Cardiopatia congénita
Cardiopatia congénita
Telma Barbosa1
1 S. Pediatria, CH Porto
INTRODUÇÃO
O coração e os pulmões funcionam como uma unidade, partilhando o mesmo espaço
físico e os mesmos mecanismos fisiopatológicos, o que torna mais complexa a
abordagem da doença cardíaca congénita (DCC) em idade pediátrica. As
complicações pulmonares da DCC são essencialmente causadas por 2 mecanismos:
alteração estrutural da via aérea por compressão e edema pulmonar.
DISCUSSÃO
As DCC são comuns (aproximadamente 7 em cada 1000 nados-vivos) e por isso é
essencial que os clínicos estejam sensibilizados não só para esta entidade mas
também para todas as alterações dela decorrente, nomeadamente pulmonares. Em
condições normais, existe uma correlação estreita entre as funções
cardiovascular e respiratória. O fluxo sanguíneo pulmonar depende da interacção
entre o débito cardíaco e a resistência vascular pulmonar. Uma grande variedade
de estímulos fisiológicos e farmacológicos pode causar alterações na
resistência vascular pulmonar. O mais importante destes fatores é a hipoxia.
Alterações nas necessidades metabólicas são seguidas de alterações no débito
cardíaco e na ventilação/minuto. Na presença de DCC, este equilíbrio pode não
existir. Nestas situações, a capacidade do coração aumentar o fluxo sistémico
e/ou pulmonar está muitas vezes limitada, a PaO2 arterial pode estar diminuída
pela presença de shunts e a oxigenação tecidular pode estar comprometida. A DCC
pode por si só alterar a função pulmonar, causando sintomas/sinais que
mimetizam doença respiratória pura. Os sintomas referidos ao sistema
respiratório podem ser o primeiro e muitas vezes o único sinal de DCC,
especialmente em idades precoces. Frequentemente coexistem patologias em ambos
os sistemas, tornando o diagnóstico e a abordagem um verdadeiro desafio. Muitas
crianças com DCC estão em maior risco de infecção, incluindo respiratórias, o
que pode causar hospitalizações prolongadas.
CONCLUSÃO
Os sistemas cardíaco e respiratório funcionam como uma unidade e as
manifestações respiratórias ocorrem na maioria das crianças com DCC. À medida
que aumenta a sobrevivência das crianças com DCC, aumenta também a incidência
de complicações pulmonares associadas.