Relação da maturação com a antropometria e aptidão física na iniciação
desportiva
No trabalho desportivo com jovens atletas o estado maturacional tem sido um
importante fator a ser observado, sendo um conjunto de processos dinâmicos
associados a um amplo aspeto de alterações morfológicas, orgânicas e de
desenvolvimento, que apresenta variações individuais de velocidade durante o
processo (Linhares et al., 2009; Malina et al., 2006).
Nesse contexto, os estudos da ciência desportiva têm evidenciado a grande
importância da observação de diferentes variáveis e suas relações de
interferência na determinação de características individuais que, em grande
parte, estão diretamente ligadas ao desenvolvimento desportivo. Entre essas
variáveis podemos citar: as antropométricas, as qualidades físicas, a
velocidade de maturação e a variabilidade genética, onde as relações de
interferências entre as variáveis são consideradas fatores determinantes no
processo de desenvolvimento (Malina & Bouchard, 2002; Matsudo, Araujo,
Oliveira, & Rodrigues, 2007).
A orientação desportiva, quando feita adequadamente, permite relacionar
características individuais a necessidades específicas de cada modalidade
desportiva, proporcionando ao indivíduo a possibilidade de progredir, quando as
suas características físicas são potencializadas a partir do conhecimento
desses elementos de determinação do seu potencial de desempenho, observando,
também, a influência dos fatores de interferência como o estado maturacional
(Linhares et al., 2009; Mohamed et al., 2009).
A partir desse pressuposto, surge a necessidade de utilização de métodos no
processo de evolução científica do desporto que permitam observar o indivíduo,
a partir de um diagnóstico antecipado de suas habilidades e características
individuais. Diante do exposto o presente estudo centra-se no objetivo de
analisar a correlação de variáveis físicas e antropométricas com a maturação em
jovens atletas.
MÉTODO
Participantes
O estudo é do tipo descritivo com tipologia transversal, onde foi investigada
uma amostra total de cento e quarenta e nove sujeitos (n = 149), sendo 55 do
sexo masculino e 94 do sexo feminino, com idades entre 8 e 14 anos, na cidade
do Natal/RN, escolhidos de forma não probabilística intencional entre alunos de
um projeto social, que atua apenas com iniciação desportiva no Voleibol, com
uma frequência de três sessões semanais de uma hora (1h) de treino. Foram
definidos como critérios de exclusão: apresentar problemas de saúde que possam
interferir no desenvolvimento dos testes, não concordar com a realização dos
testes ou por motivos diversos interromper os testes por mais de 10 dias.
Todos os protocolos usados na presente investigação seguiram rigorosamente as
normas de ética em pesquisa, respeitando os itens propostos pela resolução 196/
96 CNS-Brasil e Declaração de Helsínquia de 1975. Os procedimentos realizados
na presente pesquisa foram autorizados pelo comitê de ética local de acordo com
o parecer nº 071/071/2010.
Instrumentos
Para observação da variável aptidão física foi usado para verificar a força
explosiva de membros inferiores uma régua graduada em centímetros, fixada em
uma parede a partir de 2.00 metros, propiciando a realização dos movimentos
preparatórios em um vão livre. Para a força explosiva de membros superiores
foram usadas uma cadeira, uma fita métrica da marca Sanny e uma bola de
medicineball de 2 kg. Para a velocidade de membro superiores foram usados 2
discos de borracha de 20 cm de diâmetro fixados horizontalmente a uma mesa,
distantes 80 cm um do outro e entre eles um retângulo de borracha (10 × 20 cm).
Para a agilidade foram usadas as linhas de um campo oficial de Voleibol e um
cronómetro Samsung 520.
Na verificação das variáveis antropométricas foram utilizados os seguintes
instrumentos: uma balança eletrônica Filizola-110 para a massa corporal, com
capacidade para 150 kg e divisões de 1/10 de kg, um estadiómetro Sanny ES2020
para estatura, uma fita antropométrica Sanny (precisão de 0.1 mm) para aferição
dos perímetros, um paquímetro pequeno Sanny para os diâmetros e um compasso de
dobras cutâneas científico Sanny, de fabricação brasileira, para aferir as
dobras.
A determinação da idade óssea foi realizada por meio de um aparelho da marca
Rhos, com ampola Toshiba de 60 Kvp e 9 mA, a uma distância foco-filme de 75 cm.
O filme utilizado foi Kodak TMATX de 18 × 24 cm, em chassi com ecrã de terras
raras, revelados em uma processadora automática Dentxr, com componentes
químicos para Kodak.
Procedimentos
Sendo o processo maturacional um processo contínuo, a realização dos testes
para análise das variáveis antropométricas, idade óssea (através de raio X) e
de aptidão física, ocorreram com intervalo máximo de 10 dias, evitando dessa
forma interferência do tempo.
Na tentativa de minimizar ao máximo quaisquer interveniências na mensuração das
medidas antropométricas, houve o cuidado de observar o erro técnico de medida
(ETM) intraavaliador, uma vez que todas as medidas foram realizadas pelo mesmo
avaliador. Observou-se o intervalo de 0.7% a 4.6% de ETM e 9.52% a 43.25% no
coeficiente de variação (Perini, Oliveira, Ornellas, & Oliveira, 2005).
Aptidão Física
Força explosiva de membros inferiores (FEMI): Para verificação da força
explosiva dos membros inferiores, foi utilizado o Sargent Jump Test, no qual o
testado ficou em pé, mantendo as plantas dos pés em contato com o solo, de lado
para a superfície graduada, com o braço estendido acima da cabeça, onde foi
anotada a altura máxima. Após uma semiflexão dos joelhos, o testado realiza uma
rápida transição excêntrica/concêntrica e salta o mais verticalmente possível
tocando a régua com a ponta dos dedos, os quais foram previamente marcados com
pó de giz. O testado saltou três vezes consecutivas, sendo considerado o maior
salto. O resultado foi dado em cm diminuindo-se a altura alcançada com salto
pela altura máxima alcançada (Marins & Giannichi, 2003).
Força explosiva de membros superiores(FEMS): Foi utilizado o teste de arremesso
de medicineball, para avaliar a força explosiva de membros superiores. O
testado ficou sentado em uma cadeira, preso por uma corda na altura do peito
para evitar o embalo durante o arremesso, segurando a bola de medicineball de 2
kg com as duas mãos contra o peito, no qual, arremessou a bola o mais longe
possível. Foram realizadas três tentativas consecutivas e registada a melhor
marca. A fita métrica foi colocada no chão a partir das pernas dianteiras da
cadeira, sendo medida a distância entre o ponto inicial e o primeiro ponto de
contato da bola com o solo (Gaya & Silva, 2007).
Velocidade de membros superiores: Para observação da velocidade de membros
superiores, foi utilizado o teste de golpeio de placas, onde o testado deverá
ficar em pé, em frente a uma mesa com altura regulável na altura da cintura.
Sobre a mesa foram colocados 2 discos a uma distância de 80 centímetros com um
retângulo entre os mesmos, todos fixados horizontalmente a mesa. A mão não
dominante do testado ficou parada em cima do retângulo e a mão dominante no
círculo oposto a lado da mesma. Ao sinal, sem mexer a mão do retângulo, o
testado realizou 25 ciclos batendo com a mão dominante no outro círculo e
voltando ao inicial com a maior velocidade possível. Cada vez que uma das
placas não fosse batida o avaliador deveria aumentar um ciclo. Cada testando
devera realizar duas tentativas, sendo registrado o menor tempo entre as
tentativas realizadas. Esse protocolo faz parte da bateria de testes EUROFIT e
deve ser realizado com um avaliador para contagem do tempo e outro para
contagem dos ciclos (Conselho da Europa, 1990).
Agilidade: Para avaliar a agilidade foi utilizado o teste de 30 metros, onde o
testado correu em velocidade máxima a partir da linha de serviço até a linha
dos três metros do campo de voleibol, retornou à linha inicial (linha de
serviço), correu até a linha de serviço do campo oposto a que iniciou o teste o
mais rápido possível, passando pela linha sem diminuir a velocidade, para que o
tempo fosse computado no momento em que cruzou a última linha (Buligin, 1981).
Foram realizadas duas tentativas com intervalo de 5 minutos e registado o
melhor tempo.
Antropometria
Os sujeitos foram mensurados descalços e usando roupas leves.
Massa corporal: Com o indivíduo em pé, no centro da plataforma da balança, a
massa foi registada em quilogramas.
Estatura corporal: É a distância entre a planta dos pés e o ponto mais alto da
cabeça (vértex), em apneia, com a cabeça orientada no plano de Frankfurt,
registrada em centímetros.
Índice ponderal(IP): O índice ponderal foi medido a partir do resultado da
divisão da estatura pela raiz cúbica da massa corporal.
Perímetros e diâmetros: Para aferir os perímetros e diâmetros foram seguidos os
procedimentos de Marfell-Jones, Olds, Stewart e Carter (2006). Foram aferidos o
Perímetro do Braço (Pb), Perímetro corrigido do Braço (Pcb) que se refere ao
perímetro do braço em centímetros, subtraído pelo valor da dobra cutânea
tricipital (TR) transformado em cm, Perímetro de perna (Pp) e o Perímetro
corrigido de perna (Pcp) que se refere ao perímetro de perna (panturrilha) em
centímetros, subtraído pelo valor da dobra cutânea de perna transformado em cm,
Diâmetro bi-cristailíaco (Di.bi.cr) e Diâmetro biacromial (Di.bi.ac).
Dobras cutâneas: As medidas de dobras cutâneas foram realizadas no lado direito
dos sujeitos e repetidas três vezes sucessivas em cada local seguindo o
protocolo Marins e Giannichi (2003), sendo utilizada a média como valor da
medida ou dois valores coincidentes. Foram aferidas a Dobra tricipital (TR) e a
Dobra de perna (PM).
Idade Cronológica
Para determinação precisa da idade cronológica de um indivíduo, foi contada a
quantidade de meses de vida do mesmo, a partir de sua data de nascimento com
dia, mês e ano e dividida por 12.
Idade Óssea
Na determinação da idade óssea foi utilizado o método Grave e Brown (1976),
onde a partir do raio X de mão e punho do indivíduo, a idade óssea foi
determinada por laudo médico, observando a sequência de eventos da ossificação
do indivíduo através de comparação com o atlas proposto por Pyle, Waterhouse e
Greulich (1971). Na realização do exame foi administrada de forma
individualizada uma única dosagem radiográfica, a uma distância foco-filme de
75 cm. As películas radiográficas foram analisadas de forma independente por 3
radiologistas, sendo os resultados dos laudos dos mesmos testados
estatisticamente através do método Kappa, tendo se obtido uma concordância
inter-avaliador de .88, a qual que confirma a fiabilidade das análises.
Maturação
O componente maturação classifica os indivíduos em estado maturacional
atrasado, normal ou acelerado, sendo essa classificação determinada a partir da
subtração da idade óssea do indivíduo em meses, pela idade cronológica do mesmo
em meses. Realizado o cálculo, quando o indivíduo apresenta entre + 12 e −12 em
relação à soma de meses da idade cronológica é considerado normal, acima de +12
é considerado acelerado e abaixo de −12 é considerado atrasado em relação a sua
idade cronológica (Malina & Bouchard, 2002).
Análise Estatística
Para o tratamento estatístico dos dados foi utilizado o programa Stata for
Windows, versão 10.0. A análise estatística utilizada foi à descritiva,
estabelecendo medidas de tendência central e dispersão na busca de construir um
perfil de características dos grupos, formados pelos indivíduos do sexo
feminino e masculino, nas variáveis investigadas, uma vez que foi observada
diferença significativa entre os grupos. O pressuposto de distribuição normal
dos dados foi verificado através do teste de Kolmogorov-Smirnov e,
posteriormente, foram calculados os coeficientes de correlação de Pearson entre
a maturação e as variáveis antropométricas e de aptidão física.
O nível de significância para estabelecido em p < .05 ou 95% de probabilidade.
RESULTADOS
Verifica-se na tabela_1 que, comparativamente ao sexo masculino, existe uma
considerável prevalência de indivíduos do sexo feminino no grupo estudado
(63.08%), sendo o grupo feminino composto, em sua maioria, por meninas com
maturação acelerada em relação à sua idade cronológica. Em sentido diverso, no
grupo do sexo masculino, evidencia-se que a minoria é integrada por indivíduos
de maturação acelerada, tendo sua maioria formada por aqueles de maturação
normal em relação à sua idade cronológica.
Impõe-se destacar que a variável maturação revelou valores distintos entre o
sexo feminino e masculino, apresentando uma diferença significativa (p < .001),
a qual justifica o estudo das variáveis separadas por sexo.
Em relação à tabela_2, analisando-se, especificamente, a correlação da
maturação com aptidão física e antropometria, observaram-se correlações
significativas em muitas das variáveis observadas.
Nos dados coletados no masculino, não foi encontrada correlação significativa
apenas para a agilidade, coordenação e índice ponderal. Por outro lado, a força
explosiva de membros inferiores, diâmetro bicristailíaca, perímetros de braço e
de perna, e perímetro corrigido de braço apresentaram moderados índices de
correlação com o momento maturacional do sexo masculino.
A força explosiva de membros superiores, massa corporal, diâmetros biacromial e
bicristailíaca, e perímetro corrigido de perna expressaram níveis de
significância para correlação ainda melhores e diâmetro biacromial, sendo a
estatura a variável que manifestou melhor resultado em relação à maturação com
uma alta correlação.
Para o sexo feminino, apenas o índice ponderal não apresentou correlação, sendo
a agilidade, força explosiva de membros inferiores e coordenação as variáveis
com menores níveis de correlação. Neste ponto, cumpre observar que todas as
demais variáveis analisadas apresentam bons índices de correlação com a
maturação dos indivíduos estudados, sendo, mais uma vez, a estatura a variável
que manifestou resultado mais elevado.
A tabela_3 permite uma melhor análise dos dados inseridos de forma descritiva,
onde os indivíduos foram separados por sexo de acordo com o momento
maturacional, sendo aqueles tidos como acelerados os que apresentaram idade
óssea maior que a idade cronológica. Por sua vez, os atrasados manifestaram
idade óssea menor que a idade cronológica e os normais não demonstraram
diferença significativa entre a idade óssea e a idade cronológica.
DISCUSSÃO
Os resultados encontrados (ver tabela_2) demonstram que, tanto no masculino
quanto no feminino, a estatura é a variável que apresenta maior correlação com
a maturação. Segundo Malina, Bouchard e Bar-Or (2004), à medida que há um
avanço no processo maturacional da criança, a tendência é que, com as mudanças
fisiológicas e metabólicas, o indivíduo atinja com maior velocidade a sua
estatura final e, consequentemente, também se torne mais pesado devido ao
amadurecimento fisiológico geral e aumento de massa corporal.
A estatura é um fator a ser analisado com muita atenção, observando as suas
diferentes variáveis de influência como o estado maturacional, principalmente
ao se tratar de orientação e desenvolvimento de jovens talentos desportivos em
modalidades como o Voleibol que, segundo Gabbett, Georgieff, e Domrow (2007) e
Cabral et al. (2008), apresenta a variável estatura como fator predominante
para se alcançar o alto rendimento da modalidade.
O índice ponderal, que diz respeito à relação estatura e peso ou à linearidade
do indivíduo, apresentou baixa correlação com a maturação nos sexos masculino e
feminino. O referido resultado é considerado um dado relevante no processo de
seleção e orientação de jovens no desporto, confirmando, mais uma vez, ser
imprescindível a observação do indivíduo em suas diferentes variáveis. Assim, o
indivíduo com maior linearidade não tem necessariamente maior predisposição a
adquirir uma maior estatura. Segundo Schneider e Meyer (2005), a variável
estatura dependerá da influência de uma série de outras variáveis, como, por
exemplo, a maturação.
Ainda na tabela_2, verificou-se a correlação da maturação com os dados
antropométricos, sendo além da estatura, os diâmetros biacromial e
bicristailíaca, e o perímetro corrigido de perna, as variáveis que apresentam
melhores resultados correlacionais em ambos os sexos, dados esses que
corroboram a literatura, onde sabemos que diâmetros e espessuras corporais
tendem a acompanhar o processo maturacional de forma positiva (Forwood et al.,
2006; Malina, 2003).
A literatura afirma que a evolução do desempenho motor, na infância e na
adolescência, está indiscutivelmente associada aos processos de crescimento e
maturação. Diante de tal relação de interdependência, na avaliação do
desempenho motor, urge que, ao se trabalhar com o desenvolvimento da criança no
âmbito desportivo, sejam considerados os aspetos do crescimento físico e as
idades cronológica e biológica (Gallahue & Ozmun, 2005).
Ao avaliar a aptidão física no que se refere à maturação, as pesquisas têm
observado um aumento nos valores de força proporcional aos estágios
maturacionais, ou seja, quanto mais maturado o indivíduo, mais força ele tende
a apresentar, devido a um aumento na massa muscular e à melhoria no desempenho
motor e cognitivo (Biassio, Matsudo, & Matsudo, 2004; Makarenko, 2001). Tal
fato confirma os resultados obtidos na tabela_2, evidenciando uma correlação
moderada da maturação com a força explosiva de membros inferiores e
principalmente com a força explosiva de membros superiores em ambos os sexos,
corroborando os estudos de Biassio et al. (2004) e Nedeljkovic, Mirkov, Kukolj,
Ugarkovic e Jaric (2007).
Malina et al. (2004) e Pearson, Naughton e Torode (2006) defendem, ainda, que
os aspetos referentes à maturação e à força têm grande importância no grande
conjunto de fatores influenciadores da formação de atletas, atestando,
portanto, a indispensabilidade de observação geral do indivíduo e não apenas
fatores como a idade cronológica, uma vez que, durante a puberdade, a diferença
entre os aspetos físicos de indivíduos de mesma idade cronológica podem ser
significativas.
Ao analisar a tabela_3, verificamos que, para o sexo masculino, existiu uma
concentração de indivíduos com maturação normal, o que pode ser explicado pelas
fases diferenciadas de maturação destes em relação às mulheres. Foi visível,
ainda, que, entre os estados maturacionais classificados, as médias para a
idade cronológica encontram-se muito próximas, assim como as médias e desvio
padrão da variável estatura, impondo-se a análise de mencionado dado, sobretudo
pelo fato de que as médias das demais variáveis antropométricas tendem a ser
crescentes para os indivíduos, acompanhando o seu estágio maturacional.
Especificamente, em se tratando de variáveis antropométricas, em ambos os
sexos, as menores médias são visíveis em indivíduos com maturação atrasada. Por
outro lado, são maiores para aqueles que se encontram no estágio normal e,
ainda, maiores para os que se encontram com maturação acelerada sucessivamente.
Tal fato permite visualizar o aumento da massa, crescimento e alargamento da
estrutura corporal, acompanhando a evolução do processo maturacional do
indivíduo, sem considerar apenas a idade cronológica ou estatura, ou ainda, a
estatura e distâncias bicristailíaca e biacromial, guardando, portanto,
consonância com os estudos de Latt et al. (2009) e Linhares et al. (2009).
Observou-se, ainda, na tabela_3 que o sexo feminino apresentou um comportamento
diferente do masculino onde existe, nesse grupo, uma concentração maior de
indivíduos com idade óssea superior à idade cronológica, caracterizando-se,
assim, com maturação acelerada, fato esse também observado na tabela_1, onde,
ao analisar as médias de maturação nos meninos e meninas verificámos diferença
significativa (p < .001). Esses resultados corroboram as pesquisas científicas
anteriores, comprovando que diferentes fatores podem influenciar na velocidade
do processo de maturação, ressaltando, todavia, que, de maneira geral, o
desenvolvimento maturacional das meninas tende a ser um processo mais acelerado
em relação aos meninos (Kishali, Imamoglu, Katkat, Atan, & Akyol, 2006;
Little & Malina, 2007).
Devido ao acelerado processo de maturação das meninas nessa faixa etária,
também se pode explicar a diferença de estatura entre os três níveis
maturacionais de forma crescente e positiva, onde em seus estudos, Roman,
Ribeiro, Guerra Júnior e Barros Filho (2009) constataram que a idade da menarca
influencia diretamente nos fatores antropométricos das meninas que, após a
menarca, tendem a atingir até 95% de sua estatura da vida adulta.
CONCLUSÕES
Perante os resultados evidenciados, faz-se concluir que persiste correlação
significativa entre o estágio de desenvolvimento maturacional da criança e
adolescente, variáveis antropométricas e qualidades físicas como a força, sendo
a força explosiva de membros superiores a variável de aptidão física que
apresenta maior correlação positiva em ambos os sexos, consonante, porquanto,
com a literatura atual.
A partir dos resultados obtidos, podemos confirmar a necessidade de, ao se
analisar a promoção e desenvolvimento de talentos desportivos, considerar-se as
diferentes variáveis, evitando, por via de consequência, o advento de erros,
provocados, sobretudo, nas situações em que uma variável é analisada de forma
independente, ao se ignorar fatores de forte influência e interferência entre
as diferentes variáveis, como, por exemplo, o estágio maturacional.