A política estadunidense de desgermanização do sistema de transporte aéreo
brasileiro: o caso da Condor
Introdução
Desde meados da década de 1930, o Departamento de Estado norteamericano vinha
criando agências para promover, além-mar, a produção industrial estadunidense.
Nelas eram alocados funcionários qualificados em tarefas de inteligência com o
fim de monitorar e captar mercados. Alguns desses braços se estenderam na
direção da América Latina, um espaço promissor à espera de investidores, o
qual, no final da década, acabou por se tornar inalcançável para os europeus. A
oportunidade de expandir-se, vislumbrada na Primeira Guerra, foi aproveitada,
portanto, na Segunda.1
O esforço para penetrar no dinâmico mercado de aviação e de transporte aéreo da
região amparou-se em pressões para estabelecer alianças com alguns governos
latino-americanos. Ajustou-se ao argumento de que a aviação comercial era, no
contexto da guerra, um meio para espionagem e agressão ao continente. Isso
serviu também de justificativa para o uso de mecanismos de controle, como as
eficazes Listas Negras.2 Por meio delas, bloqueava-se capital dos países do
Eixo, assim como atividade de técnicos e acionistas, mesmo os naturalizados ou
residentes, ou qualquer um que possuísse ligações, reais ou supostas, com o
Eixo. Isso obrigou fornecedores, compradores e seguradoras a cortar relações
comerciais com os bloqueados. Para sobreviver no mercado, a opção era negociar
exclusivamente com os Aliados. A lenta asfixia e a sujeição de tais empresas
foram mantidas de forma rígida, principalmente pelos Estados Unidos, que tinham
maior capacidade de pressão, aparato organizado e apoio bem concertado de suas
embaixadas e de agentes especiais ligados a vários órgãos do Estado.
A empresa de transporte aéreo Condor, embora obedecesse à legislação
brasileira, era subsidiária da Lufthansa e estava equipada com aeronaves
alemãs. Nesse artigo, será examinada e avaliada a atuação conjunta do Estado e
do capital privado norte-americanos no sentido de forçar o governo Vargas a
nacionalizar a Condor e substituir seu equipamento, funcionários e acionistas
por outros 'confiáveis', cedendo lugar a indústrias aeronáuticas dos Estados
Unidos e eventualmente a empresas aéreas desse país. Apesar das tentativas do
governo brasileiro de confrontar a pressão e proteger os trabalhadores alemães
e naturalizados, a pressão favoreceu o projeto político e comercial
estadunidense, iniciando a prolongada consolidação dos laços econômicos entre
os dois países. Nesse processo, o discurso ideológico, que destacava a
superioridade tecnológica dos artefatos aeronáuticos norte-americanos e a
necessidade de reforçar a solidariedade entre os países aliados, desempenhou um
papel da maior importância.
Os alemães no transporte aéreo sul-americano
A presença de imigrantes germânicos já era conspícua, na América do Sul antes
do início da Segunda Guerra. Aos poucos, eles haviam fincado raízes e
prosperado, e alguns se tornaram parte das elites socioeconômicas e políticas,
o que teve ressonâncias inesperadas quando passaram a ser vistos pelo
Departamento de Estado como uma espécie de quinta coluna a ser neutralizada.
Geralmente organizados em colônias, evidenciavam forte coesão social e
mantinham laços com sua terra natal, sua identidade e cultura. O caminho do
comércio, trilhado por muitos deles, complementava a atividade agrícola na qual
se ocupava a maioria. Essas comunidades foram a plataforma para que bem
treinados representantes comerciais, peritos na detecção de necessidades e
preferências de potenciais consumidores, introduzissem hábitos de consumo,
práticas contábeis e produtos alemães, e contribuíssem para disseminar uma
confiança quase inabalável na qualidade dessa indústria. O papel do agente
comercial foi estratégico na adaptação da produção às idiossincrasias locais e
na conquista, ao longo dos anos 30, de fatia importante dos mercados sul-
americanos. Em suas tentativas de penetração, o capital estadunidense teve de
levar em conta esse fator.
As máquinas e os sistemas aeronáuticos germânicos estavam entre os mais
avançados quando foram adquiridos por algumas das primeiras linhas aéreas
comerciais sul-americanas. Dado o elevado custo desses artefatos e o
conhecimento que sua operacionalização exigia, feito o primeiro investimento em
sua aquisição, o cliente tendia a solicitar treinamento, peças e inovações
tecnológicas da mesma fonte. Os alemães usavam o sistema de pool, e, com ele,
"ganharam o controle sobre as linhas aéreas domésticas", garantindo peças e
manutenção aos aviões que, em caso de acidentes ou ocorrências, eram
transferidos de uma linha para outra para máxima eficiência.3 Quando os Estados
Unidos se sentiram politicamente fortalecidos, trataram de extirpar, das
empresas de transporte aéreo da América, proprietários, dirigentes, acionistas,
pilotos e técnicos do Eixo e pessoas a eles relacionadas, apontados como ameaça
à segurança do continente. Ao mesmo tempo, cuidariam de substituir capitais,
equipamentos e métodos de operação, para aumentar as possibilidades de captar
mercados já formados e com possibilidades de expansão.
Subsidiária da Reconstruction Finance Corporation (RFC), a Defense Supplies
Corporation (DSC) era uma dessas novas agências do governo dos Estados Unidos.
Dedicava-se a administrar a escassez de produtos nas frentes de batalha, e a
oferecer assistência financeira e técnica e suprimentos às linhas aéreas
estadunidenses que atendiam aos países da América. Seus experts criavam bancos
de dados sobre aeronaves, milhas voadas, número de passageiros, rotas, métodos
e finanças das companhias, articulavam planos e buscavam aliados nas elites
políticas, empresariais e militares locais. Os projetos eram apresentados ao
governo norteamericano, para financiamento e subsídios, e aos interesses
privados. As seções econômicas das embaixadas atuavam como órgãos executivos
nas negociações com as autoridades nacionais, considerando, primeiro, a
necessidade de, por todos os meios possíveis, proteger, manter e desenvolver os
serviços internacionais dos Estados Unidos; segundo, a probabilidade de que a
maioria das outras repúblicas americanas deseje ter suas respectivas linhas
domésticas e alimentadoras assumidas por companhias genuinamente nacionais e,
terceiro, a possibilidade de cooperação com tais governos na criação de
companhias nacionais por meio de créditos para a compra de aeronaves e
equipamentos e talvez também para as operações iniciais. Nesse caso também se
considerava a participação, como acionistas minoritárias em tais companhias
domésticas, de transportadoras dos Estados Unidos - sejam as operadoras atuais
dos serviços internacionais ou outros interesses da aviação.4
O embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Jefferson Caffery, foi instruído a
tratar de tais temas reservadamente com o ministro das Relações Exteriores do
Brasil, Oswaldo Aranha, e outras autoridades, a enfatizar as vantagens, para o
Brasil, de ter a propriedade e administração "das companhias aéreas do país
agora pertencentes a europeus, tanto quanto a liderança e prestígio que vai
obter no campo da aviação", acenando com uma qualidade igual ou superior à
existente. Confidencialmente, fora informado da disponibilidade de fundos
nãoreembolsáveis para o alcance de alguns desses pontos.
O quadro do transporte aéreo brasileiro
As previsões de um aumento no fluxo entre as Américas trouxeram ao Rio de
Janeiro, em outubro de 41, uma comissão de congressistas estadunidenses para
investigar as condições das aeronaves e aeroportos, o treinamento e competência
de pilotos e tripulações, restrições legais a pessoal de operação, e a
suficiência de serviços de rádio, meteorologia e auxílio à navegação. Ela
constatou que a pequena frota da Navegação Aérea Brasileira (NAB) era
estadunidense, mas sua operação irregular e em condições pouco seguras. A
substituição dos monomotores alemães da Viação Aérea São Paulo (Vasp) era
urgente, sob pena de fechamento da companhia, situação similar à da Viação
Aérea Rio-Grandense (Varig). Muitos dos pilotos de ambas descendiam de alemães
e obtinham "notável sucesso em condições consideradas inseguras nos Estados
Unidos". Praticamente inexistiam meios de treinamento em aviões multimotores ou
em navegação e voo por instrumentos; militares e civis vinham sendo
encaminhados em número crescente aos Estados Unidos como aprendizes.5
Diagnósticos feitos por consultores das agências e da Embaixada do Estados
Unidos no Brasil foram traçando um quadro pormenorizado das empresas de
transporte aéreo doméstico. Com base neles, um plano conjunto da Divisão de
Aviação das Repúblicas Americanas do Departamento de Estado, dos Departamentos
de Guerra, Marinha e Aeronáutica Civil e da Coordenadoria de Relações
Comerciais e Culturais entre as Repúblicas Americanas foi apresentado ao
assistente do secretário de Estado, ao consultor de Relações Políticas da
Divisão das Repúblicas Americanas (Lawrence Duggan) e aos chefes das divisões
das Repúblicas Americanas e de Comunicações Internacionais. Também seriam
distribuídas cópias à RFC, à Pan American World Airways (Pan Am) e ao Civil
Aeronautics Board. O objetivo da proposta era "substituir não apenas
equipamento alemão, mas também, tanto quanto possível, pessoal, propriedade e
crédito, por equipamento, pessoal técnico, gerência, crédito e propriedade
confiável de origem hemisférica". Tal mudança era inatingível sem a reposição
dos operadores. E era "desejável preservar os interesses das operações
internacionais dos Estados Unidos" e seu controle sobre as redes locais, com
exceção dos casos em que isso interferisse com o objetivo de desgermanização.6
Roosevelt autorizaria a liberação de aeronaves. O custo seria coberto com a
abertura, na América, do mercado de bens e de serviços de administração,
consultoria e planejamento, financiamento, sistemas de voo, técnicos,
treinamento e atualização. Após importantes progressos na Colômbia, no Equador7
e na Bolívia - a qual exibia pujante atuação alemã no transporte aéreo, tendo
sido usada como campo de provas para testar a eficiência da intervenção que se
daria no Brasil -, o Departamento de Estado começou a exigir de Getúlio Vargas
o cumprimento das legislações interamericana e nacional, que proibiam a
contratação de pilotos de países do Eixo, mesmo naturalizados.
O Brasil constitui um arquétipo da participação alemã no transporte aéreo
doméstico, como mostram a Serviços Aéreos Condor,8 a Varig e a Vasp. Elas
mantinham vínculos exclusivos com os sistemas aeronáuticos da Alemanha e
exibiam uma extensa lista de sobrenomes dessa origem entre acionistas e
funcionários. A rede internacional era operada pela Pan Am - que mantinha uma
subsidiária doméstica, a Panair do Brasil, pilotada por brasileiros desde 1938
- e pela Linee Aeree Transcontinentali Italiane (LATI), expulsa em dezembro de
1941.9 A Condor tornou-se, então, o principal alvo da "desgermanização". Varig
e Vasp também estiveram na mira.10 A Federal Loan Agency (FLA) estava disposta
a oferecer financiamento para a fundação de companhias brasileiras ou
brasileiroestadunidenses (com ou sem participação estatal) e subsídios para
cobrir perdas operacionais em rotas não-viáveis. Seus peritos buscavam as vias
mais promissoras para captar suporte político, bombardear as autoridades com
competente propaganda e pressionar sem descanso, não lhes deixando alternativa
que não a de negociar para, por fim, asfixiar os investimentos alemães. A
implementação dessa política foi dificultada pelo amparo de Vargas aos
imigrantes, que se atenua à medida que aumenta o poder dos Estados Unidos no
cenário internacional. Contudo, não foi fácil conciliar certos propósitos do
Departamento de Estado com alguns de seus objetivos estratégicos e
geopolíticos, como o de apoiar o fortalecimento do Estado brasileiro e
incentivar sua inserção no setor privado aéreo.
A Condor e a política de segurança estadunidense
O processo de controle e reorganização da Condor foi exemplar, tendo durado
pouco mais de um ano. Ela possuía 25 aeronaves alemãs quando o comandante
Cândido Muricy Filho tornou-se interventor. Era sólida, embora atuasse com
equipamentos defasados. Atendia pequenas cidades como Carolina, Marabá, S.
Benedito, Saboeiro, Jaícos, Floriano, Caxias, Picos, Loreto, Santo Antonio das
Balsas, Grajaú, Pedreiras, Porto Velho, Labrea, Tabatinga, Rio Branco e Xapuri.
A ligação por hidroplano Corumbá-Porto Velho estava inoperante, mas a empresa
pedia a renovação do serviço, a extensão a novas localidades e o aumento de sua
periodicidade no norte e no nordeste. O Departamento de Estado temia que ela se
aproximasse às fronteiras ou interligasse países da América, como no trajeto
Corumbá-Iquitos, pedido em agosto de 40 e reiterado em abril de 41.11 Ao saber
de sua pretensão de operar um trecho para o Oiapoque, Caffery informou estar
"tomando as medidas apropriadas" - o que significava negociar com as
autoridades simpáticas para que negassem autorização,12 mas pouca ajuda
esperava do ministro da Aeronáutica, Salgado Filho, dito "favorável à causa
alemã". A densa malha da empresa aérea fez com que mesmo a produção
cinematográfica estadunidense, estratégica para a propaganda, não tivesse outro
meio para alcançar o interior do Ceará e do Piauí que não em suas asas,13 o que
foi negado pelo Embaixador dos Estados Unidos. O relações públicas da Condor,
que já presenteara Aranha com uma viagem ao Chile, colocou uma aeronave à
disposição de Salgado Filho, que cogitou em enchê-la com acompanhantes para uma
viagem ao Nordeste. Ao se interar da proposta, a embaixada fez outra oferta,
que foi aceita, enquanto os "amigos seguiram no avião militar".14
Com o avanço consistente da desgermanização na Bolívia, a embaixada anunciou
recursos e pessoal para iniciar, no Brasil, ação similar. Mas sua eficácia
dependia do empenho de Vargas que, além de não ser adepto incondicional da
política de segurança dos Estados Unidos no continente, parecia pouco "ansioso
de fazer tal movimento voluntariamente, como no caso da Bolívia".15 Consultores
norte-americanos começaram a agir. Sugeriram instalar observadores brasileiros
nos voos para dificultar a espionagem e impor penalidades por atrasos
inexplicáveis ou comportamentos suspeitos,16 e discutiram o efeito de medidas
como expropriação, pressões, ações indiretas, restrição à venda de combustível
controlado pelos aliados, oferta de serviços equivalentes ou algo de valor para
Vargas, interessado em montar uma siderúrgica e modernizar o Exército. A
centralidade da política de desgermanização da aviação para os Estados Unidos,
premidos tanto pelas exigências da guerra quanto pelas internas, aconselhava a
ampliação das concessões, mas para tentar acelerar decisões brasileiras usouse
como pretexto a impossibilidade de atender com presteza aos pedidos de
suprimentos. Acreditava-se que seria mais fácil convencer Vargas a nacionalizar
a Condor quando esta sofresse privações materiais, "especialmente se
equipamento completamente novo for obtido em termos excepcionalmente
razoáveis".17 As agências norte-americanas tiveram também de se harmonizar com
os interesses da Pan Am, "o instrumento da política de aviação dos Estados
Unidos no Brasil, e a única companhia norte-americana preparada para inaugurar
imediatamente serviços transatlânticos entre o Brasil e a Europa".18
Os três principais planos norte-americanos - o Brazilian National Air
Transportation, o da FLA e o da Pan Am - tinham pontos em comum. Propunham
comprar as peças alemãs em estoque e aeronaves obsoletas para alocá-las em
pequenas companhias nos Estados Unidos, fora do alcance das empresas
brasileiras que, sem outra saída, teriam de apelar ao fornecimento
estadunidense. Sugeriam investir na NAB, uma companhia "limpa", do agrado de
Vargas, para que duplicasse suas rotas com novas máquinas e, assim, superar a
Condor que, em crise de escassez de equipamentos, vinha, segundo Aranha,
contrabandeando motores via Buenos Aires em navios espanhois.19 A FLA
disponibilizaria empréstimos a fundo perdido, e o Office of Production
Management, suprimentos para as companhias comerciais à míngua. Aventou-se a
penetração, na Condor, do tipo quinta-coluna, de estadunidenses qualificados,
contratados para instruir os brasileiros no uso do equipamento e na
administração, até que o material fosse pago ou que parecesse desejável remover
os infiltrados. O treino com segurança em um novo sistema era lento e
indispensável, prolongando o prazo de adaptação. Não iria um acidente pôr tudo
a perder, manchando o prestígio que os Estados Unidos tratavam de construir com
esforço. Apesar do diagnóstico da DSC de que os padrões técnicos das empresas
brasileiras eram extremamente baixos, havia um componente cultural a ser
arrostado: a prática de manejo e a confiança no sistema e produtos alemães,
visivelmente consolidadas no Brasil.
Em fevereiro de 1941, a Pan Am havia submetido, ao governo dos Estados Unidos,
um plano: maior redução no fornecimento de combustível à Condor e eventualmente
o corte total, e a compra de suas propriedades físicas pela Panair. Esta podia
renovar sua frota, ampliar trajetos e horários, mesmo os deficitários, com
empréstimo da DSC, e se equiparar ou superar a Condor que, "amaciada" pelo
prejuízo, se prepararia para a eliminação. Em 20 anos, a Panair se
nacionalizaria.20 O governo brasileiro também fora procurado pela Pan Am e
corriam rumores de que a Condor havia feito proposta semelhante, com o
pagamento para depois da guerra, e que Vargas teria considerado entregar a
administração da empresa ao brigadeiro Eduardo Gomes.21 Mas a estratégia da Pan
Am não visava à desgermanização. Logo, o Departamento de Estado e a RFC
passaram a coordenar as negociações no Brasil, e a Pan Am teve que esperar
sinal para entabular conversações.22
O esboço do Brazilian National Air Transportation Plan, de William Burden e
Frank Russel, foi discutido com Aranha, Salgado Filho e o chefe do Departamento
de Aeronáutica Civil (DAC), entre outros, em julho de 1941. Ele se fundamentava
no desgaste do equipamento, o qual logo deixaria de responder às necessidades
do país, e apostava que despertaria o interesse de Vargas por uma nova
companhia, operada por brasileiros, com mais de 50% de capital nacional, que
absorvesse as empresas nacionais (isso deixava de fora a Condor) e cujos aviões
fossem de fabricação estadunidense (o que excluía Varig e Vasp ou seu
equipamento). Subsídios adicionais ou já existentes seriam transferidos a ela.
Para o pagamento da dívida em termos "absolutamente favoráveis", aceitavam-se
aeronaves alemãs; garantia-se assistência técnica e operacional e treinamento,
e seria sacrificado o controle majoritário das ações da Panair. Mas,
como proprietário de 49% do estoque de ações da companhia nacional
brasileira, o capital norte-americano deteria uma posição muito
importante no transporte aéreo local. Mais ainda, eliminada a
principal concorrente, a Condor, e incorporados outros potenciais
concorrentes, sua posição, daqui a cinco ou dez anos, seria melhor do
que se a Panair do Brasil continuasse a ser 100% norte-americana.23
Podia-se, assim, esquivar os nacionalistas, eliminar as concorrentes e o
capital alemão e, por fim, retirar os lucros das ações da única empresa de
transporte aéreo do país. O viés monopolístico, proibido pela Constituição, só
foi apontado como inaceitável pela Panair. Do ponto de vista administrativo, os
Estados Unidos lidariam com uma empresa ao invés de quatro, a complexidade do
programa seria menor, mais eficiente o uso de equipamento e de pessoal, e mais
fácil manter, depois, as influências alemãs fora de uma companhia forte com
participação acionária estadunidense. O aumento na demanda beneficiaria
indiretamente a Pan Am no setor internacional. A DSC sustentava que os
interesses estadunidenses no setor deveriam ser preservados, tanto quando
possível, mesmo pressionando a Pan Am a desistir do controle da Panair. Outra
opção era incluir um contrato com a Panair "similar, mas possivelmente menos
rígido do que aquele adotado na Bolívia e contemplado na Colômbia, para
assegurar adequada e contínua supervisão técnica", acompanhado de acordos para
não haver superposição de linhas.24
Por parte do Departamento de Estado, subsistia o temor de que a perda de
identidade da Vasp, Varig e NAB ferisse o orgulho nacional, o que dificultava a
aquiescência do governo com a fusão, apesar de a qualidade administrativa delas
ser tão baixa que o dano seria pequeno e a satisfação do governo mais do que
compensadora. Por isso, sugeriu que, eventualmente, elas se tornassem
subsidiárias nacionais da nova companhia. Vargas não respondia. Os serviços
oferecidos pela Condor e ainda os da LATI eram vitais, e tinham que ser
mantidos, mas acreditavase que ambas poderiam ficar à mingua de gasolina em
dois ou três meses, "até que possamos fornecer aviões e equipamentos para
capacitar a Pan Am ou uma nova companhia nacional" a cobri-los, sem muita
oposição do governo brasileiro.25 A Panair pressionava, negando-se a cobrir uma
rota deficitária reivindicada pela Condor. A fim de obter sua colaboração, a
RFC prometeu os "aviões necessários, em base de arrendamento, para a duplicação
do serviço da Condor".26
Em novembro de 1941, sob o sugestivo título "O que a DSC fez e está preparada
para fazer para eliminar a Condor", Barclay Harding, vicepresidente da agência,
informava que a Pan Am exigia sete aviões para cobrir as rotas da Condor e um
para a Rio-Corumbá, inaugurada por incitamento da DSC. Caso o Brasil preferisse
transferir o controle da Panair ao governo e a brasileiros natos, estabelecer-
se-ia um contrato de longo prazo. Equipamento alemão era aceito para abater a
dívida. Por fim, seriam oferecidas 94 bolsas para treinamento de pessoal.27
Havia expectativa de que Vargas aprovasse a instalação de uma concorrente. A
Pan Am já se dizia disposta a qualquer esforço indispensável para eliminar a
Condor, adquirindo os ativos desta em terra e operando seus serviços por cinco
anos sem subsídios, e ainda podia surpreender todos, enviando ao Brasil um
amigo de Aranha para tentar diminuir seus preconceitos. Ao ser informado pelo
Embaixador de que a Condor tinha sido colocada na Lista Negra, Aranha teria
replicado: "e a Panair na nossa."28 Sabidamente hostil à Panair, mesmo se
controlada pelo Brasil, o ministro se opunha enfaticamente a que ela
incorporasse a Condor e colocava condições: manter os empregados brasileiros
confiáveis, o que solucionava a preocupação com o desemprego de técnicos, e
utilizar a Panair apenas temporariamente.
Com a declaração de guerra pelos Estados Unidos, a Pan Am foi proibida de
atender passageiros germânicos - entre os quais, supostamente, os espiões. O
DSC suspeitava da presença de pró-nazistas ou anti-Estados Unidos na cúpula do
DAC e no gabinete técnico do Ministério da Aeronáutica, e que o controle da
Condor pela Força Aérea Brasileira ocultaria a influência alemã "sob uma
máscara brasileira". Por isso, o DSC preferia apostar na cooptação de setores
da elite brasileira para a causa estadunidense e atrair empresários, oferecendo
financiamento para a compra da Condor. Tirando o governo da jogada, a companhia
estaria sob controle e aí, confessa Harding aliviado, "teríamos tempo para
reorganizar a firma sob as diretrizes que nos pareçam ser as mais
apropriadas".29 Mas duvidava que a Alemanha aceitasse negociar. A situação só
seria definida rapidamente se Roosevelt autorizasse o corte de combustível. Com
efeito, o Departamento de Estado usou esse poderoso recurso, previsto na Lista
Negra, para minar as forças da Condor.
A Standard Oil já vinha usando de subterfúgios para não atender pedidos.
Alegava que não tinha espaço nos tanques do navio, que este já havia deixado o
porto, ou que só podia fornecer combustível para menos do que trinta dias.30
Para resolver suas urgências, a Condor recorreu ao Exército, de onde a
Embaixada identificou um desvio de 300.000 litros,31 à International Petroleum
e à Standard Oil no Peru e na Bolívia. O comandante da base aérea naval de
Florianópolis, tido como simpático aos nazistas, também desviava combustível.32
Havia rumores de que setores militares brasileiros com fortes simpatias pela
Alemanha, embora não necessariamente pelo nazismo, apoiavam a empresa. A
Standard do Brasil foi ameaçada de processo por quebra de contrato.33
O secretário de Estado, Cordell Hull, pressionou o Chile, que devia "cessar
imediatamente todas as entregas de gasolina e óleo" ao Syndicato Condor, e
ordenou sua redução na Argentina.34 Em 13 de dezembro, Caffery foi instruído a
interromper as vendas de combustível à Condor. Os efeitos foram dramáticos. No
mesmo dia, a companhia comunicou ao DAC a suspensão total do tráfego, "a
despeito do fato de que tinha em mãos suprimento para três semanas", disse
Harding, porque "aparentemente, esperava trazer a público um clamor pela
retomada de seus serviços antes que pudéssemos conseguir sua substituição, mas
tal clamor não surgiu."35 A partir daí, chegaram telegramas de informantes de
Buenos Aires, Corumbá, Vitória, Manaus, Porto Alegre, Porto Velho, Rio Branco,
Natal, Curitiba, S. Paulo e Florianópolis, confirmando a paralisação. Por meio
de observadores navais, agentes consulares e da Panair, o adido militar norte-
americano mantinha-se a par da movimentação dos aviões ao longo do litoral, e
informava sobre partidas, chegadas, horários, aeronaves e mecânicos nos
hangares, e tendências políticas de responsáveis por bases aéreas e
aeroportos.36 O Departamento de Guerra do Estados Unidos solicitou que o Brasil
colocasse guardas "em todos os depósitos de gasolina, aviões e campos da
Condor, especialmente naqueles que apontam em direção à Colômbia, já que, no
sudeste colombiano, existem diversos campos de aviação sem supervisão, dos
quais os aviões podem decolar para o Panamá."37
Em resposta às pressões, Aranha, em consulta com Harding, apresentou sua
alternativa: fundar uma nova empresa que comprasse o acervo da Condor, com
controle acionário de brasileiros sem vínculos prévios com a companhia ou com o
governo alemão, mantendo alguns dos diretores nos cargos ou como acionistas em
condição minoritária.A DSC resgataria a dívida com aLufthansa e teria amplo
espaço de manobra, indicando estadunidenses para reorganizar a empresa, treinar
pessoal, e garantir a eliminação daqueles que pudessem prejudicar a defesa do
hemisfério. No prazo de três a cinco anos, a empresa seria operada
exclusivamente por nacionais. Aranha se dispunha a cooperar caso suas sugestões
não fossem aprovadas pela Embaixada dos Estados Unidos.38
O pessoal indesejado da Condor: germânicos e descendentes
Durante o tempo em que não havia substitutos disponíveis no Brasil nem nos
Estados Unidos, posições-chave na Condor continuavam a ser ocupadas por alemães
e brasileiros de origem alemã "com forte simpatia nazista".39 A imprensa já
noticiara o quão doloroso era "para os que ajudaram a cimentar esta obra, se
verem forçados a abandoná-la porque não são brasileiros natos, mormente para os
que chegaram a despender 14 anos de cooperação leal e esforçada a serviço da
empresa. Felizmente, a maioria compreendeu que era indispensável o sacrifício,
e a medida justa e humanitária que assegura a indenização".40 No final de 1941,
dos 866 alemães da Condor restavam 300, mas 79,1% dos que recebiam os mais
altos salários tinham sobrenomes alemães.41 Os interventores dispensaram
pessoal dessa origem, alguns especializados e com muito tempo de serviço, o que
continuou a ocorrer penosamente, a partir dos cargos mais altos. Caffery
alertara Vargas de que as prioridades da DSC podiam dificultar o atendimento
aos pedidos de aeronaves, e qualquer demora nas decisões implicaria em "desvio
desse excelente material".42 A situação era difícil. A Embaixada desconfiava da
lealdade do Ministério das Relações Exteriores, dos interventores e de suas
alegações de carência de nacionais habilitados. Numa companhia dessa natureza,
quase todas as funções acabavam por ser estratégicas, e a presença de
"inimigos" representava riscos, potenciais ou imaginários. Em dezembro,
enquanto Muricy desenvolvia seus próprios projetos para reorganizar a Condor,
as propostas de Caffery não tinham sido respondidas, e outros planos
continuavam igualmente ignorados.43 Até janeiro de 1942, a oferta de técnicos
estadunidenses e a aprovação de novas rotas da Panair, em troca da aquisição de
equipamento vinham sendo rejeitadas. Rotas suspensas estavam por ser retomadas,
e em breve as estações de rádio voltariam a funcionar. O problema era o que
fazer, daí por diante, com a companhia, que seguia na Lista Negra a despeito
dos esforços de Muricy. Frente às cobranças das autoridades brasileiras,
desejosas de reativar a companhia, mas receosas de que a Panair quisesse
assegurar para si o monopólio dos transportes, a embaixada temia que, como
próximo passo, o Brasil solicitasse combustível, cuja liberação, "antes da
eliminação da perigosa influência alemã", especialmente de pilotos e operadores
de campo de pouso, estava fora de cogitação.
Apesar das considerações do governo brasileiro, simpáticas aos empregados
alemães e naturalizados, fosse por razões de cunho social ou por julgar
insuficientes as provas da periculosidade dos indicados, o Departamento de
Estado só retiraria a companhia da Lista Negra com a exoneração de todos eles.
Obter permissão para dispensá-los sem satisfazer seus direitos trabalhistas
viabilizou-se por meio de uma reinterpretação da lei de estabilidade: o
interesse público.44 Um decreto-lei de 31 de agosto 1942 possibilitou a
demissão, sem indenização, dos estrangeiros do Eixo não-naturalizados,
certificados pela polícia ou por outra evidência documentada como perigosos à
segurança nacional ou ao funcionamento adequado da empresa onde trabalhavam. Em
alguns casos, não se aplicava aos que vivessem no Brasil há muitos anos,
proprietários, com cônjuges ou filhos brasileiros. Em geral, o Ministério do
Trabalho autorizava dispensas em empresas que não eram de utilidade pública nem
tinham relação com o esforço de guerra, e instituía pequenas indenizações.45
Aplicação tão estrita fez com que exonerar trabalhadores qualificados
importasse em pesados custos. À espera de solução legal, cogitou-se em
afastamento remunerado, ideia rechaçada pelos estadunidenses, que preferiam
evitar que lhes sobrasse tempo para atividades subversivas.46 Quando quase todo
o pessoal germânico foi expurgado, a administração voltou-se aos brasileiros a
ele associados.
As avaliações sobre a confiabilidade das intenções e dos programas de demissão
dos interventores oscilavam. Em abril, Francis L. Duncan, enviado pela DSC, já
se convencera dos esforços de Muricy e de Bento Ribeiro Dantas, ex-diretor
mantido durante a intervenção, "um negociante estabelecido, com considerável
conhecimento e ideias práticas sobre o quadro da aviação, no Brasil, e na
Condor em particular". Sinceros, agradáveis e cooperativos, "esses cavalheiros
são, primeiro, brasileiros leais e, segundo, pró-aliados" e discutiam
francamente seus planos e problemas. Portanto, não hesitara em cooperar com
eles, esclarecendo-lhes suspeitas que atrasassem a remoção da Lista Negra. Até
aquele momento,
mantiveram-me constantemente informado sobre o estado de seu programa
de desgermanização e até a data estavam bem adiantados, tendo na
última semana dispensado dez alemães que tinham sido agendados para
1º de julho. Estou convencido de que pretendem eliminar completamente
todos os alemães e empregados pró-Eixo e não acredito que seu
programa se atrasará, a menos que falhemos em fornecer assistência
técnica a tempo para permitir que se complete em julho.47
Diante do compromisso das autoridades brasileiras de eliminar todo e qualquer
pessoal que fosse apontado como pró-alemão, Hull reafirmou a disposição em
cooperar para "assegurar a reorganização bem-sucedida e a operação da Condor
como companhia brasileira". Designou a Caffery e Harding a tarefa de indicar
"indivíduos específicos cuja remoção faria a atual organização razoavelmente
satisfatória", e que tipo de pessoal estadunidense ou brasileiro seria
necessário ou aconselhável para substituí-los. E, para tranqüilizar Vargas,
temeroso das intenções monopolistas da Panair, exigiu que a Pan Am suspendesse
as rotas que duplicavam as da Condor. Mas instruiu que se evitassem menções à
liberação de combustível e à retirada da Lista Negra.48 A tática era criar
empecilhos ao seu reconhecimento como empresa brasileira confiável, bloqueando-
a sob a alegação de que era vital para a espionagem e atividades de propaganda
inimiga.
Tentando abrandar os entraves colocados pelo Brasil, a DSC se dispunha a
aceitar os aviões alemães e a passar à Condor os novos, que tinham sido
entregues à Panair. O DAC rejeitou.49 Dado que os serviços de inteligência
estadunidenses asseguravam que os alemães pretendiam voar de Dacar a Natal,50 o
controle do espaço aéreo entre a África e a América era um recurso de poder. No
clima de pressões, o adido naval estadunidense declarou ser indesejável, no
nordeste, a operação de um aparelho da Condor que, por ser muito semelhante aos
aviões de guerra alemães, poderia confundir e permitir que estes aterrissassem
nas bases navais sem serem incomodados.51 Ninguém deixava de observar.
Com os estatutos refeitos, as ações e a administração em mãos de brasileiros
natos, Muricy pediu ao ministro da Aeronáutica para reiniciar os serviços. Voos
e deslocamentos de aeronaves para conserto foram autorizados por ele perante a
apresentação de uma lista dos funcionários da companhia com suas respectivas
nacionalidades.52 Numa reunião em Washington com o Departamento de Estado e a
DSC, o embaixador do Brasil, Carlos Martins, e o ministro das Finanças, Arthur
de Souza Costa, precisaram oferecer novas garantias de desgermanização da
Condor para obter materiais de defesa para o Brasil.53 Mas o Departamento de
Estado insistia em sua alta periculosidade. Havia a opção de o Brasil aceitar
que a Panair, que já tinha mais de 90% do serviço da Condor, continuasse a
postos, mas os estadunidenses eram conscientes dos sentimentos contra a Panair,
que tampouco tinha desempenho satisfatório. Os Estados Unidos ofereciam
consultores para reorganizar a Condor, aviões novos, com os quais o pessoal de
voo não estava familiarizado, e treinamento para formar mecânicos em sete
meses, pilotos em oito, supervisores mecânicos em 20, e engenheiros
aeronáuticos de alta classe em dois anos. Era serviço completo. Assim,
"gradualmente, sob a supervisão dos consultores civis estadunidenses, os novos
equipamentos podem ser introduzidos" até a substituição total.54 Para
pressionar o DAC, o argumento era que, "se os serviços de substituição da
Panair permanecessem, a Condor não poderia funcionar com sucesso, a menos que o
governo brasileiro quisesse pagar um grande subsídio para operar aviões
vazios."55 Um mês depois, consideravase a hipótese de propor a retirada da
empresa da Lista Negra como prêmio pela execução do plano, e notificar a Panair
a deixar as rotas da Condor.56
Após dias de reuniões, estimativas de custos de operação e de equipamento, e
visitas à base da Condor, Duncan, Dantas e Muricy revisaram planos e problemas.
Dantas pediu então a Aranha três aeronaves e assistência técnica
estadunidenses, e avisou a Lufthansa da transferência do débito para o governo.
A pressão exercida pela Lista Negra era, no entanto, insuportável, e havia
grande ansiedade em solucioná-la de modo a obter combustível, equipamento para
manutenção e vistoria dos novos aviões, e os assistentes técnicos indicados por
Duncan. Para este, aviões e empregados habilitados nas técnicas e métodos
usados pelas empresas domésticas nos Estados Unidos assegurariam o salto da
Condor para tornar-se economicamente segura e eventualmente uma das melhores
empresas na América do Sul, comparável às mais modernas no mundo. O pedido de
três aviões seria apenas o primeiro, seguido por quantidades crescentes. Logo
que a empresa saísse da Lista Negra, ele pretendia retornar a Washington para
providenciar peças e técnicos, levando consigo Dantas e pessoal para
treinamento.
Hull procurou aproveitar a solicitação de gasolina e os recuos de Vargas para
impor condições, como a eliminação de operadores de rádio e de um diretor
"alemão", Ernesto Hoelen ou talvez Hoelik, Holck, Hölck ou Hoelck, dizia, e a
desvinculação com a antiga empresa, deixando a Caffery decidir a desejada
mudança do nome, "a fim de dar ênfase ao fato de que ela foi reorganizada como
uma companhia nacional brasileira".57 A reforma do contrato social cancelou o
poder de Hoelck; suas ações passariam a brasileiros aprovados por Aranha.58 Tom
Hardin, técnico em aviação da DSC, foi enviado ao Rio para indicar que
empregados demitir, e pessoal temporário dos Estados Unidos para treinar
brasileiros satisfatórios para as vacâncias. A operação não havia terminado,
mas a Embaixada aconselhava prudência. Qualquer reorganização da Condor sob
direção estadunidense não parecia possível ou desejável. Novas pressões sobre o
Brasil soariam como impertinência. Deixada por conta própria, a companhia
continuaria a se desintegrar; se expropriada, os Estados Unidos correriam o
risco de perder o controle garantido pelas restrições à venda de gasolina, mas
estas se tornavam constrangedoras se o pedido viesse do governo Vargas, que se
tornaria concorrente da Panair. Em suma, "o mais desafortunado desenrolar para
o transporte aéreo internacional norte-americano, o qual provou ser um elemento
importante no comércio interamericano e na defesa do hemisfério".59
Nesse ínterim, Muricy e Dantas sugeriram o confisco do débito da Condor para
repor a perda dos navios brasileiros bombardeados. Vargas demonstrou simpatia
pela ideia.60 Em março de 1942, os bens da Lufthansa foram transferidos à
Condor, e, pelos decretos-lei 4166 e 4174, pessoas jurídicas organizadas
segundo a lei brasileira passaram a interventores militares, o que incluía a
grande massa das aplicações alemãs. A Embaixada acusou esses interventores de
trabalharem para a Alemanha e de promoverem os fins de tais empresas, como
meros subalternos. Para acalmar os ânimos, Aranha declarou que a oportunidade
de transformar a Condor em uma companhia genuinamente brasileira fora um dos
raros benefícios trazidos pela guerra. Duncan era de opinião que o Brasil
pretendia assumir o débito para mantê-la em operação, expandindo-se como
empresa nacional.61 Em abril, o governo auditava os débitos com a Lufthansa. A
posição do caixa da Condor parecia ruim: devia à Alemanha mais do que o dobro
de seu ativo, mas, analisava um funcionário júnior da embaixada, aquela não era
"uma questão séria porque, se ganharmos a guerra, os interesses alemães serão
adequadamente cuidados e, se perdermos, a Alemanha se apropriará do Brasil de
qualquer maneira." Preocupante era a frouxidão do governo em eliminar os
investimentos alemães, facilmente solucionável por um decreto-lei, ou a falta
de informação a respeito dos empregados indesejáveis.62
Harding participou em três reuniões: uma com Eduardo Gomes, outra com Junqueira
Alves, novo diretor da DAC, e por fim com Muricy. Embora a Condor estivesse
sendo administrada por brasileiros, esses eram apontados como "agentes e
empregados do governo alemão e pró-Alemanha em suas simpatias". A filiação
ideológica era uma alegação sempre pronta a ser esgrimida. Questionado a
respeito, Eduardo Gomes admitiu o fato, mas argumentou que "o povo tem
permissão para ter quaisquer ideias que deseje, desde que não estejam contra os
interesses do país".63 Segundo o adido naval norte-americano, Gomes chegara a
Recife pela Condor, pouco antes, em companhia de um oficial alemão. Tal
atitude, coerente com as declarações democráticas do brigadeiro, deixava os
agentes do Departamento de Estado assustados.
Harding não acreditava no empenho de Vargas em tornar a Condor uma empresa
nacional, tendo sido recorrentemente recusadas as ofertas da DSC. Contudo,
Muricy lhe expusera seu enorme desejo de livrar a empresa da Lista Negra, tendo
declarado que "muitos dos brasileiros na companhia, que tinham antes expressado
sentimentos pró-germânicos porque queriam ficar bem com os empregados alemães,
agora expressavam diferentes opiniões". E, apesar de haver muitos simpáticos
aos alemães, eles eram brasileiros, e não agiriam contra os interesses do país.
Ele se ressentia da imposição de pessoal e equipamento e queixava-se da Panair,
que teria desenvolvido um plano sagaz para estabelecer um monopólio no Brasil e
tirar vantagem durante esse período difícil.64 Certo de que Muricy não se
decidia entre alemães e estadunidenses, Harding sugeriu ao DAC que indicasse
"um homem ou um comitê experiente em negócios e aviação para analisar o
transporte aéreo brasileiro e formular um plano para seu desenvolvimento." O
baixo prestígio de Muricy junto ao Departamento de Estado podia piorar com a
opinião de que tanto ele como Dantas eram
completamente incompetentes enquanto homens de negócios e executivos,
e incapazes de dirigir as operações de uma linha aérea em boas
condições... ambos são conscientes de suas deficiências e sua
insistência na manutenção de Hoelck tem como o propósito manter
alguém mais na base, capaz de executar os deveres que eles
ostensivamente estão assumindo.65
Em maio, técnicos alemães e naturalizados seguiam em posições estratégicas. O
tempo era insuficiente para que eles capacitassem os brasileiros, mas bastante
para insinuarem ideias germânicas. Antigos sócios continuavam como diretores ou
tinham indicado os novos. Aparentemente, apenas Muricy não tinha conexões com
eles, mas as dúvidas sobre sua competência não tinham sido afastadas.
Malentendidos e discordâncias sobre os riscos de subversão interna vinham
ocupando tempo que os interventores podiam dedicar a um programa de introdução
de equipamento e assistência técnica norteamericana. Duncan advertia que o
trabalho dos estadunidenses não seria apenas o de ensinar a operar aviões,
técnicas de vistoria e manutenção, mas "eliminar a influência alemã e instilar
ideias americanas",66 e somente com a instalação de pessoal leal em posições-
chave se confirmaria ou não a existência de atividades subversivas. Defendia a
infiltração.
Para tentar acabar com a história que se arrastava e com as perdas sofridas
pela Condor, que já vinham irritando Vargas, Aranha solicitou à embaixada que
enviasse alguém para instruir o que fazer: "a designação de um técnico de sua
confiança para certificar-se de que a Condor é uma empresa brasileira e só age
de acordo com os interesses do Brasil". Ao mesmo tempo, mandou um recado para a
Panair, ao dizer que o governo pretendia "evitar a existência no Brasil de um
monopólio aéreo, real ou disfarçado".67 A situação era tão obscura que, em
agosto, os jornais do Rio estamparam um anúncio pago: "A Condor é brasileira...
desejamos chamar a atenção do povo desta capital, nessa grave hora de nossa
vida nacional, quando ele está expressando sua indignação diante da brutalidade
do totalitarismo, de que não deve agir sem primeiro se assegurar contra quem
está."68 O objetivo era protegê-la dos quebra-quebras contra as propriedades
alemãs que se seguiram ao bombardeio de barcos brasileiros.
O início da era DC3
A Condor havia reassumido, em princípios de 1942, a rota Porto Velho-Rio
Branco, usando o antigo hidroavião alemão de quatro passageiros, cujos voos
semanais coincidiam com os da Panair.69 Muricy rejeitara o equipamento e a
assistência técnica estadunidense já que o ressentimento provocado nos
orgulhosos alemães e pró-alemães por esse tipo de ingerência tornaria
impossível à companhia operar. Mas Hardin assegurava que os aparelhos alemães
praticamente não tinham valor como meio de transporte rápido. De início
desconfiados, os interventores foram sendo convencidos. Após conversas com o
ministro da Aeronáutica, optou-se, em março, por um DC3. O DSC esperava uma
encomenda inicial de não mais que cinco unidades, cujo atendimento justificaria
um certo "sacrifício", mas colocaria "automática e simultaneamente o pessoal de
operação estadunidense dentro da organização". Eventualmente a reposição
chegaria a 100%.70
Conquistados pelas "marcantes vantagens econômicas do DC3" que, embora mais
caro, era de operação mais econômica e poderia garantir um lucro de US$0,35 por
milha, enquanto os JU52 provocavam uma perda de US$0,31,71 ficava difícil a
Dantas e a Muricy insistirem nas máquinas alemãs, e eles decidiram solicitar os
aviões e a assistência. Os serviços de inteligência estadunidenses viam
perspectivas. As relações comerciais com a Condor manteriam a necessidade de
assistência por um período considerável e o governo dos Estados Unidos
"acuradamente informado". E tudo seria coroado pela amizade continental. Duncan
recomendou presteza e "uma atitude muito liberal referente aos aspectos
econômicos da transação". Tornando-se a Condor economicamente viável, tomava-se
o lugar do capital alemão.
Mas o Departamento de Estado se dizia descontente até que a influência alemã
fosse "satisfatoriamente eliminada". Para uma empresa que dependia de
equipamentos e combustíveis importados, a inclusão na Lista Negra era fatal, e
a demanda dos interventores era livrá-la do empecilho. O episódio se
caracterizava por oscilações e posturas obstinadas por parte dos Estados
Unidos. Ora se dizia que as garantias eram insuficientes, ora que a
administração não cumpria as metas. A exclusão da Lista funcionaria "como
atestado de saúde". Aumentava o rol dos funcionários cuja dispensa era exigida,
com justificativas imprecisas para alguns e sem acordo entre os governos em
relação a outros. Em abril de 1942, Harding confessou que não estava seguro do
fim da influência alemã na Condor ou de sua utilização para espionagem, e o
mesmo sentiam Hardin e Caffery. Contudo, mantê-la na Lista Negra tinha sido uma
das mais constantes fontes de fricção, e os danos talvez ultrapassassem
qualquer proveito obtido. Portanto, aconselhava a contraespionagem. Se isso
possibilitasse descobrir atividades do Eixo na Condor, a ação direta do Brasil
seria uma resposta mais imediata e permanente do que o controle estadunidense,
necessariamente remoto.72 Mas havia condições: de que a companhia se tornasse
uma sociedade anônima com ações nominativas, que sua diretoria fosse composta
sem interferência da administração anterior e por brasileiros natos confiáveis,
excluindo Dantas e Hoelck, "que sempre participaram da administração antiga da
Condor, radicados nos seus hábitos e sistema antes do advento da guerra, apesar
de serem ambos brasileiros natos".73
Muricy e Dantas solicitaram a ajuda de Aranha, acenando com a intenção de
contratar Duncan, cuja permanência como conselheiro técnico foi pedida até que
se concluísse o caso. A conveniência de adquirir três aviões obrigava a
concessões, e o poder dos Estados Unidos continuava a ser maior. A retirada da
Lista Negra não se concretizava, sob reiteradas alegações de que o Brasil não
havia cumprido integralmente sua parte.74 Em setembro, a DSC fez uma avaliação
negativa dos novos sócios e de suas lealdades à causa aliada, e da ingerência
da Lufthansa (que permanecia como credora), e considerou confusa a estrutura
organizacional e financeira da Condor. Mas "preparou-se para adquirir alguns
aviões para uso da Condor, junto com o equipamento necessário e o pessoal
técnico. No entanto, em vista do atraso e da pressão de outras necessidades de
guerra, esses aviões e equipamentos tiveram que ser usados em outro lugar e o
pessoal não pôde ser mantido."75
Já se ouviam, então, vozes favoráveis à exclusão da Condor da Lista Negra. Um
funcionário da Embaixada argumentou que seu bloqueio não era de vital
importância para o programa, e fricções diplomáticas poderiam obrigar à sua
retirada, dando mostra da fragilidade dos Estados Unidos, como no caso da
Brahma, "tão nazi agora como era há um ano atrás, e cuja retirada da Lista
Negra sem dúvida afetou adversamente o prestígio da embaixada".76 Os motivos de
preocupação deveriam ser, segundo ele, a tendência da Alemanha a burlar planos
e manobras estadunidenses e proteger seus investimentos, e o risco que a
embaixada corria de ter que dividir o direito de controlar a Lista Negra "com
qualquer um". Por outro lado, a simpatia de oficiais do Exército e de
importantes civis pelos nazistas permitira a proteção de aplicações econômicas
e financeiras do Eixo, deixando os Estados Unidos em posição desvantajosa, o
que, na conjuntura de guerra, poderia adquirir tons funestos.
Sendo a situação complicada por tantas circunstâncias e tão estritamente
relacionada aos esforços de guerra, a retirada da Condor da Lista Negra não
podia servir de precedente para outros casos.77 Como parte do programa de
solidariedade hemisférica, a pretensão dos Estados Unidos de instalar seus
equipamentos em lugar dos alemães afigurava-se "a melhor proteção contra os
interesses ou o controle alemães depois da guerra", ao representante da DSC,
Alexander Royce, que recomendou o envio, logo após a remoção da Condor da
Lista, de técnicos com um DC3, do tipo exclusivo do exército dos Estados
Unidos, "para ajudar a companhia na preparação de sua organização para o
efetivo uso do equipamento norte-americano."78 Haveria que garantir que a
empresa manteria a Embaixada informada de mudanças no pessoal, e pronta para
remover qualquer empregado
apontado como pró-Eixo ou inimigo da causa aliada.79 Mas o que asseguraria a
boa conduta da Condor seria a presença de técnicos estadunidenses e do próprio
Duncan, que apostava na colaboração de Dantas e Muricy.80 Por fim, era preciso
aliviar a situação delicada com o governo brasileiro.
Conclusões
Nenhum dos planos de desgermanização chegou a bom termo enquanto a Condor
esteve em condições de apelar a simpatizantes em posições no governo. O próprio
Exército interferira na proibição de venda de gasolina, embora o bloqueio
promovido pela Lista Negra gerasse penosas restrições. A concorrência da Panair
também ajudou a enfraquecer a empresa, já debilitada pelas carências e pelo uso
de equipamento defasado. Mas a DSC teve de introduzir reparos no projeto de
criar uma nova companhia que viesse operar somente com equipamento fabricado
nos Estados Unidos. Foi preciso fazer concessões importantes ao Brasil em
outras questões, e o Embaixador desaconselhou o uso de pressão política e
econômica para obter a cooperação de Vargas.81
Apesar do esforço brasileiro em prol do reconhecimento da nacionalização da
empresa, o efeito simbólico do nome Condor, estimado de grande valor e
reputação pelo Brasil, era forte o suficiente para que Departamento de Estado o
considerasse inaceitável, embora, no começo das negociações, dissesse que tal
mudança só seria solicitada se absolutamente necessária.82 Mas a pressão
persistiu e, em outubro, a empresa cedeu. Uma nova denominação lhe foi
atribuída ao ser retirada da Lista Negra e considerada reorganizada: Serviços
Aéreos Cruzeiro do Sul. Sai o símbolo andino e entra o da bandeira brasileira.
Isso representou um ônus para seus cofres esgotados, e esperava como
compensação "os serviços que o governo americano pretende contratar no programa
de desenvolvimento da borracha, conforme declarações que nos têm sido feitas na
Embaixada".83
Solucionados os principais impasses, dentre os quais a demissão de alguns
alemães que haviam continuado na empresa, o secretário de Estado despachou
quatro técnicos, com as despesas pagas por um ano ao menos, para auxiliar no
uso de equipamento e métodos de operação,84 e a DSC enviou, sem ônus, Duncan e
um DC3, com expectativa de negociar mais aeronaves que ficassem disponíveis.85
Na área de public relations, foi necessário melhorar o entendimento entre as
autoridades brasileiras e a Panair, sobre a qual pairavam suspeitas, e mesmo a
acusação de tentar "roubar todos os pilotos da Condor", oferecendo-lhes
melhores salários,86 apesar do "grande trabalho missionário da Embaixada para
corrigir a situação".87 O reatamento deu-se com uma visita do vice-presidente
da Pan Am à Cruzeiro, seguida de conversas entre as diretorias. Passou-se a
aplicar o princípio da intensificação da cooperação para extinguir as atitudes
belicosas, "com o fim de melhor servir o país".88 A Cruzeiro autorizou a
prestação de auxílio técnico e material à Pan Am e à Panair, em qualquer
emergência. O mesmo fez a Panair.89 Estabeleceu-se a paz. Tempos depois, a
Cruzeiro voaria novamente sobre os Andes, e a Panair passaria docemente à
memória nacional.
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1 A pesquisa de fontes realizou-se nos National Archives and Records
Administration (NARA), em Maryland, com recursos da FAPEMIG.
2 Por esse nome eram conhecidas, no Brasil, a Proclaimed List of Blocked
Nationals e a British Statutory List. Ver Quintaneiro, 2006.
3 Summary Report on Air Activity in Brazil and South America, 1941, p.5.
4 United States State Department. 30/7/1940.
5 Committee of the House of Representatives. 16/10/1941.
6 Burden, W. 14/8/1941.
7 Os alvos foram a Sociedad Colombo-Alemana de Transportes Aéreos, o Servicio
Aéreo Colombiano e a Sociedad Ecuatoriana de Transportes Aéreos.
8 A Condor conectava o Rio a Buenos Aires, onde pousava a Condor chilena. Em
janeiro de 1940, duas emendas à Constituição exigiram que fossem brasileiros
seus procuradores e controle acionário.
9 Ver Quintaneiro, 2007.
10 Em 1940, em milhares de milhas, a Panair voara 1.250, a Condor 1.300, a Vasp
480 e a Varig 295, Burden, W. 14-8-1941.
11 TAX. 23/4/1941.
12 Caffery, J. 16/10/1941.
13 Donnelly, W. 31/10/1941.
14 Caffery, J. 5 e 6/12/1941.
15 Burden, W. 14/8/1941.
16 E. O'S. 12/8/1941.
17 27/3/1941.
18 Burden, W. 14/8/1941.
19 Caffery, J. 2/4/1941.
20 Burden, W. 14/8/1941.
21 Caffery, J. 5/12/1941.
22 Duggan, L. 23/8/1941.
23 Burden; W.; Russell, F. 21/7/1941.
24 Burden, W.; Russell, F. 21/7/1941.
25 Caffery, J. 17/9/1941.
26 United States State Department. 20/8/1941.
27 Harding, B. 6/11/1941.
28 American Embassy. War History 1939-1945. Apesar das arestas, o embaixador
reconhecia que Aranha trabalhara em benefício dos Estados Unidos.
29 Harding, B. 14/12/1941.
30 Caffery, J. 25/4/1941.
31 The Foreign Service. 5/5/1941.
32 Kazanjian, R. 19/7/1941.
33 Hull, C. 5/6//1941.
34 Hull, C. 8/12/1941.
35 Harding, B. 2/4/1942.
36 Miller, L. 23/12/1941.
37 Caffery, J. 22/12/1941.
38 Aranha, O. 24/12/1941.
39 Um ano antes, quando a dificuldade já era patente, Vargas autorizara dois
alemães naturalizados a pilotarem aviões da Varig. Caffery manifestou seu
desagrado. Adams, W. 1941.
40 Jornal A Noite. "A situação do Sindicato Condor", 1941.<
41 Harding, B. 2/4/1941.
42 Caffery, J. 16/10/1941.
43 Pearl, W. 14-9-1942.
44 Caffery, J. 11/2/1942.
45 Daniels. 15/3/1945, p.654.
46 Hardin, T. 18/3/1942.
47 Duncan, F. 22/4/1942.
48 Hull, C. 4/2/1942, 11 p. m., p.768.
49 Harding, B. 14/2/1942.
50 Berle Jr., A. 8/4/1941.
51 Brady Jr., E. 1942.
52 Caffery, J. 6/2/1942, 4 p. m., p.771.
53 Hull, C. 13/2/1942, 11 p. m., p.771.
54 Duggan, L. 9/2/1942.
55 Harding, B. 14/2/1942.
56 Hardin, T. 18/3/1942.
57Hull, C. 5/2/1942, 11 p. m., p.769.
58 Serviços Aéreos Condor. 19/12/1942.
59 Caffery, J. 11/2/1942.
60 Hardin, T.; Harding, B. 5/3/1942.
61 Duncan, F. 22/4/1942.
62 White. 28/7/1942.
63 Harding, B. 14/2/1942.
64 Harding, B. 14/2/1942.
65 Hardin, T. 18/3/1942.
66 Duncan, F. 6/5/1942.
67 Aranha, O. 30/7/1942.
68 Simmons, J. 19/8/1942.
69 Hart, P. 14/2/1942.
70Harding, B. 7/4/1942.
71 Duncan, F. 11/4/1942.
72 Harding, B. 2/4/1942.
73 Hardin, T. 7/4/1942.
74 Caffery, J. 21/4/1942.
75 Pearl, W. 14/9/1942.
76 White. 28/7/1942.
77 Royce, A. 29/10/1942.
78 Royce, A. 30/10/1942.
79 Royce, A. 14/10/1942.
80 Duncan, F. 21/10/1942.
81 Pearl, W. 14/9/1942.
82 Hardin, T.; Harding, B. 5/3/1942.
83 Serviços Aéreos Condor 19-10-1942. Estando a empresa na Lista Negra, era
proibido que uma agência norte-americana, como a U.S. Purchasing Commission,
fretasse Junkers da Condor para o transporte de borracha e materiais
estratégicos na Amazônia.
84 Hull, C. 29/12/1942.
85 Caffery, J. 7/12/1942.
86 TAX. 4/5/1942.
87 Caffery, J. 19/12/1942.
88 Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul. Circular 1942.
89 Panair do Brasil. 10/12/1942.