia Brasileira, sendo encontrada na estação chuvosa, parcial ou totalmente submersa.

Sua importância socioeconômica reside no fato de seus frutos apresentarem alto teor de vitamina C, em torno de 2.880 mg 100g-1 de polpa, superior ao da acerola, de 1.790 mg 100g-1 de polpa, ao do caju de 220 mg 100g-1 de polpa, ao da goiaba-branca de 80 mg 100g-1 de polpa e ao da laranja, de 59 mg 100g-1 de polpa ( Ludwing, 1996). Alguns genótipos podem atingir até 3.000 mg 100g-1 de polpa e 5.000 mg 100g-1 de casca ( Ribeiro, 2002). Dada à elevada acidez, os frutos dificilmente são consumidos in natura. Na Amazônia Peruana, são utilizados para o preparo de refresco, sorvete, picolé, geléia, doce e licor; no Brasil, para o preparo de cosméticos e, artesanalmente, em sucos e licores, enquanto nos Estados Unidos, Japão e França, as indústrias farmacêuticas os transformam em tabletes de vitamina C.

Por não ser uma espécie domesticada, pouco se sabe sobre as condições ideais para o cultivo do camucamuzeiro, uma vez que poucos trabalhos de pesquisa sobre essa espécie, principalmente na área de nutrição, podendo-se citar o de Yuyama et al.( 2003). Desse modo, torna-se necessária a domesticação do camucamuzeiro, através do desenvolvimento de várias ações de pesquisas, entre as quais as de nutrição mineral.

O experimento foi instalado com o objetivo de avaliar o efeito da omissão de N, P, K, Ca, Mg, S e B no crescimento, nos sintomas de deficiências nutricionais, assim como na composição mineral em plantas de camucamuzeiro.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido durante 310 dias em condições de casa de vegetação da Embrapa Amazônia Oriental, Belém, Pará, com temperaturas variando de 25 a 300C. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, com quatro repetições e oito tratamentos: completo (N, P, K, Ca, Mg, S e micronutrientes), omissão de um dos nutrientes: N, P, K, Ca, Mg, S e B.

Foram utilizadas sementes de germoplasma, coletadas na microrregião Alto Solimões, nos Municípios de São Paulo de Olivença e Atalaia do Norte, no Estado do Amazonas. A semeadura foi realizada em canteiro, contendo serragem fina bem curtida. Ao atingirem em torno de 10 cm de altura, as mudas foram repicadas para sacos de plástico preto em dimensões de 12 cm de largura x 25 cm de altura, contendo mistura de terra preta e serragem na proporção de 3:1. Quando as plantas atingiram aproximadamente 35 cm de altura, foram selecionadas, suas raízes lavadas com água corrente e, posteriormente, com água destilada, para eliminar possíveis resíduos do substrato e transplantadas para os vasos.

Inicialmente, as plantas foram aclimatadas por um período de aproximadamente 60 dias, em solução nutritiva de Bolle-Jones (1954), modificada e diluída de 1:10, tendo, como fontes, sais P.A. A Tabela_1 apresenta a composição química da solução nutritiva, utilizada durante a condução do experimento. As plantas, ao atingirem altura média de 50 cm, foram submetidas aos tratamentos completo e de omissão dos macronutrientes, com solução nutritiva diluída 1:1, com pH de 5,5.

A solução nutritiva foi fornecida por percolação nos vasos de plástico, com capacidade para 3 L e renovada a cada 15 dias. Diariamente, observava-se o nível de solução nos frascos coletores, completando-os para 1 L por planta, quando necessário, com adição de água destilada. Quando os sintomas de deficiência, referentes a cada nutriente, se apresentaram bem definidos, as plantas foram coletadas e submetidas à lavagem com água destilada. Cada planta foi dividida em folhas, caule e raízes e colocadas para secar em estufa com circulação forçada de ar a 70º C, até atingirem peso constante. Obtido o peso da matéria seca, procedeu-se à moagem do material em moinho tipo Willey, para análise química de tecido vegetal. Para o cálculo do crescimento relativo (CR), utilizou-se a fórmula: CR(%) = (M.S.O.N / M.S.T.C.) x 100 onde: M.S.O.N. = matéria seca da planta inteira obtida em cada omissão de nutriente; M.S.T.C = matéria seca total obtida no tratamento completo.

Foram determinadas as concentrações de N, P, K, Ca, Mg, S e B nas folhas, caules e raízes, segundo metodologia descrita por Möller et al. (1997). Em função dos dados de matéria seca da planta e da concentração dos nutrientes, foram calculados os dados do acúmulo de nutrientes. Os dados obtidos foram analisados estatisticamente pelo programa de computador software sas (sistema de análise estatística), para análise de variância, teste F, e, obtida a significância, realizou-se o teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade para a comparação de médias entre os tratamentos, em cada variável.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Sintomas visuais de deficiências de macronutrientes e do boro Nitrogênio Os sintomas de deficiência de nitrogênio surgiram 57 dias após o início dos tratamentos, as folhas mais velhas apresentaram coloração verde-amarelada e com a intensidade da deficiência, as lâminas foliares ficaram totalmente amareladas. Essa coloração, segundo Malavolta et al. (1997), está associada com a menor produção de clorofila e com modificações na forma dos cloroplastos.

Fósforo Os sintomas de deficiência de fósforo surgiram 250 dias após iniciados os tratamentos, porém não se mostraram bem definidos. As folhas velhas apresentaram necrose no ápice e o tamanho reduzido, quando comparadas ao tratamento completo. A necrose no ápice caracteriza-se pela morte de tecidos, provavelmente em decorrência da perda de seletividade de membranas de plantas deficientes em fósforo, considerando que essas membranas são estruturas complexas, constituídas de proteínas e lipídios, nas quais este último componente é formado de fosfolipídios. De acordo com Mengel & Kirkby (1987), plantas com deficiência em fósforo têm o seu crescimento retardado, por terem vários processos afetados, como a síntese de proteínas e a de ácidos nucléicos.

Potássio Os sintomas de deficiência de potássio surgiram 139 dias após o início dos tratamentos, e se caracterizaram, inicialmente, com pequenas necroses nos bordos e nos ápices das folhas mais velhas, as quais, com a intensidade da deficiência, evoluíram e formaram grandes manchas necróticas no limbo foliar.

Em plantas com deficiência em potássio, os compostos nitrogenados solúveis, inclusive as aminas putrescinas e agmatina, muitas vezes, se acumulam, sendo a última, provavelmente, responsável pelas manchas necróticas que aparecem nas folhas deficientes nesse nutriente (Epstein, 1975).

Cálcio As plantas deficientes de cálcio apresentaram as folhas novas retorcidas, enroladas para a sua face ventral, ocorrendo essas características após 236 dias após iniciados os tratamentos. A falta de cálcio é caracterizada pela redução do crescimento de tecidos meristemáticos, sendo observado primeiro nas extremidades em crescimento e folhas mais jovens (Mengel & Kirkby, 1987).

No processo metabólico, o cálcio afeta a atividade de hormônio e de enzimas, como os que regulam a senescência e a abscisão das folhas e frutos (Malavolta, 1980; Marschner, 1995).

Magnésio Os sintomas característicos de deficiência de magnésio em plantas de camucamuzeiro surgiram aos 139 dias após o início dos tratamentos, com clorose ao longo dos bordos das folhas mais velhas e amarelecimento entre as nervuras secundárias; com a intensidade da deficiência, ocorreu necrose. O magnésio é muito móvel no floema e, portanto, redistribui-se facilmente das folhas e tecidos mais velhos para regiões de maiores exigências, como os meristemas e órgãos de reserva (Epstein, 1975).

Enxofre Os sintomas de deficiência de enxofre em plantas de camucamuzeiro foram os primeiros a se manifestarem, ou seja, após 30 dias de iniciados os tratamentos, tendo as folhas novas se apresentado com uma coloração verde-clara; com a intensidade da carência, ocorreu clorose entre as nervuras secundárias ao longo dos bordos das folhas. Em folhas verdes, a maioria das proteínas está localizada nos cloroplastos e nas moléculas da clorofila. Portanto, plantas deficientes em enxofre apresentam menor teor de clorofila e, conseqüentemente, uma coloração verde-pálida.

Boro Os sintomas de deficiência de boro em plantas de camucamuzeiro manifestaram-se 50 dias depois de iniciados os tratamentos. As folhas novas se apresentaram retorcidas, atrofiadas, pequenas e grossas, e, com a intensidade dos sintomas, ocorreu morte do meristema apical do caule. Isso está relacionado, segundo Epstein (1975), ao ácido ribonucléico - RNA. O boro se acumula nas folhas mais velhas, com teores mais altos nas pontas e margens, e o transporte desse micronutriente ocorre via transpiração, o que explicaria o fato de os sintomas de deficiência se manifestarem nos pontos de crescimento ( Jones Jr., 1970). A deficiência de boro prejudica o transporte e a ação dos reguladores de crescimento, além de provocar distúrbios no desenvolvimento da planta, em razão do aumento do nível do ácido indolacético, redução da síntese de proteínas, dificuldade de formação da parede celular e no transporte de produtos da fotossíntese, propiciando o acúmulo de compostos fenólicos no vegetal (Melo & Lemos, 1991). Algumas plantas da Amazônia Oriental, destacando-se o dendezeiro e o coqueiro, são sensíveis à deficiência de boro (Viégas & Botelho, 2000).

Efeito dos tratamentos sobre a produção de matéria seca e crescimento relativo em plantas de camucamuzeiro Com exceção do tratamento com omissão de fósforo, os demais tratamentos limitaram a produção de matéria seca nas folhas, no caule, nas raízes e total, quando comparados ao completo (Tabela_2). Fato semelhante foi observado por Viégas et al. (1998) em plantas de quina (Quassia amara L.).Provavelmente, a não-exteriorização de efeitos deletérios sobre a produção de matéria seca, em função da omissão de fósforo observado neste trabalho, se deva às quantidades absorvidas desse nutriente durante a fase de aclimatação das plantas na solução nutritiva. Os tratamentos que mais afetaram a produção de matéria seca total foram as omissões individuais de nitrogênio, potássio e boro, quando comparados ao tratamento completo. Constatou-se que o crescimento relativo (CR) obedeceu à seguinte ordem decrescente, em relação aos tratamentos: P>Completo>Ca>Mg=S>B>K>N. Deduz-se, dessa maneira, que o desenvolvimento da planta, durante o período experimental, não foi afetado pela omissão de fósforo, foi menos afetado pela omissão de Ca, com redução de 55% da matéria seca, e mais afetado pela omissão de nitrogênio, com redução de 84% da matéria seca. Essa limitação do crescimento, resultante da omissão de nitrogênio, também foi constatada em plantas de juta por Viégas et al. (1992), de malva por Fasabi (1996) e de urucum por Haag et al. (1988). Tal efeito é justificado em razão de o nitrogênio ser constituinte dos aminoácidos e, conseqüentemente, de proteínas, e quando ocorre a deficiência de nitrogênio, alteração no metabolismo vegetal, causando prejuízos ao desenvolvimento das plantas. Os resultados também evidenciaram que a deficiência de enxofre apresentou a relação parte aérea/raiz com maior quociente, portanto com menor quantidade de matéria seca de raízes. Isso pode se explicado pela diminuição na partição de carboidratos para a raiz, provavelmente devido à diminuição do teor de sacarose das raízes de plantas deficientes em enxofre.

Efeito dos tratamentos sobre os teores de macronutrientes e de boro nas folhas, caule e raízes de plantas de camucamuzeiro Os resultados dos teores de macronutrientes correspondentes a cada tratamento são apresentados na Tabela_3. Constata-se que as omissões isoladas de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre e boro reduziram os teores desses nutrientes em todas as partes da planta, quando comparados com o tratamento completo. O fato foi observado em plantas de quina por Viégas et al.

(1998), com exceção da omissão do cálcio, que não reduziu o teor desse nutriente nas folhas e raízes.

As concentrações de macronutrientes das plantas do tratamento completo obedeceram à seguinte ordem nas folhas: N>Ca>K>S>Mg>P; no caule e raízes, N>K>Ca>Mg>S>P. Com base nos teores dos macronutrientes (g kg-1,) e do micronutriente boro (mg kg-1) nas folhas de camucamuzeiro, infere-se em uma primeira aproximação dos valores normais (completo) sendo : N de 16,9 a 18,2 ; P de1,2 a 1,9; K de 5,2 a 6,0; Ca de 9,9 a 11,7; Mg de1,4 a 3,6; S de 2,4 a 2,8 ; B de 8,4 a 9,5 e do deficiente (omissão) , N de 6,5 a 7,9 ; P =0,9; K =1,7 ; Ca de 5,4 a 6,5; Mg =0,7; S de 0,7 a 1,2 e B de 1,1 a 1,9.

As faixas dos teores foliares adequadas, como valores de referência sugeridas nesta pesquisa de fósforo, cálcio, magnésio e enxofre, são compatíveis com os teores considerados adequados para a goiabeira, mesma família do camucamuzeiro, a partir do terceiro ano de idade, cultivar Paluma (Natale et al., 1996).

Todavia, o limite superior de 6 g kg-1 de K em folhas de camucamuzeiro, obtido nesta pesquisa, é inferior em cerca de 130% ao determinado em folhas de goiabeira por Natale et al. (1996), indicando ser o camucamuzeiro menos exigente em potássio do que a goiabeira. A faixa do teor foliar de 8,4 a 9,5 mg kg-1 de B, em camucamuzeiro, é muito baixa, quando comparada à faixa adequada de goiabeira de 20 a 25mg kg-1. Essa comparação entre os resultados conflitantes dos teores foliares de K e B de camucamuzeiro e os de goiabeira, indicados pelos citados autores, deve ser vista com cautela, pelo fato de terem sido obtidos em condições diferentes: casa de vegetação, utilizando mudas em solução nutritiva e plantas adultas em campo, respectivamente, e, principalmente, por serem espécies distintas e com exigências nutricionais diferentes.

Efeito dos tratamentos sobre o acúmulo de macronutrientes e de boro nas folhas, caule e raízes de plantas de camucamuzeiro.

A exemplo do ocorrido com os teores, as omissões isoladas dos macronutrientes e do boro limitaram o acúmulo de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre e boro nas folhas, caule, raízes e na planta inteira, quando comparados com o tratamento completo (Tabela_4). Esses resultados demonstram a importância desses nutrientes para o cultivo racional do camucamuzeiro. A ordem decrescente do acúmulo total de nutrientes, com base no tratamento completo, foi: N > K > Ca > S > Mg > P > B, mostrando que os nutrientes mais exigidos pelo camucamuzeiro foram nitrogênio e potássio, a exemplo da goiabeira (Salvador et al., 1999) e da gravioleira (Barbosa, 2000). O acúmulo total de 1.158,79 mg planta-1 de N, obtido no tratamento completo, corresponde, sem considerar as perdas ocorridas no solo, a aproximadamente 2,6 g planta-1 de uréia, valor que deve indicar a necessidade de adubação nitrogenada para plantas de camucamuzeiro com 310 dias de idade, tempo de duração do experimento. O acúmulo total de 851,94 mg/planta de K, também do tratamento completo, corresponde à quantidade de 1,7 g planta-1 de cloreto de potássio, enquanto o acumulado total de 144,28 mg/planta de P equivale a 0,7 g planta-1 de superfosfato triplo.

Chama atenção, o acúmulo total de cálcio de 593,25 mg planta-1, o terceiro nutriente mais absorvido pelo camucamuzeiro.

CONCLUSÕES 1. Com exceção da omissão de fósforo, os demais tratamentos limitam a produção de matéria seca das folhas, do caule, das raízes e total em plantas de camucamuzeiro, quando comparados ao tratamento completo.

2. As omissões individuais de nitrogênio, potássio e boro são as mais limitantes para a produção de matéria seca total em plantas de camucamuzeiro.

3. As omissões de N, P, K, Ca, Mg, S e B, na solução nutritiva, resultam em alterações morfológicas, traduzidas como sintomas característicos de deficiência nutricional de cada nutriente em camucamuzeiro.

4. As omissões de N, P, K, Mg, Ca, Mg, S e B resultam em redução dos teores e do acúmulo dos nutrientes nas diversas partes de plantas de camucamuzeiro.


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