Editorial
Editorial
O conjunto dos artigos reunidos no presente número de Sociologia, Problemas e
Práticas traduz bem as orientações que presidem à edição desta revista. Como se
pode ler no nosso estatuto editorial, pretende-se que a revista seja um espaço
de divulgação da investigação sociológica de qualidade, tornando-a conhecida e
utilizável, combinando contributos de autores reconhecidos com primeiros
trabalhos de mérito de jovens investigadores, tanto a nível nacional como
internacional. Temos, assim, um volume composto por artigos de reputados
sociólogos portugueses e de outras nacionalidades, a par com textos de
investigadores mais jovens.
Abrimos este n.º 55 com um artigo de João Ferreira de Almeida, no qual
apresenta uma interessante reflexão acerca das novas e das mais antigas
questões epistemológicas que se colocam às ciências sociais. Discutindo as
perspectivas mais relevantes acerca das condições da produção científica e do
modo como esta se relaciona com as dinâmicas de evolução da sociedade, são
avançados alguns mandamentos orientadores da produção de conhecimento
sociológico. O segundo artigo é da autoria de John Scott. Nele o autor propõe-
se discutir os conceitos de poder, dominação e estratificação, procurando
melhor integrar anteriores abordagens suas, de modo a que da síntese actual por
ele elaborada possam resultar contribuições para o estudo das elites. Helena
Bomeny, por sua vez, analisa a política de educação nos mandatos de Brizola
enquanto governador do Rio de Janeiro, nos anos 80 e 90 do século XX,
caracteriza o modelo de escola integrada inerente a essa política e tece um
conjunto de considerações sobre as causas que terão conduzido à não
continuidade deste programa de escola pública.
Nos outros artigos aqui publicados temos a análise que Ana Caetano desenvolve
sobre o lugar da fotografia no processo de construção das identidades,
trabalhando um tema que enquanto objecto da sociologia permaneceu durante muito
tempo pouco explorado; o artigo de João Queirós, que examina e problematiza as
várias gerações de políticas urbanas ligadas à reabilitação do centro da cidade
do Porto; e, por fim, um texto de Tiago Correia onde o autor tece uma reflexão
sobre o que têm sido as políticas de prestação de cuidados de saúde em
Portugal, relacionando-as com a emergência e as características dos grupos de
auto-ajuda.
Estamos, assim, perante um conjunto de temas de inequívoca actualidade social e
pertinência sociológica que, esperamos, mereça o interesse dos nossos leitores.
Maria das Dores Guerreiro