Excertos do discurso Presidencial no X Congresso da SPACV
Excertos do discurso Presidencial no X Congresso da SPACV
Presidential adress on the X Congress of the SPACV
Joaquim Barbosa
HISTÓRIA DOS 10 ANOS DA S.P.A.C.V.
(Excerto da Lição Presidencial do X Congresso da Sociedade, em Junho/2010 '
Porto)
Não podia abordar o tema da História dos 10 anos da S.P.A.C.V., sem referir
alguns aspectos que reputo de importantes e, com os quais, em minha opinião, a
fundação da nossa Sociedade está, intimamente, relacionada.
Assistimos nas décadas de 80 e 90, a um movimento emancipalista, não só
Europeu, como Mundial, no sentido de uma necessidade de afirmação da Cirurgia
Vascular como uma Especialidade autónoma e não dependente da Cirurgia Cardíaca.
Este aspecto foi determinante e teve repercussão a vários níveis, nomeadamente:
> Fundação da Sociedade de Cirurgia Vascular, em muitos Países, europeus.
> Reconhecimento da Especialidade e respectivas carreiras médicas, em vários
outros.
> Criação de Serviços e Unidades Vasculares em novos Centros Hospitalares.
> Reconhecimento na U.E.M.S., da Cirurgia Vascular como Secção independente!
Este último ponto foi o mais difícil de ser conseguido.
Por iniciativa e mérito do Prof. Domenico Palombo,foi oficialmente criado e
reconhecido o Council ofVascular Surgery in the E.C.C., em 1991, em Aosta.
Este organismo, foi tendo um progressivo maior número de aderentes, todos
imbuídos do mesmo objectivo: o reconhecimento, da Cirurgia Vascular na
U.E.M.S., não como Divisão da Cirurgia Vascular, integrada na Secção de
Cirurgia Geral, mas sim como uma Secção própria.
Trabalho árduo desempenharam os seus vários membros, durante cerca de 10 anos,
onde os nomes mais sonantes da Cirurgia Vascular Europeia deram o seu
contributo para que o referido objectivo fosse conseguido.
Tenho orgulho, confesso, em ter desempenhado as minhas funções durante uma
década e ocupado o cargo de Vice-Presidente sendo o Secretário-Geral, o meu
amigo Domenico Palombo, bem como ter sido co-autor de um livro, publicado pelo
Council e distribuído a todos os Cirurgiões Vasculares.
Finalmente, com a preciosa ajuda da E.S.V.S., com destaque para a contribuição
pessoal do Prof. Fernandes e Fernandes, conseguimos tornarmos uma Secção
independente na U.E.M.S. tendo inclusivamente, sido criado o European Board of
Vascular Surgery, com competência para a atribuição de títulos de excelência
(F.E.B.V.S.).
Como Presidente da S.P.A.C.V., sinto-me realizado pelos anos de trabalho,
integrado neste grupo e por ver a nossa Sociedade a ser a única reconhecida a
nível Europeu, de forma idêntica ao que já tinha acontecido com a E.S.V.S.
O seu actual Secretário-Geral e Tesoureiro, o mais jo-vem até hoje, é o nosso
Secretário-Geral, Prof. Arman-do Mansilha, motivo de orgulho para todos nós.
Do outro lado do Atlântico, pela mão de John Porter, viria a ser criada a
Sociedade Americana de Cirurgia Vascular.
O processo tinha-se tornado irreversível!
E Portugal não poderia fugir à regra.
O número de Cirurgiões Vasculares, tinha aumentado significativamente e o
número de vozes dissonantes a favor da criação de uma Sociedade Independente
foi progressivamente crescente, tais como Armando Farrajota, Alberto Queirós,
Fernandes e Fernandes, Mário Macedo, Pereira Albino, entre outros (que me
desculpem aqueles que não nomeei).
Na Assembleia Geral da Reunião Anual, da S.P.C.C.T.V., em Castelo de Vide, foi
apresentado uma lista assinada por dez cirurgiões vasculares, com o mesmo
intuito.
Contudo, o timing, na minha opinião, ainda não tinha chegado.
Em Outubro de 2000, num carismático Restaurante de Lisboa, a jantar com o Prof.
Fernandes e Fernandes e o Dr. Mário Macedo, ficou decidido fundar-se
definitivamente, a nossa Sociedade.
De forma livre e democrática, foram convocados os cirurgiões que se tinham
mantido interessados no projecto, para uma Reunião na Ordem dos Médicos, à
porta aberta.
Assim nasce a S.P.A.C.V., após redacção e aprovação dos seus Estatutos e
eleição dos seus primeiros Corpos Sociais.
Já cerca de vinte anos antes, o Prof. Jaime Celestino da Costa, tinha
profetizado que a S.P.C.C.T.V., não era mais que um casamento de conveniência
e deveria terminar, quando estivessem reunidas as condições para a criação de
Sociedades Independentes, com um divórcio não litigioso.
Essa altura, tinha chegado.
O Prof. António Braga, acreditou veemente, desde o inicio, no Projecto e
aceitou ser o seu 1º Presidente.Já lá vão 10 anos!
[ 2000-2002 ]
Presidente: António Braga
Secretário-geral: Joaquim Barbosa
[ 2002-2004 ]
Presidente: Albuquerque de Matos
Secretário-geral: Joaquim Barbosa
[ 2004-2006 ]
Presidente: Santos de Carvalho
Secretário-geral: José Daniel Menezes
[ 2006-2008 ]
Presidente: Fernandes e Fernandes
Secretário-geral: José Daniel Menezes
[ 2008-2010 ]
Presidente: Joaquim Barbosa
Ssecretário-geral: Armando Mansilha
Não evoco, por razões óbvias, os nomes de todos os colegas dos Corpos Sociais,
que muito contribuíram para o sucesso da nossa Sociedade.
O 1º Editor da Revista e seu Fundador, facto que muito prestigiou a Sociedade,
sob o ponto de vista científico, foi o Prof. Fernandes e Fernandes, que
promoveu a sua divulgação a nível Nacional e, principalmente, a nível
Internacional.
Em 2006 o Prof. Luís Mendes Pedro, aceitou continuar as suas funções, sendo o
actual responsável pela imagem científica da Sociedade, tendo conseguido a sua
indexação - aspecto que reputo de extrema relevância, bem como a sua
colaboração activa nas Reuniões da Direcção.
No nosso 1º Congresso, foram eleitos por unanimidade como Sócios Eméritos, o
Dr. Salvador Marques, o Prof. Teixeira Diniz, o Dr. Armando Farrajota, o Prof.
António Braga e o Dr. Alberto Vilar Queirós.
Os objectivos da Sociedade foram bem definidos desde a sua fundação e
relacionados com:
> Aspecto Cientifico
> Aspecto Formativo
> Interferência nos Órgão decisórios do poder
Estes foram quase totalmente alcançados e, de uma forma global, por vezes
ultrapassados.
Os aspectos científicos e formativos foram não só conseguidos como, também,
motivo de orgulho por todas as actividades desenvolvidas.
Para além do número de eventos científicos realizados, da criação da revista,
de Campanhas de Divulgação e Rastreio a nível Nacional de algumas das
principais patologias da nossa Especialidade, do Registo dos Aneurismas da
Aorta Abdominal, a colaboração com Sociedades Cientificas Congéneres e, de
extrema importância, o estabelecimento de Protocolos de colaboração recíproca
com as Sociedades Vasculares, Brasileira e Espanhola, colmatam os objectivos
científicos.
O estímulo oferecido aos mais jovens, com atribuição de prémios anuais
importantes, bem como os vários cursos formativos, traduz-se no progressivo
aumento do número de apresentações científicas e na melhoria da sua qualidade!
Menos conseguido foi o último dos objectivos.
Pensamos ser imprescindível uma colaboração mais activa com os Órgãos
decisórios do poder. No entanto, tal facto, infelizmente, não se verificou.
Contudo, esta continua a ser uma lacuna que gostaríamos de ver, a curto prazo,
colmatada.
Múltiplas foram as personalidades de vulto da Cirurgia Vascular Internacional,
que estiveram presentes nos nossos eventos científicos e que muito nos
prestigiaram!
A parte social nunca foi descurada, pois penso ser extremamente salutar o
convívio entre os Sócios, tornando-os, numa verdadeira Família Vascular.
E foram muitos os eventos sociais, com sucesso, realizados nos últimos 10 anos!
Momentos inesquecíveis!
De realçar a excelente relação com a Industria Farmacêutica, mercê de uma
politica de reciprocidade de interesses, por nós instituída e indispensável
para a concretização dos nossos objectivos.
Em suma: a SPACV, encontra-se solidamente implantada, sendo reconhecida
cientificamente a nível Nacional e Internacional.
Fervilha de actividade!
O meu muito obrigado!
Junho de 2010