Adaptação transcultural do Questionário sobre Conhecimento de Doenças
Sexualmente Transmissíveis para o português brasileiro
INTRODUÇÃO
As doenças sexualmente transmissíveis (DST) são um dos problemas de saúde
pública mais frequentes no mundo. No Brasil, as estimativas de casos de
infecções por transmissão sexual, na população sexualmente ativa para 2014,
foram de 937.000 para sífilis, 1.541.800 para gonorreia, 1.967.200 para
clamídia, 640.900 para herpes genital e 685.400 para papilomavírus humano
(HPV)1.
Medir o conhecimento que uma pessoa detém sobre as DST é essencial para a
elaboração de intervenções. A falta desse conhecimento é considerada
fundamental para a aquisição de uma DST, segundo as teorias comportamentais,
que afiram que o conhecimento do problema de saúde é um determinante
modificável para aquisição da doença2-5.
No entanto, a maioria dos instrumentos avalia o comportamento de risco para
aquisição de uma DST, e não o conhecimento sobre esse tema. No site Measurement
Instrument Database for the Social Sciences (MIDSS)6, que hospeda mais de 500
instrumentos validados, apenas dois instrumentos avaliam o conhecimento a
respeito das DST, o General Sexual Knowledge Questionnaire (QSKQ)7 e o
Questionário sobre Conhecimento de Doenças Sexualmente Transmissíveis (STD-
KQ)2.
O QSKQ avalia o conhecimento sobre anatomia e fisiologia humana, relação
sexual, gravidez, contracepção, sexualidade e DST7. O instrumento não é
autoaplicável e as questões são abertas. Dos 110 itens, apenas oito avaliam o
conhecimento sobre as DST, sendo quatro sobre o vírus da imunodeficiência
humana (HIV) e sobre a síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids). Na
questão sobre como evitar o HIV/Aids, além do uso de preservativo e de agulhas
esterilizadas, o instrumento considera como medida preventiva a realização de
sexo sem penetração. Segundo o Ministério da Saúde, em algumas situações
(cortes abertos na boca, úlceras, machucados, garganta inflamada e doenças nas
gengivas), o sexo oral pode contribuir para a aquisição da infecção, por ser
uma porta de entrada para o vírus8.
Diferente do primeiro instrumento, o STD-KQ foi desenvolvido especificamente
para avaliar o conhecimento sobre as DST2. O questionário é formado por 28
itens sobre seis DST (gonorreia, clamídia, herpes genital, HPV, HIV/Aids e
hepatite B). Os itens são afirmativos e as respostas são categorizadas em
"verdadeiro", "falso" e "não sei", facilitando o preenchimento. Outra vantagem
é que é autoaplicado, permitindo seu uso em um grande grupo de pessoas ao mesmo
tempo e evitando a possibilidade de inibições ou constrangimentos. O
instrumento apresenta grande aceitação no país de origem (Estados Unidos)9,10 e
em outros países, sendo utilizado em estudos no Canadá11, Portugal12, Haiti13 e
Nigéria14. O questionário também foi adaptado para outros idiomas como o
francês15 e o português de Portugal16.
Além desses dois instrumentos, a Organização Mundial da Saúde desenvolveu o
Illustrative Questionnaire for Interview-Surveys with Young People17, projetado
para jovens púberes que ainda não começaram uma relação estável e apresenta
apenas três itens de múltiplas escolhas sobre conhecimento de DST. Além disso,
não foram encontrados estudos avaliando suas propriedades psicométricas.
Após analisar os três questionários disponíveis, o STD-KQ surgiu como a melhor
alternativa para a finalidade proposta, por ser exclusivamente desenvolvido
para medir o conhecimento sobre as DST, por avaliar um maior número de DST e
por ser autoaplicado. Além disso, esse é o único questionário a analisar a
transmissão vertical de algumas DST, as medidas de proteção e prevenção, como a
vacinação, o papanicolau e o exame anti-HIV, além de avaliar mitos ou más
informações sobre a transmissão.
Diversos estudos realizados no Brasil avaliaram o conhecimento sobre DST18-22.
No entanto, a comparação dos resultados fica prejudicada por causa das
diferenças metodológicas. Entre essas diferenças está a falta de consenso sobre
a forma de avaliar o desfecho. Alguns estudos avaliam o conhecimento por meio
de um único valor de percentagem20 e outros avaliam o conhecimento
individualmente para cada item do instrumento ou para tópicos específicos
(prevenção, tratamento, transmissão)18,19,21. O desfecho ainda pode ser
apresentado de forma qualitativa (ótimo, bom, insuficiente)22 e as perguntas
podem ser abertas22 ou fechadas20. Nesse contexto, e para facilitar futuras
investigações nessa área, este estudo teve como objetivo adaptar o STD-KQ para
o português do Brasil, permitindo, assim, comparar os resultados de estudos
realizados no Brasil e no exterior.
MÉTODOS
Foi utilizado delineamento transversal. A coleta de dados ocorreu de julho de
2014 a março de 2015, com a prévia autorização do autor correspondente do
questionário original. Após buscas nas bases científicas Lilacs e PubMed, no
Portal Periódicos da Capes, na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e
Dissertações e o contato com o autor da versão original, não foram encontrados
no Brasil artigos que tenham realizado a adaptação desse instrumento. Este
estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Rio Grande
(CEPAS-FURG).
Descrição do Instrumento
A versão original da escala STD-KQ – Sexually Transmitted Disease Knowledge
Questionnaire em inglês – é escrita em inglês, autoaplicada e constituída por
27 itens. O objetivo é avaliar o conhecimento sobre as DST e foi elaborada com
base nas cinco DST mais prevalentes nos Estados Unidos. Os estudantes
universitários foram a população em que a escala foi validada. As respostas são
categorizadas em "verdadeiro", "falso" e "não sei". Calcula-se o resultado
final pelo somatório das respostas corretas, sendo o mínimo 0 e o máximo 282.
A respeito das propriedades psicométricas do questionário original, a
consistência interna foi de 0,86, o teste-reteste apresentou correlação linear
de r = 0,82, e o coeficiente de Pearson para a validade convergente com o HIV-
KQ-1823 foi de 0,64 (p < 0,01). A sensibilidade a mudanças entre o resultado do
pré-teste e o do pós-teste entre o grupo controle e o grupo intervenção foi
significativa. Esse instrumento avalia quatro (80%) das cinco DST mais
prevalentes no Brasil. A DST sífilis não é abordada nesse instrumento, visto
não ser epidemiologicamente relevante nos Estados Unidos. Contudo, durante o
processo de adaptação transcultural, essa DST poderá ser acrescentada, a fim de
contemplar a situação epidemiológica brasileira.
Adaptação transcultural
Foi utilizada a metodologia descrita por Reichenheim24, que aborda a
equivalência conceitual e de itens, a equivalência semântica e a equivalência
operacional.
A equivalência conceitual foi avaliada por meio de uma revisão bibliográfica
dos artigos a respeito dos grupos participantes e da cultura do STD-KQ. Os
autores desse estudo analisaram o instrumento e discutiram sobre a sua
adaptação.
A equivalência semântica foi integrada por duas traduções independentes do
inglês para o português (T1 e T2) e duas retraduções também independentes para
o inglês (R1 e R2). As traduções foram efetuadas por dois bacharéis em Ciências
Biológicas certificados como Independent user vantange pelo Test of English as
a Foreign Language(TOEFL) e que executam pesquisas a respeito das DST há mais
de cinco anos. As retraduções foram realizadas por dois brasileiros licenciados
em letras português/inglês, certificados como proficientes pelo TOEFL e pelo
Cambridge Certificate of Advanced English. Um dos pesquisadores do estudo,
certificado como proficiente pelo TOEFL, efetuou a comparação entre as
retraduções e o instrumento original. Após a confirmação da equivalência
semântica, foi formulada uma versão de consenso de T1 e T2 pelos tradutores. O
número de traduções e retraduções são os sugeridos por Reichenheim24.
Para avaliar a equivalência operacional, os autores do presente estudo
avaliaram o formato das questões, as orientações de preenchimento do
instrumento e o modo de aplicação.
A apreciação da equivalência pelos especialistas foi realizada por meio da
validade aparente e da validade de conteúdo. Participaram dessas etapas seis
juízes, cinco deles médicos (quatro infectologistas e um ginecologista e
obstetra) e uma enfermeira do consultório de aconselhamento sobre HIV/Aids e
outras DST. O critério para a escolha de seis juízes foi definido pelos autores
do estudo, levando em consideração que os artigos consultados que utilizam essa
metodologia escolhem entre três25 e sete26 juízes. Os juízes, além de atuar na
assistência, também ministram aulas sobre as DST na universidade na qual este
estudo foi realizado.
Durante a validade aparente, cada item do questionário foi classificado pelos
juízes como adequado ou inadequado para avaliar o conhecimento da população
brasileira sobre as DST. A concordância entre os juízes foi mensurada pelo
método de porcentagem de concordância27. O ponto de corte estabelecido foi de
70%. Itens com valores menores que o ponto de corte foram alterados segundo as
recomendações dos juízes.
A validade de conteúdo foi mensurada pelos mesmos seis juízes que avaliaram a
validade aparente. Utilizando uma escala do tipo Likert, os juízes atribuíram
notas de 1 (não adequado) a 5 (totalmente adequado) para cada item do
questionário em relação a três critérios: clareza de linguagem, pertinência
prática e relevância teórica. Os juízes, utilizando a mesma escala, ainda
analisaram todo o questionário em relação a amplitude e equilíbrio. Em relação
a amplitude, os juízes analisaram se o questionário avaliava todos os aspectos
do conhecimento sobre as DST que uma pessoa necessita ter. Caso os juízes
acreditassem que eram necessários mais itens, eles deveriam elaborar sugestões
de novos itens. A respeito do equilíbrio, os juízes avaliaram o grau de
dificuldade do questionário. O questionário deve ter número reduzido de itens
fáceis ou difíceis, apresentando grau de conhecimento mediano. A concordância
entre os juízes foi calculada pelo Coeficiente de Validade de Conteúdo (CVC)
para cada item do instrumento (CVCc) e para o instrumento como um todo (CVCt),
considerando o número de juízes e a média das respostas deles28. O ponto de
corte adotado foi de CVC ≥ 0,8028. Itens com valores menores que o ponto de
corte foram retirados. Quando um item apresentou valor menor que o ponto de
corte apenas para a clareza de linguagem, assim como na validação aparente, o
item foi alterado segundo as recomendações dos juízes. Essas alterações foram
realizadas por um dos autores do estudo. Após as modificações, os juízes não
reavaliaram o instrumento. Um especialista independente (médico ginecologista e
obstetra), que não tinha participado do estudo até esse momento, verificou se
as alterações foram realizadas de acordo com as recomendações dos juízes. Houve
cegamento em relação à identidade dos juízes tanto para o autor que realizou as
modificações quanto para o especialista independente. Ao término dessas etapas,
foi elaborada a segunda versão do questionário.
Os juízes avaliaram ainda a dimensão teórica de cada item, classificando-os em
"Conhecimento Geral sobre DST" ou "Formas de Transmissão e Prevenção". A
concordância entre os juízes foi calculada pelo coeficiente Kappa. Para
interpretação desse coeficiente, foi utilizado o seguinte critério: < 0 = sem
concordância; 0-0,19 = pouca concordância; 0,20-0,39 = concordância fraca;
0,40-0,59 = concordância moderada; 0,60-0,79 = concordância substancial; 0,80-
1,00 = concordância quase perfeita29.
A apreciação da equivalência da segunda versão pela população brasileira foi
realizada por meio de aplicações dialogadas em grupos focais30,31. Participaram
dessa etapa 15 estudantes universitários e 15 usuários de quatro centros
comunitários (associações de bairro). O número de participantes nos grupos
focais foi estabelecido pelos autores, assumindo que esse número seria
suficiente e adequado para proceder com a avaliação qualitativa do instrumento.
A seleção foi de conveniência, mantendo distribuição homogênea em relação ao
sexo, à idade e ao curso para os universitários e ao sexo e à idade para os
usuários dos centros comunitários. Um dos pesquisadores do estudo recrutou
individualmente os estudantes em diversos ambientes universitários. Os usuários
dos centros comunitários foram recrutados individualmente nos centros
comunitários. Nesse momento, o pesquisador explicou o estudo para os sujeitos
da pesquisa e, caso o participante concordasse verbalmente em participar do
estudo, ele era direcionado para uma sala exclusiva dentro da universidade ou
dentro dos centros comunitários para proceder às entrevistas. Foram formados
dez grupos focais, cada um com três participantes e um dos autores. Para os
universitários, cada um dos três integrantes eram de cursos diferentes. Em
seguida, os participantes assinaram o termo de consentimento livre e
esclarecido e preencheram um questionário com dados demográficos, a fim de
obter informações para caracterizar a amostra. Informações sobre as práticas e
comportamentos sexuais dos participantes não foram coletadas. O pesquisador do
estudo executou primeiramente a leitura do enunciado introdutório do
instrumento, discutindo com o grupo formas de torná-lo mais compreensível. Em
seguida, cada um dos itens foi discutido em relação a sua clareza e a sua
compreensão. Todas as sugestões e críticas foram devidamente anotadas e
posteriormente apresentadas para o restante do grupo de pesquisa. Não houve
delimitação de tempo para a realização dessa etapa. Com as sugestões originadas
nos grupos focais, foi elaborada a versão final do questionário.
RESULTADOS
Os artigos encontrados durante a equivalência conceitual e de itens mostraram
que o STD-KQ é utilizado para avaliar o conhecimento de diversos grupos. São
exemplos estudos realizados com usuários de drogas32, com homens que fazem sexo
com homens9, com adolescentes33, em ensaios clínicos34, em estudos baseados em
teorias comportamentais35 e com estudantes universitários36.
No âmbito da equivalência semântica, foi constatada uma equidade satisfatória
entre as retraduções e o instrumento original. Em sete itens, a versão de
consenso não contemplou a T1 nem T2, elaborando-se uma terceira versão para
esses itens visando à melhor compreensão. Um exemplo foi na questão 7, em que
as expressões "Logo após se infectar com o HIV", presente na T1, e "Após a
infecção com HIV", presente na T2, foram substituídas pela expressão "Logo após
pegar o HIV". Da mesma forma, na questão 13, em que os dois tradutores
traduziram a palavra condom como "preservativo", na versão consenso essa
palavra foi substituída por"camisinha", que é um termo mais conhecido e
propagado. Outro exemplo foi na questão 26, em que a expressão can protectna T1
e T2 foi traduzida como "pode se proteger", mas na versão de consenso, optou-se
por utilizar a expressão "pode evitar", que, apesar de não ter aparecido nas
traduções, é uma expressão mais coloquial. Nas questões 9, 10, 21 e 23, também
ocorreram adaptações a fim de melhorar a compreensão (Quadro_1).
Quadro 1 Comparação entre os itens originais em inglês e as retraduções do
instrumento Questionário sobre Conhecimento de Doenças Sexualmente
Transmissíveis (STD-KQ)
No. Original em Traduzido 1 (T1) Retraduzido 1 Traduzido 2 (T2) Retraduzido 2 1ª Versão Síntese
Inglês (R1) (R2)
1 Genital Herpes Herpes Genital é causada pelo mesmo vírus que o HIV Genital Herpes Herpes Genital é causado pelo mesmo vírus do HIV Genital Herpes Herpes Genital é causado pelo mesmo vírus do HIV
is caused by is caused by is caused by
the same virus the same virus the same virus
as HIV that causes of HIV
the HIV
2 Frequently Infecção urinária frequente pode causar Clamídia Frequently Infecção urinária frequente pode causar Clamídia Frequent Infecção urinária frequente pode causar Clamídia
urinary urinary urinary
infection can infection can infection can
cause cause cause
Chlamydia Chlamydia Chlamydia
3 There is a Existe uma cura para Gonorreia There is a Existe uma cura para Gonorreia There is a Existe uma cura para Gonorreia
cure for cure for cure for
Gonorrhea Gonorrhea Gonorrhea
4 It is easier É mais fácil pegar o HIV se uma pessoa tiver outra Doença Sexualmente It is easier Torna-se mais fácil contrair HIV se uma pessoa possuir outras Doenças It becomes É mais fácil pegar o HIV se uma pessoa tiver outra Doença Sexualmente
to get HIV if Transmissível to get HIV if Sexualmente Transmissíveis easier to get Transmissível (DST)
a person has a person has HIV if a
another another person has
Sexually sexually other Sexually
Transmitted transmitted Transmitted
Disease disease Diseases
5 Human O Papilomavírus Humano (HPV) é causado pelo mesmo vírus que causa o HIV The Human Papilomavírus Humano (HPV) é causado pelo mesmo vírus do HIV Human O Papilomavírus Humano (HPV) é causado pelo mesmo vírus que causa o HIV
Papillomavirus papillomavirus Papillomavirus
(HPV) is (HPV) is (HPV) is
caused by the caused by the caused by the
same virus same virus HIV virus
that causes that causes
HIV the HIV
6 Having anal Praticar sexo anal aumenta o risco de uma pessoa pegar Hepatite B Having anal Fazer sexo anal aumenta o risco de uma pessoa contrair Hepatite B Having anal Fazer sexo anal aumenta o risco de uma pessoa pegar Hepatite B
sex increase a sex increase sex increase
person's risk the risks of a the risks of a
of getting person getting person
Hepatitis B Hepatitis B contracting
Hepatitis B
7 Soon after a Logo após se infectar com HIV uma pessoa desenvolve feridas abertas nos Short after Logo após a infecção com HIV, a pessoa desenvolve feridas abertas no seu Soon after Logo após pegar o HIV a pessoa desenvolve feridas abertas nos órgãos
infection with órgãos genitais (pênis ou na vagina) infected with genital (pênis ou vagina) infection with genitais (pênis ou na vagina)
HIV a person HIV a person HIV, a person
develops open develops open develops open
sores on his wounds on the sores in your
or her genital genital organs genital (penis
(penis or (penis or or vagina)
vagina) vagina)
8 There is a Existe uma cura para Clamídia There is a Existe cura para a Clamídia There is a Existe uma cura para Clamídia
cure for cure for cure for
Chlamydia Chlamydia Chlamydia
9 A woman who Uma mulher que tem Herpes Genital pode passar a infecção ao seu bebê A woman who Uma mulher que tenha Herpes Genital pode passar a infecção para o recém- A woman who Uma mulher com Herpes Genital pode passar a infecção para o bebê durante o
has Genital durante o parto has Genital nascido durante o parto has Genital parto
Herpes can Herpes can Herpes can
pass to transmit the pass to
infection to infection to infection to
her baby her baby her newborn
during during during
childbirth childbirth childbirth
10 A woman can Uma mulher pode olhar para o seu corpo e dizer se ela tem Gonorreia A woman can Uma mulher pode olhar para seu corpo e afirmar que possui Gonorreia A woman can Uma mulher pode olhar para o seu corpo e dizer se tem Gonorreia
look her body look to her look to her
and tell if body and say body and say
she has if she has that it has
Gonorrhea Gonorrhea Gonorrhea
11 The same virus O mesmo vírus causa todas as Doenças Sexualmente Transmissíveis The same virus O mesmo vírus causa todas as Doenças Sexualmente Transmissíveis The same virus O mesmo vírus causa todas as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)
causes all of causes all of causes all of
the Sexually the Sexually the Sexually
Transmitted Transmitted Transmitted
Diseases Diseases Diseases
12 Human O Papilomavírus Humano (HPV) pode causar verrugas genitais Human Papilomavírus Humano (HPV) pode causar verrugas genitais Human O Papilomavírus Humano (HPV) pode causar verrugas genitais
Papillomavirus Papillomavirus Papillomavirus
(HPV) can (HPV) can (HPV) can
cause Genital cause Genital cause Genital
Warts Warts Warts
13 Using a Usar um preservativo de pele natural (pele de cordeiro) pode proteger uma Using a Usar preservativo de pele natural (pele de cordeiro) pode proteger a pessoa Using a Usar uma camisinha de pele natural (pele de cordeiro) pode proteger uma
natural skin pessoa de pegar HIV natural skin de contrair HIV natural skin pessoa de pegar HIV
condom condom condom
(Lambskin) can (Lambskin) can (Lambskin) can
protect a protect a protect a
person from person from person from
getting HIV getting HIV contracting
HIV
14 Human O Papilomavírus Humano (HPV) pode causar câncer nas mulheres The Human Papilomavírus Humano (HPV) pode levar ao câncer em mulheres Human O Papilomavírus Humano (HPV) pode levar ao câncer nas mulheres
Papillomavirus Papillomavirus Papillomavirus
(HPV) can lead (HPV) can (HPV) can lead
to cancer in cause cancer to cancer in
women in women women
15 A man must Um homem deve fazer sexo vaginal para pegar verrugas genitais A man needs to Um homem deve fazer sexo vaginal para contrair verrugas genitais A man must Um homem deve fazer sexo vaginal para pegar verrugas genitais
have vaginal have vaginal have vaginal
sex to get sex to get sex to
Genital Warts genital warts contract
Genital Warts
16 Sexually As Doenças Sexualmente Transmissíveis podem causar problemas de saúde queSexually Doenças Sexualmente Transmissíveis podem levar a problemas de saúde que, Sexually As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) podem levar a problemas de
transmitted geralmente são mais graves nos homens que nas mulheres transmitted geralmente, são mais sérios em homens do que em mulheres transmitted saúde que geralmente são mais graves nos homens que nas mulheres
diseases can diseases can diseases can
lead to health cause health lead to health
problems that problems that problems that
are usually are normally are usually
more serious more dangerous more serious
for men than for men than for men than
women women women
17 A woman can Uma mulher pode dizer que tem Clamídia se um mau cheiro vier da sua vagina A woman can Uma mulher pode afirmar que possui Clamídia se ela tiver mau odor em sua A woman can Uma mulher pode dizer que tem Clamídia se um mau cheiro vier da sua vagina
tell that she say she has vagina say that she
has Chlamydia Chlamydia if has Chlamydia
if she has a she has a bad if she has a
bad smelling smell coming bad odor from
odor from her from her her vagina
vagina vagina
18 If a person Se uma pessoa tiver um teste positivo para HIV, esse teste pode dizer o If someone Se uma pessoa possuir teste positivo para HIV, o teste poderá dizer como a If a person Se uma pessoa tiver um teste positivo para HIV, esse teste pode dizer o
tests positive quão doente uma pessoa irá ficar tests positive doença será na pessoa has tested quão doente uma pessoa irá ficar
for HIV the for HIV, this positive for
teste can tell test can say HIV, the test
how sick a how sick a can tell how
person will person will the disease
become become will be in the
person
19 There is a Existe uma vacina disponível para prevenir uma pessoa de pegar Gonorreia There is a Existe uma vacina disponível para prevenir uma pessoa de contrair GonorreiaThere is a Existe uma vacina disponível para prevenir uma pessoa de pegar Gonorreia
vaccine vaccine vaccine
available to available to available to
prevent a prevent a prevent a
person from person from person from
getting getting contracting
Gonorrhea Gonorrhea Gonorrhea
20 A woman can Uma mulher pode dizer pela forma como o seu corpo se sente se ela tem uma A woman can Uma mulher pode afirmar que pela forma como ela sente seu corpo, ela possui A woman can Uma mulher pode dizer pela forma como sente o seu corpo se tem uma Doença
tell by the Doença Sexualmente Transmissível say by the way uma Doença Sexualmente Transmissível tell by the Sexualmente Transmissível (DST)
way her body her body feels way her body
feels if she if she has a feels if she
has a Sexually Sexually has a Sexually
Transmitted Transmitted Transmitted
Disease Disease Disease
21 A person who Uma pessoa que tem Herpes Genital deve ter feriadas abertas para transmitir A person who Uma pessoa que possui Herpes Genital precisa ter feridas abertas para que A person who Uma pessoa com Herpes Genital deve ter feridas abertas para passar a
has Genital a infecção para o seu parceiro ou parceira sexual has Genital seja transmitida a infecção para seu parceiro sexual has Genital infecção para o seu parceiro ou parceira sexual
Herpes must Herpes must Herpes must to
have open have open have open
sores to give wounds to wounds to be
the infection transmit the transmitted
to his/her infection to the infection
sexual partner his/her sexual to their
partner sexual partner
22 There is a Existe uma vacina que previne uma pessoa de pegar Clamídia There is a Existe uma vacina que previne uma pessoa de contrair Clamídia There is a Existe uma vacina que previne uma pessoa de pegar Clamídia
vaccine that vaccine that vaccine that
prevents a prevents a prevents a
person from person from person from
getting getting contracting
Chlamydia Chlamydia Chlamydia
23 A man can tell Um homem pode dizer pela forma como o seu corpo se sente se tem Hepatite B A man can say Um homem pode afirmar que pela forma como ele sente seu corpo, ele possui A man can say Um homem pode dizer pela forma como sente o seu corpo se tem Hepatite B
by the way his by the way his Hepatite B by the way his
body feels if body feels if body feels if
he has he has he has
Hepatitis B Hepatitis B Hepatitis B
24 If a person Se uma pessoa teve Gonorreia no passado ele ou ela é imune (protegido) e If a person Se uma pessoa teve Gonorreia no passado, ela é imune (protegido) de If a person Se uma pessoa teve Gonorreia no passado, ela é imune (protegido) e não pode
had Gonorrhea não pode pegar de novo had Gonorrhea contrair novamente had Gonorrhea pegar de novo
in the past he in the past he in the past he
or she is or she is or she is
immune immune immune
(protected) (protected) (protected)
from getting and cannot get from
it again it again contracting it
again
25 Human O Papilomavírus Humano (HPV) pode causar o HIV The Human Papilomavírus Humano (HPV) pode causar HIV Human O Papilomavírus Humano (HPV) pode causar o HIV
Papillomavirus Papillomavirus Papillomavirus
(HPV) can (HPV) can (HPV) can
cause HIV cause HIV cause HIV
26 A man can Um homem pode se proteger de pegar Verrugas Genitais lavando seu órgão A man can Um homem pode se proteger de contrair Verrugas Genitais lavando seus A man can Um homem pode evitar de pegar Verrugas Genitais lavando seus genitais após
protect genital após o sexo protect genitais após o sexo protect o sexo
himself from himself from himself from
getting getting contracting
Genital Warts Genital Warts Genital Warts
by washing his by washing his by washing his
genitals after genitals after genitals after
sex sex sex
27 There is a Existe uma vacina que pode proteger uma pessoa de pegar Hepatite B There is a Existe uma vacina que protege uma pessoa de contrair Hepatite B There is a Existe uma vacina que pode proteger uma pessoa de pegar Hepatite B
vaccine that vaccine that vaccine that
can protect a can protect a protect a
person from person from person from
getting getting contracting
Hepatitis B Hepatitis B Hepatitis B
Os autores deste estudo decidiram, durante a equivalência operacional, manter a
forma de administração do questionário original. A versão adaptada para o
Brasil pode ser aplicada individualmente para pacientes em ambulatórios e para
estudantes de forma coletiva no ambiente escolar. As alternativas das respostas
(verdadeiro, falso e não sei) também não foram alteradas. O enunciado do
questionário foi traduzido e complementado com as seguintes frases: "Este
questionário é sigiloso, você não será identificado. Por isso, contamos com a
sua sinceridade. As suas respostas nos ajudarão a compreender melhor os
problemas das doenças sexualmente transmissíveis. Todas as questões são
importantes, portanto, evite deixá-las em branco. Para cada questão, por favor
faça um círculo em verdadeiro (v), falso (f) ou não sei (ns). Caso você não
saiba a resposta, não se preocupe e, por favor, assinale a opção ‘não sei'".
Em relação à validade aparente, quatro itens apesentaram valor menor que 70%.
Os CVCt foram superiores ao ponto de corte para os critérios clareza de
linguagem (CVCt = 0,89), pertinência prática (CVCt = 0,91), relevância teórica
(CVCt = 0,92), amplitude (CVCt = 0,86) e equilíbrio (CVCt = 0,86). Apenas o
item 13 apresentou baixa evidência de validade, com CVCc < 0,80 para
pertinência prática, e, por isso, foi retirado do instrumento (Quadro_2).
Quadro 2 Validade aparente e cálculo do Coeficiente de Validade de Conteúdo
CVCc
Item VA ==============
CL PP RT
1. Herpes Genital é causada pelo mesmo vírus do HIV 100% 0,96 0,83 0,96
2. Infecção Urinária frequente pode causar Clamídia 60% 0,80 0,96 0,90
3. Existe uma cura para Gonorreia 100% 0,93 0,83 0,96
4. É mais fácil pegar o HIV se uma pessoa tiver outra Doença Sexualmente 60% 0,86 0,96 0,96
Transmissível (DST)
5. O Papilomavírus Humano (HPV) é causado pelo mesmo vírus que causa o HIV 100% 0,96 0,90 0,86
6. Fazer sexo anal aumenta o risco de uma pessoa pegar Hepatite B 60% 0,90 0,90 0,90
7. Logo após pegar o HIV a pessoa desenvolve feridas abertas nos órgãos 80% 0,93 0,93 0,93
genitais (pênis ou na vagina)
8. Existe uma cura para Clamídia 100% 0,93 0,96 0,96
9. Uma mulher com Herpes Genital pode passar a infecção para o bebê durante 80% 0,93 0,96 0,96
parto
10. Uma mulher pode olhar para o seu corpo e dizer se tem Gonorreia 100% 0,93 0,86 0,86
11. O mesmo vírus causa todas as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) 100% 0,93 0,96 0,93
12. O Papilomavírus Humano (HPV) pode causar verrugas genitais 100% 0,93 0,96 0,96
13. Usar uma camisinha de pele natural (pele de cordeiro) pode proteger uma 50% 0,86 0,73 0,86
pessoa de pegar HIV
14. O Papilomavírus Humano (HPV) pode levar ao câncer nas mulheres 80% 0,90 0,93 0,96
15. Um homem deve fazer sexo vaginal para pegar verrugas genitais 80% 0,76 0,96 0,96
16. As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) podem levar a problemas de 80% 0,73 0,86 0,86
saúde que geralmente são mais graves nos homens que nas mulheres
17. Uma mulher pode dizer que tem Clamídia se um mau cheiro vier da sua vagina100% 0,86 0,93 0,90
18. Se uma pessoa tiver um teste positivo para HIV, esse teste pode dizer o 80% 0,93 0,86 0,93
quão doente uma pessoa irá ficar
19. Existe uma vacina disponível para prevenir uma pessoa de pegar Gonorreia 100% 0,93 0,90 0,90
20. Uma mulher pode dizer pela forma como sente o seu corpo se tem uma Doença 100% 0,90 0,96 0,96
Sexualmente Transmissível (DST)
21. Uma pessoa com Herpes Genital deve ter feridas abertas para passar a 100% 0,90 0,93 0,93
infecção para o seu parceiro ou parceira sexual
22. Existe uma vacina que previne uma pessoa de pegar Clamídia 100% 0,90 0,86 0,86
23. Um homem pode dizer pela forma como sente o seu corpo se tem Hepatite B 80% 0,86 0,86 0,90
24. Se uma pessoa teve Gonorreia no passado, ela é imune (protegido) e não 80% 0,86 0,93 0,93
pode pegar de novo
25. O Papilomavírus Humano (HPV) pode causar o HIV 80% 0,86 0,86 0,93
26. Um homem pode evitar de pegar Verrugas Genitais lavando seus genitais após100% 0,93 0,93 0,93
o sexo
27. Existe uma vacina que pode proteger uma pessoa de pegar Hepatite B 100% 0,93 0,96 0,96
Coeficiente de Validade de Conteúdo Total (CVCt) 0,89 0,91 0,92
VA: validade aparente; CVCc: Coeficiente de Validade de Conteúdo do item; CL:
clareza de linguagem; PP: pertinência prática; RT: relevância teórica; CVCt:
Coeficiente de Validade de Conteúdo total do questionário.
Durante a validação, os juízes constataram a ausência de questões referentes à
sífilis no questionário. Assim, dois itens foram elaborados pelo especialista
independente e submetidos aos mesmos juízes para análise da validação. O
primeiro item adicionado (S1) foi "Mesmo que o seu parceiro/parceira não tenha
nenhuma lesão no pênis, no ânus ou na vagina, ele/ela pode passar sífilis para
você", que apresentou validade aparente = 60% e CVCc = 0,73, para o critério de
clareza de linguagem, CVCc = 0,93 para pertinência prática e CVCc = 0,93 para
relevância teórica. O segundo item (S2) foi "A sífilis pode ficar escondida no
corpo por anos", que apresentou validade aparente = 80% e CVCc = 0,83 para
clareza de linguagem, CVCc = 0,93 para pertinência prática e CVCc = 0,93 para
relevância teórica.
Os juízes recomendaram a modificação de seis itens (2, 4, 6, 15, 16 e S1). Os
autores modificaram dois desses itens (itens 2 e 4). O item 2 foi modificado
para "Infecções Urinárias Frequentes são causadas pela Clamídia", e as duas
versões desse item (a modificada e a não modificada) foram discutidas nos
grupos focais. No item 4, foi acrescentada a palavra "também" resultando no
item "É mais fácil pegar o HIV se uma pessoa também tiver outra Doença
Sexualmente Transmissível (DST)". Nos outros quatro itens, como a discordância
ocorreu em cada um deles apenas por um dos seis juízes, optou-se por não
modificar esses itens, mantendo a opinião dos outros cinco juízes. O
especialista independente considerou apropriadas todas as alterações
realizadas, concordando com os itens não modificados.
Quanto à dimensão teórica, o coeficiente Kappa foi de 0,61, com p-valor geral <
0,001 e intervalo de confiança de 95%, variando de 0,53 a 0,69. Esse valor
representa concordância substancial entre os juízes29.
Em relação aos grupos focais dos universitários, a média de idade foi de 20,6
anos (DP = 2,3 anos), variando entre 18 e 24 anos. Todos eram solteiros, 8
(53,3%) eram do sexo feminino e 12 (80%) se autodeclararam brancos. Em relação
ao curso, 5 (33,3%) eram do curso de Direito, 4 (26,7%) eram do curso de
Letras-Inglês, 2 (13,3%) eram do curso de Pedagogia, 2 (13,3%) eram do curso de
Engenharia de Alimentos, 1 (6,7%) era do curso de Enfermagem e 1 (6,7%) era do
curso de Química-Licenciatura. A idade média dos usuários dos centros
comunitários foi de 36,2 anos (DP = 13,8 anos), variando entre 18 e 64 anos.
Oito participantes (53,3%) eram do sexo feminino, 7 (46,6%) se autodeclararam
pardos e 9 (60,0%) eram casados ou conviviam com um companheiro. Em relação à
escolaridade, a maioria possuía o ensino fundamental incompleto ou o ensino
superior incompleto (26,6% cada).
O tempo médio de duração dos grupos focais foi de 11,6 minutos (DP = 2,15
minutos) para os estudantes universitários e 17,6 minutos (DP = 2,05 minutos)
para os usuários dos centros comunitários. No que concerne ao enunciado do
questionário, todos os participantes declararam que era compreensível. Em
relação ao item 2, 80% dos estudantes e 60% dos usuários afirmaram que a frase
"Infecções Urinárias Frequentes são causadas pela Clamídia" era a mais
apropriada, corroborando a sugestão dos juízes especialistas e do especialista
independente. Os dois itens sobre a sífilis acrescentados no questionário foram
considerados apropriados por todos os estudantes e por 80,0% dos usuários dos
centros comunitários. O item 13, que apresentou baixa validação de conteúdo,
foi discutido com os participantes, os quais concordaram com os juízes
especialistas que a frase não era apropriada para a nossa cultura.
Após a retirada e o acréscimo de itens, os CVCt para cada critério foram
recalculados, mantendo o mesmo valor para clareza de linguagem (CVCt = 0,89) e
aumentando em 0,1 para pertinência prática (CVCt = 0,92) e para relevância
teórica (CVCt = 0,93). Com as recomendações dos grupos focais e o acréscimo de
itens, foi elaborada a versão final do questionário (Quadro_3).
Quadro 3 Versão final da adaptação para o português do Brasil do Questionário
sobre Conhecimento de Doenças Sexualmente Transmissíveis (STD-KQ)
Item Verdadeiro Falso Não Resposta
Sei
1. Herpes Genital é causado pelo mesmo vírus do HIV V F NS FALSO
2. Infecções Urinárias Frequentes são causadas pela Clamídia V F NS VERDADEIRO
3. Existe cura para Gonorreia V F NS VERDADEIRO
4. É mais fácil pegar o HIV se uma pessoa também tiver outra Doença V F NS VERDADEIRO
Sexualmente Transmissível (DST)
5. O Papilomavírus Humano (HPV) é causado pelo mesmo vírus que causa o HIV V F NS FALSO
6. Fazer sexo anal aumenta o risco de uma pessoa pegar Hepatite B V F NS VERDADEIRO
7. Logo após pegar o HIV a pessoa desenvolve feridas abertas nos órgãos V F NS FALSO
genitais (pênis ou na vagina)
8. Existe cura para Clamídia V F NS VERDADEIRO
9. Uma mulher com Herpes Genital pode passar a infecção para o bebê durante o V F NS VERDADEIRO
parto
10. Uma mulher pode olhar para o seu corpo e dizer se tem Gonorreia V F NS FALSO
11. Um mesmo vírus causa todas as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) V F NS FALSO
12. O Papilomavírus Humano (HPV) pode causar verrugas genitais V F NS VERDADEIRO
13. O Papilomavírus Humano (HPV) pode levar ao câncer nas mulheres V F NS VERDADEIRO
14. Um homem só pega verrugas genitais fazendo sexo vaginal V F NS FALSO
15. As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) podem levar a problemas de V F NS FALSO
saúde, que geralmente são mais graves nos homens que nas mulheres
16. Uma mulher pode dizer que tem Clamídia se um mau cheiro vier da sua vagina V F NS FALSO
17. Se uma pessoa tiver um teste positivo para HIV, esse teste pode dizer o V F NS FALSO
quão doente uma pessoa irá ficar
18. Existe uma vacina disponível para prevenir uma pessoa de pegar Gonorreia V F NS FALSO
19. Uma mulher pode dizer, pela forma como sente o seu corpo, se tem uma V F NS FALSO
Doença Sexualmente Transmissível (DST)
20. Uma pessoa com Herpes Genital deve ter feriadas abertas para passar a V F NS FALSO
infecção para o seu parceiro ou a sua parceira sexual
21. Existe uma vacina que previne uma pessoa de pegar Clamídia V F NS FALSO
22. Um homem pode dizer, pela forma como sente o seu corpo, se tem Hepatite B V F NS FALSO
23. Se uma pessoa teve Gonorreia no passado, ela é imune (protegida) e não V F NS FALSO
pode pegar de novo
24. O Papilomavírus Humano (HPV) pode causar o HIV V F NS FALSO
25. Um homem pode evitar de pegar Verrugas Genitais lavando seus genitais após V F NS FALSO
o sexo
26. Existe uma vacina que pode proteger uma pessoa de pegar Hepatite B V F NS VERDADEIRO
27. Mesmo que o seu parceiro/parceira não tenha nenhuma lesão no pênis, ou no V F NS VERDADEIRO
ânus ou na vagina, ele/ela pode passar sífilis para você
28. A sífilis pode ficar escondida no corpo por anos V F NS VERDADEIRO
DISCUSSÃO
O presente estudo objetivou adaptar o STD-QK para a cultura brasileira. O fato
de as DST serem um problema de saúde pública brasileira1 ressalta a necessidade
do investimento de novas pesquisas pela comunidade científica. Até a realização
do presente estudo, não existiam publicações sobre instrumentos validados para
essa finalidade.
A verificação do vocábulo para o contexto em que ele será inserido é uma etapa
importante durante a adaptação transcultural37. O uso de grupos focais origina
sugestões pertinentes que facilitam o entendimento do instrumento37. Essa
técnica permite o refinamento dos itens31, garantindo a compreensão do
instrumento por populações com características demográficas diferentes. A
versão proposta apresentou equivalência semântica com o instrumento original,
além de níveis aceitáveis de validade aparente e de conteúdo.
A retirada e o acréscimo de itens pelo comitê de especialistas podem ser
realizados durante a adaptação transcultural38. Isso ocorreu na adaptação do
instrumento HIV Knowledge Questionnaire para a Malásia39 e para a Nigéria40,
onde teve o acréscimo e a retirada de itens, respectivamente. As perguntas
acrescentadas no questionário da Malásia são únicas e envolvem religião e
política, refletindo a realidade desse país. O fato de a versão brasileira do
STD-KQ apresentar uma questão a mais do que a original não prejudicará
substancialmente a comparabilidade dessa versão com o instrumento original e
com os instrumentos validados para outras culturas, visto que o resultado é
apresentado na forma de frequências absolutas (escore) e de frequências
relativas (porcentagem)9,12,33. O item sobre o preservativo de pele de cordeiro
foi retirado do estudo, por estar fora do contexto cultural brasileiro. Todos
os juízes, o especialista independente e todos os autores concordaram que sua
retirada não afetará a avaliação do conhecimento. Isso foi corroborado pelos
participantes dos grupos focais. Em relação à literatura, os artigos
brasileiros que mencionam os preservativos desse material são de mais de 15
anos atrás41,42 e apenas apresentam dados sobre esse material para demonstrar a
evolução da produção dos preservativos. É importante salientar que os
instrumentos, além de serem culturalmente adequados para determinada população,
precisam ser adequados para a vida no dia a dia43. A sífilis é a terceira DST
mais prevalente no Brasil1 e essa prevalência está aumentando nos últimos
anos44. Dessa forma, para que os dados resultantes desse instrumento sirvam de
subsídios para futuras intervenções e políticas públicas, é crucial que sejam
incluídos itens sobre a sífilis.
A presente pesquisa apresentou limitações. Ainda que os retradutores sejam
profissionais qualificados e proficientes na língua inglesa, o uso de falantes
nativos da língua inglesa e reconhecidamente (titulados) e conhecedores do
português brasileiro seria mais adequado. Outro aspecto é que o tamanho dos
grupos focais foi definido pelos pesquisadores. Como essa etapa da validação
envolve uma abordagem qualitativa, essa escolha é justificável30. Outra
limitação do estudo é que ele foi realizado em apenas uma cidade do estado do
Rio Grande do Sul. No entanto, a fim de garantir que o instrumento seja
adequado para todos os brasileiros, evitou-se utilizar expressões regionais,
preservando-se apenas palavras compreensíveis para a população em geral. Outro
ponto a considerar é que a comparação das frequências absolutas com a versão
original e com as adaptações para outros países poderá sofrer limitações.
CONCLUSÃO
O processo inicial da adaptação transcultural desse questionário apresentou
resultados satisfatórios. Algumas adversidades observadas a respeito da
compreensão dos itens foram adequadamente retificadas. A concordância
substancial entre os juízes em relação à dimensão teórica é uma ferramenta que
auxiliará na previsão e compreensão da análise fatorial, sendo a real dimensão
teórica de cada item confirmada por meio dessa técnica. Dessa forma, esse
questionário parece adequado para a realização de futuras investigações sobre a
validade de constructo e a fidedignidade, as quais posteriormente permitirão
obter evidências sobre a aplicabilidade desse questionário para avaliação do
conhecimento.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos aos tradutores, aos retradutores, aos juízes especialistas e ao
especialista independente, que possibilitaram o desenvolvimento deste estudo.
Este estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio
Grande do Sul (Fapergs) e pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG).