Discovering Religious History in the Modern Age
Hans G. Kippenberg, Discovering Religious History in the Modern Age, Princeton
e Oxford, Princeton University Press, 2002, 264 páginas.
There is no data for religion. Religion is solely the creation of the scholar's
study.
O livro aqui apresentado tem logo no início uma citação do famoso texto A Ética
Protestante e o Espírito Capitalista, de Max Weber, dizendo que o homem moderno
é incapaz mesmo com grande esforço e com muita vontade de reconhecer a
verdadeira importância das ideias religiosas para a conduta de vida, ou seja,
para a construção da cultura, em geral, ou de um carácter nacional. E, embora
já tenham surgido entretanto estudos diversos sobre a relação dialéctica entre
sociedade e religião, hoje em dia a situação é quase a mesma, como nos tempos
de Weber. O autor do livro, Hans G. Kippenberg, sublinha que mesmo actualmente
podemos encontrar posições nas ciências históricas que ignoram o papel da
religião, ou posições nas ciências sociais que apresentam a religião como uma
ideologia. Para corrigir estas atitudes erradas, o autor de Discovering
Religious History in the Modern Age tenta identificar o nascimento da história
das religiões como uma reacção particular perante a modernização.
Especialmente entre 1850 e 1920, muitos cientistas ocidentais começaram a
estudar entusiasticamente a história da religião, a examinar textos
recentemente decifrados ou a discutir relatórios etnográficos. Usando métodos
comparativos, a religião, que foi rejeitada pelos filósofos do iluminismo como
um fenómeno irracional e ultrapassado, é agora estudada como uma das
manifestações mais vigorosas da existência humana. Foi exactamente nesta altura
que, na base da civilização moderna, foram encontrados resíduos (survivals) de
culturas passadas; e foram precisamente estas descobertas que permitiram e
exigiram uma nova diagnose das sociedades modernas. Por outro lado, foi também
nesta época que surgiu o entendimento de que as sociedades modernas têm uma
história religiosa, da mesma maneira que têm uma história social, política ou
económica. Kippenberg escreveu um estudo excelente e extremamente informativo
sobre o aparecimento da história das religiões, começando com os acontecimentos
que o antecederam.
Há muitos indicadores (até agora encarados com pouca ou nenhuma atenção) que
apontam para a existência de relações claras entre a filosofia da religião e a
ciência da religião enquanto disciplina histórica. Kippenberg expõe no capítulo
1 do seu livro que todas as implicações possíveis de uma história das religiões
podem ser apenas compreendidas através de algumas considerações filosóficas
sobre a religião. Assim, estamos confrontados nas páginas seguintes com a
apresentação informativa de algumas das primeiras tentativas para analisar a
religião fora do seio da teologia. Estas tentativas começaram na história
moderna principalmente com Thomas Hobbes e David Hume, que sublinharam, directa
e indirectamente, o paralelismo estreito entre a história humana e a história
religiosa. Para entender esta analogia será necessário circunscrever o lugar da
religião dentro da natureza humana especialmente através de métodos empíricos,
ou seja, processos científicos baseados em «experience and observation» (p. 5).
Depois de algumas observações notáveis acerca de Rousseau, Kant, Johann
Gottfried Herder, Friedrich Schleiermacher e Hegel, capítulo 1 acaba com uma
breve nota sobre Arthur Schopenhauer. Este filósofo considerou que não existe
por acaso em todas as religiões uma certa tendência para uma «renunciation of
the world» (p. 21). Para além disso, Schopenhauer reconheceu lucidamente que a
literatura do sânscritoterá não menos efeito na história humana do que o
reaparecimento da literatura grega no século xv. E, de facto, no capítulo 2
Kippenberg descreve de uma forma interessante como foram, a partir do século
xviii, decifradas muitas culturas até então desconhecidas. Uma das figuras-
chave nesta nova decifração de algumas civilizações antigas foi o francês
Abraham Hyacinthe Anquetil-Duperron, que traduziu pela primeira vez, em 1771, a
Avesta o livro sagrado dos persas, ou seja, do zoroastrismo. Anquetil-
Duperron, ao escrever no prefácio da sua tradução que os humanistas já
conheciam a história e a cultura dos judeus, gregos ou romanos, mas «America,
Africa, and Asia still remain to be deciphered [ ]» (in Kippenberg, p. 24),
provocou com a sua tradução uma autêntica série de decifrações de línguas e
textos até então desconhecidos, e com isso uma verdadeira «oriental
renaissance» (p. 28). Um dos vultos mais emblemáticos deste renascimento
oriental foi o filólogo alemão Friedrich Max Müller, que propôs a publicação de
uma série de livros sagrados do Oriente. Apenas um pouco mais do que um século
depois da primeira tradução da Avestasaiu a série dos Sacred Books of the
East,que teve em 1898 já cinquenta volumes. Deste modo, Kippenberg relata no
capítulo 3 a obra de F. M. Müller, que pode ser visto como um dos fundadores
mais importantes da ciência (comparada) das religiões [science of religionou
(Vergleichende) Religionswissenschaft]. Embora muitos dos seus próprios
trabalhos científicos, como, por exemplo, a classificação das religiões através
das línguas, estejam hoje em dia já ultrapassados, devíamos reconhecer o seu
papel essencial na popularização da ciência ou da história das religiões dentro
do cânon das ciências, assim como a sua influência importante para a futura
antropologia ou sociologia da religião. Kippenberg reconhece que alguns estudos
dentro da ciência das religiões, por exemplo, os de William Robertson Smith (p.
73) ou de Émile Durkheim (p. 151), seriam impensáveis sem a confrontação com F.
M. Müller. Tal como no capítulo 3, Kippenberg concentra a sua atenção nos dois
capítulos seguintes em duas personagens que devem ser hoje em dia encaradas
como clássicos dentro da ciência das religiões. Trata-se de Edward Burnett
Tylor e de William Robertson Smith. Quando E. B. Tylor começou a ocupar-se das
orientações religiosas em culturas «primitivas», dominava ainda a opinião
pública a partir da qual as culturas «primitivas» eram compreendidas como
formas ou restos degenerados de algumas civilizações desaparecidas. No seu
livro Primitive Culture: Researches into the Development of Mythology,
Philosophy, Religion, Art, and Custom(1871), E. B. Tylor argumentou que a tese
da degeneração pode ser apenas demonstrada teologicamente, mas nunca
etnologicamente. Pelo contrário, ainda hoje podem ser encontradas nas
civilizações moderadas representações (survivals)de religiões primordiais.
Kippenberg aponta, de uma forma clara, para a situação histórica na qual as
teorias de E. B. Tylor nasceram e como este se tornou um autor que dominou
durante algum tempo os estudos da antropologia moderna (E. B. Tylor foi o
primeiro docente universitário que fundou em 1905, em Oxford, uma disciplina
independente com o nome de «Anthropology»). Embora a etnologia de E. B. Tylor
ofereça um panorama impressionante sobre as estratificações ou os
desenvolvimentos de uma cultura, faltava ainda a apresentação dos princípios
sociais e jurídicos que estabeleceram a ordem interior de um povo «primitivo».
Neste ponto, Kippenberg apresenta William Robertson Smith, especialmente os
seus trabalhos sobre a religião dos semitas, através dos quais este cientista
escocês descobriu o papel predominante do rito perante o mito. A partir desta
tese, e também a partir da sua concepção de um «archaic killing ritual», abriu-
se um caminho através do qual a função social da religião se tornou cada vez
mais visível. A influência enorme de W. R. Smith, como Kippenberg salientou
nitidamente, começou já em James George Frazer e teve o seu auge em autores tão
diferentes como Sigmund Freud e Émile Durkheim, o qual reconheceu que
compreendeu de uma forma clara o papel central da religião na vida social a
partir da leitura de W. R. Smith (p. 80).
Nos capítulos 6 e 7, Kippenberg refere-se novamente à relação estreita entre a
filologia e a história das religiões, salientando especialmente os estudos
extensos de James George Frazer e Jane Ellen Harrison. A partir de um encontro
pessoal entre J. G. Frazer e William James [mais tarde James descreveu Frazer
numa carta como um homem ingénuo, ou como um «sucking baba» (p. 87)],
Kippenberg conta-nos amenamente como a antropologia de Frazer seria impensável
sem a sua educação filológica, embora só algumas das descrições impressionantes
do seu palimpsesto Golden Bough(O subtítulo da 1.ª edição de Golden
Boughchamava-se A Study in Comparative Religion e pode ser compreendido como
uma alusão à filologia comparada) se baseiem em fontes antigas. Muitas outras
partes são simplesmente o produto da imensa imaginação literária de Frazer (p.
89), mas a mesma teve na sua época uma enorme força sedutora. Apesar da
impossibilidade de encontrar hoje algum antropólogo que tenha lido
integralmente os 12 volumes da 3.ª edição de Golden Bough,e apesar das suas
posições já ultrapassadas, temos de considerar Frazer um dos grandes promotores
da moderna antropologia e ciência das religiões. Assim, Frazer tentou, quase
nunca saindo do seu escritório em Cambridge, estimular trabalhos de campo. Não
foi então por acaso que um dos seus alunos mais célebres foi o polaco
Malinowski, hoje considerado um dos promotores principais das práticas
antropológicas.
O centro do capítulo 7 do livro de Kippenberg é uma admiradora e colega
contemporânea de Frazer em Cambridge. Jane E. Harrison, membro dos famosos
Cambridge Ritualists, estudou as línguas clássicas e passou algum tempo em
Atenas, onde acompanhou os trabalhos arqueológicos do alemão Wilhelm Dörpfeld.
Depois do regresso a Inglaterra, Jane E. Harrison desenvolveu um conceito da
religião baseada principalmente no rito. Especialmente sob a influência de
Henri Bergson, e também depois da leitura de Durkheim, Jane E. Harrison
percebeu que os ritos não podem ser apenas compreendidos como uma expressão das
emoções, mas também da realização, apresentação, visualização ou exibição das
mesmas (p. 111). Paralelamente a Max Weber, Jane E. Harrison entendeu muito
cedo o papel decisivo do cristianismo no «desencantamento do mundo» e defendeu
que um olhar retrospectivo para a antiguidade grega pode ajudar-nos a
compreender como funcionava uma cultura ainda livre dos defeitos de uma
civilização racional. Esta ideia, bem como o entendimento nietzschiano dos
«Greeks as interpreters» (Die Griechen als Dolmetscher) (p. 112), continua a
ter ainda hoje uma fascinação única.
Uma outra tentativa, pelo menos temporariamente muito importante, de perceber a
história das religiões é relatada por Kippenberg no capítulo 8 sob o título
«The productive force of world rejection» (p. 113). Trata-se concretamente da
chamada Religionsgeschichtliche Schule,cujo membro mais conhecido foi Ernst
Troeltsch, que sublinhou o facto de todas as religiões serem, para além da
fixação de uma moral e de uma mundividência, fenómenos sobretudo subjectivos e
também históricos. E, sendo fenómenos históricos, há apenas uma possibilidade
de obter um conhecimento normativo sobre a religião: a história das religiões.
Troeltsch construiu um modelo a partir do qual as religiões têm, através da sua
característica subjectiva, uma inclinação para uma independência perante o
mundo natural e social. Esta tendência revela-se na sua forma mais consequente
e mais elevada nas religiões da salvação. Kippenberg mostra nitidamente nas
suas análises que estas teorias ganharam uma grande popularidade, especialmente
por causa do estado mental dessa época: «The decades when the
Religionsgeschichtliche Schule was taking shape were full of admiration for
apocalyptic expectation and mystical escape from the world» (p. 124). Até ao
fim do século xix foram produzidos muitos estudos que fazem parte do cânon da
ciência ou da história das religiões. Por outro lado, com o início do século xx
tornou-se problemática a classificação do imenso material histórico e
antropológico que foi escolhido até então. Para além disso, foi por esta altura
que os processos da modernização começaram a entrar nas rotinas quotidianas da
vida. O historismo, enquanto pensamento que desenvolve as normas da acção
através da história, entrou nesta altura em crise, porque já não teve
capacidades para explicar suficientemente as recentes transformações sociais.
Esta crise influenciou também a história das religiões, compreendida a partir
de agora como uma separação entre sistemas de sentido (systems of meaning)e
expressões de experiências (expression of experience), ou seja, entre
interpretações funcionais e substanciais da religião. Kippenberg faz assim no
capítulo 9 uma primeira, breve e inteligente distinção entre as interpretações
de Max Weber e Émile Durkheim, por um lado, e de Wilhelm Dilthey (não foi por
acaso que escreveu também uma biografia de Friedrich Schleiermacher) e Rudolf
Otto, por outro (pp. 132-135).
Seguem-se agora dois capítulos, interessantes especialmente para sociólogos,
nos quais o leitor encontra Émile Durkheim e Max Weber enquanto actores
principais. Como nos outros capítulos, Kippenberg inicia também esta parte com
algumas preciosas informações biográficas e sobre as circunstâncias temporais.
Assim, chegamos a saber que Durkheim ficou depois da sua estada na Alemanha
profundamente marcado pelo positivismo do filósofo e psicólogo Wilhelm Wundt.
Em Outubro de 1886, Wundt publicou Ethik. Eine Untersuchung der Thatsachen und
Gesetze des Sittlichen Lebens (Ethics. An Investigation of the Facts and Laws
of the Moral Life), que teve, através de Durkheim, uma recensão entusiasmada em
França (La science positive de la morale en Allemagne).Wundt mostrou no seu
livro que uma pessoa singular pode integrar-se num contexto social apenas
através de regras morais. Estas regras são fruto de obrigações colectivas e
independentes da consciência daquela personalidade singular. Assim, as acções
sociais nunca podem ser o resultado de uma motivação pessoal. Durkheim negou
mais tarde estas influências de Wundt um pouco por causa das difíceis relações
políticas entre a Alemanha e a França, mas foi sobretudo a leitura de W.
Robertson Smith que conduziu o sociólogo francês quase directamente à conhecida
hipótese a partir da qual a religião pode ser compreendida como a matriz da
vida colectiva. Mais adiante, Kippenberg explica a sociologia de Durkheim
através de muitos pormenores úteis com referências notáveis à situação
científica na viragem do século xix para o século xx.
Um dos capítulos mais admiráveis chega agora sob o título sugestivo de «The
great process of disenchantment», onde Kippenberg descreve o caminho através do
qual Max Weber procurou perceber as condições do capitalismo moderno. Também
aqui Kippenberg começa com algumas informações sobre a biografia científica de
Weber para depois explicar as fontes religiosas da ética capitalista. Sendo um
dos conhecedores mais profundos da sistematização das religiões
(Religionssystematik)weberiana, Kippenberg explica com palavras acessíveis como
Weber chegou da sua sociologia da religião ao grande momento do
«desencantamento» da cultura ocidental. O ponto de partida para este
«desencantamento» foi uma descoberta, «the special nature of the rationalism of
Western culture». A indiscutível utilidade dos dados biográficos, no
entendimento de um grande pensador, foi mostrada novamente por Kippenberg
através de uma citação de Marianne Weber, que comentou de uma forma clara a
importância do processo da racionalização para Weber: «The process of
rationalisation dissolves the magical notions and increasingly `disenchants'
the world and renders it godless [ ] Weber regarded this recognition of the
special character of Eastern rationalismand the role it was given to play for
Western civilization as one of his most important discoveries. As a result, his
original inquiry into the relationship between religion and economics expanded
into an even more comprehensive inquiry into the special character of all of
Western civilization» (Marianne Weber, inKippenberg, pp. 166 e segs.).
Kippenberg termina este capítulo, extremamente informativo, com uma confissão
de Weber dizendo que esta racionalidade tem, em geral, uma cabeça de Janus.
Esta racionalidade parece provocar automaticamente uma certa pluralização das
formas de vida. Um indivíduo moderno tem agora de decidir ou até de criar a sua
própria forma de vida através de decisões subjectivas. Isto exige do indivíduo
moderno uma nova responsabilidade e independência, que eram desconhecidas até
então, como vemos especialmente no seu célebre texto Wissenschaft als Beruf [
(Ciência como Vocação (Profissão)].
Ao mesmo tempo que no princípio do século xx se reforçou a modernização das
sociedades ocidentais, a religião tornou-se cada vez mais assunto privado do
indivíduo. Esta individualização da religião despoletou uma série de
publicações que apresentaram a religião já não como uma importante componente
social, mas sim como uma experiência individual. Kippenberg fala assim no
penúltimo capítulo do seu livro especialmente sobre autores que encararam a
religião enquanto fenómeno individual, tais como William James, Rudolf Otto,
Nathan Söderblom ou Gerardus van der Leeuw. Nestes autores revelou-se sobretudo
uma certa reacção contra um racionalismo frio que marcou e dominou nesta época
quase todas as sociedades modernas. As interpretações da religião que
sublinharam principalmente a parte individual, irracional, extática ou mística
dentro de uma orientação religiosa corresponderam assim exactamente ao chamado
«nerve of the time», marcado por uma certa interiorização do indivíduo.
No último capítulo, Kippenberg acentua mais uma vez a ambivalência que se
esconde atrás do fenómeno da modernização. A partir de uma referência a Peter
L. Berger, Kippenberg destaca que muitas pessoas entendem a modernização como
uma possibilidade de se libertarem de algumas tradições velhas e muitas vezes
sentidas como sufocantes. Por outro lado, o indivíduo moderno sofre logo um
desassossego metafísico, ou seja, um receio de viver sem abrigo transcendental.
Paralelamente a este processo, numa sociedade moderna o lugar e a função da
religião mudaram fundamentalmente. E é especialmente este facto que determina
hoje em dia o trabalho científico acerca das religiões: «The need for reliable
knowledge of worldviews and norms has grown as modernization has led to a break
with the traditional world. The experience of the loss of certainty and self-
evident truths demanded a reflection on what was remaining of past and foreign
religions. Along with the disenchantment of all ways of life grew the
individual's need for meaning» (p. 192).
Em termos das disciplinas científicas, o Discovering Religious History in the
Modern Ageé sobretudo um livro que devia ser considerado histórico. Por outro
lado, encontramos nestes notáveis ensaios, para além de uma interessante
introdução à história das religiões, uma apresentação da situação histórica na
qual nasceram disciplinas como a antropologia ou sociologia da religião.
Finalmente, Kippenberg conseguiu escrever um livro interdisciplinar que
ultrapassa de uma maneira admirável e extremamente informativa o simples
horizonte histórico. Neste sentido, a leitura do livro pode ser aconselhada a
historiadores da religião, bem como a antropólogos e sociólogos que concentram
os seus estudos em fenómenos religiosos. Hans G. Kippenberg é professor de
ciência das religiões na universidade de Bremen e fellow no prestigiado Max
Weber Center for Advanced Cultural and Social Studies da universidade de
Erfurt.
Steffen Dix