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BrBRCVHe0034-71672014000300401

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National varietyBr
Year2014
SourceScielo

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Acolhimento e sintomas de ansiedade em pacientes no pré-operatório de cirurgia cardíaca INTRODUÇÃO As doenças cardiovasculares são as principais causas de morbidade e mortalidade no Brasil e no mundo(1-2) e podem ser tratadas clinica, hemodinâmica e cirurgicamente. A perspectiva de se submeter à cirurgia cardíaca pode ser causadora de diversas manifestações fisiológicas e psicológicas, principalmente medo e ansiedade(3).

Estas manifestações tornam-se mais intensas, principalmente antes do procedimento, uma vez que o medo do desconhecido causa insegurança e ansiedade.

Em estudo prévio observou-se que a ansiedade no pré-operatório, estava presente em torno de 80% dos pacientes adultos que aguardavam cirurgias(4).

Frente a isso, a ansiedade merece a devida atenção da equipe de saúde, pois pode influenciar na resposta do paciente ao tratamento e causar efeitos negativos em sua recuperação pós-operatória(5-6). Além do mais, a ansiedade acarreta alterações fisiológicas, como taquicardia e hipertensão arterial, com consequente aumento do consumo de oxigênio e piora da evolução da doença(6-7).

Assim, acredita-se que as alterações psicológicas podem e devem ser um dos focos de atenção do enfermeiro e diversas são as estratégias que podem ser utilizadas para redução da ansiedade, como, por exemplo, orientações individuais, orientações em grupo, orientações escritas, acolhimento do paciente, entre outras(8-10).

Diante do exposto, o objetivo do presente estudo foi comparar os sintomas de ansiedade entre pacientes em pré-operatório de cirurgia cardíaca que receberam acolhimento do enfermeiro ou do familiar, ou que não receberam nenhum tipo específico de acolhimento.

MÉTODO Trata-se de um ensaio clínico randomizado, realizado em uma unidade de internação de cirurgia cardíaca do Hospital São Paulo.

A amostra constituiu-se de sessenta e seis pacientes de ambos os sexos, internados na unidade de cirurgia cardíaca. Os critérios de inclusão foram: pacientes maiores de 18 anos, alfabetizados e que aceitaram participar do estudo. A escolha de pelo menos 24 horas de antecedência se deve ao fato de que a ansiedade aumenta próxima à cirurgia.

Os critérios de exclusão foram: pacientes com história prévia de cirurgia, uma vez que se acredita que, ter passado por uma experiência similar, possa trazer algum conforto ao paciente por não ser um fato totalmente desconhecido; pacientes em pré-operatório de transplante cardíaco devido à alta complexidade da cirurgia e, possivelmente, uma maior ansiedade; pacientes que não apresentaram no mínimo duas características definidoras do diagnóstico de enfermagem ansiedade; pacientes em uso de ansiolíticos; e pacientes fumantes e/ ou que ingeriam qualquer quantidade de bebida alcoólica diariamente, em virtude dos sintomas ansiosos poderem ser exacerbados durante a abstinência dessas substâncias.

Os pacientes foram alocados em três grupos: * Grupo 1: composto por pacientes que receberam acolhimento pela enfermeira; * Grupo 2: composto por pacientes que não receberam nenhum acolhimento específico (grupo controle); e * Grupo 3: composto por pacientes que receberam o acolhimento de familiar significante.

O sexo dos pacientes foi pareado nos três grupos, uma vez que mulheres, mesmo saudáveis, tendem a apresentar mais sintomas ansiosos que os homens(11).

O acolhimento no grupo 1 foi realizado por uma enfermeira treinada, seguindo os passos descritos por Falcone(12). Considerou-se o acolhimento realizado pelos familiares (Grupo 3), como sendo a visita hospitalar com duração superior a 45 minutos, de uma pessoa com quem o paciente tinha um bom relacionamento, que considerava importante e que fosse bem-vinda. Ressalta-se que estes familiares não tiveram nenhum tipo de treinamento prévio e, após a visita, os pacientes foram questionados sobre como havia sido a visita, procurando-se detectar eventual presença de conversas que tenham sido desagradáveis para os pacientes e, se presentes, os pacientes foram excluídos do estudo.

Os sintomas de ansiedade do paciente foram avaliados em dois momentos: * Primeiro momento: pelo menos 24 horas antes da cirurgia e anteriormente à intervenção (acolhimento do enfermeiro ou familiar); * Segundo momento: uma hora após a intervenção (Grupo 1 e 3) ou uma hora após a primeira avaliação (Grupo 2).

Ressalte-se que as avaliações da ansiedade e o acolhimento do Grupo 1 foram realizados por enfermeiras distintas, ou seja, a enfermeira que avaliou a ansiedade não foi a mesma que realizou o acolhimento.

Em relação ao Grupo 3, a enfermeira que avaliava o paciente no primeiro momento não o avaliava no segundo momento, uma vez que era sabido que o acolhimento era realizado pela família. Para garantir que os dados estivessem sendo avaliados igualmente pelas duas enfermeiras, foi realizado, previamente, um estudo de concordância com auxílio estatístico, em que se observou que ambas as enfermeiras estavam concordantes quanto à coleta de dados.

O instrumento utilizado para avaliar a ansiedade foi o elaborado e validado por Suriano(13). Este instrumento é baseado em 19 características definidoras descritas pela NANDA-Internacional para o diagnóstico de enfermagem ansiedade: verbalização do medo (preocupações expressas); apreensão; nervosismo; tensão; inquietação; angústia; ansioso; insônia; frequência respiratória anormal; pulso aumentado; boca seca; perspiração aumentada; fadiga; choroso; tremor de voz/ extremidades; dor precordial/abdominal; urgência urinária; náuseas; e vômito.

Vale ressaltar que, para cada um destes sintomas, existe a descrição conceitual e operacional.

Os pacientes foram avaliados quanto à presença e ausência destes sintomas ansiosos por meio de escores: 0 (ausência do sintoma) e 1 (presença do sintoma). Apenas a característica definidora, ansioso possuía escores diferenciados: 1 para baixa ansiedade, 2 para ansiedade moderada e 3 para intensa. Para análise dos resultados foi realizado a soma dos escores de cada sintoma, podendo variar de 0 a 21, sendo que quanto maior o escore, maior eram os sintomas de ansiedade apresentados pelo paciente.

Além da utilização dos escores, os sintomas ansiosos foram classificados da seguinte forma: melhorou (se o escore dos sintomas de ansiedade reduziu), piorou (se o escore dos sintomas de ansiedade aumentou) ou manteve (se o escore dos sintomas de ansiedade manteve-se o mesmo).

Após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital São Paulo, sob o número 1377-07, foi realizado um estudo piloto com dez pacientes internados na unidade supracitada, que não fizeram parte da amostra, para avaliação da utilização do instrumento de coleta de dados, assim como da dinâmica de implementação do método estabelecido e observou-se que não havia necessidade de alterações.

Os dados coletados foram organizados em planilha eletrônica (Microsoft Excel®).

O método estatístico utilizado para comparar variáveis categóricas entre grupos e melhora dos sintomas de ansiedade, foi o teste Quadrado ou razão de Verossimilhança. A Análise de Variância (ANOVA) foi utilizada para comparar as variáveis contínuas entre grupos e a melhora dos sintomas de ansiedade e, para relacionar a idade com diferença dos escores dos sintomas de ansiedade. Para comparar variáveis contínuas entre sexo, foi utilizado o Teste T de Student.

Considerou-se um nível de significância de 5%.

RESULTADOS A amostra constituiu-se de 66 pacientes, sendo 22 do Grupo 1 (acolhidos pela enfermeira), 22 do Grupo 2 (grupo controle) e 22 do Grupo 3 (acolhidos pela família). Em relação à idade, a média foi de 62,4+11,3. Quanto ao sexo, 42 pacientes (63,7%) eram do sexo masculino.

Ao avaliar as comorbidades associadas às doenças cardiovasculares, observou-se que as mais encontradas foram hipertensão arterial sistêmica (n=26; 39,4%), seguida de diabetes mellitus (n=8; 12,1%) e acidente vascular encefálico (n=6; 9,1%).

Na Tabela_1, pode-se perceber a homogeneidade dos grupos, quanto à idade, sexo e diagnóstico médico.

Tabela 1 Análise descritiva, por grupo, para as variáveis sexo, diagnóstico e idade. São Paulo-SP, 2011  Grupo Acolhidos Acolhidos Total Variáveis p/ Não acolhidos p/ (n=66) p-valor enfermeira (n=22) familiares (n=22) (n=22) Sexo            Feminino 8 (36,4%) 8 (36,4%) 8 (36,4%) 24 0,569* (36,3%)  Masculino 14 (63,6%) 14 (63,6%) 14 (63,6%) 42   (63,7%) Diagnóstico Médico            Estenose Valvar + Insuficiência 6 (27,3%) 8 (36,4%) 10 (45,5%) 24 0,839** Valvar (36,4%)  Doença da Aorta 6 (27,3%) 3 (13,6%) 4 (18,2%) 13   (19,7%)  Insuficiência Coronariana 8 (36,4%) 9 (40,9%) 7 (31,8%) 24   (36,4%)  Marcapasso 2 (9,1%) 2 (9,1%) 1 (4,5%) 5 (7,6%)   Idade            Média ± DP 64,36 ± 60,00 ± 14,38 62,90 ± 62,42 ± 0,530*** 8,95 14,85 12,93  Mediana 66 59,5 65 64,5    Mínimo - Máximo 46 - 82 29 - 83 18 - 88 18 - 88   *Teste Qui-quadrado.

**Teste da Razão de verossimilhança.

***ANOVA Em relação ao grau de instrução, os pacientes apresentavam, predominantemente, até o primeiro grau completo (n=44; 66,7%), seguidos de segundo grau (n=17; 25,7%); e apenas cinco cursaram o terceiro grau (7,6%). Quanto à religião, 64% eram católicos, 18% evangélicos, 9% espíritas e 9% relataram não possuir nenhuma religião específica.

Ao analisar os sintomas de ansiedade observa-se na Tabela_2, que a média dos escores entre os grupos na primeira avaliação foram similares, não havendo diferença estatística, ou seja, os sintomas ansiosos dos três grupos eram semelhantes antes da intervenção. Entretanto, ao comparar os sintomas ansiosos antes e após a intervenção, pode-se observar que houve diferença estatística (p<0,001). O grupo acolhido pelos familiares reduziu mais os sintomas ansiosos quando comparado aos outros dois grupos.

Tabela 2 Análise dos escores dos sintomas de ansiedade em relação aos grupos (ANOVA). São Paulo-SP, 2011     Grupo     Acolhidos Acolhidos    p/ Não acolhidos p/ Total p- enfermeira (n=22) familiares valor (n = 22) (n = 22) Soma dos escores ( avaliação)            Média ± DP 8,59 ± 8,91 ± 3,05 9,55 ± 9,02 ± 0,569 2,86 3,14 3  Mediana 8 8 9 8    Mínimo - Máximo 4 - 16 3 - 16 4 - 17 3 - 17   Soma dos escores ( avaliação)            Média ± DP 8,09 ± 8,09 ± 2,89 6,95 ± 7,71 ± - 2,56 2,61 2,7  Mediana 7,5 8 7 7    Mínimo - Máximo 4 - 15 3 - 15 3 - 14 3 - 15   Diferença dos escores do sintoma de ansiedade entre a primeira e segunda           avaliação  Média ± DP 0,5 ± 1,14 0,82 ± 1,1 2,59 ± 1,3 ± <0,001 2,02 1,73  Mediana 0 1 2 1    Mínimo - Máximo -1 - 3 -1 - 3 -1 - 7 -1 - 7   Ao comparar os grupos, utilizando os qualificadores (melhorou, piorou ou manteve), observa-se na Tabela_3, que houve diferença significativa entre os grupos (p=0,003). Observa-se que o grupo acolhido por familiares teve menos sintomas ansiosos ao se comparar com os outros dois grupos (acolhidos pela enfermeira e não acolhidos). Outro ponto a ser destacado, é que o grupo acolhido pelas enfermeiras teve um percentual maior de piora dos sintomas de ansiedade quando comparado com o grupo que não teve acolhimento e os acolhidos pelos familiares.

Tabela 3 Diferença dos escores dos sintomas de ansiedade em relação aos grupos.

São Paulo-SP, 2011  Grupo Acolhidos Acolhidos Total p-   p/ Não acolhidos (n = p/ (n = valor enfermeira 22) familiares 66) (n = 22) (n = 22) Diferença dos escores dos sintomas de           ansiedade  Piorou 4 (18,2%) 1 (4,5%) 1 (4,5%) 6 0,003* (9,1%)  Manteve 9 (40,9%) 9 (40,9%) 1 (4,5%) 19   (28,8%)  Melhorou 9 (40,9%) 12 (54,5%) 20 (90,9%) 41   (62,1%) *Teste Qui-quadrado.

Com relação ao sexo e diagnóstico médico, observa-se na Tabela_4 que estas variáveis não se correlacionaram com os sintomas ansiosos do paciente.

Tabela 4 Análise descritiva por diferença dos escores de ansiedade para as variáveis categóricas (Razão de Verossimilhança). São Paulo-SP, 2011     Diferença dos escores dos sintomas de ansiedade Total p-valor    Piorou Manteve Melhorou Sexo            Feminino 3 (50,0%) 7 (36,8%) 17 (41,5%) 27 (40,9%) 0,844  Masculino 3 (50,0%) 12 (63,2%) 24 (58,5%) 39 (59,1%)    Total 6 (100,0%) 19 (100,0%) 41 (100,0%) 66 (100,0%)   Diagnóstico            Doença da Aorta1 (16,7%) 4 (21,1%) 8 (19,5%) 13 (19,7%) 0,127  Estenose Valvar 2 (33,3%) 3 (15,8%) 9 (22,0%) 14 (21,2%)    Insuficiência 0 (0,0%) 8 (42,1%) 16 (39,0%) 24 (36,4%)   Coronariana  Insuficiência 3 (50,0%) 1 (5,3%) 6 (14,6%) 10 (15,2%)   Valvar  Marcapasso 0 (0,0%) 3 (15,8%) 2 (4,9%) 5 (7,6%)    Total 6 (100,0%) 19 (100,0%) 41 (100,0%) 66 (100,0%)   Este mesmo resultado também foi encontrado ao avaliar a correlação da idade com os sintomas de ansiedade (p-valor = 0,710).

Observa-se, na Tabela_5, que as características definidoras mais encontradas (acima de 80%) nos três grupos e que possivelmente podem ser consideradas como preditivas para a ansiedade foram: nervosismo, ansioso, apreensão, tensão e inquietação.

Tabela 5 Comportamento das características definidoras de ansiedade nos grupos, segundo avaliação. São Paulo-SP, 2011    Acolhidos pela Não acolhidos Acolhidos pelos enfermeira familiares   avaliaçãoavaliaçãoavaliaçãoavaliaçãoavaliaçãoavaliação Apreensão 21 (95,5%) 21 (95,5%) 21 (95,5%) 21 (95,5%) 21 (95,5%) 19 (86,4%) Nervosismo 22 22 18 (81,8%) 19 (86,4%) 18 (81,8%) 10 (45,5%) (100,0%) (100,0%) Tensão 21 (95,5%) 21 (95,5%) 19 (86,4%) 19 (86,4%) 19 (86,4%) 17 (77,3%) Inquietação 21 (95,5%) 21 (95,5%) 19 (86,4%) 19 (86,4%) 19 (86,4%) 18 (81,8%) Angústia 15 (68,2%) 15 (68,2%) 15 (68,2%) 15 (68,2%) 17 (77,3%) 7 (31,8%) Ansioso 22 22 (100%) 21 (95,5%) 21 (95,5%) 21 (95,5%) 19 (86,4%) (100,0%) FR anormal 0 (0,0%) 2 (9,1%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 2 (9,1%) 0 (0,0%) Pulso aumentado 0 (0,0%) 4 (18,2%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) Boca seca 4 (18,2%) 0 (0,0%) 5 (22,7%) 1 (4,5%) 8 (36,4%) 1 (4,5%) Perspiração 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (4,5%) aumentada Fadiga 13 (59,1%) 11 (50,0%) 12 (54,5%) 11 (50,0%) 12 (54,5%) 11 (50,0%) Choroso 5 (22,7%) 5 (22,7%) 9 (40,9%) 7 (31,8%) 15 (68,2%) 5 (22,7%) Urgência urinári 2 (9,1%) 2 (9,1%) 1 (4,5%) 1 (4,5%) 1 (4,5%) 1 (4,5%) Náusea 8 (36,4%) 2 (9,1%) 11 (50,0%) 7 (31,8%) 11 (50,0%) 7 (31,8%) Vômito 4 (18,2%) 2 (9,1%) 7 (31,8%) 4 (18,2%) 8 (36,4%) 4 (18,2%) Insônia 10 (45,5%) 10 (45,5%) 10 (45,5%) 10 (45,5%) 10 (45,5%) 10 (45,5%) Tremor de voz/ 0 (0,0%) 0 (0,0%) 4 (18,2%) 3 (13,6%) 4 (18,2%) 3 (13,6%) extremidades Dor precordial/ 8 (36,4%) 5 (22,7%) 10 (45,5%) 6 (27,3%) 10 (45,5%) 6 (27,3%) abdominal Verbalização do 10 (45,5%) 10 (45,5%) 11 (50,0%) 11 (50,0%) 11 (50,0%) 11 (50,0%) medo DISCUSSÃO O perfil sociodemográfico dos pacientes deste estudo foi semelhante ao encontrado na literatura. Estudos apontam que a idade mais frequente dos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca está entre 55 e 60 anos(14-15). Em relação ao tipo de cirurgia cardíaca e ao sexo dos pacientes, outros estudos corroboram com os resultados encontrados, em que os pacientes do sexo masculino são os que mais se submetem a cirurgia cardíaca e dentre estas cirurgias, as mais freqüentes são as doenças valvares e revascularização do miocárdio(13-15).

Quanto ao grau de instrução, observou-se que a maioria dos pacientes tinham o primeiro grau incompleto, mesmo resultado encontrado em outro estudo(3).

Em relação à influência destas variáveis na ansiedade dos pacientes, observou- se que nenhuma se correlacionou com os sintomas ansiosos. Entretanto, a literatura mostra que as mulheres, mesmo quando saudáveis apresentaram mais desordens mentais, como a ansiedade, do que os homens(11).

Com relação aos diagnósticos de enfermagem, observa-se na literatura que a ansiedade é um dos mais identificados durante a hospitalização(14). Dentre as características definidoras, as mais encontradas foram nervosismo, apreensão, tensão e inquietação. Estes resultados também foram encontrados em outros estudos que avaliaram a ansiedade dos pacientes em diferentes momentos da internação(16-17).

Um estudo de validação de conteúdo dos diagnósticos de enfermagem Medo e Ansiedade no paciente queimado mostrou que as características definidoras que obtiveram um escore superior a 0,7, ou seja, as utilizadas com mais frequência pelos enfermeiros para determinação destes diagnósticos foram angústia, inquietação, tensão, agitação, nervosismo e insônia(17).

Ressalta-se que, normalmente, estas características definidoras aparecem conjuntamente e, por esta razão, é provável que exista uma síndrome ansiosa perioperatória, definida como um estado emocional com componentes psicológicos e fisiológicos, com sentimentos de apreensão, incerteza, impotência, sensação desagradável e incômoda, de natureza vaga e inespecífica associado à insegurança e com a presença dos dois sentimentos, medo e ansiedade(18).

Estas características definidoras podem estar presentes, pois situações de ameaça podem ativar os circuitos neurais que resulta em diferentes experiências emocionas como medo, ansiedade e pânico(19).

Neste contexto, os enfermeiros tem um importante papel, uma vez que são os principais responsáveis pela orientação de enfermagem. Entretanto, apesar da importância da orientação, observou-se no presente estudo, que os pacientes acolhidos pelos enfermeiros não tiveram redução dos sintomas ansiosos. Este fato pode ter ocorrido devido à orientação da enfermagem proporcionar maior conscientização do paciente sobre a situação à qual seria submetido (cirurgia) e consequentemente, gerado um aumento da ansiedade pré-operatória(20-21).

Estudo mostra que a orientação no pré-operatório é essencial, porém deve-se ter o cuidado de orientar o paciente apenas no que ele deseja saber e fazendo-se uso de linguagem compreensível(21).

Diferentemente do que ocorreu com o comportamento das características definidoras do grupo acolhido pelas enfermeiras, os pacientes acolhidos pelos familiares melhoraram os sintomas ansiosos. Um estudo apontou que as melhores fontes de suporte social, estão relacionados aos familiares, seguidos de vizinhos, amigos, profissionais de saúde e colegas de trabalho/chefes(22).

Frente aos resultados obtidos, esforços devem ser empregados para que o paciente seja acolhido por seu familiar significante, não apenas no momento da visita, mas também durante toda a internação.

CONCLUSÃO Os pacientes acolhidos pelos familiares reduziram os sintomas de ansiedade em comparação com o grupo acolhido pelos enfermeiros e pelo grupo em que não houve intervenção. Espera-se que este estudo contribua para uma reflexão dos profissionais quanto à importância da permanência de um familiar no pré- operatório de cirurgia cardíaca, sendo ativa no tratamento e colaborando para a recuperação do paciente.

O estudo possui limitações, como a presença de outros fatores durante a hospitalização que podem ter influenciado a ansiedade dos pacientes; o tempo entre a primeira e a segunda avaliação que pode não ter sido suficiente para o indivíduo processar as informações recebidas; o fato do acolhimento pela enfermeira ter sido realizado em um único momento, o que pode ter contribuído para a dificuldade no estabelecimento do vínculo. Frente a isso, faz-se necessário a realização de novos estudos que comprovem estes achados.


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