CONJUGAÇÃO DOS MÉTODOS DA MATRIZ DE INTERAÇÃO E DO CHECK-LIST NA AVALIAÇÃO
QUALI-QUANTITATIVA DE IMPACTOS AMBIENTAIS DE UM PROGRAMA DE FOMENTO FLORESTAL
1. INTRODUÇÃO
O Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF/MG) mantém um programa
de fomento florestal em parceria com pequenos e médios produtores rurais da
Zona da Mata mineira e conta com o apoio técnico da Universidade Federal de
Viçosa (UFV). Esse programa pode ser entendido como incentivo à integração dos
produtores rurais à base produtiva e instrumento estratégico para suprir a
demanda de matéria-prima de origem florestal, à medida que aumenta o número de
fornecedores de madeira e estimula o mercado regional. Na prática, incentiva a
produção de madeira por meio da assistência técnica e do fornecimento de mudas
e outros insumos aos produtores rurais cadastrados. Os projetos são executados
pelos próprios produtores em suas terras, utilizando normalmente mão de obra
própria (IEF/MG,_2011).
Para Cordeiro_et_al._(2009) e ABRAF_(2011), a participação dos pequenos e
médios produtores rurais é de fundamental importância para a atividade
florestal integrada ao consumo industrial. Todavia, de acordo com Pádua_(2006),
é necessário um esforço maior por parte do Estado para a concepção e efetiva
aplicação de uma política desenvolvimentista, na qual se incluem programas de
incentivo à geração de produtos florestais, a fim de atender à demanda
crescente da sociedade. Sob esse aspecto, o fomento realizado pelo IEF/MG é
muito importante para a ampliação da base florestal na Zona da Mata mineira,
principalmente para atender às necessidades de matéria-prima do Polo Moveleiro
de Ubá.
Nessa linha de raciocínio, Cordeiro_et_al._(2010)argumentaram que os projetos
de reflorestamento fomentados pelo IEF/MG apresentam desempenho financeiro
superior aos conduzidos sem esse tipo de incentivo, contribuindo, assim, para a
economia dessas propriedades rurais.
De todo modo, mesmo considerando a importância do fomento florestal na economia
de uma região, é importante reconhecer que um programa como esse tem
considerável poder de alteração do ambiente. Os impactos ambientais se fazem
presentes em qualquer tipo de empreendimento, e nos florestais não é diferente,
já que ocorrem desde a fase de implantação. Segundo_Silva_(1994; 2012), as
fases de implantação, manutenção e colheita/transporte geram inúmeros impactos
ambientais positivos e negativos. Assim, os projetos de reflorestamento são,
constantemente, alvos de críticas em relação aos impactos ambientais que
causam, principalmente, quando implantados com essências exóticas (FREITAS,
2011). Na verdade, os estudos sobre esse tema são comuns em projetos florestais
de âmbito empresarial, visto que são exigidos para fins de licenciamento
ambiental. No entanto, nos programas de fomento florestal para produtores
rurais, incentivados por órgãos públicos ou privados, há notória carência de
estudos conduzidos cientificamente, exatamente para se buscarem a mitigação e
potencialização dos seus impactos ambientais negativos e positivos,
respectivamente.
Nesse contexto, reconhecendo que o programa de fomento florestal conduzido pelo
IEF/MG na Zona da Mata mineira apresenta perfil impactante, este estudo
objetivou avaliar, qualitativa e quantitativamente, os seus impactos
ambientais, por meio de dois métodos, quais sejam o da matriz de interação e o
do check-list (também conhecido como listagem de controle), bem como demonstrar
se existe aplicabilidade e complementaridade desses métodos para este caso.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Área de estudo
A área de estudo abrangeu a região de influência do Polo Moveleiro de Ubá,
localizado na região Sudeste do Estado de Minas Gerais, mais precisamente na
Zona da Mata, nos limites com os Estados do Espírito Santo e do Rio de Janeiro.
O Município de Ubá encontra-se entre as latitudes 21° 16' a 20° 57' Sul e as
longitudes 43° 07' a 42° 57' Oeste, possuindo 407,45 km2 e população de cerca
de 110 mil habitantes (TORRES_et_al.,_2014).
De acordo com Fernandes_e_Oliveira_Júnior_(2002) e Souza_(2008), com
aproximadamente 400 empresas produtoras de móveis, o Polo Moveleiro de Ubá é o
mais importante conglomerado produtor de móveis de Minas, estando, ainda, entre
os sete mais importantes do país.
O clima da região é definido como mesotérmico (CWb), conforme a classificação
de Köppen, em que as temperaturas médias mínimas variam entre 16° C e 18° C e
as máximas, entre 30 °C e 34 °C (SOUZA,_2008). A precipitação média anual da
região está em torno de 1.102 mm; o relevo varia de ondulado a montanhoso e os
recursos hídricos possuem regime perene (NIMER,_1989; SOUZA_et_al.,_2011).
Os solos da região caracterizam-se pela predominância de Latossolos Vermelho-
Amarelos e Argissolos, ambos com alto teor de argila. Mesmo com boas
propriedades físicas, a grande maioria está situada em áreas declivosas, o que
potencializa o surgimento de efeitos erosivos (ABREU,_2000).
A vegetação autóctone pertence ao Bioma Mata Atlântica, enquadrada na Floresta
Estacional Semidecidual, estando atualmente representada por fragmentos de
matas secundárias, confinados quase sempre nos topos de morros (SOUZA_et_al.,
2011). Diante desse cenário de ocupação da região, as propriedades rurais dos
fomentados, compostas basicamente de minifúndios, reservaram aos plantios
florestais - executados com mudas de clones de Eucalyptus spp - espaços
anteriormente ocupados por pastagens, em muitos casos já degradadas, em
polígonos com área média de cinco hectares.
2.2. Avaliação de impactos ambientais do programa de fomento florestal
Neste estudo, de início, a identificação e caracterização qualitativa e
quantitativa dos impactos ambientais foram feitas a partir da utilização do
método da matriz de interação.
A matriz de interação, que é uma figura bidimensional, contém em suas linhas e
colunas as atividades impactantes em sua sequência cronológica de realização e
os fatores ambientais relevantes, subdivididos nos meios físico, biótico e
antrópico, respectivamente (SILVA,_1994; 1999). Neste trabalho, para melhor
entendimento do processo de avaliação dos impactos, optou-se pela apresentação,
em separado, das partes da matriz. Assim, utilizaram-se duas matrizes, uma
qualitativa e outra quantitativa, para cada uma das etapas impactantes
consideradas: implantação, manutenção e colheita/transporte. As matrizes foram
preenchidas durante reuniões ad hoc, a partir da consideração dos critérios
qualitativos e quantitativos a seguir especificados.
Os impactos ambientais foram caracterizados qualitativamente com base em seis
critérios, conforme Moreira_(1985) e Silva_(1994; 1999; 2012):
a) Valor - Impacto positivo (quando há melhoria da qualidade de um fator
ambiental) e impacto negativo (quando um dano é causado, diminuindo a qualidade
de um fator ambiental).
b) Ordem – Impacto direto (resultado de uma simples relação de causa e efeito)
e impacto indireto (resultado de uma reação secundária em relação à ação ou
sendo parte de um conjunto de reações).
c) Espaço – Impacto local (a ação circunscreve-se no próprio sítio e nas suas
imediações), impacto regional (o seu efeito é propagado além da área do sítio
onde se dá a reação) e impacto estratégico (neste caso, é afetado um componente
ambiental de importância coletiva, nacional ou, até mesmo, internacional).
d) Tempo – Impacto em curto prazo (os seus efeitos surgem no curto prazo, aqui
entendido para a etapa de implantação), impacto em médio prazo (os seus efeitos
surgem no médio prazo, no caso da etapa de manutenção) e impacto em longo prazo
(os seus efeitos surgem no longo prazo, no caso da etapa de colheita/
transporte).
e) Dinâmica – Impacto temporário (o seu efeito é mantido por um tempo
determinado), impacto cíclico (o seu efeito é sentido em determinados ciclos,
constantes ou não ao longo do tempo) e impacto permanente (sendo a ação
executada, os efeitos não param de se manifestar, dentro de um horizonte de
tempo conhecido).
f) Plástica – Impacto reversível (aquele em que, uma vez encerrada a ação, o
fator ambiental retorna às condições originais anteriores à sua execução) e
impacto irreversível (aquele em que, encerrada a ação, o fator ambiental não
retorna às condições originais anteriores à sua execução).
Os impactos ambientais identificados também foram avaliados quantitativamente a
partir do resultado da análise qualitativa. Para isso, foi utilizada uma
classificação numérica recomendada por Moreira_(1985) e Silva_(1994; 1999;
2012), a qual permite interpretar o grau de alteração nos fatores ambientais,
segundo uma atividade impactante, conforme o que se segue: (0) nenhum impacto;
(1) desprezível; (2) baixo grau; (3) médio grau; (4) alto grau; e (5) muito
alto grau de impacto.
Os impactos considerados positivos receberam o sinal (+), enquanto os impactos
negativos, o sinal (-).
O método da matriz de interação indica a existência de impacto ambiental quando
é possível estabelecer alguma relação entre a ação (linha) e o fator ambiental
(coluna).
Num segundo esforço, feito em reuniões ad hoc e com o objetivo de complementar
os resultados auferidos pelas matrizes de interação, derivou-se uma listagem
descritiva dos impactos ambientais prognosticáveis. Imediatamente após, foram
estabelecidas medidas ambientais minimizadoras ou potencializadoras dos
impactos ambientais negativos e positivos, respectivamente, e ainda
explicitado, ao final de cada uma, o responsável pela sua execução (fomentado,
IEF/MG ou UFV). O método permitiu que os impactos ambientais que se repetiram
dentro da mesma atividade impactante fossem contabilizados apenas uma vez, o
que não ocorre na matriz de interação.
2.2.1. Definição das atividades impactantes de cada etapa do programa de
fomento florestal
Conforme Silva_(2012), as atividades impactantes são as ações necessárias para
se implantar e conduzir os empreendimentos impactantes, no caso o programa de
fomento florestal incentivado pelo IEF/MG na região de estudo.
Com base nesse conceito, a definição das atividades impactantes (linhas da
matriz de interação) ocorreu por meio de consulta às cartilhas distribuídas aos
fomentados pelo IEF/MG, bem como em reuniões ad hoc com os estagiários do
programa, à época graduandos do Curso de Engenharia Florestal da UFV. Nessas
reuniões, foram elencadas, em ordem cronológica de ocorrência, as atividades
impactantes de cada etapa do projeto, conforme se pode observar nas Tabelas_1 e
2 (de cima para baixo, nas matrizes).
Tabela 1 Matriz de interação para a identificação e caracterização qualitativa
de impactos ambientais dos plantios de fomento florestal – Etapas de
implantação, manutenção e colheita e transporte.
Table 1 Matrix of interaction for the identification and characterization of
qualitative environmental impacts of plantation forest development - Steps
deployment, maintenance and harvesting and transportation.
FATORES AMBIENTAIS RELEVANTES
Meio Físico Meio Biótico MeioAntrópico
Atividades impactantes Ar Água Solo Flora terrestre Fauna terrestre Flora aquática Fauna aquática
Partículas Qualidade química da águaQualidade química da águaIntervenção de curso Cultura Banco de Regeneração natural sob o Insetos e Nível de Fixação do homem no Saúde e segurança da pessoa vinculada àDesenvolvimento
sólidas Gases Turbidez Assoreamento superficial subterrânea hídrico VazãoCompactaçãErosãoFertilidade Microbiota existente propágulos plantio Vertebrados outros MacrófitasFitoplânctonPeixes Zooplânctonconhecimento campo Empregos atividade regional Paisagismo
Invertebrados técnico
Palestra/Dia de campo NDR CTV NDR P I E CTV P I E P I E CTV NDE CTV NIEC TV NIEC TV P I E MTV P I E MTV PDEC AS P I E CTV P I E PDEC AS P I E CTV P I E MTV
CTV CTV CTV
Visita do produtor ao IEF/MG NDR CTV NDE PDEC AS P I E CTV P I E P I E CTV P I E MTV
CTV CTV
Visita dos estagiários e georreferenciamento das NDR CTV NDE PI EC AS PI EC AS PI EC AS PI EC AS PI EC AS PI EC PI EC AS PI EC PI EC AS PI EC AS NIEC AS NIEC AS NIEC AS PIEM AS PIEM AS NIEC AS NIEC AS NIEC NIEC AS PDEC AS P I E CTV P I E NDE CTV P I E CTV P I E CTV
áreas de plantio CTV AS AS AS CTV
Aquisição de fatores de produção NDR CTV NDE PDLC TV PDEC YV
CTV
Contratação de mão de obra PD R C AS PDEC TV PDEC TV NIEC TV P I E MTV
Cercamento da área de plantio NDL CTV NDL CYV NDL CYV P I L CYV NDL CTV
Limpeza da área (manual) NDL CTV NDR CTV N I R MTV N I R N I L N I L MTV NDL CTV NDL CTV NDL CTV NDL CTV NDL CTV NDL CTV NIRC TV NIRC TV N I E NIRC TV NDL CAS PDLC TV
MTV MAS CTV
Limpeza da área (mecânica) NDL CTV NDL NDR CTV N I R MA S N I R N I L N I L MTV NDL CTV NDL CTV NDL CTV NDL CTV NDL CTV NDL CTV NIRC TV NIRC TV N I E NIRC TV NDL CAS PDLC TV
CTV MTV MAS CTV
Limpeza da área (química) NDR CTV N I R CTV PI L C TV P I L MTV NDL CTV NDL CTV NDL CTV NDL CTV NDL CTV NDL CTV NIRC TV NIRC TV N I E NIRC TV NDL CAS PDLC TV
CTV
Combate químico às formigas - Isca N I R CTV N I R CTV NDL CTV PDLC TV PDLC TV N I L CTV N I R CTV N I R CTV N I R CTV N I R N I R CTV NDL CTV
CTV
Combate químico às formigas - Termonebulização NDL CTV NDL N I R CTV N I R CTV NDL CTV PDLC TV PDLC TV NDL CTV N I R CTV N I R CTV N I R N I R CTV NDL CTV
CTV CTV
Combate químico às formigas - Pó químico NDL CTV N I R CTV N I R CTV NDL CTV PDLC TV PDLC TV NDL CTV NIRC TV NIRC TV NIRC NIRC TV NDL CTV
TV
Preparação do solo - Aração/Gradagem NDL CTV NDL NI RC TV N I R MAS N I R PDLC TV NI LC PDLC TV PDLC TV NDL CTV NDL CTV NDL CTV NDL CTV PDLC TV N I R MAS N I R MAS N I R N I R MAS NDL CTV NDL CTV
CTV MAS TV MAS
Coveamento NDL CTV NDL NI LC TV N I R MTV PDLC TV NDL CTV NDL CAS PDLC TV
CTV
Subsolagem/ sulcagem NDL CTV NDL NI LC TV N I R MTV PDLC TV N I L NDL CTV NDL CTV NDL CTV PDLC TV NDL CAS PDLC TV
CTV MTV
Transporte das mudas e outros insumos NDR CTV NDR NDR CTV NDL CTV NDR CAS NI R NDR CTV NI LC TV NI LC TV NI LC NI LC TV PDRC TV
CTV MTR TV
Combate a cupim NDR CTV NDR CTV NDL MTV NIRC TV NDL CTV NIRC TV NIRC TV NIRC NIRC TV NDL CTV
TV
Plantio PDEC PI L MTV P I R MTV PI E PI L MTV PI L PI L MTV PI L MTV PI L MTV NDL MTV P I R MTV PDLC TV P I R MTV P I R MTV P I R P I R MTV NDL CTV PDLC TV
TV MTV MTV MTV
Adubação de plantio N I R CTV N I R CTV PDLC TV PDLC TV PDLC TV PDLC TV NIRC TV NIRC TV NIRC NIRC TV NDL CTV PI LM TV
TV
Replantio PDEC PI L MTV P I R MTV P I E PI L MTV PI L PI L MTV PI L MTV PI L MTV NDL MTV P I R MTV PDLC TV P I R MTV P I R MTV P I R P I R MTV PDLC TV
TV MTV MTV MTV
Descarte de embalagens de insumos NDR CTV NDR CTV NDL CTV NI RC TV NI LC TV NDR CTV NDR CTV NDR NDR CTV NDE CAS NDL CTV
CTV
Combate químico às formigas - Isca N I R MTV N I R MTV N D L MTV PD L MTV PD L MTV N I L MTV N I L MTV N I R MTV N I R MTV N I R N I R MTV N D L MAS
MTV
Coroamento NDL MTV NDL MTV NDL MTV NDL MTV PDL MTV NDL MAS P I L MTV
Roçada manual de entrelinha (2o e 8o P I L MTV P I L MTV NDL MTV NDL MTV NDL MTV N I L MTV PDL MTV NDL MAS P I L MTV
Roçada mecânica de entrelinha (2o e NDL MTV NDL P I L MTV P I L MTV NDL MTV NDL MTV NDL MTV N I L MTV PDL MTV NDL MAS P I L MTV
MTV
Adubação de cobertura (2o N I R MTV N I R MTV PDL MTV PDL MTV PDL MTV NDL MTV N I R MTV N I R MTV N I R N I R MTV NDL MTV P I L MTV
MTV
Visita de avaliação do plantio NDE MTV NDE P I E MTV N I E MTV N I E MTV N I E MTV N I E MTV N I E MTV PD E MAS P I E MTV NDE MTV P I E MTV P I E MTV
MTV
Primeira desrama P I L MTV P I L MTV P I L MTV P I L MTV P I L MTV P I L MTV P I L MTV N I L MTV
Segunda desrama P I L MTV P I L MTV P I L MTV P I L MTV P I L MTV P I L MTV P I L MTV N I L MTV
Desbaste seletivo NDL MTV NDL PDL MTV PDL MTV PDL MTV NDL MTV P I L MTV P I R MTV PDR MTV NDR MAS
MTV
Traçamento, toragem e desgalhamento das árvores NDL MTV NDL PDL MTV PDL MTV P I L MTV P I L MTV P I L MTV NDL MTV PDL MTV NDL MAS
desbastadas MTV
Extração das toras por rolamento ou tombamento N I L NDL MTV N I L N I L MTV N I L MTV PDL MTV NDL MAS
manual MTV MTV
Manutenção de estradas de acesso NDL MTV NDL N I R N I R MAS NDL MTV NDR PDL MTV N I L N I L MTV N I L MTV N I L N I L MTV PDL MTV NDL MAS
MTV MTV MAS MTV MAS
Comercialização da madeira PDEO TV PIEO TV PDEO TV
Melhoria de estradas de acesso NDL OT V NDL O N I R OT NIRO AS NDL OAS NIRO PDLO TV N I R NIRO AS NIRO AS NIRO NIRO AS PDR O TV NDR OAS PILO TV
T V V AS OT V AS
Manutenção demotosserra NDL OT V NDL O NDL O TV NDL OT V NDL O TV NI R OT V N I R O TV N I R N I R OT V NDR OAS
T V OT V
Corte / Derrubada NDL OT V NDL O N I L OT NI L OT V NDL OT V NDL OT PDLO TV PDLO TV NDL O TV PDR O TV NDR OAS NDL O TV
T V V V
Desgalhamento, destopamento e traçamento NDL OT V NDL O NDL O TV PDLO TV NDL OAS
T V
Extração das toras por rolamento ou tombamento NDL OT V NDL O T V NDL OT V NI L OT V PDLO TV NDL OAS
manual
Empilhamento manual PDLO TV PDLO TV NDL OAS
Carregamento manual PDLO TV NDL OAS
Carregamento semimecanizado NDL OT V NDL O NDL O TV PDLO TV NDL OAS
T V
Transporte rodoviário da madeira NDR OT V NDR O NDR OAS NDR O TV PDR O TV NDR OAS PDR OT V
T V
Aproveitamento de madeira e resíduos NDR OT V NDR O PDLO TV PI L OT V PILO TV PILO TV PILO TV PILO TV PDLO TV NDL OAS
T V
Critérios de avaliação: Valor positivo (P) e negativo (N); Ordem: Direto (D) e
Indireto (I); Espaço: Local (L), Regional (R) e Estratégico (E); Tempo: Curto
Prazo (C), Médio Prazo (M), Longo Prazo (O); Dinâmica: Temporário (T), Cíclico
(Y) e Permanente (A); Plástica: Reversível (V); e Irreversível (S).Evaluation
criteria: Value: Positive (P) and Negative (N); Order: Direct (D) and Indirect
(I); Space: Local (L), Regional (R) and Strategic (E); Time: Short Term (C),
Medium Term (M), Long Term (O); Dynamics: Temporary (T), Cyclical (Y) and
Permanent (A); Plastic: Reversible (V); and Irreversible (S).
Tabela 2 Matriz de interação para a identificação e caracterização quantitativa
de impactos ambientais dos plantios de fomento florestal - Etapas de
implantação, manutenção e colheita e transporte.
Table 2 – Matrix of interaction for the identification and characterization of
quantitative environmental impacts of plantation forest development - Steps
deployment, maintenance and harvesting and transportation.
FATORES AMBIENTAIS RELEVANTES
Meio Físico Meio Biótico MeioAntrópico Quantidade
Atividades impactantes Ar Água Solo Flora terrestre Fauna terrestre Flora aquática Fauna aquática de Total Total Saldo
Partículas Qualidade química da águaQualidade química da águaIntervenção de curso Cultura Banco de propágulos no Regeneração natural sob o Insetos e Nível de Fixação do homem no Saúde e segurança da pessoa vinculada àDesenvolvimento impactos (+) (-)
sólidas Gases Turbidez Assoreamento superficial subterrânea hídrico VazãoCompactaçãErosãoFertilidade Microbiota existente solo plantio Vertebrados outros MacrófitasFitoplânctonPeixes Zooplânctonconhecimento campo Empregos atividade regional Paisagismo
Invertebrados técnico
Palestra/Dia de campo -1 -1 0 0 0 0 0 0 4 5 4 0 -4 -1 -4 2 1 0 0 0 0 5 4 3 3 5 2 16 38 -11 27
Visita do produtor ao IEF/MG -2 -2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 2 1 0 2 1 7 7 -4 3
Visita dos estagiários e
georreferenciamento das áreas de -2 -2 3 3 3 2 4 4 3 5 4 1 -3 -1 -3 2 1 -2 -2 -2 -2 4 3 2 -4 4 3 27 51 -23 28
plantio
Aquisição de fatores de produção -2 -2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 3 0 4 6 -4 2
Contratação de mão de obra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 3 5 -3 1 0 5 11 -3 8
Cercamento da área de plantio -1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -2 0 -2 2 0 0 0 0 0 0 0 -2 0 0 5 2 -7 -5
Limpeza da área (manual) -1 0 -1 -1 0 0 0 -1 0 -1 -1 -2 -2 -1 -2 -2 -1 -1 -1 -1 -1 0 0 0 -3 0 2 18 2 -23 -21
Limpeza da área (mecânica) -1 -1 -2 -2 0 0 0 -2 0 -2 -2 -3 -3 -1 -3 -2 -2 -2 -2 -2 -2 0 0 0 -2 0 2 19 2 -36 -34
Limpeza da área (química) 0 0 0 0 -3 -2 0 0 2 0 2 -4 -5 -3 -5 -2 -4 -3 -3 -3 -3 0 0 0 -5 0 2 16 6 -45 -39
Combate químico às formigas - Isca 0 0 0 0 -3 -2 0 0 0 0 0 -2 4 0 4 -1 -4 -2 -2 -2 -2 0 0 0 -1 0 0 12 8 -21 -13
Combate químico às formigas - -1 -1 0 0 -2 -1 0 0 0 0 0 -3 2 0 2 0 -3 -1 -1 -1 -1 0 0 0 -4 0 0 13 4 -19 -15
Termonebulização
Combate químico às formigas - Pó -1 0 0 0 -2 -2 0 0 0 0 0 -2 1 0 1 0 -2 -1 -1 -1 -1 0 0 0 -2 0 0 12 2 -15 -13
químico
Preparação do solo - Aração/ -3 -3 -4 -4 0 0 0 -4 4 -5 2 2 -4 -4 -4 -2 3 -3 -3 -3 -3 0 0 0 -2 0 -3 20 11 -54 -43
Gradagem
Coveamento -1 -1 -1 -1 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 -1 0 0 0 0 0 0 0 0 -4 0 3 8 5 -9 -4
Subsolagem/sulcagem -3 -3 -2 -2 0 0 0 0 4 -4 0 0 0 -1 -1 -1 2 0 0 0 0 0 0 0 -2 0 3 12 9 -19 -10
Transporte das mudas e outros -2 -2 -1 0 0 0 -1 0 -2 -1 0 0 0 0 0 -1 0 -1 -1 -1 -1 0 0 1 0 0 0 12 1 -14 -13
insumos
Combate a cupim 0 0 0 0 -1 -1 0 0 0 0 0 -2 0 0 0 -1 -3 -2 -2 -2 -2 0 0 0 -3 0 0 10 0 -19 -19
Plantio 0 2 2 3 0 0 0 3 4 4 3 4 0 2 -4 3 3 2 2 3 2 0 0 0 -2 0 4 18 46 -6 40
Adubação de plantio 0 0 0 0 -1 -1 0 0 0 0 5 0 1 3 2 0 0 -2 -2 -1 -2 0 0 0 -1 0 2 12 13 -10 3
Replantio 0 1 1 1 0 0 0 1 2 2 2 2 0 1 -2 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 2 17 21 -2 19
Descarte de embalagens de insumos 0 0 0 0 -3 -2 0 0 0 0 0 -2 0 0 0 -3 -2 -3 -3 -3 -3 0 0 0 -3 0 -3 11 0 -30 -30
Quantidade de impactos 13 12 9 8 8 8 2 6 9 9 9 12 10 11 13 15 15 14 14 14 14 5 4 5 17 5 13 274
Total (+) 0 3 6 7 3 2 4 8 25 16 22 9 8 6 9 8 13 3 3 4 3 15 12 12 3 15 26 245
Total (-) -21 -18 -11 -10 -15 -11 -1 -7 -2 -13 -3 -20 -21 -14 -28 -18 -21 -23 -23 -22 -23 0 0 0 -43 0 -6 -374
Saldo -21 -15 -5 -3 -12 -9 3 1 23 3 19 -11 -13 -8 -19 -10 -8 -20 -20 -18 -20 15 12 12 -40 15 20 -129
FATORES AMBIENTAIS RELEVANTES
Meio Físico Meio Biótico MeioAntrópico Quantidade
Atividades impactantes Ar Água Solo Flora terrestre Fauna terrestre Flora aquática Fauna aquática de Total Total Saldo
Partículas Qualidade química da águaQualidade química da águaIntervenção de curso Cultura Banco de propágulos no Regeneração natural sob o Insetos e Nível de Fixação do homem no Saúde e segurança da pessoa vinculada àDesenvolvimento impactos (+) (-)
sólidas Gases Turbidez Assoreamento superficial subterrânea hídrico VazãoCompactaçãErosãoFertilidade Microbiota existente solo plantio Vertebrados outros MacrófitasFitoplânctonPeixes Zooplânctonconhecimento campo Empregos atividade regional Paisagismo
Invertebrados técnico
Combate químico às formigas - Isca 0 0 0 0 -1 -1 0 0 0 0 0 -1 2 0 2 -1 -2 -1 -1 -1 -1 0 0 0 -2 0 0 12 4 -12 -8
Coroamento -1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -1 -1 -1 0 0 0 0 0 0 0 0 2 -2 0 2 7 4 -6 -2
Roçada manual de entrelinha (2º e 8º mês) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 1 -2 -2 -2 0 -1 0 0 0 0 0 0 2 -2 0 2 9 7 -9 -2
Roçada mecânica de entrelinha (2º e 8º mês) -1 -2 0 0 0 0 0 0 0 0 2 1 -2 -2 -2 0 -1 0 0 0 0 0 0 1 -1 0 2 11 6 -11 -5
Adubação de cobertura (2º e 8º mês) 0 0 0 0 -1 -1 0 0 0 0 5 0 1 1 1 0 0 -1 -1 -1 -1 0 0 0 -2 0 2 12 10 -8 2
Visita de avaliação do plantio -2 -2 0 0 0 0 0 0 0 0 4 0 -3 -1 -3 -3 -3 0 0 0 0 3 2 0 -4 2 3 13 14 -21 -7
Primeira desrama 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 1 2 2 2 1 1 0 0 0 0 0 0 0 -2 0 0 8 11 -2 9
Segunda desrama 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 1 2 2 2 1 1 0 0 0 0 0 0 0 -2 0 0 8 11 -2 9
Desbaste seletivo -1 -1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 4 4 -2 2 0 0 0 0 0 2 2 -3 0 0 10 18 -7 11
Traçamento, toragem e desgalhamento das árvores -1 -1 0 0 0 0 0 0 0 0 2 1 2 2 2 -2 0 0 0 0 0 0 0 2 -3 0 0 10 11 -7 4
desbastadas
Extração das toras por rolamento ou tombamento 0 0 -1 0 0 0 0 0 -1 -1 -1 -1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 -2 0 0 7 1 -7 -6
manual
Manutenção de estradas de acesso -1 -1 -1 -1 0 0 -2 -1 2 -2 0 0 0 0 0 0 0 -1 -1 -2 -1 0 0 1 -2 0 0 14 3 -16 -13
Quantidade de impactos 6 5 2 1 2 2 1 1 2 2 8 7 10 9 10 6 7 3 3 3 3 1 2 7 12 1 5 121
Total (+) 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 19 5 13 11 13 2 4 0 0 0 0 3 4 11 0 2 11 100
Total (-) -7 -7 -2 -1 -2 -2 -2 -1 -1 -3 -1 -2 -8 -6 -8 -8 -7 -3 -3 -4 -3 0 0 0 -27 0 0 -108
Saldo -7 -7 -2 -2 -2 -2 -2 -1 1 -3 18 3 5 5 5 -6 -3 -3 -3 -4 -3 3 4 11 -27 2 11 -8
FATORES AMBIENTAIS RELEVANTES
Meio Físico Meio Biótico MeioAntrópico Quantidade
Atividades impactantes Ar Água Solo Flora terrestre Fauna terrestre Flora aquática Fauna aquática de Total Total Saldo
Partículas Qualidade química da águaQualidade química da águaIntervenção de curso Cultura Banco de propágulos no Regeneração natural sob o Insetos e Nível de Fixação do homem no Saúde e segurança da pessoa vinculada àDesenvolvimento impactos (+) (-)
sólidas Gases Turbidez Assoreamento superficial subterrânea hídrico VazãoCompactaçãErosãoFertilidade Microbiota existente solo plantio Vertebrados outros MacrófitasFitoplânctonPeixes Zooplânctonconhecimento campo Empregos atividade regional Paisagismo
Invertebrados técnico
Comercialização da madeira 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 2 0 4 0 3 10 0 10
Melhoria de estradas de acesso -2 -2 -2 -2 0 0 -2 -1 2 -2 0 0 0 0 0 0 0 -3 -3 -3 -3 0 0 1 -2 0 2 15 5 -27 -22
Manutenção de motosserra -1 -1 0 0 -1 -1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -2 0 -1 -1 -1 -1 0 0 0 -3 0 0 10 0 -13 -13
Corte / Derrubada -2 -2 -1 -1 0 0 0 0 -1 -1 0 0 4 0 4 -4 0 0 0 0 0 0 0 3 -4 0 -5 12 11 -21 -10
Desgalhamento, destopamento e traçamento -2 -2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -4 0 0 0 0 0 0 0 2 -4 0 0 5 2 -12 -10
Extração das toras por rolamento ou tombamento 0 0 0 0 0 0 0 0 -2 0 0 0 -2 -1 -2 0 0 0 0 0 0 0 0 2 -3 0 0 6 2 -10 -8
manual
Desgalhamento, destopamento e traçamento -2 -2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -4 0 0 0 0 0 0 0 2 -4 0 0 5 2 -12 -10
Extração das toras por rolamento ou tombamento 0 0 0 0 0 0 0 0 -2 0 0 0 -2 -1 -2 0 0 0 0 0 0 0 0 2 -3 0 0 6 2 -10 -8
manual
Empilhamento manual 0 0 0 0 0 0 0 0 -1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 -3 0 0 3 1 -4 -3
Carregamento manual 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 -3 0 0 2 1 -3 -2
Carregamento semimecanizado -2 -2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -2 0 0 0 0 0 0 0 1 -2 0 0 5 1 -8 -7
Transporte rodoviário da madeira -3 -4 0 0 0 0 0 0 -3 0 0 0 0 0 0 -1 0 0 0 0 0 0 0 1 -4 3 0 7 4 -15 -11
Aproveitamento de madeira e resíduos -3 -3 0 0 0 0 0 0 0 0 4 3 4 2 4 0 3 0 0 0 0 0 3 0 -2 0 0 10 23 -8 15
Quantidade de impactos 7 7 2 2 1 1 1 1 5 2 1 1 3 2 3 5 1 2 2 2 2 0 2 9 10 2 2 78
Total (+) 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 4 3 8 2 8 0 3 0 0 0 0 0 7 14 0 7 2 60
Total (-) -15 -16 -3 -3 -1 -1 -2 -1 -7 -3 0 0 -2 -1 -2 -13 0 -4 -4 -4 -4 0 0 0 -30 0 -5 -121
Saldo -15 -16 -3 -3 -1 -1 -2 -1 -5 -3 4 3 6 1 6 -13 3 -4 -4 -4 -4 0 7 14 -30 7 -3 -61
Critérios de avaliação: Sinal: (+) Impacto positivo, (-) Impacto negativo;
Quantificação: (0) Nenhum impacto; (1) Desprezível; (2) Baixo grau; (3) Médio
grau; (4) Alto grau; e (5) Muito alto.Evaluation criteria: Signal: (+) Positive
Impact (-) Negative Impact; Quantification: (0) No impact: (1) Negligible, (2)
Low Grade, (3) Middle Grade, (4) High Grade;and (5) Very High.
2.2.2. Definição dos fatores ambientais afetados pelas atividades impactantes
do programa de fomento florestal
Os fatores ambientais afetados (colunas da matriz de interação) pelas
atividades impactantes do programa de fomento florestal estudado foram
elencados com base em revisão de literatura, ou seja, em estudos sobre impactos
ambientais do reflorestamento, no caso Silva_(1994; 2012) e Krag_et_al._(2013),
bem como na experiência dos membros da equipe com programas de fomento
florestal público e privado. De forma similar às atividades impactantes, os
fatores ambientais considerados podem ser encontrados nas Tabelas_1 e 2, em que
foram organizados por meios físico, biótico e antrópico, da esquerda para a
direita.
3. RESULTADOS
3.1. Método da matriz de interação
Considerando as três etapas impactantes, foram identificadas 1.188 possíveis
relações de impacto, resultado da multiplicação do número de linhas (44) pelo
de colunas (27), de modo que 567 (47,7%), 324 (27,3%) e 297 (25,0%) foram
relacionadas às fases de implantação, manutenção e colheita/transporte,
respectivamente (Tabelas 1 e 2). Dessas possíveis relações de impactos, as
matrizes de interação permitiram que se identificassem e caracterizassem, de
forma qualiquantitativa, 473 impactos ambientais, sendo 301 negativos (63,6%) e
172 positivos (36,4%). Desses impactos encontrados, 274 (57,9%) se referiam à
etapa de implantação, 121 (25,6%) à etapa de manutenção e 78 (16,5%) à etapa de
colheita/transporte.
No meio físico, foram identificados 175 impactos (53 positivos e 122
negativos). No meio biótico, por sua vez, foram identificados 196 impactos (58
positivos e 138 negativos), enquanto no meio antrópico se identificaram 102
impactos (61 positivos e 41 negativos).
Conforme mostrado na Tabela_2, na avaliação quantitativa as três etapas somadas
apresentaram 330 impactos, avaliados como desprezível (1 ou -1) ou de baixo
grau (2 ou -2), correspondendo a 69,8% do total de impactos identificados.
Foram identificados, ainda, 81 impactos avaliados de médio grau (3 ou -3), o
que representou 17,1%, e outros 62 impactos, avaliados de alto grau (4 ou -4)
ou muito alto grau (5 ou -5), equivalentes a 13,1%.
Quantitativamente, a etapa que apresentou o maior potencial impactante foi a de
implantação, com um saldo de -129 pontos, resultado da soma dos valores
referentes à classificação numérica definida no item 2.2 para os impactos
negativos e positivos encontrados. Em seguida, vieram a etapa de colheita/
transporte com -61 pontos e a de manutenção com -8.
3.2. Método do check-list
Embasado nos resultados obtidos pelo método da matriz de interação e com o
objetivo de complementá-los, foi elaborada uma listagem de controle, ou seja,
utilizou-se o método do check-list. Assim, foram identificados 94 impactos
ambientais; alguns se mostraram presentes em uma, duas ou, até mesmo, três
etapas consideradas. Desses, 34 (36,2%) se mostraram positivos, sendo 22 na
etapa de implantação, 25 na manutenção e 10 na fase de colheita/transporte. Os
outros 60 impactos, que representam 63,8% do total, mostraram-se distribuídos
em 42,47 e 42, nas etapas de implantação, manutenção e colheita/transporte,
respectivamente. Para os 94 impactos ambientais identificados, foram
idealizadas 96 medidas ambientais, sendo 26 (27,1%) potencializadoras e 70
(72,9%) mitigadoras; o fomentado foi o responsável pela execução da maioria das
medidas.
3.3. Exemplos de impactos ambientais identificados no trabalho
Pela impossibilidade de listar os 94 impactos ambientais encontrados, foram
elencados a seguir, a título de exemplo, seis impactos, sendo três positivos e
três negativos, ambos com as respectivas medidas ambientais, o(s) responsável
(is) por estas e a(s) etapa(s) em que o impacto ocorre.
3.3.1. Impactos ambientais positivos, com as respectivas medidas
potencializadoras
Aumento do nível de conhecimento técnico em silvicultura por parte dos
fomentados, promovido pelo repasse de informações nas palestras e visitas dos
técnicos e estagiários às propriedades - Medidas potencializadoras: aumentar a
difusão dessas informações, através de palestras, cartilhas e depoimentos de
fomentados que adotaram as técnicas recomendadas e obtiveram sucesso; e a
criação de um programa de estágio que possibilite a visita periódica à
propriedade fomentada, a fim de levar assistência técnica continuada.
Responsáveis pelas ações: IEF/MG em parceira com a UFV. Etapas em que o impacto
ocorre: implantação, manutenção e colheita/transporte.
Fixação do homem ao campo, promovida pelo aumento da renda do produtor rural e
pela aquisição de novos conhecimentos práticos, com a consequente redução do
êxodo rural. Medidas potencializadoras: aumentar a circulação da informação
relativa ao retorno financeiro e aos benefícios ambientais e sociais que o
programa de fomento promove; oferecer ao fomentado informações sobre o mercado
de madeira na região; e a criação de um programa de fomento florestal que
permita consorciação com outras culturas, o que traria retornos financeiros
periódicos e num menor prazo. Responsáveis pelas ações: IEF/MG em parceira com
a UFV. Etapas em que o impacto ocorre: implantação, manutenção e colheita/
transporte.
Contribuição para o desenvolvimento regional, em vista da geração de empregos e
renda, ademais da circulação de mercadorias, com o consequente recolhimento de
impostos. Medidas potencializadoras: garantir o bom desenvolvimento da floresta
implantada, por meio da aplicação rigorosa das técnicas recomendadas, a fim de
obter a produtividade esperada; e, na medida do possível, aplicar o lucro da
venda de madeira na economia regional. Responsável pelas ações: Fomentado.
Etapas em que o impacto ocorre:implantação, manutenção e colheita/transporte.
3.3.2. Impactos ambientais negativos, com as respectivas medidas mitigadoras
Favorecimento à ocorrência de fenômenos erosivos, pela exposição temporária do
solo nas atividades de limpeza de área, seja para implantar o povoamento ou
capinar nas entrelinhas. Medidas mitigadoras: Sempre que possível, evitar a
exposição direta do solo às intempéries, o que pode ser feito pela disposição
de restos vegetais (Fomentado); priorizar a limpeza da área de forma manual,
por se tratar de técnica menos impactante sob essa perspectiva (Fomentado); e
transferir informações sobre processos erosivos e suas consequências, por meio
de palestras e visitas às propriedades (IEF/MG em parceria com a UFV). Etapas
em que o impacto ocorre: implantação e manutenção.
Depreciação da qualidade do ar, quando da emissão de partículas sólidas e de
gases resultantes de combustão, em vista do emprego de maquinarias em
diferentes operações. Medidas mitigadoras: treinar os operários para a execução
criteriosa das tarefas mecanizadas (IEF/MG em parceria com a UFV); e implantar
um sistema eficiente de manutenção das maquinarias empregadas (Fomentado).
Etapas em que o impacto ocorre: implantação, manutenção e colheita/transporte.
Compactação excessiva de estradas de acesso aos plantios, pela eventual
sobrecarga de caminhões carregados com madeira, com possível afundamento de
pista e geração de fenômenos erosivos. Medidas mitigadoras: conscientizar
fomentados e caminhoneiros sobre os problemas que isso causará às estradas,
ademais da depreciação no veículo (IEF/MG em parceria com a UFV); e não
sobrecarregar os caminhões (Fomentado em parceria com os caminhoneiros). Etapa
em que o impacto ocorre:colheita/transporte.
4. DISCUSSÃO
Em tese, a etapa de implantação mostrou-se a mais impactante, exatamente por
possuir maior número de atividades impactantes (21), em comparação com a
manutenção (12) e a colheita/transporte (11).
Considerando as três etapas, ou seja, a implantação, a manutenção e a colheita/
transporte, o meio biótico é o que concentra a maior parte dos impactos
ambientais negativos, sendo, portanto, o mais afetado nesse sentido.
Entretanto, o meio antrópico é o que recebe a maior parte dos impactos
ambientais positivos. Esses resultados coincidem com a visão de que há estreita
relação da floresta de produção com a biota em geral, implicando alterações
quase sempre negativas, à medida que constitui simplificação do ambiente e os
aspectos positivos se concentram no fator humano, por exemplo na geração de
emprego e renda, o que implica dizer no meio antrópico. Vale ressaltar que
esses resultados se encontram em sintonia com trabalhos conduzidos com os
mesmos procedimentos metodológicos - métodos da matriz de interação e check-
list - e também para florestas de produção, no caso Silva_(1994) e Krag_et_al._
(2013).
A diferença no número de impactos ambientais encontrados no método da matriz de
interação (473, com 172 positivos e 301 negativos) e do check-list (94, com 34
positivos e 60 negativos) ocorre em razão de o último ser capaz de sintetizar,
numa só frase, impactos que ocorrem em mais de um meio ou etapa impactante.
Desse modo, é indicado como método complementar a matriz de interação, pois
agrupa os impactos ambientais que essa identifica individualmente. Assim e em
linha de coerência com Silva_(1994) e Krag_et_al._(2013), é interessante
perceber a tendência de os dois métodos gerarem resultados convergentes, ou
seja, apontando para proporções similares entre os impactos ambientais
positivos e negativos identificados (matriz de interação: 36,4% positivos;
63,6% negativos - check-list; 36,2% positivos; e 63,8% negativos).
Silva_(1994) avaliou, qualitativamente, os impactos ambientais das atividades
do reflorestamento (escala empresarial) no Brasil, e os seus resultados, quando
comparados aos dos impactos causados pelo programa de fomento florestal na Zona
da Mata mineira, indicaram semelhança nos tipos de impactos ambientais
encontrados. Porém, há clara tendência de os programas de fomento florestal
apresentar menor intensidade de impacto que os grandes reflorestamentos, já que
são feitos em áreas menores e com técnicas menos impactantes (menor nível de
mecanização). Neste estudo, cerca de 70% dos impactos ambientais encontrados
são avaliados, quantitativamente, como desprezíveis ou de baixo grau de
impacto.
A par disso, como o programa de fomento florestal estudado contou com o apoio
da UFV para a transferência de tecnologia, muitos impactos ambientais negativos
foram evitados ou atenuados, haja vista a preconização de medidas preventivas,
entre elas a conscientização do produtor rural sobre as técnicas mais adequadas
a usar.
As medidas ambientais mitigadoras e potencializadoras foram delineadas
diretamente da lista de impactos ambientais obtida com o uso do método do
check-list. As primeiras foram em maior número, pois os impactos ambientais são
negativos, em sua maioria. Grande parte das medidas mitigadoras e
potencializadoras deve ser executada pelo próprio fomentado, o que facilita o
seu cumprimento.
5. CONCLUSÕES
O Programa de Fomento Florestal do IEF/MG na Zona da Mata mineira resultou em
impactos ambientais negativos e positivos, com predominância dos primeiros,
ainda que de baixa intensidade, numa proporção de cerca de 2 para 1.
Todos os impactos ambientais negativos e positivos identificados se mostraram
passíveis de mitigação e potencialização, respectivamente.
Há predomínio de medidas mitigadoras, haja vista o maior número de impactos
ambientais negativos.
Atribuiu-se ao próprio fomentado o cumprimento da maior parte das medidas
mitigadoras e potencializadoras, facilitando, assim, o cumprimento delas.
A maior parte dos impactos ambientais negativos concentra-se no meio biótico,
enquanto os positivos aparecem no meio antrópico.
Em tese, a etapa de implantação mostrou-se a mais impactante, exatamente por
possuir maior número de atividades impactantes (21), quando comparada com a
manutenção (12) e a colheita/transporte (11).
Em termos quantitativos, a etapa que apresentou o maior potencial impactante
foi a de implantação, com um saldo de -129 pontos. Em seguida, estão a etapa de
colheita/transporte, com -61 pontos; e a de manutenção, com -8.
Os dois métodos empregados - matriz de interação e check-list - mostraram-se
eficientes, de fácil aplicação e complementares, haja vista a segura
identificação dos impactos ambientais negativos e positivos, bem como a
convergência observada em seus resultados.
6. AGRADECIMENTOS
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela
concessão da bolsa de estudos de Mestrado ao primeiro autor, bem como pela
Produtividade em Pesquisa ao segundo e ao quarto autor.