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EuPTHUHu0870-82312002000100014

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National varietyEu
Year2002
SourceScielo

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Rethinking health psychology Rethinking health psychology (2000) - Michele L. Crossley. Buckingham: Open University Press, Health Psychology (198 pp)

Trata-se de uma obra indispensável para todos os que se interessam por psicologia da saúde e, mais particularmente, para os que se dedicam à investigação e ao ensino, uma vez que constitui uma reflexão aprofundada de natureza crítica sobre os modelos teóricos e os métodos de investigação e de intervenção que caracterizam esta área do conhecimento psicológico. No essencial, a autora parte da tese de que a psicologia da saúde contemporânea necessitaria de ser repensada e procura responder a três questionamentos centrais: - Quais são os principais modelos teóricos e os principais métodos psicológicos que são relevantes para estudar a saúde e a doença numa perspectiva psicológica? - De que forma a psicologia da saúde pode reflectir criticamente sobre eles, com a finalidade de repensá-los? - Quais serão as implicações desta reflexão crítica para o futuro da psicologia da saúde? Para dar resposta, a autora passa em revista de forma mais ou menos exaustiva os modelos teóricos e os métodos de investigação dominantes em psicologia da saúde e estabelece claramente uma distinção pertinente entre psicologia da saúde "tradicional" e psicologia da saúde "crítica", que diferem essencialmente por dimensões teóricas e metodológicas.

Assim, a perspectiva "tradicional"(científica) assenta no modelo biopsicossocial, investiga predominantemente com métodos quantitativos, procura identificar os preditores dos comportamentos saudáveis e dos comportamentos de risco e focaliza-se na prevenção. A perspectiva "crítica" (hermenêutica) assenta em modelos fenomenológico-discursivos, investiga com métodos qualitativos, procura identificar as significações associadas à saúde e focaliza nas experiências de saúde e de doença. Nesta perspectiva assumem importância central a reflexividade, os significados, o discurso e as relações entre saúde, doença, identidade social e valores. Fazendo uma crítica ao carácter descontextualizado da perspectiva tradicional que tende a considerar apenas aspectos da psicologia individual, reduzindo as questões da saúde e da doença a problemas técnicos e instrumentais de manejo e controlo, a autora apresenta as potencialidades das novas abordagens que assentam nas narrativas e na análise do discurso, nomeadamente no que se refere à intervenção psicológica na promoção da saúde, explicitando as limitações dos modelos cognitivos e sociocognitivos dominantes, introduzindo o conceito de racionalidade alternativa e dos comportamentos relacionados com a saúde como estratégias de sobrevivência, isto é, como formas de construir significados e identidade.

Num segundo momento, são apresentados e discutidos os resultados e as potencialidades das novas abordagens em áreas específicas de enorme importância, a saber: comportamentos alimentares, comportamentos sexuais, consumo de substâncias (álcool e drogas), adesão ao exercício físico regular, confronto com doenças crónicas, confronto com a morte, doenças mentais e interacção com técnicos de saúde, com especial ênfase na relação médico-doente.

Com este livro ficam mais evidentes as razões que levaram à grande popularidade de que goza a psicologia da saúde nas sociedades ocidentais, uma vez que a autora apresenta uma análise muito detalhada das relações entre o desenvolvimento da psicologia da saúde, o contexto social e político contemporâneo na Europa e Estados Unidos da América, as mudanças operadas nos sistemas de saúde e a comercialização da saúde e dos estilos de vida.

Não é um livro de leitura fácil mas é um livro praticamente obrigatório para quem quiser estar a par dos desenvolvimentos mais actuais da psicologia da saúde, queira situar-se numa perspectiva de crítica epistemológica e reconheça a necessidade urgente de integrar uma perspectiva sociopolítica e cultural no estudo do comportamento humano relacionado com a saúde, a doença e a prestação dos cuidados de saúde.

José A. Carvalho Teixeira


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