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EuPTHUHu0870-82311999000400010

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National varietyEu
Year1999
SourceScielo

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Memórias de utopias: elementos para a história da saúde mental em Portugal (1999) Memórias de utopias: elementos para a história da saúde mental em Portugal (1999) - Maria José Vidigal, Maria Isabel S. Braga Queiroz, Maria Manuela Cruz, Maria Paula Grijó dos Santos, & Maria Teresa Guapo. Lisboa: ISPA, 252 pp.

Maria José Vidigal e colaboradoras acabam de publicar a primeira história da Psiquiatria da Infância e Adolescência em Portugal. É uma obra que se impunha por várias razões: pela necessidade do registo por quem viveu parte dela por dentro, para não se perder a memória afectiva dos acontecimentos e do sonho - a vivência e transcendência da própria vida vivida; para codificação atempada do significado - evitando distrorções por retroprojecção; enfim deixar o testemunho das testemunhas presenciais. Quer dizer, registar a fala da "conjunção constante" (Hume) da cognição e afecto, a experiência cognitivo-emocional completa e autêntica, mas efémera; e que o registo significante faz perdurável e, também, transmissível.

O edifício da História vai-se construindo. E neste caso particular - a história da pedopsiquiatria portuguesa - tardava o início da sua construção. Mas sem estes "Elementos para a História" - como as autoras lhe chamam -, a reconstrução tardia seria sempre uma obra arqueológica; desde logo, com as limitações inerentes.

Obra de mérito - pelo rigor informativo, documentação inserida e referência bibliográfica de textos me-nos conhecidos -, este livro merece também o nosso reconhecimento - o dos seus contemporâneos; não por ficarem na história, mas para que a época em que viveram e a cultura em que participaram não fique no esquecimento ou sujeita à deformação mítica; e, acima de tudo, seja transmitida aos vindouros, isto é, tendo em mente a necessária herança cultural, que confirma, reforça e expande a identidade de um povo, de uma língua e de uma profissão.

A Psiquiatria da Infância e Adolescência deste país revê-se neste livro e abre- se com renovada esperança no horizonte do futuro.

Obra de referência para os historiadores que hão-de vir, depósito do acervo das experiências, labor de muitos e ousadia de alguns, fica sobretudo como marco comemorativo da idade de ouro da pedopsiquiatria e foco que aponta para os diamantes de amanhã - as utopias ainda não realizadas.

Um livro para ler; mas também para guardar na biblioteca.

António Coimbra de Matos


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