Efeito agudo do alongamento estático e facilitação neuromuscular propriocetiva
sobre o desempenho do número de repetições máximas em uma sessão de treino de
força
Os exercícios de alongamento são normalmente realizados como parte integrante
da rotina de aquecimento com o objetivo de manter ou melhorar a flexibilidade,
prevenir lesões, retardar dores musculares e se realizado de forma crónica
promover melhoras sobre o desempenho físico (Higgs & Winter, 2009). Para
Pereira, Brust e Barreto (2007), vários métodos de alongamento são utilizados
clinicamente e no desporto, possuindo como principal característica a promoção
e manutenção dos níveis de flexibilidade. Corroborando com essas informações, o
American College of Sports Medicine (ACSM, 2011) preconizou no seu mais recente
posicionamento que valências físicas como aptidão neuromotora, capacidade
aeróbia, resistência muscular localizada, força e flexibilidade devem fazer
parte de um programa de treinamento supervisionado com o intuito de promover
saúde e aumentar o desempenho nas práticas desportivas.
Diversos pesquisadores têm procurado investigar a influência dos diferentes
métodos de alongamento sobre o desempenho da força (Gomes et al., 2011; Kay
& Blazevich, 2012). O alongamento por facilitação neuromuscular
propriocetiva (FNP) quando realizado em membros superiores ou inferiores
apresenta indícios de promover diminuições no desempenho em testes de força
quando realizado por indivíduos considerados iniciantes ou avançados (Gomes et
al., 2011). Entretanto, Simão, Giacomini, Dornelles, Marramom e Viveiros (2003)
não observaram nenhuma alteração sobre os níveis de força após a aplicação do
alongamento FNP sobre o teste de 1RM.
Kokkonen, Nelson, Eldredge e Winchester (2007) verificaram o desempenho dos
membros inferiores após a aplicação do alongamento estático. A força,
flexibilidade e potência foram avaliadas antes e após a aplicação do
alongamento estático. Desta forma, o grupo que alongou teve melhoras
significativas na força de 1RM para flexão e extensão de joelho. Porém, o grupo
que não alongou não apresentou qualquer melhoria na produção de força.
Beedle, Rytter, Healy, e Ward (2008) não encontraram qualquer redução na força
após a aplicação do alongamento estático. Contrariamente, Bacurau et al. (2009)
observaram uma redução da força após a aplicação do mesmo método de
alongamento. Kokkonen, Nelson, Tarawhiti, Buckingham, e Winchester (2010)
analisaram os índices de força após a realização de um treinamento resistido
progressivo combinado com alongamento estático. O grupo que realizou somente o
treinamento resistido progressivo teve a força de 1RM na flexão de joelho,
extensão de joelho e leg press melhorada em 12%, 14% e 9%, respetivamente. Por
outro lado, o grupo que fez treinamento resistido progressivo combinado com
exercícios de alongamento estático melhorou a força de 1RM na flexão de joelho,
extensão de joelho e leg press em 16%, 27% e 31%, respetivamente. Outro
importante ganho foi na extensão de joelho em comparação com o leg press do
grupo que realizou treinamento resistido progressivo mais exercícios de
alongamento estático, quando comparado com o grupo que só realizou treinamento
resistido progressivo.
Outros estudos procuraram verificar a influência dos métodos de alongamento FNP
e estático, de forma simultânea, em testes de 1RM. Gomes, Rubini, Junior,
Novaes e Trindade (2005) encontraram diferenças significativas de ambos os
métodos de alongamento (estático e FNP) quando comparados com o grupo controle
para o teste de 1RM. Franco, Signorelli, Trajano, e Oliveira (2008) também
encontraram diferenças significativas no desempenho do teste de 1RM somente
para as condições que usaram o alongamento estático (por um longo período de
sustentação) e FNP em comparação com os que não alongaram. Sendo assim, os
estudos supracitados apresentam resultados divergentes do efeito do alongamento
estático e FNP sobre o desempenho da força de 1RM.
Sendo assim, o estudo apresenta um caráter original, além de preencher uma
lacuna do conhecimento poderá ter uma maior aplicabilidade prática que deverá
esclarecer quais são os reais efeitos agudos dos diferentes protocolos de
alongamento em uma sessão de treino de força (STF) para membros inferiores.
Portanto, o objetivo do presente estudo foi verificar o efeito agudo do
alongamento estático e FNP sobre o desempenho do número de repetições máximas
em uma sessão de treino de força para membros inferiores.
MÉTODO
Participantes
Participaram do estudo nove voluntários do sexo masculino (24.33 ± 3.04 anos;
88.88 ± 11.29 kg; 189.0 ± 9.16 cm e IMC 24.80 ± 1.41 kg/m²), sendo todos
fisicamente ativos e destreinados em força há pelo menos seis meses. Antes da
coleta de dados, os voluntários assinaram um termo de participação consentida,
conforme a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Foram excluídos do
experimento indivíduos portadores de qualquer problema osteomioarticular que
pudesse influenciar na realização dos exercícios propostos. O projeto de
pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Rio de
Janeiro com o protocolo n.º 101/2011.
Instrumentos e Procedimentos
O presente estudo constou de seis visitas com intervalo entre as mesmas de 48
horas. Nas três primeiras visitas foram observadas as seguintes rotinas:
familiarização com os protocolos de alongamento, aplicação do teste de 12 RM e
reteste de 12RM. Da 4ª visita em diante, os sujeitos foram divididos de forma
aleatória e contrabalançada para realizar os três protocolos experimentais,
sendo eles: a) alongamento FNP + STF (FNP); b) alongamento estático passivo +
STF (EP); c) aquecimento especifico com 20 repetições a 30% da carga de 12RM +
STF (AE). Trinta segundos após a realização dos protocolos de alongamento e
aquecimento específico, os sujeitos davam início à sessão de treino de força.
Para a STF para membros inferiores foram realizadas 3 séries com a carga
ajustada para 12RM nos seguintes exercícios: leg press 45º, cadeira extensora,
mesa flexora e flexão plantar no leg press (PT). Para todos os protocolos, o
intervalo entre os exercícios e as séries foi realizado de forma passiva com a
duração de 90 segundos.
Os materiais utilizados para os testes foram: leg press 45º (LP), cadeira
extensora (CE) e a mesa flexora (MF) da Technogym@, Flexímetro (Code Research
Institute, Brasil).
Teste de 12 RM
O protocolo do teste de 12 RM constituiu-se de: a) aquecimento com 12
repetições a 40-60% da carga máxima percebida para 12 RM; b) após um minuto de
repouso, os indivíduos realizaram 5 repetições a 60-80% do máximo percebido
para 12 RM (Gomes et al., 2011); c) após um minuto de repouso deu-se inicio ao
teste de carga, no qual cada individuo realizou no máximo 3 tentativas para
cada exercício com intervalo de 5 minutos para cada tentativa; d) quando o
avaliado não conseguia mais realizar o movimento na amplitude demarcada pelo
flexímetro o teste era interrompido, sendo registada como carga máxima para 12
repetições aquela obtida na última execução completa da falha muscular
concêntrica.
Após a obtenção da carga para o primeiro exercício, um intervalo de 10 minutos
foi adotado antes de passar para o próximo exercício. Após 48 horas do primeiro
dia, foi aplicado o reteste para a verificação da reprodutibilidade da carga
máxima (12RM). A ordem de escolha de execução dos exercícios no teste foi feita
de forma aleatória, sendo mantida a mesma ordem durante todo o procedimento
experimental.
Visando reduzir a margem de erro no teste de 12 RM adotaram-se as seguintes
estratégias: a) familiarização antes do teste, deixando o avaliado ciente da
rotina de coleta de dados; b) instruções sobre as técnicas de execução dos
exercícios; c) o avaliador estava atento quanto à posição adotado pelo
praticante; d) utilização de estímulos verbais; e, e) os pesos foram
previamente aferidos em balança de precisão.
Foi considerada como carga de 12RM a maior carga estabelecida em ambos os dias
do teste com diferenças menores que 5%. Havendo diferença maior, os sujeitos
compareciam novamente no local para a realização de novo teste, para que o
cálculo da diferença fosse refeito. A carga foi considerada válida para 12RM
quando o indivíduo, utilizando a própria força, sem colaboração externa,
conseguia realizar a última repetição de forma completa. Assim, como na
realização dos exercícios de forma geral, na coleta de dados utilizou-se um
limitador de amplitude do movimento para determinar as posições iniciais e
finais de cada exercício.
Protocolos de Alongamento
Para cada método de alongamento (FNP e estático passivo) foram realizadas 3
séries para cada grupamento muscular, sendo eles: flexores e extensores do
joelho, adutores do quadril e flexores plantares. O tempo de intervalo entre as
séries foi de 30 segundos.
Para o alongamento FNP conduziu-se o membro até um ponto de leve desconforto
sendo indicado pelo voluntário. A partir deste ponto o mesmo realizava uma
contração isométrica por 6 segundos sustentada pelo avaliador. Em seguida, uma
nova amplitude era alcançada até gerar um novo ponto de desconforto sendo
mantida por mais 24 segundos (ACSM, 2011). Para o alongamento estático passivo
o movimento foi conduzido até uma posição de leve desconforto e sustentado por
30 segundos (ACSM, 2011). É importante observar que ambos os métodos de
alongamento tiveram o mesmo volume de treino.
Análise Estatística
Inicialmente foi realizado o teste de normalidade e homocedasticidade Shapiro-
Wilk (Bartlett criterion). Todas as variáveis apresentaram distribuição e
homocedasticidade normais. Para testar a reprodutibilidade das cargas entre o
teste e o reteste de 12RM, foi realizado o coeficiente de correlação
intraclasse (LG, ICC = .99; CE, ICC = .98; MF, ICC = 1.00; PT, ICC = .99) e
para analisar o limite de concordância entre o teste e reteste foram utilizados
os procedimentos propostos por Bland e Altman (1986). Para comparar o efeito
dos diferentes protocolos experimentais sobre o desempenho do somatório do
número de RM das 3 séries de cada exercício e do somatório total do número de
RM das três séries dos 4 exercícios que compuseram a STF, utilizou-se uma ANOVA
(one way) para medidas repetidas. Em caso de F significativo foi realizado um
post hocde Tukey HSD. Os procedimentos estatísticos foram realizados a partir
do programa SPSS 19.0 (SPSS Inc., EUA) sendo adotado um nível crítico de
significância de p < .05.
RESULTADOS
A plotagem proposta por Bland e Altman (1986) apresenta a verificação dos
limites de concordância entre as medidas obtidas nas sessões nas quais se
configurou estatisticamente o processo de estabilização das cargas. Em algumas
situações, a análise de correlação intraclasse isoladamente não torna o
procedimento mais adequado, pois podem existir altas correlações mesmo com
diferenças significativas sendo identificadas. Neste sentido, a plotagem torna
o tratamento mais robusto e confiável. São apresentadas diferenças individuais
(eixo Y) no teste de 12 RM em função das médias entre as três séries (eixo X)
para os exercícios LG, CE, MF e PT, respetivamente (Figura_1).
Para a média do somatório do número de RM das 3 séries de cada exercício, os
resultados mostraram diferenças significativas (p < .05) entre os métodos para
os seguintes exercícios: LP,CE e MF. Sendo assim, no exercício LP a diferença
se deu entre os métodos EP vs. AE (p = .003) e FNP vs. AE (p = .001). No
exercício CE a diferença se deu entre os métodos EP vs. AE (p = .048) e FNP vs.
AE (p = .030). No exercício MF a diferença se deu entre os métodos EP vs. AE (p
= .006) e FNP vs. AE (p = .003). Para o PT nenhuma diferença foi verificada,
conforme pode se observar na Figura_2.
Para a média do somatório total do número de RM das 3 séries dos 4 exercícios
que compuseram a STF foram observadas diferenças significativas (p < .05) entre
as seguintes com-parações: EP vs. AE (p = .001) e entre FNP vs. AE (p = .001),
conforme se pode observar na Figura_3.
DISCUSSÃO
O objetivo do presente estudo foi verificar o efeito agudo dos alongamentos
estático e FNP sobre o desempenho do número de repetições máximas em uma STF
para membros inferiores. Os resultados encontrados mostraram uma diminuição do
número de RM para todos os exercícios quando comparados os protocolos de
alongamento EP e FNP com o AE. Porém, estatisticamente tais diferenças só foram
evidenciadas para os exercícios LP, CE e MF. Para o somatório do número de RM
das três séries dos 4 exercícios para membros inferiores da sessão de treino de
força, o número de RM total apresentou uma diminuição significativa para ambos
os protocolos de alongamento (EP e FNP) quando comparados ao AE.
Após uma revisão sobre a literatura pertinente, observou-se a falta de estudos
que avaliassem os efeitos destes métodos de alongamento (estático passivo e
FNP) em uma mesma sessão de treino de força. Desta forma, o fato de não haver
investigações sobre esta lacuna do conhecimento, utilizou-se como referência
para discutir tais resultados, tendo-se analisado estudos que verificaram a
influência de diferentes métodos de alongamento em testes de força. Sendo
assim, Bacurau et al. (2009) observaram os efeitos do alongamento estático
sobre o teste de força máxima (1 RM) no exercício leg press. Após tal
observação, os autores concluíram que os níveis de força foram reduzidos em
13.4% após a aplicação do protocolo de alongamento estático. Estes resultados
corroboram com o presente estudo, onde reduções de 18.82% também foram
encontradas após a aplicação do protocolo de alongamento estático. Ambos os
estudos utilizaram do mesmo protocolo de alongamento, ou seja, três séries de
30 segundos com 30 segundos de intervalo, variando somente na quantidade de
exercícios de alongamento utilizados. Tais diferenças percentuais podem também
estar relacionadas aos diferentes protocolos de teste de força utilizados.
Enquanto Bacurau et al. (2009) realizaram o teste de 1RM, o presente estudo
utilizou 3 séries de 12 RM. Com isso, a realização de um maior volume de
repetições para o mesmo exercício em esforço máximo poderia submeter às
estruturas viscoelásticas da unidade músculo-tendão a uma sobrecarga gerando
alterações mecânicas. A função do tendão é transmitir força do músculo ao osso,
desta forma, tendões mais rígidos são adequados para transmitir a força
exercida pelas fibras do músculo ao osso de forma mais eficaz (Kubo, Yata,
Kanehisa, & Fukunaga, 2006). Com isso, submetendo as estruturas
viscoelásticas a uma grande tensão, alterações na rigidez da estrutura do
tendão aconteceriam gerando uma alteração na força transmitida. As fibras
colágenas que compõem o tendão possuem um caráter ondulatório, gerando uma
pequena força capaz de promover uma deformação considerável fazendo com que
tais padrões ondulatórios passem a ser retilíneo. Após esta fase, a relação da
curva stress vs. strain se torna mais proporcional. O músculo produz força com
base nas propriedades comprimento-tensão e força-velocidade causando
deformações no tendão. Como a estrutura músculo-tendinosa se comporta de forma
elástica, quando a mesma deixa de sofrer tensão ela tende a voltar ao seu
estado normal que não é idêntico ao seu estado inicial. As diferenças iniciais
e finais existentes nas características da curva (stress vs. strain) são devido
à dissipação de energia na forma de calor pelo tendão. Sendo assim,
inicialmente as estruturas viscoelásticas podem ter sofrido alterações
mecânicas por ação da STF proporcionando uma queda no desempenho traduzido num
menor número de repetições máximas (Lieber, 2010).
Gomes et al. (2011) verificaram o efeito dos alongamentos estático e FNP sobre
o número de repetições máximas para as intensidades de 40, 60 e 80% de 1RM no
exercício cadeira extensora. Em concordância com o presente estudo, os autores
encontraram resultados semelhantes para o alongamento FNP, ou seja, o número de
repetições máximas diminuiu significativamente. O mesmo foi observado para o
alongamento estático onde da mesma forma para ambos os estudos o número de
repetições máximas apresentou-se menor. Porém, no estudo dos autores
supracitados quanto maior a intensidade da carga, maior era a diferença entre o
alongamento estático e o alongamento FNP e maior era a diferença entre o
alongamento estático e o grupo controle (mesmo tendo o número de repetições
máximas sempre diminuindo). Desta forma, Gomes et al. (2011) observaram
diferenças significativas entre o grupo FNP e grupo controle para a intensidade
de 40% e diferenças para o grupo FNP e estático e FNP e grupo controle nas
intensidades de 60% e 80%. No presente estudo, para o exercício mesa flexora
diferenças significativas foram encontradas entre o alongamento estático e
aquecimento específico e entre o alongamento FNP e aquecimento específico.
Portanto, observa-se que o número de repetições máximas em comparação com os
outros exercícios apresenta-se menor para todos os métodos de alongamento. O
presente resultado pode ter sido encontrado devido a um desgaste já sofrido no
primeiro e segundo exercício (leg press e cadeira extensora) nos quais os
músculos isquiotibiais e quadríceps são acionados para a realização do
movimento. Como neste exercício os isquiotibiais também são acionados, o mesmo
pode ter sido sobrecarregado.
A hipótese de uma fadiga muscular neste caso ganha mais suporte devido ao fato
de que no estudo de Fowles, Sale e MacDougall (2000) após uma hora os níveis de
força eram recuperados em quase 91%. Segundo Fowles et al. (2000), a diminuição
da ativação neural seria uma das causas para a queda do desempenho. Esta
diminuição poderia estar relacionada com o reflexo dos órgãos tendinosos de
Golgi (OTG), feedback nociceptor de dor e ou fadiga. Localizado na junção
miotendinosa e responsável por deteta elevada força combinada com o alongamento
muscular, o OTG causa o que chamamos de reflexo de inibição autogénica. Assim,
o feedback realizado pelo OTG inibe a ativação agonista para uma menor produção
de força reduzindo a tensão no músculo. Porém, a descarga do OTG dura somente
no processo de alongamento fazendo com que os efeitos inibitórios ocorram
momentaneamente (Fowles et al., 2000). O feedback nociceptor de dor poderia
também reduzir a unidade central (Fowles et al., 2000), porém em todos os
protocolos de alongamento o momento de interrupção da amplitude de movimento
foi indicado pelo avaliado, não havendo qualquer perceção de dor durante o
alongamento. De forma contrária, como o gastrocnémio foi pouco utilizado nos
exercícios anteriores, o mesmo não sofreu com a fadiga muscular e a fadiga
neural poder ter desaparecido, uma vez que, como já dito acima, segundo Fowles
et al. (2000) os efeitos a nível neural do alongamento com o passar do tempo
tende a diminuir e com isso tais efeitos negativos não se tornam tão presentes.
Para o número de RM das três séries dos 4 exercícios, os métodos de alongamento
estático passivo e FNP apresentaram diferenças significativas em comparação com
aquecimento específico de 17.10% e 20.95%, respetivamente, mostrando ambos
serem prejudiciais ao desempenho antes de uma sessão de treinamento. Simão et
al. (2003) verificaram os efeitos do aquecimento específico e do alongamento
FNP sobre o teste de 1RM no exercício supino horizontal. Os autores não
verificaram qualquer diferença significativa entre os dois métodos de
aquecimento e tal resultado pode estar relacionado ao curto tempo de
alongamento realizado pelo método FNP, uma vez que, Fowles et al. (2000)
mostraram que quanto maior o tempo de alongamento, maior e mais duradouro são
os efeitos negativos sobre os níveis de força. Em outro estudo foi avaliado se
a realização do alongamento estático por 10 semanas poderia interferir no
desempenho do teste de 1RM (Kokkonen et al., 2007). Os autores verificaram que,
para a flexão e extensão de joelho, os testes de 1RM tiveram melhora de 15.3% e
32.4% respetivamente. De forma diferente, Beedle et al. (2008) não encontraram
diferenças significativas em comparação com o grupo que não alongou. Os autores
afirmaram que a intensidade moderada do alongamento utilizada poder ter
contribuído para que o alongamento não gerasse efeito negativo sobre o
desempenho. Contrariamente, Gomes et al. (2005) verificaram que tanto para o
alongamento estático como para o alongamento FNP, os índices de força eram
menores quando comprados com o grupo controle. Da mesma forma, Franco et al.
(2008) observaram que para os grupos que realizaram o alongamento FNP e uma
série do alongamento estático sustentados por 40 segundos os níveis de força
também se apresentavam menores para o teste de 1RM.
A repercussão destes resultados podem auxiliar os profissionais da área da
saúde, tanto aqueles que prescrevem treinamento para as atividades físico-
desportivas quanto aqueles que trabalham com a reabilitação, no sentido de
alertar sobre os efeitos dos exercícios de alongamento realizados antes das
séries de exercícios de força. Ainda mais, quando as atividades físico-
desportivas dependerem diretamente do desempenho da força.
As principais limitações do presente estudo estão relacionadas com a não
monitorização da qualidade de sono, alimentação, estado de humor e a
temperatura ambiental dos procedimentos experimentais.
CONCLUSÕES
Desta forma, conclui-se que os métodos de alongamento estático e FNP não devem
ser recomendados antes da STF, uma vez que, de acordo com os resultados
apresentados estes métodos prejudicam o desempenho subsequente da força.
Recomendam-se outros estudos agudos e crónicos que verifiquem a influência de
diferentes tipos de alongamento em um STF para membros superiores, em
diferentes populações e diferentes níveis de treinamento.