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EuPTHUAp1645-44642014000400006

EuPTHUAp1645-44642014000400006

National varietyEu
Year2014
SourceScielo

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Um estudo no setor de vitivinicultura no Brasil e em Portugal

O acirramento da competição entre empresas, nas últimas décadas, é um fenômeno muito estudado. Por sua vez, a estratégia de coopetição (cooperação em competição, do inglês coopetition), na qual as empresas cooperam com outras empresas na produção, distribuição e comercialização de bens e serviços para se tornarem em conjunto mais competitivas, emergiu na segunda metade do Séc. XX.

A cooperação requer de cada empresa a disposição para se unir a outras empresas, para atuar de forma conjunta e/ou complementar, agregando valor em um dos elos da cadeia produtiva, formando agrupamentos empresariais. Porter (1990, p. 131) em seus estudos sobre competitividade destacou a importância dos clusterspor meio do aumento da produtividade das empresas instaladas no cluster, no direcionamento da inovação e do surgimento de novos negócios relacionados ao setor.

Segundo Belusi e Arcangeli (1998), Jones (2005) e Ploetner e Ehret (2006), as empresas, quando atuam isoladamente, frente às pressões competitivas do mercado, buscam constantemente melhorias de seus mecanismos internos de gestão como forma de se tornarem mais eficazes e aprimorarem as suas competências centrais. Em termos de estratégias de cooperação entre empresas, estudos como os de Amato Neto (2000, 2009), Leon et al. (2000), Casarotto Filho e Pires (1999), Gill e Butler (2003), Fitzpatrick e Dilullo (2005), Ho (2006), Manring e Moore (2006), Rese (2006) e Zaccarelli et al.(2008), dentre outros, revelaram que as empresas, quando agrupadas e subordinadas a um mecanismo de governança supraempresarial, obtêm para si próprias, e para as outras empresas participantes do grupo, vantagens competitivas diferenciadas que não seriam conseguidas numa atuação independente, individual e isolada.

Estudos sobre redes de negócios e clusters empresariais têm sido foco de pesquisadores da área da Administração no Brasil. Nos últimos anos, Gaspar et al. (2013) pesquisaram a viabilidade da inserção de pequenos comércios varejistas de alimentos em redes de negócios lideradas por grandes atacadistas.

Pereira et al. (2013) fizeram uma proposição de métricas para a avaliação da competitividade em redes de negócio no setor siderúrgico brasileiro. Bortolaso et al. (2012) buscaram compreender como são desenvolvidas e executadas as estratégias cooperativas em redes de pequenas e médias empresas. Zen et al.

(2013) fizeram estudo sobre o desenvolvimento de recursos em redes interorganizacionais e o processo de internacionalização do setor de vinhos.

Giglio e Carvalho (2013) realizaram pesquisa sobre as transformações das redes de negócios de turismo numa cidade brasileira. Moran et al. (2012) buscaram identificar congruências entre o posicionamento estratégico adotado pela subsidiária brasileira de uma corporação multinacional e o tipo de rede de negócios por ela integrada.

Queiroz (2013) efetuou pesquisa sobre a associação das redes de negócios e as redes de cooperação no Arranjo Produtivo Local (APL) calçadista de Birigui, estado de São Paulo (Brasil). Martins e Souza Filho (2013) fizeram um estudo com o objetivo de descrever a gestão da logística em empresas de um APL, com interesse na análise das estratégias logísticas e de seu alinhamento baseadas na integração e colaboração no conjunto das empresas atuantes no APL.

Trabalhos sobre a avaliação da produção acadêmica brasileira recente sobre clusters também foram realizados. A pesquisa de Siqueira et al. (2013) objetivou identificar os autores brasileiros mais importantes na produção de artigos recentes sobre clusters de negócios, enquanto pesquisa conduzida por Tiscoski e Moraes (2013) buscou analisar os conceitos e métricas utilizados para avaliar a competitividade entre clusters.

Zaccarelli et al. (2008, p. 44) explicam que clusters e redes de negócios são fenômenos idênticos, mas que se encontram em diferentes estágios de desenvolvimento e com características específicas. Pesquisa de Dutra (2009) sobre clusters de produtos derivados do café, da região do Cerrado Mineiro e da rede de negócios do setor de comércio varejista de supermercados (ambos localizados no Brasil), confirmou a relevância das entidades de governança supraempresariais atuantes em clusterse em redes de negócios no processo da gestão estratégica dual.

Ao confirmar a existência e a função estratégica destas governanças supraempresariais, Dutra (2009) e Zaccarelli et al. (2008) explicitam a função estratégica e influência orientadora direcionada para garantir a vitalidade do agrupamento de empresas como um todo, buscando assim a ampliação da capacidade competitiva conjunta do grupo e de cada uma das empresas participantes.

Neste contexto, o objetivo deste estudo foi verificar se existiam empresas instaladas em clusterscom orientação estratégica dual. Entende-se por orientação estratégica dual aquela proveniente de diretrizes oriundas das governanças supraempresariais dos clusters e das redes de negócios, que indicam como uma empresa vinculada a tais fenômenos deve formular sua estratégia competitiva. Com isto, as empresas podem vir a se beneficiar da disponibilidade concentrada dos recursos disponíveis nos clusters e do poder distribuído de penetração de mercado das redes de negócios.

Face ao exposto, este estudo procurou: · Verificar a existência de empresas instaladas em clusters e que orientem suas ações por estratégias provenientes de governança supraempresarial de clusters e de redes de negócios; · Verificar se essas empresas se beneficiam dos fundamentos de clusters e de redes de negócios; · Verificar se as influências desse modelo de orientação estratégica dual geram efeitos sobre a competitividade.

Fundamentação teórica Dentre as diversas abordagens e correntes, a diretriz teórica proposta por Zaccarelli et al. (2008) é a que ancorará este estudo. Neste caso, além da conceituação de clusters e redes de negócios que operam sob a governança supraempresarial, optou-se pela adoção de categorizações genéricas para caracterizar os fatores influenciadores da competitividade descritos no modelo conceitual teórico proposto por Zaccarelli et al. (2008).

. Entidades e governança supraempresas Para Provan e Kenis (2008), embora a governança em redes não seja uma exigência legal de sua existência, sua análise é crítica para o entendimento da eficácia das redes. Sorensen e Torfing (2009) indicam que os estudos acadêmicos ainda não conseguiram sedimentar um framework que possibilite a avaliação da efetividade dos efeitos da governança sobre as redes. Não obstante, algumas dimensões da governança supraempresas vêm sendo repetidamente utilizadas, tais como: direção e a intensidade dos fluxos de recursos; tecnologia e economias de escala, escopo e aprendizado; complexidade do ambiente e especificidades dos recursos utilizados; nível de risco envolvido; e ainda a capacidade dos atores de prever a conduta e comportamento de seus parceiros.

As entidades supraempresas são também identificadas na literatura com o nome de redes de negócios, ou ainda simplesmente redes. A palavra rede, de origem latina retis segundo o dicionário Houaiss, na primeira rubrica, significa «entrelaçado de fios (de linho, algodão, fibras artificiais ou sintéticas), cordões, arames, dentre outros, formando uma espécie de tecido de malha aberto, composto em losangos ou em quadrados de diversos tamanhos».

A partir de uma definição como essa, o conceito de redes foi sendo ampliado e ganhando novos significados, sendo empregado em situações diferentes por correntes do pensamento tão díspares como biologia, tecnologia da informação e administração de empresas, dentre outras ciências.

Para efeito deste estudo, o termo rede de negócios se aplica a um grupo de empresas que operam de forma conjunta e complementar para ofertar produtos, serviços e soluções capazes de satisfazer clientes corporativos ou consumidores finais. A gestão individual destas empresas é orientada pelas ações e diretrizes que levam em consideração o aumento da capacidade competitiva do agrupamento e de cada empresa individualmente, ou seja, submetidas à(s) entidade(s) de governança supraempresarial.

Roth et al. (2012) argumentam que cabe à governança supraempresarial constituir as normas, regras, autonomias e limites de funcionamento da rede, enquanto a gestão da rede dirige-se à prática de atos gerencias para viabilizar o que foi constituído pela governança da rede, ou seja, o papel da governança volta-se à delimitação da gestão da rede. Assim sendo, conforme a visão de Wegner (2012), a governança é o elemento de sustentação das redes de empresas, conformando-se em estruturas transitórias que se modificam de acordo com as características e necessidades de cada rede de negócios.

Esta pesquisa adotou como conceito de entidade supraempresas, a definição de Zaccarelli et al. (2008, p. 44), ao discorrerem que: «Entidade supraempresas se constitui em um sistema instituído pela inter- relação de um conjunto de negócios relacionados a um determinado produto, linha, categoria ou mercado, em que o processo de integração e a dinâmica das relações entre as organizações implicam efeitos sistêmicos de amplificação da capacidade competitiva do sistema e de seus componentes em relação a empresas situadas externas a ele.» Embora a definição de Williamson (1987), para quem «governança é um meio pelo qual a ordem é restabelecida em uma relação, na qual potenciais ameaças de conflito desfazem ou contrariam oportunidades de realizar lucros mútuos» (inJarillo e Ricart, 1987, pp. 82-91), seja mais frequente nas pesquisas sobre o tema, para esta pesquisa foi utilizada como definição do conceito de governança supraempresas a desenvolvida por Zaccarelli et al.(2008, p. 52), que se coloca de forma mais abrangente, quando os autores enfatizam que: «Governança supraempresarial constitui o exercício de influência orientadora de caráter estratégico de entidades supraempresariais, voltada para a vitalidade do agrupamento, compondo competitividade e resultado agregado e afetando a totalidade das organizações componentes do sistema supraempresarial.» A governança de entidades supraempresas implica, então, num sistema estável e estruturado de instituições ou organizações, com ou sem fins lucrativos, que tem por finalidade produzir bens ou serviços, podendo para isso haver ou não base contratual formal. Aliás, para Jones et al. (1997), os contratos, se existirem, são validados pela sociedade e não pelas leis. Segundo Cruz Filho (2006), a aplicação dos princípios de governança supraempresas aos conjuntos de empresas permite construir um alinhamento estratégico das organizações nesse conjunto. Também para Georges (2009), a ideia da competitividade tem relação com o alinhamento estratégico das empresas do aglomerado.

Na visão de Gunther et al. (2010), a governança surge como elemento viabilizador dos objetivos do aglomerado e, dessa forma, implica na ampliação da atenção ao desenvolvimento de métodos de gestão para manter as idiossincrasias das partes envolvidas, ao mesmo tempo em que contribui para a eficácia e melhora no desempenho dos APL. Em estudo conduzido por Sacomano Neto e Paulillo (2011) quanto ao impacto da governança em APL, verificou-se que a governança interfere positivamente na cooperação e no desenvolvimento das empresas e do APL, sendo que as possibilidades desse desenvolvimento dependem em grande parte das formas de governança instituídas no APL. Em seus estudos, Castro e Gonçalves (2014) atestaram que a governança de uma rede influencia seu funcionamento, bem como sua capacidade de produzir resultados.

. Abordagem estratégica de fundamentos de clusters De acordo com Zaccarelli et al.(2008), os clusters são agrupamentos de empresas instaladas numa mesma base territorial, com empresas predominantemente atuantes no mesmo elo da cadeia produtiva, que se instalam em localidades próximas umas das outras, numa área geográfica delimitada.

Numa perspectiva exploratória da abordagem de clusters de negócios, como aproximação inicial dessa entidade supraempresas, com o objetivo de entender suas características, é preciso considerar também sua capacidade competitiva, ou o poder de competir do agrupamento como o principal elemento de referência.

Um exame mais crítico dessa capacidade de competir, levado a cabo por Zaccarelli et al.(2008), demonstra que existem alguns fundamentos de desempenho competitivo para clusters, conforme descritos no Quadro_1.

Os benefícios de clusters utilizados pelas empresas de orientação estratégica dual são aqueles que se originam no fato destas empresas estarem instaladas na mesma base geográfica das demais empresas do cluster e derivam das vantagens competitivas de cluster, tais como: competição, complementação e cooperação em situações de disputa de mercado, lógica de atração de clientes e realização de negócios característicos desse tipo de entidade supraempresas.

. Abordagem estratégica de fundamentos de redes de negócios As redes de negócios, na ótica de Zaccarelli et al. (2008), reúnem empresas que possuem vínculos comerciais e operacionais não necessariamente instaladas na mesma região. As redes estratégicas de negócios mencionadas, comumente operam uma marca coletiva criada e explorada pelo agrupamento.

Numa perspectiva exploratória da abordagem de redes de negócios, como aproximação inicial dessa entidade supraempresas, com o objetivo de entender suas características, é preciso considerar sua capacidade competitiva, ou o poder de competir do agrupamento como o principal elemento de referência.

Segundo Zaccarelli et al. (2008), os fundamentos de desempenho competitivo aplicáveis a redes de negócios são descritos no Quadro_2.

Os benefícios de redes de negócios utilizados pelas empresas de orientação estratégica dual são aqueles que se originam do fato de que, embora a empresa esteja instalada na mesma base geográfica das demais empresas do cluster, derivam das vantagens competitivas de redes, tais como fidelização entre fornecedores e fornecidos, compartilhamento de investimentos, riscos e lucros, aumento da competitividade por introdução de novas tecnologias e ainda homogeneidade na intensidade dos fluxos, características inerentes a esse tipo de entidade supraempresas.

Esses são os fundamentos que foram objeto de estudo desta pesquisa. A partir da confirmação dos indícios iniciais, as entidades supraempresas de formato híbrido reproduzem em si vários dos efeitos produzidos por esses fundamentos, tanto aqueles prescritos para clusters, quanto aqueles prescritos para redes de negócios. Tal contexto indica um posicionamento que diferencia as entidades supraempresas desses dois formatos conhecidos da literatura científica de clusters e redes de negócios.

Segundo Fittipaldi e Donaire (2007, p. 5), ao se referirem à governança supraempresas, de se considerar que:«Nos relacionamentos entre seus atores supõe-se que haja situações conflitantes, decorrentes de interesses particulares, uma vez que uma rede pode ser formada por muitos participantes.

Esses conflitos, se não forem resolvidos rapidamente, podem gerar o rompimento de elos importantes e podem trazer a desestabilização de toda a rede e uma possível desintegração das empresas nela presentes. Por consequência, podem decretar a quebra de toda a estrutura e causar possíveis prejuízos às organizações. Para conter os conflitos e obter vantagem competitiva sobre os concorrentes, a rede de negócios deverá possuir algum tipo de governança, influenciando de forma discreta todos os seus atores, de forma a não permitir a ruptura dos relacionamentos, administrando-os, para que haja condições de competir com outras redes de negócios.» Daí a importância de ser estruturada uma governança para o conjunto das empresas. Vários autores, dentre os quais Jarillo e Ricart (1987), Ring e Van De Ven (1994), Grandori e Soda (1995) e Ebers e Jarillo (1998), ao se referirem ao aspecto de governança em entidades supraempresas citam Williamson (1987), para quem a «governança é um meio pelo qual a ordem é restabelecida em uma relação, na qual potenciais ameaças de conflito desfazem ou contrariam oportunidades de realizar lucros mútuos» (Jarillo e Ricart, 1987, p. 82).

Para Callado e Callado (2009), no mundo atual dos negócios a competitividade não é mais uma ferramenta à disposição das empresas isoladas. Ela é possível de ser operada em negócios formatados em aglomerações de empresas (clusters ou redes de negócios). Nessa concepção, a competitividade passa a ser coordenada por uma governança supraempresa, de formato coletivo e acima das empresas componentes do aglomerado.

Aspectos metodológicos e apresentação e análise dos dados A pesquisa utilizada se classifica como uma pesquisa exploratória, ex-post- facto e cross-section.Para a elaboração das escalas semânticas a serem utilizadas no instrumento de pesquisa aplicado, foram entrevistados, no setor de vinhos da região do Porto (Portugal) e da região do Vale dos Vinhedos (Brasil): - Empresários dos clusters e das redes de negócios; - Presidentes e executivos de empresas fabricantes de vinho e de cooperativas vinícolas; - Executivos de órgãos públicos vinculados ao segmento; - Pesquisadores e professores da Universidade do Porto, do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul e da Universidade de Montpellier; - Diretor de Vinhos da rede varejista brasileira Grupo Pão de Açúcar; - Outros especialistas da cadeia de valor do vinho.

Zaccarelli et al. (2008), numa abordagem estratégica, identificaram 21 fundamentos que, por complementação de competências e decisões supraempresas, produzem efeitos que podem gerar maior poder competitivo. A Figura_1 apresenta o referido modelo.

Tendo em mente essa concepção teórica, foi construída uma equação matemática aditiva que representou o padrão ideal de redes de negócios e o padrão ideal de clusters, em função da presença e da importância de seus fundamentos constitutivos.

Essa equação pode ser assim representada: y = a1x1 + a2x2 + a3x3 + a4x4 + n Se «y» for o padrão buscado para rede de negócios, o resultado dessa equação caracterizará «y» como rede de negócios em função de algumas variáveis que dão o impacto de rede de negócios. se «y» for o padrão buscado para clusters, a sua caracterização se dará pelo impacto de alguns fundamentos específicos de clusters.

Essa modelagem estatística permitiu identificar empresas que se beneficiam tanto dos fundamentos de redes de negócios, quanto dos fundamentos de clusters.

A Figura_2 apresenta a visualização gráfica da modelagem estatística. O modelo apresenta a localização teórica das empresas que estão instaladas em clusters e se orientam por estratégias de clusters e de redes de negócios simultaneamente, bem como o usufruto das empresas instaladas com os efeitos de competitividade presentes, tanto em redes, quanto em clusters.

Em diversas situações, os grupos identificam e descrevem um grande número de funções que são desempenhadas por um recurso. Nestas situações, torna-se necessária a hierarquização das funções e suas características, para criar prioridades entre estas, visando assim facilitar as análises. A vantagem da hierarquização baseia-se na identificação dos problemas mais críticos e, consequentemente, aproveitam-se as melhores oportunidades para a obtenção de resultados, além de se adotar um procedimento ordenado e sistematizado de estudo do assunto. Para este fim, foi utilizado o método Mudge.

Este método permite comparar entre si todas as funções que são desempenhadas por um recurso, estabelecendo-se valores a serem creditados a uma função, todas as vezes que esta demonstrar ser mais importante ou prioritária em relação a cada uma das demais. Ao final das comparações, apura-se o total dos pontos obtidos por cada função, aparecendo como prioritária aquela que obtiver mais pontos.

O passo seguinte do procedimento foi comparar, par a par, todos os fundamentos de cada uma das entidades supraempresas analisada, a partir de seu grau de importância para o conjunto, como demonstrado na Tabela_1.

Feita a comparação, par a par, de todos os fundamentos de competitividade de redes, pelo seu grau de importância para o conjunto, foi elaborada a Tabela_2, que estabelece uma sequência hierarquizada dos fundamentos para posterior análise de seus efeitos.

O mesmo procedimento foi adotado para os fundamentos de competitividade de clusters,sendo então comparados, par a par, todos os fundamentos de competitividade de clusters, pelo seu grau de importância para o conjunto, como mostrado na Tabela_3.

Feita a comparação, par a par, de todos os fundamentos de competitividade de clusters, pelo seu grau de importância para o conjunto, também foi elaborada a Tabela_4, estabelecendo uma sequência hierarquizada dos fundamentos para posterior análise de seus efeitos.

A partir desse constructo, tornou-se possível estabelecer a lógica do ferramental que identificou as empresas instaladas em clusters e que se beneficiam tanto de fundamentos de cluster, quanto de fundamentos de redes de negócios, por serem orientadas por estratégias de clusters e de redes de negócios, simultaneamente.

As empresas instaladas em clusters, e que se beneficiam tanto de fundamentos de redes de negócios, como de fundamentos de clusters, assumiram posições na parte superior do painel da equação matemática, tanto para redes de negócios quanto para clusters. Tais resultados respondem tanto como redes de negócios quanto como clusters. Dessa forma, esse posicionamento matemático no painel comprovou a sua existência.

Como se verifica visualmente no Gráfico, embora toda a pesquisa tenha sido realizada em dois clusters, entre as empresas que os compõem foram encontrados fatores de competitividade característicos de redes de negócios, identificados pelos próprios atores que foram entrevistados.

Assim, os fatores de competitividade estranhos a clusters que foram encontrados puderam ser identificados como fatores de competitividade característicos de redes de negócios, uma indicação segura de que a pesquisa encontrou as empresas localizadas em clustersque se orientam tanto por estratégias de clusters, quanto por estratégias de redes de negócios.

Conclusões Em relação ao primeiro objetivo do presente estudo, foi observada a existência de empresas instaladas em clusters que orientam suas ações por estratégias provenientes de governança supraempresarial de clusters e de redes de negócios, e que efetivamente utilizam este tipo de estratégia. Com esta prática de formular e praticar estratégias desta natureza, tais empresas conseguiram se tornar mais competitivas.

Quanto ao segundo objetivo do artigo, foi constatado que, por estarem instaladas em clusters, tais empresas se beneficiavam de todas as vantagens de localização na mesma base territorial das demais empresas. Dentre os benefícios e vantagens verificados, destacaram-se: vantagens decorrentes da proximidade com outras empresas, quando existe uma atração maior de clientes corporativos e consumidores finais interessados em compras; maior disponibilidade e facilidade para contratação de mão de obra; facilidade de compras conjuntas; efeito de complementaridade de negócios proporcionado pela presença de prestadores de serviços; e ainda, acesso aos programas de financiamento e subsídios direcionados para estas regiões, dentre outros.

Tais vantagens de localização garantem às empresas benefícios de redução de custos logísticos de transportes, facilidade de acesso às feiras tecnológicas e acesso a programas de capacitação gerencial e tecnológica compartilhado com outras empresas. A cooperação faz com que as empresas consigam ter maior escala para disputar demandas maiores do mercado, dentre outras vantagens.

Por terem simultaneamente vínculos com redes de negócios que operam em várias regiões e mesmo no exterior, estas empresas, ao formularem uma estratégia dual orientada pelas entidades que gerenciam cluster e redes de negócios, conseguem acesso ao uso de marcas coletivas das redes, inclusive com comercialização no exterior nos pontos de vendas vinculados às redes de negócios. Estes benefícios e vantagens foram verificados nos clusters português e brasileiro. Outros benefícios que a empresa com orientação estratégica dual aufere decorrem das operações de exportação lideradas pela rede de negócios, criando vantagens para estas empresas, na medida em que usam empresas de trading, representantes no exterior, operadores logísticos conjuntos e mecanismos de financiamento operados por bancos parceiros de cada rede analisada.

Assim, a atuação conjunta de várias empresas cria a possibilidade de sinergias estratégicas, uma vez que cada uma delas pode agregar valor pela aplicação de suas competências essenciais viabilizadas pela parceria cooperativa. O efeito rede de negócios dá-se quando as empresas atuam de forma complementar para oferecer uma solução completa aos clientes corporativos ou consumidores finais.

O fato de uma empresa adotar uma estratégia dual, inspirada pelas governanças supraempresariais de agrupamentos distintos, ou seja, clusters e redes de negócio, acaba por expandir as suas possibilidades de acesso a mercados distintos daqueles próximos à base territorial onde a empresa do clusterestá instalada. para a rede, a empresa de cluster contribui com uma produção com menores custos e maior efeito de escala devido à força das demais empresas do agrupamento.

Finalmente, em relação ao terceiro objetivo do artigo, foi verificado que os resultados do estudo revelaram que as empresas instaladas em clusters que praticam estratégias duais orientadas pelas governanças do cluster e da rede de negócios têm um desempenho competitivo superior àquelas que praticam uma estratégia unidirecional.

Glossário Cluster aglomerado de empresas que surgem espontaneamente em uma determinada localidade, com relações de negócios entre as empresas participantes. Pode ter uma governança formal ou informal, que pensa o agrupamento, reconhecida pelas empresas integrantes.

Redes estratégicas de negócio conjunto de empresas complementares ou coadjuvantes localizadas dispersamente em diferentes regiões ou países, mas que são orientadas por uma governança que define as relações e a estratégia de competição da rede. Pode ter uma marca própria coletiva e compartilhada.

Orientação estratégia competitiva dual é a estratégia formulada por uma empresa que se beneficia dos recursos, facilidades e interações existentes nos clusters e nas redes estratégicas de negócio.

Método Mudge método que permite comparar entre si todas as funções que são desempenhadas por um recurso, estabelecendo-se valores a serem creditados a uma função, todas as vezes que esta demonstrar ser mais importante ou prioritária em relação a cada uma das demais. Ao final das comparações, apura-se o total dos pontos obtidos por cada função, aparecendo como prioritária aquela que mais pontos obtiver.


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