Onde está o lúdico?
Onde está o lúdico?
Nos tempos que correm, as AEC’s (Actividades Extra-Curriculares) não são mais
que prolongamentos das actividades lectivas com o intuito de manter os meninos
e meninas com ocupação temporal até os pais os irem buscar.
Por outras palavras, levantar o “material” no armazém em que se tornaram as
escolas e os ATL’s.
É neste contexto que muitos pais se questionam e relatam situações que
reflectem o que se passa nos Infantários, nomeadamente no ritmo louco de
actividades extra-curriculares.
Nós questionamos: quando é que as crianças brincam?
Quando é que têm uma verdadeira pausa para poderem respirar?
Nas idades em que estar em movimento é essencial e fulcral para o crescimento e
desenvolvimento harmonioso de todas as capacidades físicas e intelectuais, onde
é que entra a parte lúdica?
A redução de actividades lúdicas contribui para uma clara degradação do
processo formativo da personalidade infantil.
Paralelamente, os Pais utilizam um procedimento no regresso a casa, tentando
disciplinar ainda mais as crianças com práticas pedagógicas de eficácia
extremamente duvidosa:
não faças isso, não faças aquilo, vai tomar banho, vai jantar, não faças
barulho, e um rol de negações e imposições.
Precisamos de nos questionar a todos se é este o caminho que queremos para os
nossos filhos, jovens e homens de amanhã.
Pensamos nós que uma prática educativa não deve ser perspectivada apenas a
partir da aquisição de conhecimentos e conceitos, com infra-estruturas
concentradas e modeladas, mas requer a compreensão da organização complexa do
comportamento humano em condições situacionais diversificadas, de forma a
enriquecer o ser humano.
A Educação de hoje sofre de uma grande alteração e modificação de linhas
orientadoras, seguindo passos que outros já trilharam, mas com resultados
duvidosos. Modelos copiados nunca foram uma grande aposta, dinâmicas de sucesso
numa sociedade, não têm que ser iguais em outra sociedade.
Está na hora de nos juntarmos e dar um contributo para a clarificação do
caminho que devemos todos juntos trilhar no sentido de os homens de amanhã
terem um futuro melhor.
Ruben Gonçalves Pereira