Comportamentos de saúde oral em adolescentes portugueses
Introdução
Nas últimas décadas, a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem dedicado especial
atenção às doenças da cavidade oral, nomeadamente à cárie dentária, promovendo
e incentivando a realização de diversos programas de prevenção1.
Em alguns países industrializados assiste-se a uma diminuição da incidência e
da prevalência desta doença, explicada, em grande parte, pela adoção de medidas
ao nível da prevenção primária2,3. Por outro lado, na generalidade dos países
em vias de desenvolvimento, a cárie dentária assume, em todas as idades,
proporções epidémicas e é considerada a doença infecciosa, prevenível, com
maior prevalência durante a vida e à qual está associada uma elevada
morbilidade1. Constitui a principal causa da perda de dentes, sendo reconhecida
como um importante problema de saúde pública, não apenas pela sua elevada
frequência, mas também pela associação com outras doenças, pelos custos
envolvidos e pelas repercussões na qualidade de vida2,4.
Existe uma estreita relação entre as condições socioeconómicas e culturais e o
nível de saúde oral das pessoas5. Diversos estudos demonstram que a prevalência
de doenças orais como a cárie dentária e os comportamentos de saúde oral são
influenciados por fatores socioeconómicos e demográficos6,7,8,9. As
prevalências de cárie são superiores entre os indivíduos com menor grau de
escolaridade e entre os que têm maior dificuldade no acesso à informação e aos
serviços de saúde10.
Questões de natureza metodológica podem impor limitações na comparação de
diversos estudos quando o objetivo é estimar a prevalência de cárie. Em
Portugal, o último estudo nacional de prevalência de doenças orais, realizado
em 2008, demonstrou que aos 12 e aos 15 anos o índice CPOD era de 1,48 e 3,04,
respetivamente. A prevalência de cárie aumentava com a idade e era superior nas
classes mais desfavorecidas11.
Fatores de natureza comportamental, designadamente a escovagem regular, a
utilização do fio dentário, a alimentação equilibrada e a consulta regular ao
médico dentista/estomatologista, associam-se a uma diminuição significativa do
risco de cárie. A escovagem dos dentes deve ser efetuada pelo menos 2 vezes ao
dia, após as refeições, e incluir a lavagem das gengivas e da língua com
utilização de pastas dentífricas contendo flúor em concentrações adequadas à
idade. O uso do fio dentário deve completar a higiene oral, pois permite a
remoção dos restos dos alimentos e da placa bacteriana nas superfícies
interdentárias onde a escova não chega ou não é eficaz12.
No contexto da saúde oral, a higiene alimentar assenta, sobretudo, na
diversidade e em evitar o consumo frequente de bebidas e alimentos açucarados,
especialmente no período entre as principais refeições13.
A consulta regular ao médico dentista é fundamental e deve ocorrer pelo menos
uma vez em cada 6 meses, pois permite detetar precocemente a cárie e fornecer
orientações específicas acerca de determinados procedimentos, designadamente no
que diz respeito às técnicas de escovagem e à utilização correta do flúor12,14.
Em Portugal são escassos os estudos desenhados para quantificar a prevalência
da escovagem em adolescentes, bem como de outros comportamentos associados com
a saúde oral. No estudo nacional de prevalência das doenças orais de 2008 foi
possível constatar que 63 dos jovens portugueses com 15 anos de idade referiam
escovar os dentes mais de uma vez por dia. No mesmo estudo foi possível
verificar que 25 utilizam o fio dentário e que cerca de 85 dos jovens teve
acesso a cuidados de saúde oral11.
O objetivo deste estudo foi caracterizar os comportamentos de saúde oral numa
amostra de adolescentes portugueses, mais especificamente a prevalência de
escovagem, a utilização de fio dentário e as consultas regulares ao médico
dentista, e estabelecer a associação destes comportamentos com aspetos
sociodemográficos (sexo, nível socioeconómico e área de residência).
Participantes e métodos
Num estudo transversal avaliámos uma amostra de adolescentes com idades
compreendidas entre os 12 e os 18 anos de 26 das 48 escolas públicas do
distrito de Viseu. Em cada escola foram avaliados todos os alunos que
frequentavam o terceiro ciclo e secundário (sétimo ao décimo segundo ano de
escolaridade). A recolha de dados foi efetuada através de um questionário
autoaplicado e respondido pelos adolescentes em sala de aula, contendo questões
referentes aos comportamentos de saúde oral e ao estatuto socioeconómico. Dos
8768 questionários distribuídos aos alunos, recolhemos 7644 (87,2). Foram
excluídos da análise os questionários sem informação para o sexo e para a
idade, bem como aqueles que correspondiam a idades inferiores a 12 ou
superiores a 18 anos. Ficámos com uma amostra final de 7563 adolescentes (4117
do sexo feminino). Para a avaliação das condições socioeconómicas recorremos às
habilitações literárias dos pais e considerámos a mais elevada. A informação
relativa à área de residência foi obtida através da resposta por parte dos
adolescentes a uma questão sobre se residiam na aldeia, na vila ou na cidade.
Na análise dos dados agrupámos os adolescentes que residiam na aldeia na
variável área rural e os que residiam na vila ou na cidade na variável área
urbana.
Considerámos higiene oral correta quando o adolescente realizava a escovagem 2
ou mais vezes por dia, utilizava o fio dentário uma ou mais vezes por dia e
consultou o médico dentista/estomatologista 2 ou mais vezes nos últimos 12
meses, independentemente dos motivos.
No processamento e análise dos dados foram utilizados os programas Epi-Info
6.0 a e o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS 18.0). Foram
calculadas prevalências, expressas em percentagens com os respetivos intervalos
de confiança a 95 (IC 95). Para comparação de proporções recorremos ao teste do
qui-quadrado.
Resultados
A amostra global analisada ficou constituída por 7.563 adolescentes, sendo
3.446 (45,6) do sexo masculino. Verificámos que a distribuição por idades nos 2
sexos em conjunto apresenta uma proporção de 11,3 com 12 anos, 15,1 com 13
anos, 17,2 com 14 anos, 19,1 com 15 anos, 16,5 com 16 anos, 13,3 com 17 anos e
7,6 com 18 anos. A maior proporção de adolescentes do sexo masculino encontra-
se a frequentar o sétimo ano de escolaridade, num total de 763 (22,2). No sexo
feminino, a maior proporção das adolescentes encontra-se a frequentar o décimo
ano de escolaridade, num total de 807 (19,6). Em ambos os sexos, a maior
proporção dos adolescentes frequenta o sétimo ano, num total de 1.531 (20,3).
Os restantes distribuem-se de modo semelhante pelos diferentes anos de
escolaridade, com 18,4 a frequentarem o oitavo ano, 18,2 o nono ano, 18,5 o
décimo ano, 12,1 o décimo primeiro ano e 12,6 o décimo segundo ano.
A maioria dos pais dos adolescentes de ambos os sexos apresenta uma
escolaridade de 5-6 anos (39,4). Relativamente ao índice de aglomeração, 68,4
dos adolescentes de ambos os sexos enquadra-se no índice inferior a 1,0 (pessoa
por assoalhada), 17,3 no índice 1,0 e 14,3 no índice superior a 1,0. Quanto ao
local de residência, a maioria dos adolescentes inquiridos (66,1) vive em
aldeias, 25,9 em vilas e 8,0 em cidades (Tabela_1).
A prevalência de escovagem 2 ou mais vezes por dia foi de 23,5, mais frequente
no sexo feminino (25,5 vs. 21,2, p < 0,01). A frequência de escovagem uma vez
por dia foi de 56,8, também mais frequente entre as adolescentes (61,4 vs.
51,2, p < 0,01). Quanto à escovagem de menos de uma vez por dia, registou-se
uma prevalência de 19,7, sendo mais frequente no sexo masculino (27,5 vs. 13,1,
p < 0,01).
A frequência da escovagem encontra-se associada às habilitações literárias dos
pais, registando-se diferenças estatisticamente significativas entre os vários
estratos analisados. Os adolescentes cujos pais apresentam uma escolaridade
inferior a 4 anos referem menor frequência de escovagem. Constatámos, nestes
adolescentes, que 22,6 referem escovar menos de uma vez por dia, 59,2 uma vez
por dia e apenas 18,2 2 ou mais vezes por dia.
Entre os adolescentes cujos pais tinham uma escolaridade entre o quarto ano e o
décimo segundo ano, 19,5 escovavam menos que uma vez por dia, 57,3 uma vez por
dia e 23,2 2 vezes ou mais por dia.
Os adolescentes cujos pais são detentores de formação académica superior são os
que escovavam mais frequentemente, verificando-se que 12,6 escovavam menos de
uma vez por dia, 43,2 uma vez por dia e 44,2 2 ou mais vezes por dia.
Quanto à área de residência, verifica-se uma maior frequência de escovagem (2
vezes por dia) entre os adolescentes das áreas urbanas (36,9 vs. 16,7,
p < 0,01). Analisando a prevalência de escovagem de menos de uma vez por dia,
verificamos que os que habitam nas zonas rurais apresentam um resultado
superior àqueles que habitam nas zonas urbanas (22,5 vs. 14,4, p < 0,01)
(Tabela_2).
Relativamente à caracterização da higiene oral, verificamos que 42,8 dos
adolescentes escovam os dentes, as gengivas e a língua, enquanto apenas 16,8
afirmam escovar apenas os dentes (Tabela_3).
A utilização do fio dentário (uma ou mais vezes por dia) é referida por 4,4 dos
adolescentes, mais frequente no sexo feminino (4,6 vs. 4,1, p < 0,01).
Verificamos que 37,1 dos adolescentes referem nunca terem utilizado o fio
dentário, 40,5 referem utilizá-lo às vezes/esporadicamente e 18,1 desconhecem o
fio dentário. A utilização do fio dentário encontra-se também associada às
habilitações literárias dos pais. Entre os adolescentes cujos pais apresentam
uma escolaridade inferior a 4 anos é menos frequente a utilização do fio
dentário. Nestes adolescentes verificámos que apenas 3,5 utilizam o fio
dentário uma ou mais vezes por dia, 34,8 utilizam-no às vezes/esporadicamente,
41,9 referem nunca terem utilizado e 19,8 desconhecem a sua existência.
Entre os adolescentes cujos pais tinham um nível de escolaridade entre o quarto
ano e o décimo segundo ano, 4,2 utilizam fio dentário uma ou mais vezes por
dia, 41,3 utilizam-no às vezes/esporadicamente, 36,5 nunca o utilizam e 18,0
desconhecem o fio dentário.
Aqueles cujos pais frequentaram o ensino superior são os que referem utilizar o
fio dentário com maior frequência. Nestes adolescentes, 8,1 utilizam o fio
dentário uma ou mais vezes por dia, 51,9 utilizam-no às vezes/esporadicamente,
26,8 nunca o utilizam e 13,3 desconhecem-no.
Verificam-se também diferenças estatisticamente significativas na utilização do
fio dentário em função da área de residência, havendo uma maior prevalência de
utilização do fio dentário de uma ou mais vezes por dia nas áreas urbanas (5,3
vs. 3,8, p < 0,01). Quanto ao desconhecimento da existência e da utilidade do
fio dentário, constatámos uma proporção maior entre os adolescentes que residem
nas áreas rurais, comparativamente com os que vivem em vilas e cidades (19,9
vs. 14,3, p < 0,01) (Tabela_4).
Do total da amostra, 86,7 dos adolescentes referem ter consultado um médico
dentista uma ou mais vezes durante a vida e 55,0 referem que o fizeram nos
últimos 12 meses. Verificámos que os adolescentes do sexo feminino apresentam
uma maior prevalência de consultas ao médico dentista (uma ou mais vezes
durante a vida), comparativamente aos do sexo masculino (87,5 vs. 85,6,
p < 0,01). O mesmo se verifica quanto à prevalência de consultas ao médico
dentista nos últimos 12 meses (57,4 vs. 52,0, p < 0,01).
Dos adolescentes cujos pais apresentam um nível de escolaridade inferior a 4
anos, apenas 49,5 consultaram o médico dentista nos últimos 12 meses. Dos
adolescentes cujos pais têm um nível de escolaridade superior ao quarto ano e
inferior ao décimo segundo ano, 56,4 consultaram o médico dentista nos últimos
12 meses e entre aqueles cujos pais são detentores de formação académica
superior, 67,6 consultaram o médico dentista pelo menos uma vez nos últimos 12
meses. Assim, constatámos que a consulta ao médico dentista associa-se com as
habilitações literárias dos pais.
Quanto à área de residência, verificámos que os adolescentes que habitam no
meio rural foram menos vezes ao médico dentista nos últimos 12 meses,
comparativamente aos habitantes do meio urbano (52,5 vs. 60,0, p < 0,01). O
mesmo se verifica relativamente à visita ao médico dentista pelo menos uma vez
durante a vida (85,2 vs. 89,6, p < 0,01) (Tabela_5).
Quanto à prevalência de comportamentos de saúde oral adequados (escovagem 2 ou
mais vezes por dia, utilização do fio dentário uma ou mais vezes por dia e
visita ao médico dentista/estomatologista 2 ou mais vezes por ano), verificámos
que apenas 1,1 dos adolescentes referiram ter comportamentos de saúde oral
adequados, não havendo diferenças significativas entre os sexos. Relativamente
à variável habilitações literárias dos pais, verificámos que entre os
adolescentes cujos pais apresentam um nível de escolaridade inferior ao quarto
ano, apenas 0,7 têm comportamentos de saúde oral adequados. Quanto àqueles
cujos pais frequentaram a escola entre o quarto e o décimo segundo ano, 1,0
tinham comportamentos de saúde oral adequados e 3,5 dos adolescentes cujos pais
tinham formação académica superior também cumpriam os critérios estabelecidos
para uma saúde oral adequada (p < 0,01). Quanto à área de residência,
verificámos que a prevalência de comportamentos de saúde oral adequados é de
0,6 nos adolescentes que habitam no meio rural e de 2,0 nos que habitam no meio
urbano (Tabela_6).
As razões mais frequentes para a ida à consulta nos últimos 12 meses foram a
consulta de rotina (49,8) e odontalgias (27,8). Apenas 0,7 dos adolescentes
foram ao médico dentista devido a edema da face e 21,6 visitaram o médico
dentista por outros motivos de que é exemplo o tratamento ortodôntico (Tabela
7).
Discussão/Conclusões
Este estudo mostra uma associação entre os comportamentos relativos à saúde
oral nos adolescentes e os fatores demográficos e socioeconómicos já referidos
noutras investigações7,9,15. Como principal limitação no estudo, verificamos o
facto de haver questionários que não foram respondidos na totalidade. Esta
limitação foi possível ser minimizada com a obtenção de uma amostra
representativa da população adolescente do distrito de Viseu.
Vários estudos evidenciam que os adolescentes que pertencem a um estatuto
socioeconómico desfavorecido têm maior risco de vir a adquirir doenças orais,
nomeadamente cárie dentária, associada a piores práticas de higiene oral5,6,16.
Honkala et al. num estudo realizado na Finlândia concluíram que a frequência de
escovagem menos de uma vez por dia se encontra associada a uma condição
socioeconómica desfavorecida e a um pior desempenho escolar15.
Os hábitos de higiene oral corretos são mais frequentes nos adolescentes do
sexo feminino e naqueles cujos pais são detentores de formação académica
superior e vivem em meios urbanos17,18. O facto de os adolescentes cujos pais
frequentaram o ensino superior escovarem 2 ou mais vezes por dia com maior
frequência pode traduzir a existência de melhores conhecimentos sobre os
comportamentos de saúde oral adequados e, simultaneamente, uma maior motivação
na manutenção de uma boa saúde oral6.
A área de residência também se encontra associada à frequência de escovagem,
registando-se uma menor frequência de escovagem entre os adolescentes que
habitam em meios rurais19. Um estudo realizado por Zhu et al. demonstrou que
44,4 dos adolescentes escovavam pelo menos 2 vezes por dia e que esta variável
se encontrava associada com a área de residência19.
Uma elevada proporção de adolescentes não realiza consultas de rotina e vão ao
médico dentista apenas quando têm odontalgias ou necessidade de realizar algum
tratamento médico-dentário. Os dados recolhidos na literatura apoiam os
resultados obtidos no presente estudo, em que verificamos a existência de uma
relação direta entre a consulta ao médico dentista por parte dos adolescentes e
as habilitações literárias dos pais, bem como com a respetiva área de
residência5,7,8.
Um estudo realizado por Schwarz na Austrália revela a influência das
desigualdades geográficas no acesso aos cuidados de saúde oral, havendo maiores
limitações por parte dos residentes em áreas rurais7.
Em Portugal, a desigualdade registada no acesso aos cuidados de saúde oral das
populações é evidente. é conhecida a dificuldade de acesso aos cuidados de
saúde oral por parte dos indivíduos socioeconomicamente desfavorecidos e dos
que residem em meios rurais. Esta situação verifica-se devido ao facto de a
larga maioria desses cuidados serem prestados pelo setor privado, envolvendo
verbas que nem todas as pessoas são capazes de suportar20. Este facto leva a
que os indivíduos com um estatuto socioeconómico mais desfavorecido e os que
habitam em meios rurais recorram aos cuidados médico-dentários já numa fase
avançada da doença, apresentando, frequentemente, um quadro clínico de
odontalgia14. O contrário se verifica entre os indivíduos com um estatuto
socioeconómico mais elevado que realizam, com maior frequência, consultas
preventivas ou de rotina4.
Programas comunitários devem ser considerados e desenvolvidos de modo a
melhorar os conhecimentos e os comportamentos relacionados com a saúde oral dos
adolescentes, dando especial atenção à constituição de equipas
multidisciplinares com a intervenção de vários profissionais de saúde,
nomeadamente, o médico de saúde geral e familiar, médico dentista e higienista
oral, entre outros. Por outro lado, seria importante abranger, nos programas de
saúde oral, não apenas as crianças e os adolescentes mas também os respetivos
pais de modo a disporem dos conhecimentos necessários sobre como ter bons
hábitos de saúde oral e conseguir transmitir essa informação e motivação aos
seus filhos.
Portugal, através da Direção-Geral da Saúde (DGS), tem desenvolvido, nos
últimos 20 anos, programas de promoção da saúde oral e de prevenção das doenças
orais. Os cuidados preventivos e curativos de medicina dentária prestados são
efetuados nos consultórios de estomatologistas e médicos dentistas que adiram
ao projeto. Estes cuidados são, posteriormente, pagos através de
"cheques-dentista" personalizados, fornecidos pelos centros de
saúde.
É fundamental que desde muito cedo as crianças adquiram hábitos de higiene oral
corretos, designadamente sobre a escovagem dos dentes pelo menos 2 vezes por
dia. Vários autores concluem que a frequência de escovagem diária recomendável
é 2 vezes por dia, dando especial importância à escovagem depois das refeições
e antes de se deitarem. A escovagem deve ser realizada com o uso conjunto de
dentífricos fluoretados que atuam aumentando a ação abrasiva das cerdas da
escova e como agente de libertação de substâncias químicas na prevenção e
controlo da placa bacteriana12. A escovagem deve incluir, para além dos dentes,
a língua e as gengivas2. Também é necessário instruir os adolescentes a
selecionar adequadamente a sua escova de dentes que deve ter cerdas flexíveis e
ser substituída regularmente.
É fundamental instruir a utilização correta e diária do fio dentário, como
complemento da escovagem e a consulta regular ao médico dentista a cada meio
ano, de modo a prevenir o surgimento de doenças orais. A consulta regular ao
médico dentista é fundamental, pois permite detetar precocemente doenças orais,
fornecer orientações específicas acerca de determinados procedimentos de
higiene oral e aplicar um conjunto de outras medidas preventivas primárias como
a aplicação tópica de flúor e de selantes de fissuras12,14.
A manutenção de níveis adequados de flúor na cavidade oral é um determinante de
saúde oral importante e que contribui para a prevenção da cárie dentária. Isto
é conseguido através da utilização de fluoretos durante a escovagem dentária
com auxílio de um dentífrico fluoretado e a realização de bochechos
periodicamente através de colutórios fluoretados e da aplicação do gel de flúor
em consultório12.
A colocação de selantes de fissuras nas superfícies dentárias mais suscetíveis
à cárie é considerada como sendo umas das medidas preventivas primordiais para
a redução do risco de cárie dentária. Esta medida preventiva permite a redução
da incidência de cárie em fossas e fissuras dentárias, prevenindo a necessidade
de realização de restaurações dentárias mais invasivas13.
A educação para a saúde oral deve abranger também a higiene alimentar
englobando o controlo do consumo de alimentos cariogénicos com elevado teor de
hidratos de carbono que é, também, um importante fator de risco para o
desenvolvimento da cárie dentária17.