Sistemas de informação e conhecimento emancipatório
1 Introdução
Este artigo é um ensaio que se inspirou na tradição crítica
1
. Desenvolver uma reflexão sobre a inter-relação entre o campo de sistemas de
informação e o conhecimento emancipatório não é assunto novo, visto que Ludmer
et al (2002, p. 2) analisaram "a visão emancipatória em sistemas de
informações, sob a ótica da teoria crítica de Jürgen Habermas, utilizando a sua
taxionomia para classificar a produção acadêmica em SI no Brasil". Para os
autores, o trabalho de Ngwenyama e Lee (1997) é um dos mais referenciados
exemplos de geração de conhecimento emancipatório, com a demonstração das
contribuições da teoria crítica na análise da teoria da riqueza da informação
(Information Richness Theory - IRT) e das limitações das visões positivistas e
interpretativas. Inspirando-nos no trabalho de Ngwenyama e Lee (1997), propomos
colocar em discussão uma forma de análise dialética baseada em Benson (1977;
1983) e aplicá-la para analisar uma situação empresarial brasileira,
previamente descrita por Marino, Scare e Zylbersztajn (2002).
Entendemos com Ludmer et al (2002) que o conhecimento emancipatório consiste na
realização de análises crítica e dialética a partir de pressupostos teóricos e
práticos. Quando aplicado ao campo de sistemas de informação, tem como
finalidade questionar valores e pressupostos correntes sobre sistemas de
informação e as tecnologias decorrentes de sua gestão, implementação e de sua
utilização nas organizações. Portanto, os objetivos desse trabalho são: (1)
descrever um método de análise dialético como forma de produzir conhecimento de
interesse emancipatório no campo de sistemas de informação; (2) ilustrar o uso
do método descrito utilizando dados secundários de um estudo de caso
brasileiro.
O presente trabalho divide-se em seis partes. Esta introdução é a sua primeira
parte. Na segunda tratamos dos conceitos de modernidade e racionalização para
estabelecer a ligação com a fundamentação teórica para as discussões que
sucedem. Na terceira parte apresenta-se o método de análise dialético. Na
quarta apresenta-se uma ilustração, que constitui uma aplicação da noção de
conhecimento emancipatório a uma situação empresarial brasileira, utilizando-se
o método descrito. A quinta parte consta das considerações finais seguida pelas
referências bibliográficas.
2 Modernidade, racionalização e conhecimento
Sistema de informação é tido como um campo de estudo e de aplicação bastante
recente. O desenvolvimento desse campo foi provocado pelo fenômeno denominado
por Castells (1999) como "revolução informacional". Conforme argumenta Ludmer
et al (2002, p.1), "por ter surgido inicialmente nas escolas de ciência da
computação e engenharia, este novo campo de estudo tem sido profundamente
influenciado pela engenharia de computação e análises de sistemas". Este pode
ser um dos motivos pelos quais as reflexões críticas sobre questões sociais e
políticas neste campo de estudo e de aplicação têm sido relativamente escassas,
ainda que em crescimento (TURBAN; McLEAN; WETHERBE, 2002; LAUDON; LAUDON,
2007).
Cabe, no entanto, retomar a noção de modernidade (TOURAINE, 1993, 1994;
GIDDENS, 1991, 1997, 2002) e, no contexto dessa noção, o construto de matriz da
racionalização (MARTUCCELLI, 1999), na tentativa de esclarecer essa lacuna de
reflexões críticas no campo de sistemas de informação e de constituir o
arcabouço teórico a ser empregado na discussão sobre o método de análise
dialético em questão. Os autores de maior destaque na teoria crítica da Escola
de Frankfurt - Horkheimer, Adorno, Marcuse e Habermas - são muito úteis nesse
sentido, pois, enquanto se diferenciam em suas análises sobre a modernidade,
compartilham de uma visão comum da responsabilidade de mobilizar o poder
transformativo da razão para promover e guiar mudança emancipatória.
2.1 Modernidade
Para Touraine (1993), há uma ideologia ocidental que expressa e reforça uma
concepção dominadora da modernidade e os correspondentes sistemas de regulação
social empregados para levar a efeito tal ideologia. Tal concepção apregoa o
triunfo da razão sobre a tradição, sendo que a secularização e o desencanto
manifestam a ruptura necessária com a religião. A idéia de modernidade acarreta
a substituição de Deus pela ciência no centro da sociedade, deixando as crenças
e práticas religiosas para a vida privada. O Estado surge, separado da Igreja,
para proteger as atividades intelectuais e separar a vida pública da vida
privada. Assim, a idéia de modernidade encontra-se vinculada à idéia da
racionalização expandida para a criação de uma sociedade racional, na qual a
razão não comanda apenas a ciência e a técnica na sua luta contra o social e o
cultural, mas também o governo dos homens e das coisas. Há outras
características atribuídas pelo autor à concepção dominadora da modernidade, a
saber: o universalismo vence o particularismo, a produção vence a reprodução, a
libertação da classe trabalhadora e a promessa de abundância, a liberdade e a
felicidade para todos. Para apoiar tal concepção, desenvolveram-se sistemas de
regulação social dos atores, pelos quais a ordem social foi colocada a serviço
da utilidade social, o funcionalismo foi adotado como principal escola de
pensamento, a modernidade foi transformada numa ideologia e num instrumento
revolucionário modernista visando a submissão de cada um (principalmente
trabalhadores, colonizados, mulheres e crianças) aos interesses de todos (os
homens ocidentais, adultos e bem-educados).
A modernidade entra em crise, o que Touraine (1993, 1994) denomina
decomposição, pois se esgotam as forças libertadoras da modernidade, o que era
visto como um fluxo incessante de mudanças. Além disso, perde-se o sentido de
uma ação que não aceita outro critério a não ser o da pura racionalidade
instrumental, o que representa para o autor um reducionismo da racionalidade e
da racionalização. Por fim, a modernidade é entendida como instrumento de
controle, integração e repressão das pessoas. O autor descreve o fenômeno da
divisão da modernidade em quatro partes distribuídas ao longo de dois eixos. O
primeiro eixo refere-se ao que vai do individual ao coletivo, e o segundo eixo
refere-se ao ser e à mudança, determinado quadro divisões: a sexualidade e o
consumo (individual), e o nacionalismo e a estratégia de empresa (coletivo). A
modernidade se decompõe ao longo das quatro divisões por força da racionalidade
instrumental, o que a leva à crise e à busca de saídas por caminhos que
aparentemente conduziam-na à morte.
Giddens (1991, 1997, 2002) enfatiza que a modernidade é um sistema social em
transformação e intrinsecamente orientado para o futuro. A natureza dinâmica da
modernidade é a característica que está conduzindo o mundo, ou uma parte cada
vez maior dele, para a denominada alta modernidade. A idéia de pós-modernidade
é rejeitada pelo autor, pois considera o atual período como uma nova e
diferente ordem de radicalização da modernidade. Para o autor, a alta
modernidade, a qual estabelece para as ciências sociais uma nova agenda crítica
em relação às deficiências das posições clássicas, é conseqüência de duas
esferas de profundas transformações. Por um lado, o autor indica a ampla
difusão das instituições modernas que se universalizam por meio do processo de
globalização. Por outro, há o que o autor denomina transformação da intimidade
nos contextos da vida cotidiana. Em relação a essa última esfera, afirma o
autor que a transformação da intimidade pode ser entendida como o aumento de
mecanismos de confiança, e que, nesse sentido, as relações de confiança estão
diretamente relacionadas com a construção do eu a partir de um projeto
reflexivo. Assim, o autor afirma que o mundo do início do século XXI encontra-
se num período de evidente transição, onde o "nós" (pessoas que vivem no
Ocidente, mais precisamente nos setores industrializados do mundo) não se
refere apenas à hegemonia global européia ou ocidental, mas também ao mundo
como um todo.
Para Martuccelli (1999, p. 9), o lugar comum mais freqüentemente associado à
idéia de modernidade consiste em entendê-la como sendo uma interrogação sobre o
tempo presente e sobre a sociedade contemporânea. Essa interrogação visa
responder uma pergunta crucial: porque hoje não é mais como ontem? Porque não
se pode esperar do mundo atual o mesmo tipo de resposta que dele obteve toda
uma sucessão de precedentes gerações? Essas perguntas serão articuladas numa
tal variedade de formas e de níveis de profundidade que o saldo final será que
a modernidade acaba por se constituir num conceito de fronteiras tão amplas
quanto indefinidas. Muitos são os temas, as abordagens, as problemáticas da
modernidade.
A sociologia da modernidade - produto dessa mesma inquietude original -
buscaria construir representações globais adequadas a um novo mundo social,
tendo sempre presente a consciência imediata da distância existente entre essas
representações e a realidade concreta daquilo que pretenderia representar. Ou
seja, a perturbação inicial da condição moderna pode até se atenuar a cada novo
esforço de compreensão empreendido, mas acaba por nunca se extinguir
integralmente. A modernidade - instável, ambivalente, fugidia - está sempre
ali, a impedir o conforto recém-extraído de explicações que tão árdua e
precariamente se conseguiu articular. Seria esta, talvez, sua expressão mais
verdadeira, a de nunca se extinguir como tema, por permanentemente se
modificar. Aquilo que se tem como compreendido hoje é a previsão que amanhã
será frustrada (MARTUCCELLI, 1999, p. 14).
A noção de modernidade tem sido considerada importante para o debate de
inúmeros temas relacionados à sociedade e às organizações. Relacionado a este
tema encontra-se a discussão sobre tecnologia como uma das manifestações
típicas da racionalização dos tempos modernos. Sistemas de informação e
tecnologia da informação inserem-se nessa discussão, tanto do ponto de vista
teórico como de sua utilização prática nas organizações, abordados muitas vezes
de forma crítica por autores da Escola de Frankfurt e outros. Passaremos,
portanto, a apresentar considerações sobre o tema racionalização e uma das suas
relações com o conhecimento, por meio das idéias de Jürgen Habermas.
2.2 Racionalização e conhecimento
Dada a grande amplitude de explorações sociológicas que o tema da modernidade
engendra, torna-se necessária a identificação de recortes específicos para o
desenvolvimento de análises mais particularizadas. O critério escolhido para a
definição desses recortes foi o de matriz, tal como ele é apresentado por
Martuccelli (1999). O autor estrutura a sua análise acerca da sociologia da
modernidade a partir de três matrizes: diferenciação social, racionalização e
condição moderna. A idéia de matriz deve ser aqui compreendida no sentido de
fonte ou manancial, de tecido/tessitura original, de gênese. Em outras
palavras, uma matriz seria a temática básica a partir da qual se desenvolve o
trabalho de um conjunto de autores com inquietações que podem ser entendidas
como semelhantes.
Para Martuccelli, a idéia de matriz é um instrumento de análise mais adequado
porque permite acompanhar certa continuidade da reflexão histórica e da
temática sobre a modernidade. Ao mesmo tempo, realça o papel ativo desempenhado
por uma intuição inicial - o tema fundamental da matriz - de diversos autores
em suas tentativas de conferir sentido às mudanças sociais por eles
presenciadas nos distintos momentos históricos em que viveram. Desse modo,
dentro de uma mesma matriz são vários os momentos de inflexão, e mesmo de
ruptura com premissas inicialmente respeitadas. Existe proximidade temática,
uma fonte comum de inquietação, mas não uma genealogia obrigatória entre os
autores de uma mesma matriz. É por essa razão que o autor insiste na idéia de
que a matriz é distinta da idéia de paradigma (KUHN, 2001), uma vez que os
autores associados a uma mesma matriz não estão necessariamente ligados entre
si pelo respeito a um conjunto de pressupostos comuns que necessariamente devam
ser respeitados (MARTUCCELLI, 1999, p. 20).
A matriz da diferenciação social caracteriza-se por estudos que se propõem a
entender como a sociedade se transforma, indo do simples ao complexo, do
homogêneo ao heterogêneo (MARTUCCELLI, 1999, p. 30). Os autores selecionados
pelo autor para essa matriz são Émile Durkheim, Talcott Parsons, Pierre
Bourdieu e Niklas Luhmann.
A matriz da condição moderna tem como seu tema central a reflexão sobre os
incontornáveis paradoxos e contradições da vida moderna. Aqui é reconhecido o
caráter não permanente, volátil da modernidade e a busca pela estabilidade de
algum entendimento da questão. "A tensão entre o essencial e o efêmero,
entendida como a manifestação fenomenológica e existencial do indivíduo na
modernidade está no núcleo desta matriz" (MARTUCCELLI, 1999, p. 369). Aqui o
autor estrutura sua reflexão a partir dos trabalhos de Georg Simmel e Erwin
Goffman, da chamada "Escola de Chicago", e de Alain Tourraine e Anthony
Giddens.
A matriz da racionalização, escolhida como pano de fundo para este trabalho, se
articula a partir de duas concepções básicas, já presentes em seu autor
"fundador", Max Weber, mas que aparecem nos demais autores da matriz (Norbert
Elias, Herbert Marcuse, Michel Foucault e Jürgen Habermas) e que irão também se
manifestar em suas obras. A primeira dessas concepções é vista por Martuccelli
como possuindo uma natureza "genética" e "diacrônica", e busca entender a
especificidade produzida pelas sociedades ocidentais ao desenvolverem uma forma
específica de racionalismo que lhes permitiu um controle (maîtrise) crescente
do mundo. A segunda, de caráter "sincrônico", refere-se eminentemente ao estado
social, às estruturas e à dinâmica da vida contemporânea observada pelos
autores em seus respectivos momentos de vida, ou seja, aos efeitos do controle
crescente do mundo sobre a vida dos indivíduos.
É exatamente a partir dessa segunda concepção que vários dos autores da matriz
da racionalização irão manifestar uma profunda inquietação, no sentido de
avaliar a possibilidade de emancipação humana capaz de se opor à lógica de
racionalização dominante que, muitas vezes, se faz opressiva e alienante.
A proximidade entre as concepções associadas à matriz da racionalização e ao
campo dos estudos organizacionais é evidente, na medida em que são as
organizações os instrumentos utilizados para o controle do mundo a partir do
controle dos indivíduos. Dessa forma, por tratar de temas centrais para o
estudo das organizações de uma forma mais imediata, mais direta que as demais
matrizes apresentadas pelo autor, a matriz da racionalização foi selecionada
como um referencial mais promissor para a análise que se segue. Para realizar
os objetivos desse artigo, destacaremos as contribuições de Habermas (1987a,
1987b, 2001), pois nelas podem-se observar as tentativas de desfazer uma
tendência unidimensional imposta à racionalização pela concepção weberiana e
buscar outra via de compreensão da racionalização dentro da modernidade,
visando a emancipação e o esclarecimento. Mesmo concentrando-nos nas
contribuições de um autor, acreditamos ser proveitosa a manutenção da noção de
matriz da racionalização como pano de fundo de nossa análise, pelas
possibilidades analíticas que proporcionam as suas concepções básicas apontadas
acima (natureza diacrônica e sincrônica da noção de racionalização), que,
certamente, ainda não foram esgotadas no campo dos estudos organizacionais.
Habermas (2001, p. 137) identifica três formas de interesses que constituem o
conhecimento: técnico, prático e emancipatório. Relacionando esses três tipos
de interesses com as três regras lógico-metodológicas, o autor coloca que...
[...] no exercício das ciências empírico-analíticas, imiscui-se um
interesse técnico de conhecimento; no exercício das ciências
histórico-hermenêuticas, intervém um interesse prático do
conhecimento e, no posicionamento das ciências de orientação crítica,
está implicado aquele interesse emancipatório do conhecimento.
Nas ciências empírico-analíticas, o conhecimento técnico está relacionado com a
construção de teorias e sua comprovação crítica. Trata-se do interesse no
controle da natureza e do mundo objetivo, visando a reprodução material da vida
humana, que é exercido por um tipo de ação denominado técnico-instrumental.
Ludmer et al (2002, p. 3) relacionam esse tipo de conhecimento com tecnologia
da informação (TI), apontando as aplicações de TI como suporte aos processos
organizacionais. Para os autores, "este tipo de conhecimento tem uma orientação
de engenharia (design) e focaliza-se em teorias de desenvolvimento, métodos e
práticas que ajudam na melhoria das organizações, das aplicações da tecnologia
da informação e das vidas das pessoas que as utilizam". Campos (2007), adotando
outra linha teórica, reforça a necessidade de se buscar "abordagens mais
críticas, mais descritivas e menos normativas" ao se lidar com a gestão do
conhecimento.
As ciências histórico-hermenêuticas obtêm seu conhecimento por outro
enquadramento metodológico, unindo interpretação com aplicação. Para Habermas
(2001, p. 138), a compreensão do sentido dirige-se, segundo a sua estrutura,
para o possível consenso dos agentes no âmbito de um autocompreensão
transmitida, o que chama de interesse prático de conhecimento. Em TI, Ludmer et
al (2002, p. 4) colocam que o "foco é a interpretação e o mapeamento dos
significados que os atores organizacionais constroem sobre a apropriação e uso
da TI e as relações sociais que eles desempenham como resultado desses
significados".
Habermas (2001, p. 140) afirma que o conhecimento emancipatório é oriundo de
"enquadramentos metodológicos que estabelecem o sentido da validade desta
categoria de enunciados críticos avalia-se pelo conceito da auto-reflexão", e
liberta o sujeito de abstrações consideradas falsamente como reais. Com relação
aos sistemas de informação, Ludmer et al (2002, p. 4) destacam que o foco do
conhecimento emancipatório "é dirigido para a análise crítica e dialética de
pressupostos teóricos, ordenações de valores e pressupostos correntes sobre
tecnologias da informação e gestão e uso das mesmas nas organizações".
Para Habermas (1987a, 2001), o cerne da questão ideológica na modernidade
consiste na primazia e no domínio da ação técnica-instrumental e do
conhecimento empírico sobre o interesse prático e sobre o interesse pela
emancipação humana. Para Habermas (1987a), nem mesmo o marxismo, uma das mais
contundentes teorias críticas da modernidade, esteve livre do mais importante
viés ideológico da modernidade, ou seja, o de reduzir a práxis à técnica. Foi
necessário, de acordo com o autor, um resgate do caráter crítico do marxismo
com vistas a rever o paradigma da produção nele embutido, de forma a que a
síntese humana não seja mais exclusivamente pensada como realização do
trabalho, mas que possa ser incluída uma perspectiva da interação, ou seja, do
interesse prático. Nesse sentido, a teoria da ação comunicativa (HABERMAS,
1987b) não pretende excluir o interesse técnico-instrumental do processo de
emancipação humana. Isto é, a razão instrumental não é vista exclusivamente
como um fator de dominação; o núcleo da questão ideológica não se localiza, de
acordo com Habermas e em discordância com Adorno, Horkheimer e Marcuse, na
razão instrumental em si, mas na sua extensão a outras esferas de decisão
racional.
A questão ideológica da modernidade apontada por Habermas consiste no
deslocamento do interesse técnico-instrumental de seu âmbito (o sistema
econômico e estatal) e na usurpação das funções do interesse prático,
dominando-o. Isso significa que a razão e a ação instrumental ocupam o lugar da
razão e ação comunicativa, cuja função consiste na interação baseada no
entendimento. Para Habermas (1987b), os sistemas são instituições definidas
pela capacidade de responder a exigências funcionais impostas pelo meio. O
mundo da vida consiste nas formas integradas de vida social por meio de normas
consensualmente aceitas pelos participantes. Sua racionalização possibilita a
diferenciação de subsistemas autônomos, abrindo o horizonte para a emancipação.
O sistema e o mundo da vida ocupam posições diferentes e complementares na
reprodução da sociedade. O sistema é responsável pela reprodução material e o
mundo da vida pela reprodução simbólica. Assim, a evolução do sistema
corresponde ao aumento de sua capacidade de controle, enquanto que a evolução
do mundo da vida corresponde ao aperfeiçoamento da capacidade comunicativa e da
prática do entendimento. A complementaridade entre sistema e mundo da vida
reside na seguinte constatação: o aumento da complexidade sistêmica exige uma
institucionalização dos novos níveis de integração sistêmica, por conseguinte,
um desenvolvimento da competência comunicativa e da prática de entendimento.
Habermas defende a tese da primazia do mundo da vida e da reprodução simbólica
em relação ao sistema, indicando que novas etapas da diferenciação sistêmica só
podem ser efetivas quando a racionalização do mundo da vida tenha atingido um
nível correspondente.
As formas de conhecimento identificadas encontram representação no campo de
sistemas de informação. Conforme aponta Ludmer et al (2002), maior ênfase tem
sido dada à forma de conhecimento técnico. Em sua pesquisa não foi possível
encontrar nenhum artigo do ENANPAD que tratou dos assuntos a partir do
conhecimento prático ou emancipatório, apesar de dois ou três trabalhos
analisados fazerem referência à literatura que desafia o paradigma dominante.
Este é, sem dúvida, um alerta e uma oportunidade de efetivas contribuições
teóricas e práticas para todos envolvidos no campo de sistemas de informação, e
o método de análise que propomos nesse trabalho é apresentado como uma
perspectiva alternativa de produção de conhecimento. Trata-se do método de
análise dialético que passaremos a descrever a seguir.
3 Método de análise dialético
Benson (1977, p. 2) vê a teoria dialética como uma maneira de explicar o
"fundamento empírico das teorias da organização convencionais porque lida com
os processos sociais que as teorias convencionais ignoram". A abordagem
dialética é eminentemente processual, pois permite colocar o processo pelo qual
os arranjos organizacionais são construídos sob o enfoque principal da análise.
A teoria dialética "oferece uma explicação dos processos envolvidos na
produção, a reprodução, e a destruição de formas organizacionais particulares".
Em suas considerações, apresenta certo fracasso da sociologia das organizações
em ser crítica, tendendo a manter as construções teóricas no campo e a afirmar
as realidades presentes nas organizações.
A análise organizacional tem sido marcada por questões administrativas, pois,
segundo Benson (1977, p. 3), as abordagens utilizadas combinam com posições
metodológicas "que aceitam não criticamente os arranjos organizacionais
existentes e adaptando-os aos interesses de elites administrativas". Farjoun
(2002, p. 850) destaca que, pela natureza da análise dialética, não considera
os arranjos sociais como sendo permanentes ou autoevidentes. Seu foco em uma
disputa contínua entre forças opostas ajuda a explicar tanto a persistência
como a mudança.
Em seu artigo amplamente referenciado, Benson (1977) propõe uma abordagem
dialética para o estudo das organizações. Para ele, as organizações complexas
foram estudadas a partir de teorias racionais e funcionalistas. Lyng e Kurtz
(1985, p. 902) comentam sobre pesquisadores em burocracia que têm se voltado
para além dos modelos racionais tradicionais, em direção a perspectivas que
enfatizam as contradições na estrutura organizacional, por distorções de
procedimentos racionais oriundos de ações políticas orientadas por interesses.
A teoria dialética tem suas bases em Hegel, em sua visão de um mundo
pluralista. Mas Benson (1977, p.1) utilizou as bases do materialismo dialético
de Marx para desenvolver sua concepção de análise dialética, pois considera a
organização como um "fenômeno concreto e multi-nivelado, cercado por
contradições que continuamente enfraquecem suas características explícitas". Na
concepção dialética, o mundo está em contínuo estado de mudança e não existem
arranjos permanentes; na realidade existem padrões temporários e arbitrários e
que devem ser considerados como uma entre muitas possibilidades. Na análise
dialética procura-se observar a transformação desses arranjos em novas
combinações, envolvendo a busca "por princípios fundamentais que respondem pelo
aparecimento e dissolução de ordens sociais específicas" (BENSON, 1977, p.4). A
análise dialética deve ser conduzida observando-se quatro princípios básicos:
construção e produção social, totalidade, contradição, e práxis.
Construção e produção social: O compromisso ontológico básico enfatiza a
produção social: "pessoas produzem o mundo social e são, por sua vez,
produzidas por ele" (BENSON, 1983, p. 332). A transformação do mundo social se
dá a partir das interações entre as pessoas, construindo-se padrões sociais e,
eventualmente, arranjos institucionais, que são continuamente modificados ou
substituídos. Esses arranjos sociais têm origem nas atividades cotidianas e a
"produção da estrutura social é guiada e restringida pelo contexto" (BENSON,
1977, p.4).
Para Feldman (2000, p. 624), as organizações são trazidas para a existência
através de relações sociais de produção, em que o poder exercido pela elite
gerencial é usado para reproduzir certos arranjos sociais e evitar que outros,
novos, surjam à tona. Também assume que esses arranjos são arbitrários e
resultam de processos políticos e históricos que podem ser propositalmente
alterados.
Totalidade: os fenômenos sociais devem ser estudados de forma relacional,
observando-se a "inter-relação complexa e mútua pelos quais os componentes são
construídos". Qualquer estrutura é vista como parte integrante de um todo
maior, concreto, e nunca como um evento isolado ou abstrato. No entanto, apesar
de olhar para o todo, ressalta a autonomia de suas partes. Para Filby e Wilmot
(1988, p. 347), os atributos de um indivíduo (por exemplo, suas habilidades)
são produto da totalidade das relações sociais.
Contradição: no processo de construção social encontram-se contradições,
rupturas e inconsistências na vida social. Segundo Benson (1977, p. 6),...
[...] as contradições sociais têm importantes efeitos sobre a
produção. (1) Elas podem ocasionar deslocamentos e crises que ativam
a procura por arranjos sociais alternativos; (2) elas podem se
combinar de modo a facilitar ou de modo a dificultar mobilização
social; (3) elas podem definir os limites da mudança dentro de
umperíodo particular ou dentro de um sistema determinado. A
consciência destes limites pode permitir a última negação dos
limites; mas no ínterim as contradições podem estar influindo
bastante.
Sabherwal e Newman (2003) descrevem a produção da contradição como sendo a
maneira pela qual a visão organizacional dominante é desafiada, em um processo
essencialmente conflituoso.
Como exemplo de contradição, Leflave (1996, p. 24) se propõe a investigar a
dimensão política das ações coletivas organizadas, onde o termo "político" se
refere apenas às atividades envolvendo poder administrativo. Analisando a
partir do que o autor denomina "dimensão ecológica das organizações", temos
que: (a) as organizações somente existem como sistemas sociais individualizados
se a elas são dadas existências autônomas como uma classe de sistema; (b) as
organizações somente existem quando são reproduzidas por seres organizacionais
em sociedades organizacionais: suas partes e ambientes constituídos por meio de
processos organizacionais. O autor insiste na idéia de que essa constituição
não é um fenômeno politicamente neutro, ela traz consigo processos de poder e
dominação.
Reed (1984), ao desenvolver o conceito processual de administração, afirma que
a natureza e o escopo do processo de negociação são assuntos controversos. O
pluralismo penetrante que afeta a constituição e a construção do fenômeno
organizacional, incluindo sua administração e o nosso conhecimento sobre ele,
não pode ser negado ou ignorado. Brown e Schneck (1979) colocam que a análise
política das organizações está diretamente relacionada à preservação de
sistemas de poder, privilégio e prestígio organizacionais. Farjoun (2002)
apresenta uma variante da análise dialética em que destaca o conflito como
fonte de mudanças, focando especificamente nas contradições e nos atores
sociais como principais fontes de contestação, e na dinâmica que os ligam às
mudanças organizacionais.
Práxis: No compromisso axiológico da análise dialética, a preocupação é com a
produção de mudança social em direção à práxis (BENSON, 1983, p. 335). Consiste
na "reconstrução livre e criativa de arranjos sociais em base de uma análise
debatida tanto dos limites como das possibilidades das formas sociais
presentes" (BENSON, 1977, p. 6). Afirma o autor:
O compromisso da práxis é duplo, descritivo - isto é, daquelas
pessoas que sob algumas circunstâncias podem se tornar agentes ativos
reconstruindo suas próprias relações sociais e em última instância
elas mesmas com base em análise racional - e ético - isto é, que as
Ciências Sociais deveriam contribuir para o processo de reconstrução,
para a liberação de potencial humano pela produção de formações
sociais novas.
Enfim, Benson (1983, p. 336) ressalta que a "visão dialética se constitui em
uma base contínua para a reconstrução de teorias assim que novas realidades
sociais são cuidadosamente examinadas", permitindo a crítica da realidade
organizacional existente e a construção de alternativas futuras (BENSON, 1983).
Realizamos uma pesquisa em revistas acadêmicas internacionais dos últimos 30
anos (1978 a 2008) que empregam análise dialética, a partir da base de dados
EBSCO. Destacaremos os resultados parciais sobre dois temas: pesquisa e
conhecimento; e tecnologia, inovação e desempenho empresarial. Sobre o tema
pesquisa e conhecimento, os artigos identificados foram os de Barton e Haslett
(2007), Lewis e Grimes (1999), Gioia e Pitre (1990), Tsoukas (1989), Morgan
(1981). São trabalhos que utilizam os métodos de estudo de caso, estudo
ideográfico, meta-triangulação e desenvolvimento teórico sobre assuntos como:
paradigmas e teorias, estudos ideográficos, multiparadigmas, metatriangulação.
Alguns empregam o nível de análise micro e outros o nível de análise macro. Ver
original
Sobre o tema tecnologia, inovação e desempenho empresarial, os artigos
identificados foram os de: DeLuca, Gallivan e Kock (2008), Sabherwal e Newman
(2003), Drummond (2003), Slappendel (1996), Drazin (1990), Weill e Olson
(1989), Robertson e Wind (1983), Fry (1982); Leatt e Schneck (1982), Ford e
Schellenberg (1982), Strasser et al (1981), Blau e McKinley (1979). São
trabalhos que utilizam os métodos de estudo de caso, desenvolvimento teórico,
análise histórica e análise de conteúdo; também alguns empregando o nível de
análise micro e outros o nível de análise macro. Observamos poucos trabalhos
integrativos entre o nível de análise micro e o nível de análise macro.
O método de análise dialético é pouco empregado no campo de sistemas de
informação, conforme revela nossa pesquisa bibliográfica sobre artigos que
utilizam essa abordagem. A prática revela que não há nada mais contraditório,
com rupturas e, na maioria das vezes, inconsistências, do que a implementação
de um sistema de informação. Entendemos que o método dialético tem grandes
contribuições a oferecer ao desenvolvimento do campo, tanto do ponto de vista
de produção do conhecimento teórico como de sua prática. Reforçando e
expandindo essa posição, em relação à ciência da informação, e ressaltando o
aspecto metodológico, Azevedo (2004, p.1) observa que a aproximação da
"hermenêutica com a dialética pode ser uma referência teórico-metodológica para
a área". O próximo tópico apresenta uma ilustração do uso do método.
4 Uma Ilustração sobre conhecimento emancipatório
Ngwenyama e Lee (1997) utilizaram o material empírico obtido do estudo de caso
de uma empresa denominada HCP (MARKUS, 1994) para investigar como a riqueza da
comunicação pode emergir do uso de e-mail por gerentes. O material empírico
utilizado nesse trabalho baseia-se no estudo de caso de uma empresa brasileira
denominada Sementes Selecta Ltda (MARINO; SCARE; ZYLBERSZTAJN, 2002). Embora o
caso tenha sido desenvolvido para o estudo das redes de relacionamentos,
definição de estratégias compartilhadas, padrões de concorrência e da
estratégia competitiva na busca de lucro diferencial, o material será utilizado
aqui para investigar a presença de conhecimento emancipatório relacionado com o
uso da tecnologia da informação. Uma síntese do material empírico e os
resultados da análise utilizando o método dialético encontram-se sumarizados no
QUADRO_1 e no QUADRO_2.
A nossa análise fundamentou-se nos seguintes pressupostos metodológicos: a) a
transformação do mundo social encontra-se enraizada nas características
fundamentais da vida social humana. Segundo Benson (1977, 1983), trata-se do
princípio da construção e produção social. Tal pressuposto se encontra também
em Dachler e Wilpert (1978), Astley (1985) e Hatch (1997); b) a realidade é
relacional e é possível estudá-la e compreendê-la considerando-se suas
múltiplas interconexões. Segundo Benson (1977, 1983), trata-se do princípio da
totalidade. Ver também Filby e Willmott (1988) e Seo e Creed (2002); c) o
processo de construção social contém contradições, rupturas, inconsistências e
incompatibilidades, e quebras radicais são possíveis devido a essas
características. Segundo Benson (1977, 1983), trata-se do princípio da
contradição. Ver também Eastman e Bailey (1998), Hatch (1997), Filby e Willmott
(1988), Grimes e Cornwall (1987), Bresser e Bishop (1983), Mitroff; Mason e
Barabba (1982); d) há processos de reconstrução livre e criativa de arranjos
sociais na base de uma análise reflexiva debatida tanto sobre os limites quanto
sobre as possibilidades alternativas de formas sociais presentes. Segundo
Benson (1977, 1983), trata-se do princípio da práxis, ver também Bradbury e
Mainemelis (2001) e Seo e Creed (2002).
Para esta análise, realizamos os seguintes procedimentos metodológicos: a)
reunir o material empírico para a investigação e construir o QUADRO_1; b)
destacar idéias importantes para a análise pretendida e construir o QUADRO_2;
c) definir as questões de trabalho mais detalhadas que orientaram a análise; e
d) demonstrar o resultado da análise. Com base na visão de Habermas sobre a
modernidade, podemos formular a seguinte questão de trabalho: há evidências da
existência de conhecimento do tipo emancipatório?
Se considerarmos a imagem do Sistema IP como dominação, entende-se que não pode
haver evidências de conhecimento emancipatório nesse sistema. Isso se deve não
somente à completa dominação por parte da empresa, ao uso do seu poder
absoluto, mas também ao fato de que as pessoas poderiam simplesmente não querer
ser livres, rejeitando a perspectiva da libertação por causa das dificuldades
que o exercício da liberdade pode acarretar.
Se considerarmos a imagem do Sistema IP como espaço de produção de acordos,
podemos incorporar à análise as duas expressões: "ajuste mútuo" e
"interdependência recíproca", indicando a possibilidade da existência de uma
estratégia emergente que disputa espaço com a estratégia deliberada da empresa.
O processo de negociação entre as estratégias emergente e deliberada indica a
existência de um processo de auto-reflexão por parte dos produtores. Maior
conhecimento deve ser desenvolvido sobre o significado das expressões "ajuste
mútuo" e "interligações recíprocas" do ponto dos agentes. No entanto, se esses
termos forem expressão de algum tipo de deformação ou deformações da divisão
social do trabalho praticado pelos agentes, isso significa que tais deformações
são incorporadas como contradição no processo de construção social e, portanto,
elas podem, conforme Benson (1977), ocasionar deslocamentos e crises que ativam
a procura por arranjos sociais alternativos; combinar-se de modo a facilitar ou
de modo a dificultar a mobilização social; e definir os limites da mudança
dentro de um período particular ou dentro de um sistema determinado.
5 Considerações finais
Nesse artigo, tratamos da relação entre sistemas de informação e o conhecimento
de interesse emancipatório. Iniciamos com uma breve introdução e apresentamos
as noções de modernidade, racionalização e conhecimento, utilizando
especificamente as idéias de Jürgen Habermas. Modernidade, racionalidade e
construção de conhecimento são noções importantes para a discussão de temas
relacionados à sociedade e às organizações. Normalmente não são assuntos muito
discutidos no campo de Sistemas de Informação. Nesse trabalho, essas noções
constituíram-se num contexto pelo qual foi possível propor e ilustrar a
utilização do método de análise dialético, no tópico três.
Utilizamos o material empírico do estudo de caso da Semente Selecta Ltda para
ilustrar a utilização do método de análise dialético, por meio do qual pudemos
ressaltar os princípios de construção e produção social, totalidade,
contradição e práxis, dentro das possibilidades que o próprio estudo de caso
proporcionou.
O método de análise dialético mostrou-se adequado para a análise da situação,
visto que se tinha como objetivo o desenvolvimento de conhecimento de interesse
emancipatório, conforme descrito. Os princípios fundamentais de Benson (1977)
são pertinentes às características do tipo de conhecimento emancipatório, pois
são adequados à análise de conhecimentos institucionais, além de serem
relativamente simples para a análise de organizações complexas.
A principal força do método de análise dialético é a sua simplicidade de
aplicação, embora exija um trabalho de deslocamento de modelo mental realizado
por parte do pesquisador. Esse deslocamento pode ser desenvolvido empregando-se
a noção de metáfora, conforme foi empregada nesse trabalho, inspirando-se em
Morgan (1996).
Uma das limitações dessa investigação consiste no fato do próprio estudo de
caso não apresentar dados que possibilitem uma discussão mais aprofundada sobre
interesses dos conhecimentos e a relação com sistemas de informação e
tecnologia da informação. Outra limitação do estudo diz respeito à
impossibilidade de acesso a fontes primárias de dados.
Observamos que a análise dialética fundamenta-se na visão de mundo dos
pesquisadores que a utilizam. Esse fato tem sido apontado como aspecto positivo
quando o objetivo é a exploração em nível de análise micro.
Entendemos que a forma de expandir o conhecimento sobre o conhecimento
emancipatório, e a utilização do método de análise dialético, consiste em
coletar os dados dirigidos para o tipo de análise, tanto em termos de conteúdo
como também em termos de detalhamento. Futuras pesquisas poderão ser realizadas
nesse sentido. Indica-se também a exploração de outras possibilidades de
fundamentação teórica proporcionada pela noção de matriz da racionalização,
destacando ou promovendo o diálogo entre outros autores. Essa via de
desenvolvimento de futuras pesquisas impõe consideráveis desafios teóricos e
práticos, com a possibilidade de efetivas contribuições ao campo de sistemas de
informação.