Diplomados do ensino superior e posicionamentos avaliativos
Introdução
Atualmente, verifica-se uma evidente atenção pela questão da situação no
mercado de trabalho dos diplomados do ensino superior. Somos quotidianamente
confrontados, nos meios de comunicação, com notícias sobre o emprego dos
diplomados, ora expressando as suas dificuldades no mercado de trabalho, ora
dando conta de casos de sucesso, mas mera- mente num registo individual.
Discussões que têm por pano de fundo, por vezes, o papel da educação nas
sociedades ocidentais e, num quadro mais vasto, o do Estado Providência3;
veicula-se, recorrentemente, uma visão utilitarista e economicista da educação.
Igualmente, o tema é objeto de interesse, quer por parte de organizações
políticas internacionais, o caso da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico e da União Europeia, quer por investigadores da área
das ciências sociais. Estão, nestes casos, vários projetos de investigação de
cariz internacional: oComparative Analysis of Transitions from Education to
Work in Europe(CATEWE), realizado entre 1997 e 2000; o Tuning Educational
Structures in Europe(Projeto Tuning), iniciado em 2000; o Carrers After
Graduation ' An Europe Research Study(CHEERS), de 1997 a 2006; o Flexible
Professional in the Knowledge Society(REFLEX), desde 2004; o HigherEducation as
a Generator of Strategic Competences (HEGESCO), desde 2007; o The Flexible
Professional in the Knowledge Society New Demands on Higher Education in Europe
(PROFLEX), desde 20074; os relatórios sobre a situação da educação na Europa da
responsabilidade da rede Eurydice (Eurydice, 2012, por exemplo). Por outro
lado, no espaço da investigação científica desenvolvida, em instituições de
ensino superior, as contribuições de Teichler e da sua equipa têm sido
seminais, nomeadamente por via do projeto CHEERS, que foi continuado pelo
projeto REFLEX. Com uma importante ressonância em Portugal, estão as abordagens
de Verniéres (1997), Vincens (1997; 1998), Rose (1984; 1998) e Sainsaulieu
(1988; 2003).
Em particular no campo da Sociologia, em Portugal, o tema da inserção
profissional e as posições dos diplomados do ensino superior fazem também parte
da agenda da investigação. Sem preocupações de exaustividade elencamos alguns
dos trabalhos: Arroteia e Martins (1998); Escária (2008); Baptista (2006);
Romão (2004); Marques (2006); Gonçalves (2007); Alves (2007); Alves (2008);
Gonçalves, coord. (2009); Saúde (2008); Chaves (2010); Almeida (2007; 2010);
Sousa (2010)5. Por outro lado, as instituições de ensino superior têm
desenvolvido diversos estudos, sobretudo de natureza sociográfica, sobre o
tema6. Por exemplo, o Observatório dos Percursos dos Estudantes da Universi-
dade de Lisboa, o Observatório do Emprego da Universidade do Porto, o
Observatório da Inserção Profissional dos Diplomados da Universidade Nova de
Lisboa, o Observatório da Empregabilidade do Instituto Superior Técnico e o
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa.
O debate sobre o emprego dos diplomados entrecruza-se, numa malha densa, com
pelo menos duas questões axiais. Uma primeira consubstanciada nas relações
entre o sistema de ensino e o sistema económico. Não obstante a diversidade de
questionamentos e de reflexões, umas mais de cariz político e outras
decorrentes das abordagens ancoradas em disciplinas das ciências sociais, como
a sociologia, a economia e as ciências da educação, emergem duas principais
posturas sobre aquelas relações: uma que podemos designar de funcionalista,
adequacionista ou utilitarista e outra de natureza mais liberal. A primeira,
como o nome indica, pugna por uma proposta que conforma especificamente os
objetivos do sistema de ensino ao sistema económico, principalmente às
dinâmicas do tecido empresarial e às necessidades, em termos de volume e de
qualidade da mão-obra, correspondentes a um determinado padrão de evolução
económica (Bills, 2004; Alves, 2007; Gonçalves, 2009). Deste modo, a questão
principal coloca-se em termos de correspondência entre educação e emprego. Numa
posição diametralmente oposta, encontramos aqueles que defendem a autonomia do
sistema educativo face ao sistema económico e o seu papel importante na
transmissão e produção de conhecimento e na construção da cidadania.
Encontramos a outra questão axial nas transformações no ensino superior ocor-
ridas nos últimos vinte anos na Europa e, particularmente, em Portugal.
Objetivos, organização interna e formas de governo; relações com o tecido
económico, o mercado de trabalho e o poder político; volume da procura e
diferenciação social e económica dos estudantes; oferta e diversificação de
cursos e de modelos de ensino-aprendizagem; adoção de critérios de gestão de
carater empresarial; acréscimo da internacionalização da educação e da
investigação são apontadas, em alguma bibliografia, como as principais
transformações7. Acresce-se, o fato de, atualmente, o ensino superior estar
permeado por um discurso managerial, que atribui uma notória importância ao
emprego dos diplomados8 (Magalhães, 2004).
O presente artigo debruça-se, precisamente, sobre o emprego dos diplomados que
concluíram a sua formação, entre os anos letivos de 2004/05 a 2006/07, no
Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC). Período imediatamente
anterior à aplicação da reorganização do ensino superior, que é conhecida como
Processo de Bolonha. Em termos metodológicos, optámos pela aplicação onlinede
um inquérito por questionário9, no final do ano de 2011, à totalidade dos
diplomados (1.484 indivíduos) que integravam os vinte e nove cursos e as cinco
escolas do IPVC. Obtiveram-se 610 respostas válidas, que constituem a amostra
intencional (o que corresponde a uma taxa de resposta de 41,1%)10.
Ao longo das próximas páginas iremos centrar-nos em determinadas questões: nas
situações no mercado de trabalho dos diplomados no momento de aplicação do
inquérito por questionário11; na avaliação que fazem das dificuldades do curso
que frequentaram, do trabalho pessoal realizado, das condições de ensino, para
além da satisfação face ao emprego atual e às suas expetativas profissionais.
1. Emprego atual
Nos últimos meses de 2011, uma parcela importante dos diplomados do IPVC estava
empregada. O desemprego abrangia 13,1%. Face ao total dos inquiridos
predominava, como seria expetável, a procura de um novo emprego regular (9,8%)
e a proporção dos que ainda não tinha acedido ao primeiro emprego, isto é, que
vivenciavam uma situação de desemprego de inserção, era reduzida (3,3%). A
descriminação de género salientava-se (78,8% do total dos desempregados eram
mulheres), padrão que, igualmente, se deteta em outros estudos (Gonçalves,
2010; Casaca, 2010). Se atendermos à situação no mercado de trabalho na altura,
os respetivos valores alinham-se com os acima apontados. A taxa de desemprego
em Portugal era de 14,0% e na Região Norte de 12,6%. Por sua vez, para o país a
taxa de emprego era de 52,4% e na Região Norte de 53,5%. Para a globalidade
daquele ano a taxa de desemprego dos indivíduos com um curso superior era de
9,4% (inferior aos que possuíam, no máximo, o ensino secundário ou o ensino
básico, respetivamente 15,4% e 14,5%). Dados que indiciam que um nível de
escolaridade elevado protege mais do desemprego.
Subsistem diferenças entre as áreas de educação12. O peso dos empregados é mais
expressivo em SA e IT; por contraste, é em AR e FPCE que estão as maiores
percentagens de desempregados (17,0% dos licenciados em AR estão à procura do
primeiro emprego regular; 21,8% em FPCE estão à procura de novo emprego).
O Quadro seguinte regista algumas das principais variáveis caracterizadores do
emprego atual. Predomina o grupo das profissões Especialistas das Profissões
Cientificas e Técnicas (com um peso importante de professores, engenheiros e
enfermeiros). Os Administrativos e Comerciais ficam pelos 18,6%. Tendo isto em
conta e as áreas de educação, conclui-se que a maioria das áreas abrange mais
de 75,0% dos licenciados no grupo profissional mais qualificado. Excetuam-se
INF, CE e SP com menos de metade dos diplomados nesse grupo ' o que poderá
denunciar, embora com a devida prudência que os dados impõem, a existência de
uma maior sobrequalificação académica nestas áreas, como veremos mais à frente.
Por contraposição, mais de 50,0% dos diplomados naquelas três áreas situam-se
no conjunto dos designados Administrativos e Comerciais. Note-se que, no caso
de INF, o termo empregado de escritório' pode incluir um conjunto
diversificado de tarefas; o mesmo podemos afirmar para CE. Cerca de metade dos
inquiridos encontram-se numa situação de precariedade laboral13; 44,2% detêm
uma posição mais estável no mercado de trabalho ' a esmagadora maioria no setor
privado (74,2%). Existe heterogeneidade entre as áreas de educação. Assim, é
entre os diplomados em FPCE que encontramos a maior proporção de indivíduos em
precariedade laboral, o que traduz a condição socioprofissional da profissão de
professor entre nós e a forma como o sistema de ensino se encontra organizado.
Segue-se ENG e PA. Em contrapartida, CE, INF e IT exibem um peso mais elevado
de indivíduos com contrato sem termo.
No que concerne ao rendimento líquido auferido, temos como valor modal os 701 a
1000 euros (34,6%). Porém, cerca de 30,7% dos diplomados ganham um salário
inferior a 701 euros. Note-se que apenas 34,8% ganham um salário superior a
1000 euros. De entre as áreas de educação mais bem pagas sobressai SA. Por
oposição, AR, CE, IT, SP e PA são aquelas em que os diplomados recebem salários
mais baixos. O Terciário é fortemente dominante (onde, por sua vez, prepondera
a Educação, a Saúde e ação social e Administração pública). No Secundário a
importância vai para as Indústrias Transformadoras. Com exceção de IT, que
apresenta um valor elevado deste último setor, nas restantes áreas de educação
o Terciário é plenamente dominante. Na empresa privada trabalha cerca de metade
dos licenciados (50,4%), não sendo por isso de estranhar a importância das
organizações com menos de 101 trabalhadores (64,1%). Os tipos de organização
que, direta ou indiretamente, se inscrevem na área do Estado (empresas
públicas, Administração pública e institutos públicos) agregam 38,8% dos
inquiridos. Na Administração pública (que abarca quase 30,0% dos diplomados) os
valores mais elevados estão em FPCE ' como já tivemos oportunidade de referir,
aqui estamos perante um segmento de mercado de trabalho específico, o dos
Professores e parte dos Enfermeiros. Com exceção destas duas áreas de educação,
a empresa privada salienta-se face às restantes áreas de educação.
Para esta breve caracterização do emprego atual, um último aspeto importa
igualmente abordar: as relações que se estabelecem entre a formação académica e
o emprego. Optou-se por questionar os inquiridos sobre a possibilidade das
funções profissionais no emprego atual (ou último) poderem ser desempenhadas
por outros indivíduos, de acordo com o seu nível de escolaridade15. 68,2% dos
inquiridos referem que as suas funções só podem ser desempenhadas por alguém
unicamente com um curso na mesma área científica da sua. Para estes existe
adequação entre formação e emprego. É observável tal situação sobretudo na área
de SA, o que seria de esperar atendendo a que estamos perante uma profissão
institucionalizada, alicerçada no fechamento social e de acesso condicionado. O
mesmo podemos afirmar para a área de AC (é composta somente pelo curso de
Engenharia Civil e do Ambiente que é objeto de regulação profissional).
Outros inquiridos consideram a possibilidade de indivíduos com formações
académicas diversas e distintas das suas, mas com o grau de licenciado, poderem
desempenhar as suas funções (14,3%). Várias linhas explicativas podem ser
avançadas para dar conta desta situação: resultar da penúria de empregos na
área de educação daqueles diplomados, o que os leva a aceitar outros empregos,
que consideram, contudo, ainda serem compagináveis com o seu título académico e
conteúdo de formação; afigurar-se como uma prática de intermutabilidade entre
diferentes cursos para a concretização das tarefas inscritas no emprego
(Gonçalves, coord., 2009). Isto pode ser explicado, entre outros fatores, pela
existência de um contexto socioeconómico de intensas transformações no mundo do
trabalho, com a emergência e desenvolvimento de novas atividades laborais, já
não confinadas aos perfis mais tradicionais, maioritariamente no setor dos
serviços, que exigem um naipe de conhecimentos e competências transversais às
diversas formações académicas. Neces- sariamente a especificidade e a qualidade
daquelas acaba por qualificar ou não o emprego ocupado pelo diplomado.
Por último, 15,7% dos inquiridos aceitam que o seu trabalho pode ser realizado
por alguém com um título académico inferior ao seu. Neste caso, consideramos
que estamos perante uma situação de sobrequalificação académica. Consideramo-la
como uma situação no mercado de trabalho em que os agentes detêm um grau de
escolaridade superior ao que é exigido para a concretização das múltiplas
tarefas que integram o emprego que ocupam16. A sobrequalificação ganha peso
relativo nas áreas (AR, CE e SP) onde estão mais concentradas as profissões que
exigem menores habilitações académicas, tais como: Rececionistas, Vendedores,
Operários e Técnicos de turismo.
Como se processou a passagem dos diplomados para o primeiro emprego? Em
primeiro lugar, a maioria (70,4%) constata a existência de dificuldades, o que
tem todo o sentido num contexto socioeconómico de crise como o que vivenciamos
em Portugal no presente. A diminuta oferta de empregos na sua área geográfica
de interesse, o excesso de licenciados com o seu curso, a ausência de
experiência profissional e o fraco apoio do IPVC e do Centro de Emprego do IEFP
são as principais razões apontadas pelos inquiridos e que estão em linha com
outros estudos (Gonçalves e Menezes, 2011; Gonçalves, Menezes e Martins, 2010).
A última razão é demonstrativa da necessidade de uma maior intervenção do
Estado, por via das suas instituições, assumindo a qualidade de intermediários
de emprego (Rose, 1998), na definição e aplicação de políticas ativas de
emprego direcionadas para o emprego da mão de obra mais qualificada
academicamente17. As duas primeiras razões estão intrinsecamente relacionadas
com as relações entre ensino e mercado de trabalho. Não obstante considerar-se
que é o último que determina essa relação, na medida em que é o espaço social
de criação/destruição por excelência de empregos, a oferta (excessiva) de
cursos e diplomados pelo sistema de ensino face ao volume, conjuntural ou
estrutural, de empregos disponibilizados concorre, igualmente, para as
dificuldades assinaladas pelos inquiridos.
Observa-se que, ao fim de três meses após a finalização do curso, 35,9% dos
inquiridos estavam empregados (com forte sucesso para AC e ENG) e 62,6%
decorridos seis meses (sobressaem INF, ENG, IT, SP, AR e FPCE). Passado um ano,
a quase totalidade encontrava-se empregada. O desemprego de longa duração
(superior a 12 meses) atingia cerca de 12,0% (com valores expressivos para ASP
e AR). Apesar do contexto socioeconómico recessivo que se desenvolvia no país
no período em que os diplomados procuravam o seu primeiro emprego, verifica-se
que uma parte deles não teve um elevado tempo de desemprego de inserção, embora
existam diferenças entre as áreas de educação. A passagem entre o ensino e o
primeiro emprego é determinada por fatores, que agem de modo interdependente,
como: a natureza da dinâmica económica; a menor oferta de emprego em termos
quantitativos e qualitativos pelos empregadores; a procura, por parte dos
empregadores, de determinados conhecimentos e competências detidos pelos
diplomados e disponibilizados pelo ensino superior; os modos de gestão da mão
de obra e práticas de recrutamento e seleção que usam; o conhecimento sobre os
cursos pelos empregadores e a sua valorização para o funcionamento das
organizações; e, por último, o valor dos títulos académicos no mercado de
trabalho. Por força das dinâmicas do mercado de trabalho, as áreas de educação
são um fator explicativo do posicionamento dos diplomados nesse mercado. Por
outro lado, a duração do tempo de desemprego condiciona fortemente o
desenvolvimento da transição do ensino para o mercado de trabalho.
Cruzando os valores do Quadro acima pela variável género, conclui-se que,
genericamente, as mulheres são mais descriminadas que os homens no acesso ao
primeiro emprego. Ao fim de 6 meses, 78,2% dos homens estavam empregados,
contra 58,0% das mulheres. Ao fim de 12 meses, aquele valor cresceu para 93,8%
e 86,6% (homens e mulheres, respetivamente). O desemprego de longa duração
masculino quedou-se pelos 6,2%, já o feminino pelos 13,4%. O acesso ao primeiro
emprego das diplomadas é, por conseguinte, mais penalizante, porque mais longo.
Outros estudos vão no mesmo sentido ' ODES (2001), Alves (2005; 2008),
Gonçalves, coord. (2009), Casaca (2010), Sousa (2010), Alves (2007; 2009).
Podemos considerar algumas pistas explicativas para a desigualdade de género18:
os empregadores optam pelos homens, mantendo, assim, a tradição da presença
maioritária masculina no respetivo setor de atividade, isto é, persistem as
representações sobre as atividades adstritas a cada um dos géneros; uma
possível proatividade dos homens na procura do primeiro emprego (24,8% destes
iniciaram a procura ainda antes de terminarem a licenciatura, enquanto as
mulheres ficaram pelos 19,0%), o que pode ser consequência de uma certa
desvalorização por parte das mulheres nessa ação, provavelmente porque têm
elevadas expetativas de acederem a um emprego no final do curso ou, então,
decidem-se por um empenhamento mais forte na conclusão do curso, se possível
com classificações finais mais elevadas.
2. Processos avaliativos
No ponto anterior fizemos uma breve caraterização do emprego atual dos
diplomados do IPVC. Iremos agora debruçar-nos sobre a avaliação que aqueles
fazem em relação a vários aspetos: grau de dificuldade do curso que
frequentaram; trabalho pessoal realizado; condições de ensino; satisfação face
ao emprego atual; expetativas.
Vejamos os três primeiros. Os inquiridos apontam para que o grau de dificuldade
do curso foi moderadamente alto (3,53) e que o seu trabalho pessoal, enquanto
estudantes, foi relativamente elevado ' a média de resposta é de 3,85. São os
diplomados em ENG, seguidos dos de SA e de AC, os que percecionam um grau maior
de dificuldade (apresentando valores acima da média global encontrada), contra
os de AR, INF e SP, que apresentam as médias mais baixas. Entretanto, face ao
trabalho individual dedicado ao curso, salientam-se FPCE, ENG e SA, com valores
médios em torno dos 4,00. Em contrapartida, ASP e SP têm os valores mais
baixos, isto é, avaliam o seu trabalho pessoal como tendo sido menor do que a
média encontrada para o total de respondentes. Quanto às condições de ensino
oferecidas pelo IPVC, na generalidade, a avaliação é bastante satisfatória, em
particular para os que frequentaram SA, ENG e FPCE. Inversamente, AR e SP
assumem uma posição mais crítica.
Quanto à satisfação face ao emprego atual, e antes de apresentarmos
propriamente os resultados encontrados, importa tecer algumas considerações. A
satisfação no trabalho é uma das variáveis mais estudadas no campo da
psicossociologia e do comportamento organizacional, ocupando um lugar central
em vários estudos. Embora não exista uma definição unanimemente aceite sobre o
conceito, a satisfação face ao trabalho é considerada um importante fator
explicativo de um conjunto de atitudes e comportamentos dos indivíduos no seio
das organizações (Mignonac, 2004; Spector, 1997; Brief, 1998), com
consequências várias, designadamente ao nível do absenteísmo, da rotatividade e
da produtividade (Clegg, 1983; McEvoy e Cascio, 1985).
Para alguns autores (Barbash, 1976), a satisfação é entendida como um processo
que evolui em função das necessidades e das aspirações do indivíduo, bem como
da realidade por ele vivenciada dentro da organização. Para outros, a
satisfação no trabalho resulta de uma avaliação ou de um estado emocional
(Locke, 1976; Brief, 1998), ou seja, é concebida em função da relação percebida
entre o que a pessoa deseja e aquilo que ela obtém no seu trabalho. Numa
tentativa de síntese dos diversos posicionamentos teóricos face à satisfação no
trabalho, Alcobia (2001: 290), aponta duas grandes perspetivas sobre a
satisfação: uma como um estado emocional, sentimentos ou respostas afetivas
face ao trabalho; outra como uma atitude generalizada face ao trabalho. O autor
não deixa de frisar que, em termos operacionais, a arrumação das plurais
teorias existentes pode ser feita tendo em consideração uma leitura
unidimensional (uma atitude face ao trabalho em geral) ou outra
multidimensional em que a satisfação é composta por um conjunto de fatores
passiveis de serem objeto de medição separadamente. Deste modo, a satisfação no
trabalho deverá ser entendida como um construto dinâmico e multidimensional,
que envolve uma complexa interação entre papéis, tarefas, responsabilidades,
benefícios, recompensas e reconhecimento. De referir ainda que a satisfação
pode ser intrínseca (simbólica ou qualitativa) ou extrínseca (instrumental ou
material). Intrínseca quando a pessoa obtém satisfação e prazer com a
realização do seu trabalho; extrínseca quando a satisfação deriva daquilo que a
função que realiza lhe pode propiciar (idem, ibidem).19
No caso do nosso estudo, e numa aceção unidimensional do conceito, podemos
afirmar que, em termos globais, a satisfação dos inquiridos face ao emprego
atual é satisfatória (3,38). Numa outra leitura, e com o objetivo de perceber
quais os componentes mais valorizados, pedimos aos diplomados que se
posicionassem em relação a 15 itens por nós selecionados20.
Os itens em que os respondentes encontram maiores níveis de satisfação
relacionam-se com a autonomia e a responsabilidade no trabalho, o clima
relacional e a possibilidade de adquirir novos conhecimentos, isto é, de
aprender. Por sua vez, declaram valores de satisfação mais reduzidos nas
categorias associadas à progressão na carreira e ao sistema de recompensas ' o
que não nos surpreende, atendendo às políticas em curso, que pugnam pelo
congelamento da progressão de carreiras e de salários, designadamente ao nível
da função pública (relembre-se que um segmento importante dos nossos inquiridos
trabalha em organizações públicas/estatais, como é o caso, por exemplo, dos
professores e dos enfermeiros).
Por último, abordamos as expectativas que os inquiridos tinham face ao seu
futuro quando concluíram a sua licenciatura no IPVC, tendo presente os aspetos
do emprego atual. Para a maioria foram parcialmente concretizadas (com especial
relevo para AC, CE e SA). Mesmo assim, o valor dos que consideram que as
expetativas não foram concretizadas não é de ignorar (IT, SA e AR são as áreas
com os valores mais elevados). As opções feitas pelos inquiridos refletem as
suas trajetórias no mercado de trabalho e, por isso mesmo, foram sendo
reconfiguradas ao longo do tempo, expressando as posições que os diplomados
foram tendo.
3. Tipos de avaliação
Considerando em conjunto as posições avaliativas dos diplomados face ao seu
curso, à sua prestação como estudante do IPVC e ao seu emprego atual, optamos
por fazer um outro exercício, desta feita tomando por base a constituição de
agrupamentos21. Para isso, aplicamos a técnica de análise multivariável.
Especificamente, optou-se pelo uso da análise fatorial de correspondências
múltiplas e pela análise classificatória22. Deste modo, e muito
sinteticamente23, é possível dar conta das associações ou correspondências
entre as variáveis e agrupar os inquiridos em diversas classes (que
correspondem, no nosso estudo, a tipos de trajetórias desde que apresentem
significado sociológico)24. Atendendo ao nosso quadro teórico e aos objetivos
que norteiam a investigação que fomos desenvolvendo, selecionamos um conjunto
de variáveis agrupadas por dimensões de análise. No plano analítico distingue-
se entre variáveis ativas e ilustrativas. As primeiras têm um estatuto
principal no encadeamento que conduz à constituição das classes, na medida em
que estabelecem quer as relações de semelhança entre as variáveis em si no seio
das classes, quer porque, concomitantemente, possibilitam a diferenciação entre
as classes propriamente ditas; já as segundas, as ilustrativas, e tal como a
designação deixa entender, caracterizam, de acordo com as dimensões em que se
inserem, as classes. São um instrumento importante, em termos sociológicos,
para uma análise mais qualificada e, sem dúvida, para a compreen- são mais
fundamentada das classes que se selecionam face aos princípios analíticos
eleitos.
Foi possível delimitar seis agrupamentos, embora nem todas com significado
socio- lógico face ao nosso quadro analítico25. Um primeiro que representa
65,0% dos inquiridos. Em termos do emprego atual, 15,5% são engenheiros, uma
ampla parcela trabalha a tempo inteiro (76,9%), como trabalhador por conta de
outrem (92,4%) e numa empresa privada (52,3%). 12,6% permanecem numa pequena
empresa (1 a 5 trabalhadores), 31,2% usam bastante os conhecimentos que
aprenderam durante a sua formação no IPVC, o que é um fator distintivo e que
não deixa de se relacionar com o facto de 71,1% dos inquiridos são da opinião
que as suas atividades profissionais só podem ser realizadas por outros que
tenham o mesmo curso superior (neste caso uma licenciatura). 47,8% consideram-
se razoavelmente satisfeitos e 32,3% satisfeitos. Quanto à avaliação do grau de
dificuldade do curso que concluíram no IPVC, 55,4% consideram que foi elevado e
44,6% médio. Em parte em contraste com tais dados, 29,4% referem que o seu
trabalho pessoal foi suficiente. Para uma proporção ampla (65,9%) as
expetativas que tinham face ao seu futuro profissional quando terminaram o seu
curso foram parcialmente concretizadas.
O segundo é constituído por 12,0% dos inquiridos. 30,0% exercem atualmente a
profissão de enfermeiros. Preponderam determinados atributos: 35,6% trabalham
em organização com mais de 500 trabalhadores (o que decorre do peso da
principal profissão ligada à área da saúde); 57,6% não têm um vínculo laboral
precário; 37,3% auferem um rendimento mensal líquido entre 1001 e 1300 euros;
32,2% estão muito satisfeitos com o emprego atual. Necessariamente, para 33,9%
as expetativas face ao seu futuro profissional foram cumpridas. Quanto ao
curso, a média final é elevada (15 valores) para 38,9% dos inquiridos. A
totalidade destes encontra-se muito satisfeita com as condições de ensino e
76,3% avaliam como elevado o grau de dificuldade do curso. Em linha com estes
dados, 35,6% percecionam como muito bom o seu trabalho pessoal.
No terceiro incluem-se 5,8% dos inquiridos. Mais de metade são professores
(53,6%), 57,1% trabalham a tempo parcial, 14,3% têm um rendimento mensal igual
ou inferior a 400 euros e a totalidade encontra-se nada satisfeita com o
emprego atual. A par disto, a sua posição no mercado de trabalho tem sido
marcada pela instabilidade e pela mobilidade. À data do inquérito, 35,7%
procuravam novo emprego, 17,9% já estiveram três vezes desempregados, o que
correspondeu para 21,4% a um período sem emprego de 10 a 12 meses e 78,6% teve
mais de um emprego após a conclusão do curso no IPVC. 71,4% apontam para que as
suas expetativas profissionais não tenham sido concretizadas.
O último agrupamento reúne 7,0% dos diplomados. Abrange profissões menos
qualificadas a trabalhar na área dos serviços pessoais, o caso dos empregados
de agência de viagem (9,4%) e rececionistas com o mesmo valor. 28,1% usam pouco
os conhecimentos adquiridos na formação ministrada no IPVC. Em suma, situações
que traduzem a sobrequalificação académica. Têm uma posição negativa face ao
curso e à instituição IPVC: 84,4% avaliam a dificuldade do seu curso como
baixa, 28,1% encontram-se pouco satisfeitos com as condições de ensino e 34,4%
consideram que o seu trabalho pessoal enquanto alunos foi medíocre.
Conclusão
Em primeiro lugar, a área de educação em que os diplomados se licenciaram
influencia quer a passagem do sistema de ensino para o mercado de trabalho,
quer as posições que os diplomados vão ocupando neste, quer ainda a avaliação
que fazem quanto ao grau de dificuldade do curso que frequentaram, o trabalho
pessoal realizado, as condições de ensino e a sua situação laboral atual, entre
outros aspetos. Por outras palavras, as áreas constituem uma variável
influenciadora da transição do ensino para o mercado de trabalho. Em segundo, é
observável a desigualdade de género no acesso ao primeiro emprego, mais
penalizante para as mulheres, porque mais longo. Elas são também mais
vulneráveis ao desemprego. Em terceiro, a precariedade contratual caracteriza a
posição no mercado de trabalho para um vasto conjunto de diplomados ' à data do
inquérito (último trimestre de 2011), cerca de metade dos diplomados
encontravam-se nessa situação, a maioria de FPCE. Tal dado é inerente à
condição socioprofissional de professor em Portugal.
A maioria dos inquiridos considera que as suas funções só podem ser
desempenhadas por alguém com um curso e uma área de educação idêntica à sua.
Estes percecionam, num plano avaliativo, a relação entre o emprego que ocupam e
a sua formação académica em termos de adequação. Outros diplomados, porém,
consideram a possibilidade de indi- víduos com outras formações académicas e
com um nível académico inferior ao seu poderem desempenhar as suas funções, o
que nos leva a considerar estarmos perante situações de sobrequalificação
académica. Uma análise por área de educação mostra que INF e SP distinguem-se
das demais.
Por fim, a apreciação que os diplomados fazem do seu atual emprego é
satisfatória. Os itens em que encontramos níveis mais elevados de satisfação
relacionam-se com a autonomia e a responsabilidade no trabalho, bem como com o
clima relacional e a possibilidade de adquirir novos conhecimentos.
Inversamente, mostram-se menos satisfeitos no que respeita à progressão na
carreira e ao sistema de recompensas (em particular no caso dos professores e
dos enfermeiros). Quanto ao grau de satisfação da formação obtida no IPVC, a
avaliação é bastante positiva (principalmente para os que frequentaram SA, ENG
e FPCE; AR e SP, por oposição, assumem uma posição mais crítica).
Em suma, o nosso estudo permitiu-nos identificar e perceber alguns dos aspetos
que caraterizam a passagem dos diplomados para o mercado de trabalho após o
término da sua formação académica. Para uma ampla parcela dos nossos inquiridos
aquela transição tem-se caraterizado como um processo de certo modo linear e
sem grande complexidade. Para outros, porém, e ainda que num número limitado,
tem sido mais difícil. Transição que não deixa de estar influenciada, embora
assumindo expressões diferentes conforme a área de educação, pelo contexto de
deterioração económica em que se encontra atualmente o país. De registar que, à
data de aplicação do inquérito, a situação ocupacional dos diplo- mados do IPVC
alinhava pelos padrões nacionais e regionais em termos de emprego e desemprego.
Aspeto de nota e que nos impede de nomear os diplomados que foram objeto de
inquirição como uma excecionalidade.
Notas
1O presente artigo retoma alguns dos aspetos que a autora explicita na sua tese
de doutoramento ' Diplomados do Instituto Politécnico de Viana do Castelo e
mercado de trabalho 'desenvolvida no âmbito do Programa Doutoral em Ciências da
Educação da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do
Porto.
2 Docente da Escola Superior de Ciências Empresariais do Instituto Politécnico
de Viana do Castelo (ESCE-IPVC) (Viana do Castelo, Portugal). Investigadora do
Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto
(ISFLUP) (Porto, Portugal). Endereço de correspondência: Escola Superior de
Ciências Empresariais, Avenida Miguel Dantas, 4930-678 Valença, Portugal. E-
mail: luisapinheiro@esce-ipvc.pt
3 Discussão que nos remete para a avaliação, na Europa do Estado Providência,
quanto às suas áreas de abrangência, agentes sociais intervenientes e
financiamento, entre outros aspetos.
4 Consulte-se o texto de Marques (2010) sobre uma apresentação de alguns destes
projetos de investigação.
5 Outros estudos têm sido apresentados, os quais resultam do tratamento de
dados publicados pelas instâncias oficiais, como é o caso de Pacheco et al.
(2012) sobre os diplomados desempregados da Universidade do Minho, utilizando,
para o efeito, os dados publicados pelo Ministério da Ciência e Ensino
Superior, por sua vez, produzidos pelo Instituto de Emprego e Formação
Profissional (IEFP).
6 Registe-se que uma parte desta atividade de recolha e análise de dados sobre
o emprego dos diplomados cumpre disposições legais que estipulam a
disponibilização de dados, pelas instituições de ensino superior, sobre a
situação profissional dos seus diplomados. Em finais dos anos 1990, várias
organizações estatais nacionais criaram o Sistema de Observação dos Percursos
dos Diplomados do Ensino Superior (ODES), que realizou o primeiro estudo, e
único até ao momento, sobre os percursos escolares e socioprofissionais dos
diplomados do ensino superior no ano letivo de 1994-1995 (ODES, 2001). Por
outro lado, desde 2007, que é publicado semestralmente, primeiro pelo
Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e atualmente pelo
Ministério da Educação, uma caracteriza- ção dos diplomados desempregados
registados nos centros de emprego do IEFP. Dados que são con- testados pela
comunidade científica, quanto à sua representatividade e utilização, de cariz
político, como elemento avaliativo da situação de emprego dos diplomados do
ensino superior.
7 Veja-se: Teichler (2001 e 2009); Rose (1998); Magalhães (2004); Gonçalves,
coord. (2009).
8 Que vulgarmente se designa por taxa de empregabilidade.
9 A aplicação dos inquéritos onlineé cada vez mais frequente. Não obstante as
suas vantagens face a outro tipo de inquéritos, estes inquéritos são objeto de
questionamentos, sobretudo no campo das ciências sociais, designadamente em
termos metodológicos: reduzida preocupação de exaustividade na viabilidade e
fiabilidade dos dados recolhidos; condições físicas de apresentação e do
desenho gráfico do inquérito, que, por vezes, podem condicionar as respostas;
segurança dos dados recolhidos; normas éticas aplicadas; aplicação centrada nos
inquiridos com acesso a computadores e à internet, entre outros (Couper e
Miller, 2008).
10 Uma taxa de resposta consistente que pode traduzir o interesse dos
diplomados pelo estudo. Como é por demais sabido, e apontado em estudos
congéneres, a aplicação destes inquéritos enfrentam dificuldades que afetam,
necessariamente, o volume de inquiridos como: a desatualização dos endereços
físicos e eletrónicos dos diplomados; o desinteresse por parte dos diplomados;
a apresentação e extensão do guião do inquérito.
11 Passaremos a utilizar a expressão emprego atual.
12 Ao longo do texto, uma parte dos dados será discriminada por áreas de
educação. Em termos de economia de texto serão usadas unicamente siglas: FPCE
(Formação de professores/formadores e Ciências da educação); AR (Artes); CE
(Ciências empresariais); INF (Informática); ENG (Engenharia e técnicas afins);
IT (Indústrias transformadoras); AC (Arquitetura e construção); ASP
(Agricultura, silvicultura e pescas); SA (Saúde); SP (Serviços pessoais); PA
(Proteção do ambiente).
13 Abrange o contrato a termo certo e o contrato de prestação de serviços/
recibos verdes.
14 No primeiro grupo profissional, o dos Especialistas das Profissões
Cientificas e Técnicas incluímos as profissões de: Diretor e Gerente;
Engenheiro; Designer; Enfermeiro; Professor; Educador de infância;
Contabilista; Analista e programador; Técnico de turismo; Técnico de qualidade;
Projetista. O segundo grupo, o dos Administrativos e Comerciais, abrange:
Empregado de escritório; Empregado de agência de viagens; Rececionista;
Vendedor. O terceiro, o dos Operários, abarca os Operários.
15 Adotamos para o efeito o método subjetivo indireto. Outros métodos podem ser
utilizados para medir e avaliar a relação entre o nível de formação académica
dos trabalhadores e o nível ótimo para realizar o seu trabalho (Groot e van der
Brink, 2000): os métodos objetivos e os métodos subjetivos diretos. Os
primeiros partem da análise dos postos de trabalho (pelo investigador, por um
organismo oficial ou por um grupo de especialistas); os segundos desenvolvem-se
a partir da informação facultada pelos trabalhadores, por exemplo, solicitando
diretamente ao trabalhador que se auto classifique num dos três possíveis
grupos ' infra qualificado, sobre qualificado ou adequadamente qualificado ',
tendo em conta a relação entre a sua formação académica (grau académico e
conteúdos formativos) e o emprego que exerce. No nosso estudo em concreto
perguntamos aos diplomados se o seu trabalho podia ser realizado por outro
indivíduo (ver opções de resposta no Quadro_3), a partir das respostas obtidas
avaliamos a situação dos inquiridos.
16 Subsistem posições diferenciadas sobre o conceito. Confronte-se, entre
outros, os textos de Lefresne (2003), Arribas (2007) e Custódio (2011).
17 Tendo em conta o passado recente em Portugal, é possível agrupar aquelas
medidas em cinco cate- gorias principais: os estágios profissionais (subsidiam
a contratação e formação em contexto de trabalho, podendo o formando ser
contratado ou não pela mesma entidade, no término do estágio); as medidas
ocupacionais (subsidiam a colocação, por um período limitado, de trabalhadores
desempregados em instituições do setor público ou em organizações sem fins
lucrativos); o apoio à contratação (subsidia a contratação de desempregados e
trabalhadores pertencentes a grupos desfavorecidos por empresas do setor
privado da economia); o apoio ao empreendedorismo (subsidia a constituição de
novas entidades de pequena dimensão que contratem trabalhadores por conta de
outrem); o apoio à criação do próprio emprego (subsidia a criação do próprio
emprego por trabalhadores desemprega- dos). Sobre estas medidas veja-se:
Varejão e Dias (2012); Centeno, Centeno e Novo (2008); Sousa (2010). Consulte-
se, igualmente, o site do IEFP: www.iefp.pt
18 Sobre esta questão veja-se Alves (2004).
19 Toda esta divisão é tributária, em parte, da teoria bifatorial de Herzberg,
desenvolvida nos anos sessenta do século passado. Enquanto a satisfação
dependia dos denominados fatores motivadores (relacionados diretamente com o
conteúdo do trabalho), a insatisfação dependia dos denominados fatores
higiénicos (contexto social de trabalho, condições de trabalho, remuneração e
outros).
20 Seleção que foi feita tendo por base outros estudos que, entre outros
aspetos, focaram a satisfação no trabalho, a saber: Gonçalves e Menezes (2011),
Gonçalves, Menezes e Martins (2010); Clark (1998); Blais (2005), entre outros.
21 Abrangemos a totalidade dos inquiridos com exceção dos que, à data de
aplicação do inquérito por questionário, ainda estavam à procura do seu
primeiro emprego regular.
22 Para o efeito, usou-se o programa informático Logiciel d'Analise des Donnés
(SPAD).
23 Para um maior desenvolvimento, veja-se Veloso (2008).
24 Estipulámos só considerar as variáveis que tivessem uma valor-teste absoluto
igual ou superior a 2,0%. Acrescente-se que, no caso da análise
classificatória, foi usado o critério de agregação de Ward.
25 Dois deles registam dados sem pertinência sociológica, por isso não foram
utilizados na nossa análise.