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EuPTCVHe0872-07542010000300022

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National varietyEu
Year2010
SourceScielo

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Grande Prematuridade: Nutrição e Crescimento Grande Prematuridade: Nutrição e Crescimento

Maria Luísa Carreira1 1Serviço de Neonatologia - MJD/CHP

Avaliação do crescimento e dados da literatura ' O crescimento de RN pré-termos deve ser avaliado mediante as medidas antropométricas peso(P), comprimento(C)e perímetro cefálico(PC), periodicamente, numa perspectiva dinâmica.

É discutível qual a melhor maneira de avaliar o crescimento. As curvas mais utilizadas são as curvas padrão CDC/ NCHS-2000, usando a idade corrigida até aos 2-2,5 anos. Existem curvas próprias para RN pré-termos, como as tabelas IHDP, que podem identificar mais correctamente os problemas de crescimento no subgrupo dos RN EBP nos primeiros 2 anos.

A avaliação dinâmica do crescimento permite obter a velocidade de crescimento e verificar se as curvas estão paralelas ou em recuperação progressiva para o normal, ou, pelo contrário, em achatamento ou padrão descendente.

É também importante a relação peso/comprimento nos primeiros 3 anos, e o IMC (índice de massa corporal) a partir dessa idade, para concluir se proporcionalidade e harmonia do crescimento.

O catch up do crescimento de pré-termos varia com a antropometria ao nascer, a IG e o tamanho parental. Os primeiros 3 meses após o termo representam um período crítico para a ocorrência de catch up, cuja sequência é PC, C e P. É de esperar que o PC recupere para o anormal aos 12-18 meses e que o P e o C pelos 30-36 meses, excepto para os pré-termos EBP, de recuperação mais tardia.

Têm surgido variados estudos longitudinais que acompanham o crescimento dos RN pré-termos nos primeiros anos de vida, idade escolar, adolescência e, recentemente, até jovens adultos.

No grupo de pré-termos EBP a velocidade de crescimento diminui até aos 3 meses de idade corrigida e sofre depois um aumento gradual até à adolescência. Assim, durante a infância, geralmente permanecem menores em P e C relativamente às crianças de termo, podendo experimentar depois uma recuperação entre os 8 e 14 anos e completar o seu crescimento compensatório até ao início da idade adulta.

Os dados disponíveis a este respeito não são concordantes. Nalguns trabalhos verificou-se que estes jovens adultos mantinham antropometria bastante abaixo da de indivíduos com PN normal e uma altura final significativamente menor que a previsível pela altura parental. Noutros estudos os resultados foram mais animadores, com atingimento, a partir dos 14 anos, de uma estatura na faixa da normalidade e em correlação com a estatura dos pais, embora em média mantenham estatura e peso abaixo dos grupos controle.

De entre os pré-termos de maior risco para falência do crescimento contam-se aqueles que evoluem para displasia broncopulmonar (DBP), por vários motivos: aumento do trabalho respiratório, hipoxemia, eventual uso de corticoides pósnatal, restrição hídrica e dificuldades na alimentação e elevada morbilidade com frequentes reInternamentos. Curiosamente, muitos estudos, após controlo das variáveis de confusão, não evidenciam diferenças no crescimento de pré-termos com e sem DBP nas idades pré­escolar e escolar.

No caso particular de RN MBP leves para a idade gestacional (LIG) a evolução varia segundo a etiologia da restrição de crescimento intrauterino (RCIU), e é maior a probabilidade de nunca se alcançar um crescimento normal para a idade cronológica, independentemente das complicações perinatais. O prognóstico é ainda pior nos LIG simétricos, sobretudo se a recuperação não ocorrer nos primeiros 2 anos de vida.

Estratégias nutricionais ' De entre os factores que influenciam o crescimento, o padrão nutricional após a alta é fundamental, que é passível da nossa intervenção.

As necessidades nutricionais de lactentes pré-termos nos primeiros meses de vida, excedem as do RN de termo, o que pode manter-se ao longo de todo o primeiro ano de vida.

O leite materno fortificado é a opção acertada, com os conhecidos benefícios para a saúde e cognição. Em alternativa podem usar-se fórmulas adequadas a pré- termos ou ainda fórmulas especiais pós alta.

A ingestão calórica deve ser aumentada, conforme a tolerância, até o ganho ponderal ser satisfatório. Pode ser necessário o aumento da concentração calórica em grupos de especial risco, através da suplementação com carbohidratos e gorduras.

Recentemente, vários estudos têm alertado para a associação de um rápido e excessivo ganho ponderal pós natal dos pré-termos com um maior risco de obesidade na infância e na idade adulta, bem como de HTA, resistência à insulina e de doença cardiovascular.

O programa nutricional deve pois fornecer o teor calórico que permita optimizar o crescimento, mantendo, no entanto, uma relação peso/comprimento dentro dos limites normais.


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