Representações sociais de mulheres mastectomizadas e suas implicações para o
autocuidado
INTRODUÇÃO
Esta pesquisa tem como objeto de estudo as representações sociais de mulheres
mastectomizadas sobre a mama e implicações para o autocuidado. O interesse por
este objeto de estudo emergiu durante práticas acadêmicas realizadas em uma
instituição de referência em oncologia no estado do Pará, onde observamos um
número relevante de mulheres com câncer de mama submetidas à mastectomia.
Naquele momento, tivemos a necessidade de conhecer as representações sociais
dessas mulheres em relação à mama, visto que o câncer de mama e seu tratamento,
muitas vezes mutilador, podem conduzir a mulher a alterações na sua auto-
imagem, perdas emocionais e sociais. E a partir desse conhecimento pensamos ser
possível contribuir para que a relação enfermeiro-paciente possa ser realmente
uma relação de ajuda, considerando que a assistência de enfermagem humanizada
não vê na pessoa apenas "um órgão doente" e sim uma pessoa como um todo, com
sua história, seus medos e suas angústias.
O câncer é definido como uma doença causada por exacerbadas e incontroláveis
divisões de células anormais, as quais dão origens às células-filhas também com
alterações morfológicas e funcionais, com capacidade de invadir tecidos e
estruturas regionais à distância, podendo levar o indivíduo à morte(1).
No Brasil, as estimativas para o ano de 2010 e válidas também para o ano de
2011 apontam que ocorrerão 489.270 casos novos de câncer. Os tipos mais
incidentes, à exceção do câncer de pele do tipo não melanoma, serão os cânceres
de próstata (52 mil) e de pulmão (18 mil), no sexo masculino, e os cânceres de
mama (49 mil) e de colo do útero (18 mil), no sexo feminino, acompanhando o
mesmo perfil da magnitude observada no mundo. Sendo esperados, portanto,
236.240 casos novos para o sexo masculino e 253.030 para sexo feminino(2).
A palavra câncer carrega um estigma muito forte, pois, em geral as pessoas logo
o associam com a morte. No caso das mulheres, o câncer de mama ainda é mais
temido pelo fato de acometer uma parte valorizada do corpo dessas mulheres e em
muitas culturas desempenham uma função significativa para sua sexualidade e
identidade(3).
A mulher acometida do câncer de mama vivencia, em sua trajetória, inúmeras
situações. Essas, em geral, referem-se a sua integridade biopsicossocial, a
incerteza do sucesso do tratamento, a possibilidade da recorrência e a morte.
Aceitar a sua nova condição e adaptar-se à nova imagem de seu corpo exige um
esforço muito grande para o qual não estão preparadas(4).
Atualmente, a detecção precoce do nódulo mamário ainda é muito significativa
para a obtenção de tratamento e prognóstico satisfatórios. A prática do
autoexame é fundamental para a detecção, sendo de fácil compreensão e acessível
à mulher, mostra-se muitas vezes, como uma forte arma contra a doença,
impedindo a mutilação das mamas por meio da mastectomia e até mesmo a morte da
paciente(5).
O câncer de mama deve ser abordado por uma equipe multidisciplinar visando ao
tratamento integral da paciente. As modalidades terapêuticas disponíveis
atualmente são a cirúrgica e a radioterápia para o tratamento loco-regional e a
hormonioterapia e a quimioterapia para o tratamento sistêmico(2).
A mastectomia é um procedimento cirúrgico, cuja finalidade é erradicar a
presença local do câncer. A cirurgia é uma das formas de tratamento mais
temidas pela mulher, levando a sentimentos de tristeza, vergonha e depressão.
Assim, a operação altera a imagem corporal da mulher e a autoimagem sexual,
podendo repercutir no seu cotidiano, desencadeando sintomas como depressão e
ansiedade, pois a cirurgia traz em si um caráter agressivo e traumatizante para
a vida da mulher, levando a uma desfiguração e, consequentemente, a uma
modificação da autoimagem(3).
A mastectomia ainda é um dos tratamentos a que a maioria das mulheres com
câncer é submetida. É uma intervenção temida e que, por fazer parte do
tratamento, interfere no estado físico, emocional e social, resultando na
mutilação de uma região do corpo que desperta libido e desejo sexual. Esse
processo interfere na sexualidade, na autoimagem e na estética feminina, hoje
em dia muito valorizada e ressaltada. Além dessa dimensão que simboliza a
sexualidade, as mamas ainda são relacionadas à importante função da
maternidade, pois essas ao produzirem leite representam o sustento dos
primeiros meses de vida de qualquer ser humano(6).
Sendo o câncer um problema de saúde pública no Brasil é necessária a atenção
por parte dos profissionais de saúde, em especial da enfermagem, que podem
contribuir para o controle da doença por meio de ações de promoção de saúde,
prevenção e detecção precoce, que são realizadas nos serviços. Portanto, a
assistência de enfermagem ao cliente com câncer é repleta de desafios
cotidianos, visto que, como mencionamos anteriormente, a própria palavra câncer
é carregada de significados e, para muitos, é sinônimo de dor e morte. Desta
forma, é necessário que os profissionais de enfermagem revejam os conceitos,
mitos e tabus acerca dos cuidados prestados a mulheres com câncer de mama.
Assim sendo, ressaltamos a importância de conhecer as representações sociais
que as mulheres mastectomizadas têm sobre a mama, uma vez que possibilitará a
reformulação de preconcepções e a elaboração de novos conceitos sobre esse
agravo.
OBJETIVOS
Definiu-se como objetivos identificar as representações sociais de mulheres
mastectomizadas sobre a mama e analisar as implicações dessas representações
sociais no autocuidado.
MÉTODO
Este estudo é qualitativo usando os conceitos da Teoria das Representações
Sociais como suporte teórico-conceitual. Essa teoria reconhece o indivíduo como
um ser psicossocial, pois, este adquire determinado conhecimento, aplica o seu
toque pessoal e o compartilha com o grupo a que pertence, ou seja, o sujeito
possui uma história pessoal com determinantes sociais e culturais(7).
Os sujeitos foram 18 mulheres mastectomizadas que frequentam a Associação
Voluntária de Apoio à Oncologia (AVAO), que fica localizada no município de
Belém do Pará. A associação é uma entidade filantrópica de direito privado, sem
fins lucrativos, cuja finalidade é restrita ao apoio assistencial a doentes
acometidos de câncer em tratamento no hospital de referência em oncologia no
município de Belém - Pará. O grande enfoque dessa associação é o voluntariado.
Pessoas de diversas áreas, que utilizam seu tempo livre para ajudar no dia a
dia, nas campanhas e atividades, buscando parcerias, agilizando as doações de
alimentos, remédios, bem como garantindo o bom funcionamento e a continuidade
dos propósitos da associação.
Quanto ao aspecto ético, o projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética
e Pesquisa da Universidade Federal do Pará (CEP-ICS/UFPA), sob o protocolo
número 152/08 e aprovado na reunião de 09 de setembro de 2008. Para
identificação dos relatos empregou-se o sistema alfanumérico de modo a
preservar o anonimato das depoentes. Dessa forma o projeto atendeu à Resolução
nº 196/96 do Conselho Nacional da Saúde.
A coleta de dados foi realizada no período de setembro a dezembro de 2008,
utilizando-se duas técnicas: a associação livre de idéias e a observação livre.
Foi utilizado um questionário para identificação do perfil sociocultural dos
sujeitos do estudo, constando idade, naturalidade, estado civil, religião,
escolaridade, número de filhos, profissão, se vive com a família e se a renda é
própria ou familiar.
A associação livre de idéias é uma técnica não verbal que favorece acesso ao
material de forma natural por parte dos entrevistados. Essa técnica consiste no
fornecimento de palavras-estímulos aos sujeitos para que eles expressem as
representações associando as ideias para eles expressem as idéias que passarem
em sua mente. Neste estudo utilizou-se como palavras-estímulo: mama e câncer de
mama. A observação livre permite a captura, por parte do entrevistador, do
comportamento global do entrevistado. Essa técnica foi usada de forma
complementar para auxiliar na análise de dados, considerando que a mesma
favorece a compreensão da linguagem não verbal, ou seja, dos comportamentos e
expressões dos sujeitos no decorrer da entrevista.
Para proceder a análise e a interpretação dos dados, optou-se em utilizar a
técnica de análise temática. Essa técnica consiste em identificar os núcleos de
sentido que compõe uma comunicação, cuja frequência ou ausência possam ter
significado para o objeto analítico visado(8). A análise temática desdobra-se
em três etapas: pré-análise, exploração do material e o tratamento dos dados. A
pré-análise é o primeiro contato com o conteúdo a ser analisado. Nesta, reúne-
se o material e faz-se a leitura das entrevistas, a fim de buscar compreender o
pensamento dos sujeitos a respeito do tema estudado, analisando o que seria
mais relevante para a pesquisa. Para proceder a construção do corpus do
material, foram seguidas as regras de exaustividade, representatividade e
homogeneidade. Já na exploração do material realiza-se a transformação dos
dados brutos, visando alcançar o núcleo de compreensão do texto, podendo ser
uma palavra, uma frase ou uma expressão(8). Posteriormente, classificou-se e
agregou-se os dados, estabelecendo-se as categorias teóricas ou empíricas que
demandaram desses temas. A partir dessas etapas emergiram duas unidades
temáticas: a mama e suas representações sociais e as representações sociais de
mulheres mastectomizadas: implicações para o cuidado de si.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Caracterizando as depoentes
Antes de apresentar a análise propriamente dita entende-se que é importante
descrever o perfil sociocultural das mulheres que são sujeitos deste estudo.
Cabe elucidar que os sujeitos não são somente recebedores pessoais de idéias
dominantes produzidas e difundidas por classes sociais ou por meio das
instituições sociais, tais como: escolas, Estado, igreja entre outras. Eles têm
opções independentes, de modo que eles frequentemente estão produzindo e
comunicando representações que compartilham com seus grupos. Estas sim têm
influência determinante sobre suas relações, suas escolhas e suas vidas(7).
Dessa forma, faz-se necessário conhecer o contexto sociocultural das mulheres
que participaram deste estudo para auxiliar uma melhor compreensão das
representações sociais, uma vez que elas favorecerão a construção
característica das mulheres mastecto-mizadas. Assim, selecionou-se dados
referentes à idade, naturalidade, situação conjugal, religião, escolaridade,
profissão, renda, convívio familiar e número de filhos.
A idade das mulheres entrevistadas variou de 39 a 79 anos, predominando a faixa
etária entre 39 a 49 anos, que representou 39% das entrevistadas. O predomínio
dessa faixa etária nos faz refletir acerca da preocupação dessas mulheres em
realizar o exame das mamas como prevenção do câncer, que, segundo o Ministério
da Saúde, é o mais incidente entre as mulheres da região Norte(2).
De acordo com a naturalidade, a maioria das entrevistadas nasceu em Belém,
capital do estado. Ressalte-se que, dependendo do local de origem, podemos
encontrar variações culturais, as quais influenciam em seus comportamentos por
meio das representações sociais.
Quanto à situação conjugal, evidenciou-se que a maioria das mulheres
entrevistadas são casadas. Esse aspecto é relevante, pois as mulheres casadas,
por conta da mutilação de seus corpos temem ser desprezadas pelos companheiros
e isso interfere em sua sexualidade trazendo reflexos em sua rotina conjugal e
em suas tarefas diárias de cuidar do lar. O apoio do marido também se torna
fator importante na vida dessas mulheres.
Em relação à religião, houve predominância da católica, com 78%, enquanto que
22% eram evangélicas. Entendemos que a identificação do indivíduo com alguma
religião facilitará a aceitação da doença e o aumento da esperança de que
poderá recuperar sua saúde. A religiosidade é um elemento importante na
construção das representações sociais das pessoas uma vez que essa vivência
direcionará seus comportamentos, individualmente e em grupo, na saúde e na
enfermidade.
No que se refere ao grau de escolaridade, as mulheres deste estudo apresentam
61% com Ensino Fundamental incompleto. Na verdade, o nível de escolaridade não
interferiu no desenvolvimento da pesquisa, já que a representação social visa
captar conhecimento consensual de um grupo social.
No item número de filhos, observou-se que grande parte (evite grande maioria
que é redundante) correspondente a 67%, tem até três filhos. Sabe-se que a
maternidade é culturalmente um dos papeis femininos na sociedade, sendo
portanto, muito valorizada pelas mulheres. Daí que a existência ou não de
filhos nos ajuda a compreender como as mulheres deste estudo entendem o cuidado
com suas mamas, uma vez que elas desempenham papel importante na alimentação
para suprir os primeiros meses de vida de seus filhos.
No que tange à profissão, a maioria das entrevistadas são domésticas e
trabalham no próprio lar. É importante analisar esse dado, visto que a doença
impossibilita essas mulheres de realizarem algumas atividades, causando-lhes,
assim, ansiedade e preocupação por estarem afastadas dessas atividades devido à
necessidade de realizar o tratamento.
Quanto à renda, foi constatado que a maioria das mulheres vive com a renda
própria e com a renda de outras pessoas da família. Portanto, o baixo nível
socioeconômico aumenta os fatores de risco para o desenvolvimento de doenças,
pela dificuldade de acesso aos serviços que visem à promoção da saúde e
prevenção de doenças. Observou-se que 94%, vive com até dois salários mínimos,
incluindo sua renda própria e a familiar. Enquanto apenas 6% vive com renda de
três ou mais salários. Mesmo com a somatória de todas as rendas, percebemos que
a renda mensal ainda encontra-se muito baixa. A fim de adquirir uma renda extra
para ajudar na renda familiar, a maioria delas acaba se inserindo no mercado
informal.
Quando se questionou em relação à convivência com a família, a maioria das
depoentes mencionou conviver no seio familiar. Acredita-se que o apoio da
família para o sucesso no tratamento torna-se importantíssimo, uma vez que
muitas mulheres encontram-se fragilizadas diante de uma doença temida. O apoio
oferecido por amigos e principalmente pela família é fator crucial para que
essa mulher encare a doença e o tratamento da melhor forma possível.
Entende-se que as representações sociais se originam no cotidiano por meio do
comportamento individual, no decorrer da comunicação e nas relações
interpessoais. As representações sociais são sempre um produto da interação e
comunicação e elas tomam sua forma e configuração características a qualquer
momento, como um resultado do equilíbrio específico desses processos de
influência social(7).
Mama: símbolo de feminilidade e fertilidade
Os seios são considerados símbolos da condição feminina. O aspecto físico das
mamas tem relação com sensualidade e a vaidade por um corpo bonito. Além disso,
as mamas desempenham um papel muito importante na maternidade, papel
considerado relevante para as mulheres em nossa sociedade. Destacamos também
que a preocupação com a estética corporal faz parte do universo das mulheres,
logo se transforma em objeto psicossocial e esse conhecimento é compartilhado
com o seu grupo.
A mastectomia, é uma das abordagens terapêuticas vivenciadas pelas mulheres com
a conseqüente mutilação das mamas. Essa mutilação tem forte repercussão na sua
feminilidade, levando a que ela vivencie uma série de consequências emocionais,
físicas e sociais que estão relacionadas à imagem corporal. Treze mulheres
(72%) associaram a mama com o sentimento de perda como nos mostra os seguintes
relatos:
[...] Olha, falar em mama para mim, eu fico um pouco triste porque eu
perdi a minha. Eu me sinto triste hoje, porque tenho só um seio. (E6)
[...] Porque eu me vejo mutilada, um monstro. Muda o modo de agir, de
pensar. É uma transformação completa. (E5)
Os seios compõem a estética feminina e a retirada da mama, em geral, provoca na
mulher um sentimento de mutilação e um abalo na imagem corporal. A mama é o
símbolo da feminilidade e, ao longo dos séculos, tomaram uma conotação de
beleza e sedução. Logo, mulheres que apresentam deformidades ou ausência da
mama experimentam sentimentos nem sempre facilmente verbalizados, e os mitos,
os ditos populares são um instrumento utilizado como metáforas para expressar
dimensões profundas do humano que se tornam difíceis de serem comprovadas na
linguagem conceitual(9).
Entende-se, ainda, que o processo vivido pelas mulheres mastectomizadas, frente
à doença e à perda da mama, é semelhante ao processo de elaboração de luto.
Portanto, essa perda, ao atingir um órgão, cuja simbologia representa a própria
essência da feminilidade, altera o seu papel principal, o de ser mulher, além
de afetar seus papéis complementares como o de esposa e de mãe, gerando
tristeza e diminuição da autoestima(10).
A mulher, ao perder a mama, apresenta alterações do padrão de postura e percebe
o comprometimento na beleza física. A partir da cirurgia, notam a posição que a
mama tem no contexto corporal e sociocultural. O corpo tornou-se um
empreendimento a ser administrado da melhor maneira possível no interesse do
sujeito e de seu sentimento de estética. Além disso, em nossa sociedade, a
mídia valoriza muito o corpo perfeito da mulher. Muitas vezes, é pelo seu corpo
que você é julgado e classificado(11). E essa valorização, da perfeição,
apresenta-se no seguinte relato:
[...] Porque eu era perfeita, tinha meus dois seios, eu era alegre,
feliz. (E2)
[...] Porque eu me via normal, sem deficiência. (E4)
Sabe-se que a imagem corporal tem sido muito valorizada na sociedade e
principalmente nos meios de comunicação em geral, refletindo de forma
considerável na vida das pessoas, principalmente das mulheres(12). As falas
anteriores demonstram a preocupação com a aparência por parte das mulheres
antes da mastectomia. Entretanto, após o procedimento cirúrgico demonstram a
insatis-fação com a perda da mama, gerando sentimentos de tristeza e
desvalorização da autoimagem
Vale ressaltar que as mulheres estudadas referem ter o corpo mutilado, fora dos
padrões de beleza, e sentem-se envergonhas diante da sociedade, já que a imagem
corporal constitui um fator indispensável para o desenvolvimento da autoimagem,
bem como da valorização diante das pessoas. Elas representam a mama como
símbolo da beleza, feminilidade e sensualidade, uma vez que demonstram a enorme
preocupação com a imagem corporal, tendo a mama uma importância fundamental
para essa imagem, assim como, para sua identidade.
O outro aspecto mencionado pelas mulheres é a representação social da mama como
símbolo de fertilidade por estar relacionada com a capacidade de amamentação.
Em nossa sociedade, a maternidade é muito valorizada e instituída como
responsabilidade e dever da mulher, devido ela ter a capacidade de engravidar,
parir e amamentar. Portanto, além do aspecto relativo a feminilidade, a
valorização da mama no que diz respeito ao seu papel de alimentar a prole pela
amamentação foi descrito no seguinte relato:
[...] Eu acho que a fundamentação de tudo é a mama, para amamentar os
filhos e também ser bonita, ser estética. É uma beleza. (E7)
[...] A mama da gente é para dar de mamar para os nossos filhos,
amamentar nossos filhos. (E4)
As mamas, assumem então, um duplo significado para a mulher, desde a expressão
de sua feminilidade até a essencial tarefa da amamentação. A mama tem
importância como nutriz, além de acrescentar um importante complemento à imagem
corporal e identidade feminina. Percebe-se que as mulheres entrevistadas
representam a mama como símbolo da feminilidade, estética, sensualidade, bem
como da maternidade. As mamas, além de desempenharem um importante papel
fisiológico em todas as fases do desenvolvimento feminino que vão desde a
puberdade à idade adulta, também representam em nossa cultura um símbolo de
identificação da mulher e sua feminilidade expressas pelo erotismo, pela
sensualidade, pela sexualidade e pela maternidade. Logo, as mamas ganham uma
dimensão que simboliza, além da sexualidade, a importante função da
maternidade.
Sabe-se que o seio é tido como o objeto central de desejo e satisfação, e
adquirir uma doença localizada nesse membro destrói todas as possibilidades de
simbolização da mulher como ser feminino. Observou-se durante os depoimentos
que, a partir da perda desse órgão, a mulher sente que sua identidade feminina
está sendo atingida, bem como a sua capacidade para amamentação e sua
sensualidade. Podemos observar essa realidade nos seguintes depoimentos:
[...] Só olho a metade do meu corpo, me sinto triste com a falta da
mama. (E12)
[...] Porque eu não tenho o outro lado, eu sinto falta. Sinto-me
envergonhada de me olhar no espelho. (E16)
A identificação de um corpo mutilado dá-se pela percepção que ela tem de seu
corpo atual, alterado e diferente, principalmente nas situações em que o
observa, como nos momentos em que fica em frente ao espelho e quando está
despida. A aparência, o visual belo, ainda é colocado em nossa sociedade como o
admirável, o estar bonito, elegante, sentir-se bem. Percebeu-se nas mulheres
deste estudo uma preocupação relacionada à sua imagem, na qual algumas delas
deixam de se olhar no espelho, de se tocar, ficando muitas vezes com vergonha
das outras pessoas. É importante ressaltar que a aparência pessoal é uma das
preocupações básicas na vida do ser humano saudável, trazendo traços
característicos para a vida(13). Daí a valorização do corpo por parte,
principalmente, das mulheres, visto que a própria sociedade adota um
estereótipo de corpo perfeito, como podemos observar nas propagandas a imagem
de mulheres com um belo corpo.
Retratando isso, observou-se na pesquisa que as mulheres, além de sofrerem com
a perda da mama, ainda enfrentam a realidade da queda do cabelo devido à
quimioterapia, sendo mais uma preocupação relacionada à sua imagem:
[...] O pior momento pra mim foi quando começou a cair os meus
cabelos. A mama pra mim parecia ser pior, mas depois do medicamento
que eu fiz a rádio e começou cair meus cabelos com 15 dias, aí eu
entrei em pânico. Aí eu chorei, eu me isolei, eu fiquei abatida
mesmo, quase entro em depressão. (E9)
O cabelo é considerado, em nossa sociedade, predominan-temente como identidade
feminina, cabelos longos são um dos símbolos dessa identidade. Portanto, para
muitas mulheres, ter de enfrentar a queda do cabelo, após tratamentos como
radioterapia e quimioterapia, torna-se bastante difícil com abalos em seu
estado emocional e em sua autoimagem. Essa etapa do tratamento foi referida
como um momento de muita tristeza, pois, se assim como os seios, os cabelos
compõem essa identidade, quando essas mulheres enfrentam o espelho e se deparam
também com a perda dos cabelos, essa situação causa-lhe muitas vezes o
isolamento social.
Ressalta-se que, para algumas mulheres mastectomizadas, a alopécia, um dos
efeitos colaterais do tratamento quimioterápico, pode trazer maior sofrimento
do que a própria mastectomia, já que, no contexto social, a perda do cabelo, é
mais difícil de ser disfarçada ou escondida, mesmo quando se usa de artifícios
para melhoria dessa imagem corporal, tais como lenços ou perucas. E aflora o
diferente, o não belo, a pessoa inquestionavelmente adoecida, reforçando o
sentimento de compaixão sentido pelos outros e pela própria mulher, pois é
cultural que o gênero feminino exiba cabelos longos e bonitos, fato que
dificulta a aceitação da perda dos cabelos tanto pela mulher quanto pela
sociedade(14). É importante ressaltar que o uso do lenço por uma pessoa com
aspecto abatido é a objetivação que favorece identificá-lo socialmente como um
sujeito acometido pelo câncer que está em tratamento.
Para melhorar a qualidade de vida dessas mulheres durante esse tipo de
tratamento, que representa um desafio tanto para elas como para os
profissionais de saúde, é necessário que os enfermeiros estabeleçam vínculos de
confiança que permitam a discussão sobre o seu estado de saúde, sobre os
possíveis efeitos colaterais do tratamento e de como manter o controle, não
esquecendo, principalmente, dos aspectos emocionais que envolvem esse momento.
Representações sociais de mulheres mastectomizadas: implicações para o
autocuidado
No que se refere ao cuidado de si, este pode ser compreendido como ações de
cuidado direcionadas a si mesmo, a partir da conscientização sobre a influência
de hábitos pessoais sobre o seu próprio bem-estar total(15). No estudo, pôde-se
observar que dez mulheres (56%) objetivaram o cuidado com as mamas com o
autoexame da mama; enquanto oito mulheres (44%) associaram com os cuidados pós-
operatórios.
O conhecimento que as depoentes têm a respeito do cuidado com as mamas é
relevante para que elas se sensibilizem da importância que tem a prática do
autoexame como a melhor forma para a detecção precoce de possíveis alterações
na mama. Desta maneira, é possível que adotem o exame preventivo como uma
prática de cuidado com a sua saúde, como se observa nos seguintes relatos:
[...] Se prevenir, fazer o autoexame. Porque foi assim que eu
descobri que eu estava [com o câncer]. Apareceu o 1º nódulo, foi
tirado. Apareceu o 2º, foi tirado. E no 3º, o médico perguntou se
fosse preciso tirar tudo, se ele poderia tirar. E eu falei que
poderia tirar se fosse para o meu bem. (E1)
O exame das mamas deve ser realizado, periodicamente, pelos profissionais de
saúde e o autoexame frequentemente, pela própria mulher, pois viabiliza a
descoberta, de forma bastante precoce, de alterações existentes. O profissional
de saúde precisa ensinar e estimular as mulheres a fazerem o autoexame das
mamas. É recomendado, portanto, que durante a realização do exame clínico das
mamas, o profissional mostre, à própria mulher, as áreas normais de suas mamas
que possam gerar suspeitas, quando esta for realizar o autoexame(1).
É relevante mencionar que, antes mesmo de o profissional informar sobre o
autoexame e ensinar como se realiza, é importante que a mulher esteja informada
que o câncer é uma doença séria e que para combatê-lo medidas preventivas
precisam fazer parte da sua vida. Além do autoexame das mamas, é preciso ter
uma vida saudável por meio de uma alimentação adequada com frutas, legumes e
verduras. Praticar atividade física e evitar a exposição a fatores radioativos,
como a exposição solar. Desse modo, destaca-se a importância que o Programa
Nacional de Controle do Câncer de Mama tem para contribuir na redução da
mortalidade e das repercussões físicas, psíquicas e sociais desse agravo para a
mulher brasileira, por meio da oferta de serviços para prevenção e detecção em
estágios iniciais da doença e do tratamento e reabilitação das mulheres(1).
Sabe-se que a enfermagem é caracterizada como a arte de cuidar. Esse cuidado
tem como objetivo, em sua essência, assistir ao ser humano em sua totalidade e,
deste modo, o cliente deve ser visto como um todo, observando a relação mente e
corpo. Assim, podemos perceber que cada indivíduo é particular e tem
necessidades e valores próprios(16).
A enfermagem moderna é por essência, desde o seu nascimento, expressa por meio
do cuidado para a garantia do alívio do sofrimento e manutenção da dignidade em
meio às experiências de saúde, doença, vida e morte. Convém lembrar que o
cuidado humano dispensado pelo enfermeiro deve atingir, além dos clientes e
seus familiares, a sua equipe de modo a garantir melhor relacionamento,
interdependência, coesão e competência(17).
Ainda no que se refere ao cuidado, este tem sido evidenciado como a essência da
enfermagem, podendo ser compreendido como um ato, uma atitude de atenção, de
zelo e de desvelo. Este representa uma preocupação de responsabilização e de
envolvimento afetivo com o ser que recebe o cuidado(18). Ressalta-se que o
cuidado é a essência do ser humano, e se ele não realizá-lo acabará por
prejudicar a si mesmo e o que estiver à sua volta. Dessa forma, observa-se uma
maior preocupação com a saúde e o cuidado de si após a cirurgia, evidenciada
por meio do seguinte relato:
[...] Cuidado de não carregar peso, para não tirar cutícula de unha,
não meter o braço no forno, não fazer exercícios grandes do lado que
a gente faz a operação [...] (E13)
As depoentes, quando questionadas em relação ao cuidado com a mama, referiram
tal cuidado após terem sido submetidas à mastectomia. Observa-se, portanto, que
elas não tinham a prática preventiva do autoexame como uma prática de cuidado
de si. No entanto, após terem se submetido à cirurgia passaram a ter os
cuidados com a mama, como forma de prevenir complicações. Dessa forma, entende-
se que uma representação social somente se forma no cotidiano do indivíduo a
partir da compreensão das idéias que se encontram presente no seu ambiente e no
seu grupo social.
A enfermagem tem papel relevante no ensinamento desses cuidados, pois percebe-
se que o cuidado geralmente existe quando ocorre uma relação entre o indivíduo
cuidador e o ser cuidado, pois o cuidado é um fenômeno que é a base
possibilitadora da existência humana como humana(19). Portanto, o cuidado
sempre emerge quando nos preocupamos com alguém ou conosco mesmo - para essas
duas relações, denomina-se de cuidado com o outro e cuidado de si. Além disso,
é a enfermagem que deve interagir nesses cuidados a serem aprendidos,
observando as limitações de cada uma das mulheres e explicando o motivo desses
cuidados.
O cuidado de si emergiu na enfermagem com o surgimento de um novo paradigma, o
da simultaneidade. Esse pressuposto idealiza o ser humano como um agente
aberto, muito mais do que a totalização de suas partes, que se converte por
meio de sua interação como o meio ambiente(20). Esse novo paradigma já concebe
o indivíduo não como um constructo fechado que tem de adequar ao meio que o
cerca, mas sim um ser que vai além da adaptação com o meio ambiente, pois
interage com este e se transforma. A partir disso, pode-se compreender a
atitude das mulheres em seguiram os cuidados pós-operatório como uma forma de
se cuidar favorecendo a recuperação de sua doença e melhor interação com as
pessoas.
Outro aspecto observado no estudo é que algumas mulheres só deram importância
ao cuidado de si após o diagnostico da doença, dessa forma, valorizando esse
cuidado e a atenção redobrada nos cuidados após-cirúrgico devido ao medo da
doença atingir também a outra mama, como se observa no seguinte relato:
[...] Devido ao medo de voltar à doença, porque é muito difícil de
ter um caso para você dizer assim: opera duas mamas. Não, sempre você
opera de uma e fica a outra. Aí você teme aquele cuidado, aquele
medo, sabe aquela coisa de voltar de novo. E você passar por todo
aquele procedimento de novo, passar por todo tratamento de novo.
Esperar [...] (E3)
Observa-se a preocupação e o medo das mulheres em relação à recorrência da
doença, ou seja, de perder a outra mama. Entende-se que as mulheres apontam
esse medo como forma alternativa para a correta prática do tratamento e do
cuidado de si. O temor pela reincidência da doença fez com que elas tomassem
consciência da necessidade de mudar os hábitos de vida, refletindo no cuidado
com sua saúde e redobrando esses cuidados. Dessa forma, a análise dos dados nos
mostra, também, a difícil vivência das mulheres mastectomizadas desde o
diagnóstico com a possibilidade de recorrência da doença. Acredita-se que o
apoio, a disponibilidade e a orientação fornecida pelos profissionais da
enfermagem a essas mulheres, sobre sua doença, sobre o que esperar após o
diagnóstico do câncer, sobre como se dá o tratamento e suas consequências e,
ainda, a reabilitação, são extremamente importantes para auxiliar a mulher na
superação desses momentos difíceis de sua vivência.
O apoio emocional e os cuidados com as pacientes acometidas com câncer de mama
são fatores essenciais para a sua recuperação. Durante o tratamento, o que elas
mais precisam é de apoio de parentes e amigos queridos. A ajuda de amigos e
familiares é fundamental em todos os momentos. Esse apoio, no entanto, não deve
se restringir apenas ao aspecto psicológico. É importante valorizá-la como
pessoa mostrando o quanto ela é importante no núcleo familiar. Logo, acompanhá-
la às consultas, cuidar da alimentação e mostrar preocupação com a realização
dos curativos em casa também são importantes. Podemos observar a importância do
apoio familiar nos seguintes relatos:
[...] Eu senti um carinho muito grande e atenção maior da minha
família. (E10)
[...] A minha irmã me ajudou, me apoia até hoje. Tenho outra irmã que
quer que eu faça a reconstrução. A outra diz que não, porque eu estou
bem assim. (E15)
[...] Tive muito apoio da minha família [...] (E16)
Entre as mulheres entrevistadas, nota-se que o apoio familiar foi fator
importantíssimo para que elas encontrassem força e ajuda de que necessitavam
para enfrentar a doença, o tratamento, sem desistir, uma vez que são submetidas
a tratamentos agressivos podendo perdurar por longos períodos. Dessa forma, a
família e os amigos atuam contribuindo na recuperação psicológica dessas
mulheres que, muitas vezes encontram-se fragilizadas frente à doença e às
consequências do tratamento.
Acredita-se que a família representa um fator de grande importância para elas
no sentido de oferecer suporte para sua adaptação e superação diante da doença.
Além disso, é possível ressaltar que a união e a proximidade afetiva entre os
membros da família favorecem um ambiente harmonioso, assim como ajuda física,
emocional e cuidado às mulheres, já que muitas encontram-se impossibilitadas de
realizar certas atividades. Diante de uma doença que muitas vezes fragiliza as
mulheres, o apoio dos familiares e amigos frente ao tratamento e à reabilitação
torna-se fator fundamental, E a importância da participação da família pode ser
demonstrada por meio do apoio emocional, do carinho, da compreensão e até mesmo
financeiramente, contribuindo de forma positiva na trajetória da mulher durante
o tratamento.
Destaca-se que, em muitas situações, a família fica tão abalada com a doença e
seus tratamentos que não tem capacidade de oferecer apoio de que a mulher
necessita. E isso pode trazer prejuízos na recuperação da mulher. Portanto,
entende-se que a família deve ser bem orientada pelos profissionais, a fim de
serem capazes de dar o suporte adequado de que as mulheres necessitam.
As mulheres deste estudo participam de várias atividades grupais em uma
instituição não governamental. Essas atividades referem-se à fisioterapia
recreativa, ao artesanato, à dança, entre outros. Essas atividades ajudam a
aumentar a autoestima, assim como o estado emocional dessas mulheres em relação
à doença. A principal estratégia de cuidado são as atividades grupais, com as
quais se busca promover a autoestima da mulher, contribuindo para sua qualidade
de vida(21). Os grupos de apoio são uma estratégia inovadora que vem sendo
construída e aperfeiçoada a cada dia, sendo constituídos por uma equipe
multiprofissional que planeja atividades, visando à promoção e reabilitação da
saúde(22). Logo, as mulheres que participam dessas atividades compartilham suas
experiências, percebendo que não estão sozinhas no enfrentamento do câncer de
mama, falam da doença e da mastectomia, assim como do preconceito, surgindo
daí, muitas vezes, verdadeiras amizades.
As ações de enfermagem têm fundamental importância nas atividades grupais com
as mulheres mastectomizadas, no sentido de minimizar os conflitos
identificados, estimulando o autocuidado e valorizando cada participante como
um ser único, com seus medos e suas dúvidas. Assim, essa estratégia apresenta
resultados positivos, uma vez que as mulheres, nos grupos, são mais aceitas e
fortemente estimuladas a enfrentarem as dificuldades do período pós-
mastectomia, contribuindo para uma melhor qualidade de vida.
É importante o apoio e a orientação não somente para as mulheres
mastectomizadas, mas também para a família, que é parte essencial no
tratamento, pois, se o suporte emocional for de qualidade, será bastante
significativo na recuperação da mulher, ajudando-a na melhora da autoestima e
consequentemente contribuindo na recuperação da autoimagem. Nesse sentido,
pensamos que o cuidar como essência da enfermagem implica envolvimento, amor,
compaixão, carinho. Cuidar não é tratar apenas de uma doença, é também vê-la
como possibilidade do ser de quem cuidamos. Portanto, ouvir, tocar, estar
disponível é uma forma de humanizar a assistência e resgatar o cuidado que, em
nossa cultura científica, foi desprezado e colocado em suspeita por ser de
natureza subjetiva.
O cuidado é uma ação de ajuda. Logo, oferecer cuidado significa ouvir os
pacientes, ter tempo para unir reflexões e ações, expressar sentimentos,
construir e avaliar juntamente com os pacientes e as famílias projetos de
cuidado e cura de acordo com seus hábitos e suas crenças(23). Deste modo, para
combater o câncer é preciso que todos estejam envolvidos, os órgãos
governamentais e não governamentais, a sociedade e principalmente a própria
mulher, pois programas preventivos não terão sucesso se a sociedade não estiver
bem informada sobre o câncer e seus fatores de risco. Além disso, é importante
que esses programas sejam coerentes com a sociedade trabalhada, levando-se em
consideração os hábitos e cultura de cada sociedade. Só assim poderemos um dia
pensar em derrotar a desinformação, os tabus, os medos e os estigmas ligados ao
câncer.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo evidenciou as representações sociais sobre a mama, de mulheres
mastectomizadas e suas implicações para o cuidado de enfermagem. Observou-se o
quanto é necessário compreender as representações sociais dessas mulheres sobre
a mama e as consequências do corpo alterado pela doença, reconhecendo, dessa
forma, sua complexidade. Essa compreensão permite proporcionar a elaboração de
estratégias educativas que possam contribuir para um cuidado de saúde eficiente
e eficaz a um determinado grupo social.
A partir dessa visão, entende-se que a enfermagem pode contribuir para a
prevenção e a promoção da saúde, prestando um cuidado de forma holística.
Portanto, o apoio, o carinho, a atenção e o suporte emocional são essenciais
para o cuidado às mulheres mastectomizadas, considerando que proporcionam um
melhor enfrentamento da doença e superação desses momentos difíceis de sua
vivência. Ressalte-se que muito ainda precisa ser feito para melhorar a
qualidade de vida das mulheres mastectomizadas, a fim de que possam conviver
com as alterações corporais resultantes da doença e de seus tratamentos.
Entende-se que a enfermagem tem papel relevante na promoção da saúde, por meio
da realização de ações educativas com essas mulheres, sensibilizando-as quanto
à importância do cuidado de si por meio da realização do autoexame como forma
de permitir a detecção precoce do câncer de mama, reduzindo assim os danos que
podem advir em sua consequência. Para isso, é fundamental que a enfermagem
conheça essas representações sociais como forma de proporcionar um cuidado mais
adequado a essas mulheres. Assim, prestar cuidado significa ouvir, tocar,
expressar sentimentos, bem como estar disponível a assistir o ser humano em sua
totalidade observando-se a relação corpo e mente.