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BrBRCVHe0034-71672003000500024

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National varietyBr
Year2003
SourceScielo

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Participação da escola Anna Nery na revolução constitucionalista de 1932 Participação da escola anna nery na revolução constitucionalista de 1932

Participation of Anna Nery School in the constitutionalist revolution from 1932

La participación de la Escuela de Enfermería Anna Nery en la revolución constitucionalista de 1932

Antonio José de Almeida FilhoI;Tânia Cristina Franco SantosII IProfessor Assistente do Departamento de Enfermagem Fundamental (DEF) da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN) / UFRJ, Doutorando em Enfermagem. Pesquisador do Núcleo de Pesquisa de História Enfermagem Brasileira - Nuphebras IProfessora adjunta do Departamento de Enfermagem Fundamental (DEF) da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN) / UFRJ, Doutora em Enfermagem, Membro da diretoria colegiada do Núcleo de Pesquisa de História da Enfermagem Brasileira - Nuphebras. E-mail do autor: taniacristinafsc@aol.com

1 Introdução O objeto deste estudo é a participação da Escola de Enfermagem Anna Nery nos postos de assistência aos feridos da Revolução Constitucionalista de 1932, no estado de São Paulo, e tem como objetivos: descrever como foi organizada a participação das professoras e alunas da Escola de Enfermagem Anna Nery- EAN nas Frentes de Operações de Guerra e analisar as implicações da atuação dessas alunas e enfermeiras para a EAN.

O contexto desse estudo demarca o período da Revolução Constitucionalista que ocorreu durante o Governo Provisório de Getúlio Vargas, mais precisamente em 1932. O estudo em tela se insere na linha de pesquisa História da Enfermagem Brasileira, cadastrado no Núcleo de Pesquisa de História da Enfermagem Brasileira- NUPHEBRAS, do Departamento de Enfermagem Fundamental da EAN.

Vale ressaltar a participação da EAN em conflitos dessa natureza, pois, em 1930, quando Rachel Haddock Lobo atuava como docente desta escola, com a função de Assistente de Diretora, teve início o movimento revolucionário, onde a Escola participou, pela primeira vez, de um conflito dessa ordem, realizando `curso de primeiros socorros e enfermagem prática', para um grupo de 168 moças voluntárias, além de aulas de primeiros socorros para escoteiros, que atuariam como padioleiros nos campos de batalha. Ao mesmo tempo, no Rio de Janeiro, as enfermeiras e alunas da EAN, atuavam no Hospital São Francisco de Assis, sob a supervisão de Rachei Haddock Lobo, assistindo aos dezessete feridos do navio "Baden", atingidos pela artilharia das fortalezas de São João e do Vigia, transportando imigrantes espanhóis, sem a devida Iicença(1). Nessa ocasião, Miss Pullen, diretora da EAN, recebeu por parte das autoridades, dos meios de comunicação e da sociedade em geral, manifestação de gratidão. Como resultado dessa atuação, a enfermagem passa a ser entendida também como uma das profissões mais importantes `em épocas de crises nacionais'(2-5).

Em 1932 a EANera considerada oficial padrão para efeito de equiparação de outras escolas e era a única existente no país nos moldes nightingaleanos. É nesse período que enfermeiras e alunas da EANparticiparam da Revolução Constitucionalista de São Paulo, nas chamadas "Frentes de Operação de Guerra".

2 Abordagem teórico metodológica Este estudo de cunho histórico - social, teve como fontes primárias os documentos escritos e fotográficos pertencentes ao Centro de Documentação da EAN. Como fontes secundárias foram utilizadas as bibliografias que tratam da História do Brasil e da História da Enfermagem Brasileira. Tais fontes foram acessadas na Biblioteca Setorial da Pós- Graduação da EAN e no Banco de Textos do NUPHEBRAS.

Os documentos foram analisados à luz dos conceitos de campo, habitus e violência simbólica. Na análise dos documentos escritos foi considerada a massa documental e não o documento isoladamente, procurando relacioná-Ios ao contexto de sua produção mediante postura crítica. No que se refere a documentação fotográfica, esta secundarizou os documentos escritos, pois, a utilização da fotografia possibilitou complementar os dados obtidos através da análise dos documentos escritos.

3 Antecedentes histórico-sociais que favoreceram a revolução constitucionalista O processo politico brasileiro era sustentado por uma alternância entre os estados de Minas Gerais e de São Paulo, na indicação daquele que deveria candidatar-se à presidência da República, porém, com a aproximação das eleições de 1930 houve uma ruptura nas regras que norteavam o funcionamento político vigente. Washington Luís, então presidente da República indicado por São Paulo, encaminha o nome de Júlio Prestes, também do estado de São Paulo, e com isso excluindo o estado de Minas Gerais do rodízio à presidência1.

Neste contexto, em julho de 1929 é lançada a candidatura de Getúlio Vargas, como representante do Rio Grande do Sul, tendo como candidato a vice, o representante do estado da Paraíba. Ambos apoiados pelos mineiros, formavam a Aliança Liberal". A plataforma da aliança foi construída com o objetivo de obter a simpatia das classes médias e dos setores operários. Ao mesmo tempo que propunham reformas políticas que consideravam o voto secreto, a Justiça Eleitoral e a anistia aos presos políticos, também defendiam medidas de proteção ao trabalho, como aplicação de lei de férias e a regulamentação ao trabalho do menor e da mulher(4).

A conjuntura econômica mundial era também caracterizada por uma intensa crise, provocada pela quebra, em outubro de 1929, da bolsa de Nova lorquel(4). O resultado desta crise era percebido no Brasil, onde neste mesmo ano inúmeras fábricas faliram no Rio de Janeiro e em São Paulo, gerando uma multidão de desempregados em todo o território nacional. Os reflexos da retração econômica internacional atingiram as atividades agrícolas e, de forma mais sensível, a cafeicultura paulista, repercutindo numa violenta queda dos preços do café, liquidando o programa de estabilização que o governo vinha implementando.

Diante dessa conjuntura, ocorreram as eleições presidenciais, consagrando Júlio Prestes como vitorioso. No entanto, um movimento conspiratório para a deposição de Washington Luis estava sendo articulado, interrompendo o pacto oligárquico até então vigente. O episódio que veio acelerar a conspiração revolucionária foi o assassinato do candidato a vice da Aliança Liberal, João Pessoa, então considerado mártir da revolução. Nos meses seguintes o movimento cresceu, corr a adesão de importantes quadros do Exército, alastrando-se pelo Rio Grande do Sul, Minas Gerais e vários estados de nordeste. Em 24 de outubro, os generais Tasso Fragoso, Mena Barreto, e Leite de Castro e o almirante lsaías de Noronha depuseram o presidente Washington Luís, no Rio de Janeiro, e construíram uma junta provisória de governo. Embora essa junta pretendesse permanecer no poder, as manifestações populares e as pressões das forças revolucionárias do sul do país obrigaram-na a entregar o governo do país a Getúlio Vargas, sendo empossado na presidência da República em 3 de novembro de 1930(6).

As primeiras medidas do Governo Provisório pretendiam garantir a centralização e o fortalecimento do poder da União. Foram fechados o Congresso nacional e os legislativos estaduais e municipais e os governadores dos estados foram substituídos por interventores nomeados por Getúlio Vargas. Ao mesmo tempo, investia-se na reorganização do Estado, criando novos ministérios2 e implementando- se uma legislação trabalhista(4).

O contexto político se agrava, a medida que Vargas ampliava a capacidade de intervenção do Estado na economia e na sociedade, limitando o poder das oligarquias regionais e favorecendo aos tenentes que passam a ocupar importantes funções governamentais, contribuindo para que seja deflagrada em São Paulo uma Guerra Civil, a Revolução Constitucionalista(4).

Os setores das oligarquias derrotadas em 1930 passaram a questionar o Governo Provisório e a exigirem a convocação de uma nova carta constitucional que assegurasse o estado de direito. A edição em fevereiro de 1932, de um código eleitoral não foi suficiente para impedir a Revolução Constitucionalista.

Confiantes no apoio de outros grupos regionais dissidentes, principalmente de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, os paulistas deflagram guerra ao governo federal e, como esses apoios não se concretizaram, o resultado final desse confronto foi a derrota das forças rebeldes(4).

4 Mobilização de professoras e alunas para a frente de operações de guerra A EAN registra sua participação nesse conflito, no atendimento aos feridos nas "Frente de Operações de Guerra". Essa participação assumida como voluntária contou com a presença de nomes expressivos de enfermeiras dessa escola e que ocupavam cargos de liderança, como o de diretora, à época, Rachei Haddock Lobo e o da instrutora das alunas, Zaíra Cintra Vida!. O relato de Rachei evidencia o espírito patriótico das enfermeiras e a disposição destas em servir ao Estado: Atendendo as necessidades prementes de enfermeiras para os hospitais das frentes do nosso exército que lutava contra a rebelião de São Paulo e de acordo com o volunlariado a que procedem-se por indicação da Sra. Superintendente Geral do Serviço [de enfermagem], partiu a 3, o primeiro grupo de enfermeiras postas à disposição do Ministro da Guerra, para o setor leste(5).

Na condição de Escola Oficial Padrão, desta forma, sob a influência direta do governo federal, e diante da necessidade de cuidados de enfermagem, em função do conflito deflagrado em São Paulo, a EAN participou, da Frente de Operações de Guerra.

A atuação de docentes e discentes da EAN no conflito, lideradas por sua dirigente, Rachei Haddock Lobo, não deve desconsiderar um fator extremamente relevante naquela conjuntura política, a aliança entre o Estado e a Igreja católica, que permitia a capitalização de lucros simbólicos para amba as partes. Assim, ao considerarmos a sociedade organizad em classes, encontramos apoio em Bourdieu, quando afirm textualmente que: "a estrutura dos sistemas de representação e práticas religiosas próprias aos diferentes grupos ou classes, contribui para a reprodução da ordem social ao contribuir para consagrá-la"(7).

Desse modo, enquanto escola oficial, atuando nos postos estabelecidos pelo Estado, a Escola Anna Nery prestava cuidados de enfermagem àqueles feridos nas frentes de operações de guerra, na defesa da ordem social constituída.

Além disso, o ideal de servir ao próximo, que caracterizava o habitus primário de Rachei Haddock Lobo(8), enquanto liderança maior da enfermagem naquele conflito, não deve ser ignorado, pois, o habitus, "transformado pela ação escolar constitui o princípio de estruturação de todas as experiências ulteriores, incluindo desde a recepção das mensagens produzidas pela indústria cultural até as experiências profissionais"(7). E, assim, podia-se entendê-Io como aderente à relação estabelecida entre o Estado e a Igreja católica.

As professoras e as alunas embarcaram em quatro grupos, em datas distintas, com destino às áreas planejadas para assistirem aos feridos sob seus cuidados de enfermagem. O embarque de um dos grupos mereceu registro fotográfico, com a presença de autoridades do campo da enfermagem. Na foto_no._1 é possível o reconhecimento de Edith Fraenkel (Superintendente do Serviço de Enfermeiras do DNSP), à esquerda, e Rachei Haddock Lobo, à direita, do Dr Carlos , que ocupa o espaço central da foto. Este encontra-se de chapéu, trajando um terno de cor clara e de óculos.

Na extremidade esquerda da foto encontra-se um grupo de quatro enfermeiras de saúde pública, identifica das pelo uniforme, que compunha-se também de chapéu.

Edith Fraenkel, formalmente vestida, fazia uso também de um chapéu. Rachei, devidamente trajada com uniforme hospitalar que contava como acessório o véu, em substituição à touca. Os homens observados na foto encontravam-se trajando ternos claros e chapéu e, as mulheres, ou apresentavam-se de uniforme de enfermeira de saúde pública ou hospitalar, ou formalmente vestidas, em sua maioria, utilizando como acessório um chapéu.

Vale destacar que embora os registros indiquem a participação de grupos de enfermeiras com um quantitativo superior ao identificado pelo contingente da EAN, nos levando a crer que outras enfermeiras que não faziam parte do corpo social dessa escola também contribuíram na assistência aos feridos nas frentes de combates, não foi possível, até o momento, identificá-Ias3.

5 O retorno das professoras e alunas da frente de operações de guerra Com o fim do conflito, estava concluída a participação das enfermeiras e alunas da EAN, na organização dos postos de atendimento aos feridos e no cuidado destes. Assim, começaram então, a retornarem a partir de 8 de outubro de 1932, às 21 horas, na estação Pedro 11, da Estação Ferroviária Central do Brasil, procedente do setor sul, as enfermeiras Zélia Constantina de Carvalho e Nisia Grosmann(5).

As 21 horas do dia 10 de outubro, foi recebida também na estação Pedro 11, da Central do Brasil, procedente do Hospital de Evacuação em Pinheiros, onde serviu, a enfermeira interna Odette Moreira Rondon. No dia 15 desse mesmo mês, às 22 horas, desembarcava na mesma estação, na Central do Brasil, procedente também do Hospital de Evacuação de Pinheiros, a instrutora de ensino da EAN, Zaíra Cintra Vidal, onde atuou como enfermeira chefe. A instrutora da escola foi a última a se retirar daquele posto, no setor leste, pois, coube-lhe a tarefa de auxiliar na extinção daquele hospital de emergência e, para tanto precisou cuidar, juntamente com a equipe médica, dos últimos feridos sob suas responsabilidades. A bordo do "vapor Annibal Benevolo" retornam ao Rio de Janeiro, às 21 horas do dia 21 de outubro, as enfermeiras internas Marinha do Carmo Braga e Leopoldina Franco de Almeida, desembarcando nas Docas do Loyd, procedentes de Capão Bonito, do setor Sul, cujas atuações se deram junto às ambulâncias cirúrgicas. Apenas no dia 21 de outubro, às 21 horas é que retornam ao Rio de Janeiro, pelo "vapor Annibal Benevolo", juntamente com as enfermeiras que atuaram no setor Sul, as quatro alunas da EAN: Adalgisa Nelli Ayres, Saphira Gomes Pereira, Maria do Carmo Andrade e Mirabel Muniz Smith(5).

Portanto é possivel concluir que as alunas desempenharam os cuidados de enfermagem sob a supervisão de enfermeiras que estavam lotadas nesse mesmo posto, retomando juntamente com esse grupo.

Esta atuação permitiu a capitalização de lucros simbólicos em favor da enfermagem e da EAN. O reconhecimento social e prestígio conferido às enfermeiras pela participação no conflito é ressaltado por Rachei no relato que se segue: Todas estas enfermeiras acham-se possuídas de grande satisfação íntima por terem bem servido ao ideal da profissão, conseguindo elevá-Ia ao mais alto grau de proficiência e moralidade, conforme consta dos atestados honrosos dados pelas altas autoridades daqueles corpos do exército onde esse conceito é unanimemente reconhecido e proclamado em ordem do dia(5).

A diretora da EAN reconheceu a abnegação das alunas e enfermeiras ao registrar em seu relatório que estas chegavam a trabalhar até 12 horas por dia(5), obtendo por esses atributos o reconhecimento por parte do coronel chefe do corpo de saúde, Or. Marinho, mediante o envio de um fotografia (foto_no._2) à Rachel Lobo, onde apresentava no seu verso um texto formal de deferência e reconhecimento pelo trabalho desenvolvido pelo grupo de enfermeiras, exaltando a participação destas "pelo bem que trouxeram ao S. S. F. O." (Serviço de Saúde da Frente de Operações).

Trata-se de uma foto de pose grupal, com disposição vertical, cujo texto fotográfico põe em destaque, na primeira fila, sentados, o coronel Marinho, no centro, enquanto autoridade maior dentre os agentes da foto, ladeado à esquerda por Rachei Haddock Lobo e, à direita, por Gecy Clausen, portanto numa posição de distinção. Esta foto evidencia a posição de prestígio que essas representantes da enfermagem usufruíam no conflito em questão, junto à uma instituição de elevada importância junto ao Governo Vargas, qual seja, o exército brasileiro, dentre elas, figura a diretora da Escola Oficial Padrão. É possível observar a presença de outros representantes do exército brasileiro; de outras enfermeiras da EAN, inclusive da Saúde Pública, identificadas através do uniforme que compunha-se de chapéu; além de outros profissionais da saúde.

Todos devidamente uniformizados, facilitando assim, a identificação dos grupos atuantes no conflito.

A participação de professoras e alunas da EAN no teatro de guerra, mereceu, desta forma, o reconhecimento de autoridades militares, os quais usufruíam de grande prestígio junto ao Governo Provisório. A atuação das professoras e alunas dessa escola parece ter ocorrido num clima bastante favorável, envolvendo as equipes de saúde e os militares, pois, nenhum relato de problema de qualquer ordem foi identificado na análise dos documentos disponíveis no Centro de Documentação da EAN.

Essa atuação nos permite perceber que, mesmo na condição de voluntárias, as docentes e alunas da EAN ficavam submetidas ao Ministro da Guerra que, agia como "mandatário do Estado, detentor do monopólio da violência simbólica legítima, no campo militar, através de uma imposição simbólica que tem a seu favor toda a força do coletivo, do consenso, do senso comum"(10).

A colaboração desse grupo de enfermeiras reforça a importância assumida por outras enfermeiras ao atuarem em conflitos anteriores de maior vulto histórico, cuja experiência era usada para estimular as mulheres brasileiras, no sentido de estarem preparadas para compartilhar do empreendimento universal, tanto na prevenção de doenças, como no alívio dos sofrimentos e, conforme apresentado em prospecto de divulgação do curso de enfermeiras dessa escola, em 1931, "oferecendo os seus esforços e de suas prerrogativas sociais em benefícios de seus concidadãos"(2).

O reconhecimento da importância da EAN na formação de recursos humanos para a saúde, à época, ficou evidenciado também nas visitas ilustres às instalações da escola. Podemos tomar como exemplo a visita de Cecil Carter, chefe geral das sociedades da Cruz Vermelha, com sede em Paris, afirmando que considerava esta escola "única em toda a América do sul" e, declarando "dever a Cruz Vermelha seguir-lhe sob todos os pontos educativos e sociais"(5).

Nesse mesmo mês, Miss Kaite Russner, superintendente de uma C.línica privada, na Alemanha, se surpreende com a organização dessa instituíção de ensino e declara à diretora da escola, após ter percorrido o Pavilhão de Aulas (PA): "Não esperava encontrar no Brasil uma obra de enfermagem tão adiantada, considerando-a mais adiantada que as da Alemanha"(5).

6 Considerações finais A participação de enfermeiras e alunas da EAN na Revolução Constítucionalista de São Paulo, registra mais uma importante atuação desta escola junto à sociedade brasileira, desta vez, embora na qualidade de voluntárias, poderiam ser interpretadas como aliadas do Governo Central, pois, ficaram à disposição do Ministro da Guerra, numa conjuntura política complicada que tentava impor através do Governo Provisório, uma nova ordem social.

O corpo social da EAN se fez representar por um total de oito enfermeiras, das quais duas ocupavam cargos de liderança na instituição, quais sejam, Rachei Haddock Lobo - diretora da escola e Zaíra Cintra Vidal- instrutora de ensino.

Contou ainda, com a colaboração de quatro alunas que atuaram sob supervisão direta de enfermeiras desta escola e, somente retornaram devidamente acompanhadas da enfermeira responsável pelo posto onde estavam atuando.

O grupo que partiu da escola concentrou-se nos estados de São Paulo e Paraná, desempenhando as suas funções junto às ambulâncias cirúrgicas e ao Hospital de Pinheiros, em São Paulo. A participação das representantes da EAN ocorreu tanto no cuidado direto aos feridos da revolução, como na organização dos serviços criados para atendê-Ios.

O reconhecimento por parte das elevadas autoridades militares do exército brasileiro em função da proficiência profissional das enfermeiras atuantes nesse conflito, pode ser entendido como um ponto de prestígio junto a essa corporação que desfrutava de grande consideração com o Governo Vargas. Ainda mais, contribuiu para ampliar e projetar a enfermagem na sociedade brasileira, como acontecia em outros paises, ou seja, para além das atividades de prevenção de doenças, de forma a estarem preparadas para atuarem em situações de conflito bélico.


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