Acessibilidade pedonal percebida em maiores de 65 anos: instrumento de
avaliação
A promoção da acessibilidade aos espaços públicos aumenta a qualidade de vida
dos cidadãos, a autonomia e as práticas de inclusão para pessoas com
deficiência, incapacidade e dificuldades de mobilidade (Portugal, 2006). No
âmbito da Psicologia da Saúde, a investigação sobre a associação entre a
actividade física e o ambiente envolvente pode contribuir para o desenho de
políticas nacionais e internacionais de implementação de estratégias promotoras
da saúde dos cidadãos (World Health Organization [WHO], 2009).
O conceito de Neighborhood Walkability tem aparecido na literatura dos
últimos 20 anos em várias áreas disciplinares, da engenharia à psicologia,
sendo um termo já de uso corrente na literatura científica anglo saxónica. Têm
sido utilizados termos como Neighborhood Built Environment (Sallis, et al.,
2009), para caracterizar as condições físicas do bairro habitacional (e.g.,
conectividade das ruas, densidade residencial), e Perceived Neighborhood
Walkability conceito que define não as condições físicas do bairro
habitacional mas a percepção que as pessoas têm dessas mesmas características
(Saelens, Sallis, Black, & Chen, 2003). No estudo de adaptação optou-se
pela tradução de Neighborhood Walkability para Acessibilidade Pedonal uma vez
que este conceito já existe legalmente definido e regulamentado em Portugal no
Decreto-Lei n.º 163/2006, de 8 de Agosto e Regulamento Municipal de
Acessibilidade e Mobilidade Pedonal, publicado no Edital n.º 29/2004, de 7 de
Junho e, refere-se à Acessibilidade como a capacidade do meio para proporcionar
a todos uma igual oportunidade de uso, de uma forma directa, imediata,
permanente e o mais autónoma possível através de espaços, edifícios e serviços
acessíveis, por regra, mais funcionais, seguros e confortáveis para todos os
utilizadores. A acessibilidade pedonal remete especificamente para
acessibilidade experimentada por quem se desloca a pé ou em cadeira de rodas
(Decreto-Lei n.º 163/2006, de 8 de Agosto; Regulamento Municipal de
Acessibilidade e Mobilidade Pedonal, publicado no Edital n.º 29/2004, de 7 de
Junho).
Na última década, a abordagem do modelo ecológico de comportamentos de saúde
(Sallis, Owen, & Fisher, 2008) e a investigação da relação entre o ambiente
envolvente e a adesão comportamentos de saúde (Sallis, et al., 2008) contribuiu
para a crescente ênfase no papel do ambiente envolvente e social como
determinantes na prática de actividade física (Gebel, Bauman, Sugiyama, &
Owen, 2011). A existência de contextos apropriados (i.e existência de passeios,
trilhos para caminhada, sinalização para peões) na zona de residência, podem
ser facilitadores de formas particulares de actividade física, tais como a
prática de caminhada como actividade de lazer ou como forma de deslocação em
detrimento da utilização de transportes, contribuindo para que os níveis
mínimos de actividade física propostos (e.g., WHO, 2011), considerados
benéficos para a saúde, sejam atingidos (Owen, Humpel, Leslie, Bauman, &
Sallis, 2004; Sallis, et al., 2008). Inversamente, a dificuldade de acesso a
instalações recreativas e desportivas, vias pedestres, passeios e ausência de
segurança na zona envolvente, podem constituir factores de risco para a prática
de actividade física regular, contribuindo para um estilo de vida sedentário
dos seus habitantes (Weiss, Maantay, & Fahs, 2010). Quer as características
objectivas do meio envolvente, como a percentagem de inclinação da rua ou a
existência de iluminação, quer a percepção dessas mesmas características (por
exemplo a percepção do grau de inclinação das ruas que poderá ser diferente
para cada indivíduo), têm sido associadas à prática de actividade física
(Gebel, et al., 2011; Humpel, Owen, & Leslie, 2004; Owen, et al., 2004;
Trost, et al., 2002).Investigação recente, revelou que a percepção das
características do ambiente (avaliação subjectiva) apresenta uma associação
mais forte com o comportamento de caminhada relativamente às características
físicas (avaliação objectiva) do ambiente envolvente (Gebel, Bauman, &
Owen, 2009; Gebel, et al., 2011). Contudo, está por esclarecer quais as
características específicas do ambiente envolvente que estão associadas ao
comportamento de prática de actividade física regular (Merom et al., 2009,
Weiss, et al., 2010). Ainda, é necessário um enfoque na variabilidade da
percepção da acessibilidade pedonal da zona habitacional entre a população com
mais de 65 anos e na relação com o seu estado de saúde e comportamento de
actividade física (Yen, Michael, & Perdue, 2009; Weiss, et al., 2010). A
população com mais de 65 anos apresenta transformações físicas e cognitivas
associadas ao envelhecimento bem como uma potencial redução nos seus recursos
económicos devido à situação de reforma. Para estas pessoas o meio envolvente
adquire especial relevância, visto que a área espacial de contacto torna-se
mais restrita (a casa e o bairro habitacional) e os recursos disponibilizados
pela comunidade adquirem particular importância (Glass & Balfour, 2003).
A Neighborhood Environment Walkability Scale (NEWS), bem como a ANEWS (versão
abreviada), são dos instrumentos mais utilizados para a avaliação da percepção
das características do ambiente envolvente, especificamente, do bairro
habitacional (Cerin et al., 2013; Spittaels et al., 2009), contudo o elevado
número de itens de ambas, 98 itens e 54 itens respectivamente (Cerin, Conway,
Saelens, Frank & Sallis, 2009) constitui um obstáculo quando integradas
numa investigação de abordagem multi-nível das variáveis explicativas do
comportamento de actividade física em adultos na idade maior. À semelhança do
trabalho realizado por Merom et al. (2009) com adultos, a utilização de escalas
com menor número de itens, baseadas na NEWS, poderá facilitar o acesso e
compreensão do papel da percepção da acessibilidade pedonal do bairro no
comportamento de caminhada. Deste modo, o presente estudo teve como propósito a
adaptação e a análise factorial exploratória de uma escala de percepção da
acessibilidade pedonal para adultos na idade maior. Esta escala é constituída
por 15 itens baseados na versão Australiana da NEWS (Cerin, Leslie, Owen &
Bauman, 2008) e foi desenvolvida por Dafna Merom que se encontra actualmente a
finalizar a versão australiana, não tendo esta ainda sido publicada.
MÉTODO
Participantes
Setenta e nove participantes, 35 homens (44.3%) e 44 mulheres (56.7%), com
idade superior a 65 anos (M=72,3; DP=6,2, 90% com idade inferior a 81 anos),
não institucionalizados, foram recrutados em três associações de apoio na
região de Lisboa. Constituíram critérios de exclusão o défice cognitivo, de
acordo com os critérios estabelecidos para versão portuguesa do Mini Mental
State Examination (Guerreiro et al., 1994), e a iliteracia (i.e. não saber ler
e escrever).
Material
As características sociodemográficas foram avaliadas por intermédio de um
questionário com questões fechadas construído para o efeito.
A escala de Percepção da Acessibilidade Pedonal para adultos na Idade Maior
(PAP+65) é constituída por 15 itens que avaliam os seguintes indicadores: (1)
distância entre a habitação e estabelecimentos comerciais, (2) outros locais de
interesse e (3) proximidade de transportes públicos, (4) apreciação do grau de
inclinação nas ruas, (5) presença de obstáculos no bairro, (6) presença/
ausência de becos sem saída, (7) existência de infra-estruturas para os peões
caminharem, (8) iluminação durante a noite, (9) presença de outras pessoas a
caminhar nas ruas, (10) presença/ausência de espaços verdes, (11) apreciação
estética percebida do bairro, (12) existência de passadeiras e sinalização para
peões, (13) trânsito, (14) presença/ausência de instalações de lazer gratuitas
ou de baixo custo e (15) segurança percebida do bairro. Os participantes são
convidados a avaliar cada item numa escala numérica que varia de 1 (discordo
totalmente) a 4 (concordo totalmente).
Procedimento
A escala de Percepção da Acessibilidade Pedonal para adultos na idade maior
(PAP+65) foi traduzida para português a partir do original em inglês, por 3
psicólogos de forma independente. A versão portuguesa foi sujeita a retroversão
por um psicólogo bilingue, após o que se chegou a uma versão final em
Português. Os participantes realizaram uma entrevista semi-estruturada, com a
duração aproximada de 60 minutos, que incidiu em questões sociodemográficas,
questões sobre a prática de actividade física, hábitos e estilo de vida, co-
morbilidades e medidas biométricas (peso, altura e perímetro da cintura).
A PAP+65 foi aplicada durante esta entrevista e novamente duas semanas depois,
numa segunda entrevista com o objectivo de avaliar a estabilidade temporal do
instrumento. O consentimento informado foi apresentado no início de cada
entrevista e obtido por escrito garantindo a confidencialidade dos dados. A
participação foi voluntária e não remunerada.
RESULTADOS
Procedeu-se à análise da estrutura factorial da PAP+65 com recurso à Análise
factorial Exploratória (AFE) sobre a matriz das correlações, com extracção dos
factores pelo método das componentes principais seguida de uma rotação Varimax.
Foram retidos os factores comuns com eigenvalue superior a 1, e pesos
factoriais superiores a 0,39. Para a avaliação da validade da AFE utilizou-se a
medida da adequação de amostragem de Kayser-Meyer-Olkin (KMO) com os critérios
de classificação definidos em Maroco (2010): abaixo de 0,50 considerada
inaceitável, entre 0,50 e 0,60 mau mas aceitável, entre 0, 60 e 0,70 medíocre,
entre 0,70 e 0,80 média, entre 0,80 e 0,90 boa e entre 0,90 e 1 considerada
excelente. A fiabilidade da escala foi avaliada com recurso a duas medidas de
fiabilidade, a análise de consistência interna (Alfa de Cronbach) e análise da
estabilidade temporal teste-reteste (coeficiente de Spearman).
A análise factorial exploratória inicial revelou uma estrutura factorial
explicada por 5 factores assim designados: Condições físicas do bairro,
Estética, Segurança, Proximidade de destinos e Conectividade das Ruas. No
quadro_1, apresentam-se os pesos factoriais de cada item em cada um destes 5
factores, os seus eigenvalues e percentagem de variância explicada por cada
factor e pela escala.
A variância total explicada é de 68,71%. O factor 1, designado de condições
físicas do bairro, engloba os itens 7, 8, 9 e 5 e explica 22,79% do total da
escala. O factor 2, Estética, inclui os itens 10, 11 e 14 que explicam 17,68%
da variância da escala. O factor 3, Segurança, compreende os itens 13 e 15 e
explica 10,95% da variância total da escala. O factor 4, Proximidade de
destinos, engloba os itens 1 e 2 com uma variância explicada de 10,37%. O
factor 5 designado de Conectividade das ruas, inclui os itens 3, 4, 6 e 12.
A escala apresenta qualidade aceitável com um KMO= 0,64.
Contudo, a análise da consistência interna dos factores revelados por esta AFE
revelou-se inferior a 0,70 em 4 das 5 escalas (ver Quadro_2), o que é
considerado abaixo do aceitável (Maroco, & Garcia-Marques, 2006). Assim,
optou-se por realizar uma nova análise com o mesmo método e critérios da
primeira extracção, onde os itens que se revelaram mais problemáticos, os itens
5 e 6, não foram considerados.
Os valores de consistência interna dos cinco factores variaram entre o mínimo
de 0,54 (inaceitável) e o máximo de 0,79 (boa). Os factores Condições físicas
do bairro (a= 0,67) e Proximidade de destinos (a= 0,67) apresentam um índice de
consistência interna baixa mas aceitável, o factor Estética apresenta boa
fiabilidade (a= 0,79) contudo, os factores Segurança (a=0,58) e Conectividade
das ruas (a=0,58) apresentam ambos uma fiabilidade abaixo do considerado
aceitável (Maroco, & Garcia-Marques, 2006).
Na análise realizada à fiabilidade da escala observa-se ainda que o item 6
apresenta um contributo muito baixo para o total da escala (0,008) na
correlação item-total corrigida (ver quadro_3).
Na segunda extracção, obteve-se uma solução onde os 13 itens apresentam-se
redistribuídos (ver quadro_4). Esta 2ª solução revela-se mais adequada porque
(i) é mais próxima da escala na qual esta versão + 65 se baseou (Merom et. al,
2009); e (ii) o índice de consistência interna alfa de Cronbach de 3 dos 4
factores aumentou para valores mais aceitáveis (ver quadro_5).
A variância total explicada é de 65,64%. O factor 1, Condições físicas do
bairro, engloba os itens 3, 7, 8, 9 e 12 e explica 26,14% do total da escala.
Ao factor 2, Estética, correspondem os itens 10, 11 e 14 que explicam 17,78% da
variância da escala. O factor 3, Segurança, inclui os itens 4, 13 e 15 e
explica 11,68% da variância total da escala e ao factor 4, Proximidade de
destinos, correspondem os itens 1 e 2 com uma variância explicada de 10,03%. A
escala apresenta qualidade aceitável com KMO= 0,67. Os valores de consistência
interna dos quatros factores (ver quadro_5) variaram entre o mínimo de 0,58
(abaixo do aceitável) e o máximo de 0,78 (boa). O factor Estética(a= 0,78)
apresenta um bom índice de consistência interna. Os factores Condições físicas
do bairro (a= 0,72), Proximidade de destinos (a=0,66) e Segurança (a=0,58)
apresentam índice de consistência interna mais baixo contudo, aceitável
(Maroco, & Garcia-Marques, 2006). Verifica-se que os níveis de consistência
interna dos factores foram satisfatórios com excepção da dimensão Segurançaque
se encontra muito próximo do limiar do inaceitável (Maroco, & Garcia-
Marques, 2006).
Note-se que, nesta segunda solução, o factor Conectividade das ruas que
apresentava um índice de consistência interna de 0,54 foi eliminado tendo os
itens sido redistribuídos por outros factores. Os itens 3 e 12 saturaram no
factor Condições físicas do bairro e o item 4 saturou no factor Segurança com
peso factorial positivo (0, 738). O item 5 e 6 foram eliminados nesta solução.
Para avaliar a estabilidade temporal da Escala de Percepção da Acessibilidade
Pedonal para adultos na Idade Maior (PAP + 65) efectuou-se uma correlação de
Spearman entre os scores obtidos na 1ª e na 2ª administração da escala com
intervalo de 2 semanas. A PAP+65 revela adequada estabilidade temporal sendo a
associação entre a resposta na primeira e segunda aplicação elevada e
significativa (rsp=0,73; p<0,001).
DISCUSSÃO
O presente estudo teve como objectivo a adaptação de um instrumento que permita
avaliar a percepção da acessibilidade pedonal em maiores de 65 anos, em língua
portuguesa. Tanto quanto sabemos, não existe um instrumento para avaliar esta
variável, específico para esta população, em Português ou noutro idioma. A
partir do instrumento utilizado por Merom et al., (2009) para adultos, baseado
na redução da versão Australiana da escala NEWS (Cerin, et al. 2008), procurou-
se adaptar a escala aqui apresentada, específica para adultos com idade igual
ou superior a 65 anos, cuja estrutura factorial e propriedades psicométricas
são apresentadas.
Optou-se por apresentar duas soluções decorrentes da Análise Factorial
Exploratória, numa primeira extracção aos 15 itens, e a 13 itens numa segunda
extracção tendo sido eliminados os itens 5 e 6. Na primeira AFE com extracção
de 5 factores, o item 5 saturou em todos os factores com excepção do factor 3 e
na análise da consistência interna verifica-se que a do factor Condições
físicas do bairro aumenta de 0,67 para 0,70 caso o item 5 seja eliminado.
Relativamente ao item 6, este apresentou um contributo muito baixo para o total
da escala (0,008) na correlação item-total corrigido na primeira solução
(quadro_3). Eliminados os itens 5 e 6, a avaliação da nova AFE aos 13 itens,
com o mesmo método e rotação, revelaram uma estrutura relacional dos itens
agrupados em 4 factores, na qual os itens se redistribuem mais adequadamente.
Comparando os resultados da AFE aos 13 itens com a escala para adultos (Merom
et al., 2009), salienta-se que os itens relativos à inclinação das ruas (item
4) elevado tráfego rodoviário (item 13), nesta amostra da população com mais de
65 anos, saturam no factor Segurança,o que poderá ser explicado pela literatura
que refere as transformações físicas e cognitivas e potenciais dificuldades ao
nível da mobilidade e resposta aos estímulos que o processo de envelhecimento
acarreta (Glass & Balfour, 2003). Os itens relativos à facilidade de
caminhar até uma paragem de transportes públicos (item 3) e a existência de
passadeiras e sinalização para peões (item 12), que na primeira solução
saturaram no factor Conectividade das ruas, na segunda solução encontrada
saturaram no factor Condições físicas do bairro juntamente com itens relativos
à existência de passeios (item 7), iluminação (item8) e visibilidade (item 9),
caracterizando as características e condições físicas do bairro em termos de
acessibilidade pedonal.
Apesar de se verificar uma diminuição da variância total explicada de 68,79%
para 65,64% com a eliminação dos dois itens (5 e 6), o KMO é superior na
segunda AFE (0,67) face à primeira (0,64). Ainda, na segunda solução, os
índices de consistência interna aumentam e são aceitáveis para todos os
factores com excepção do factor Segurança (a=0,58), o que não se verificou na
primeira solução dado que os índices de consistência interna se encontram
abaixo do aceitável com a< 0,60 (Maroco, & Garcia-Marques, 2006) para os
factores Segurança (a= 0,58) e Conectividade das ruas (a= 0,54). Os factores
Condições físicas do bairro e Proximidade de destinos aproximam-se dos valores
razoáveis de consistência interna (a= 0,67), sendo o factorEstética o único a
aproximar-se de um bom índice de consistência interna (a= 0,79).
A potencial perda de mobilidade e funcionalidade física associada ao
envelhecimento e a restrição do espaço de actividade diária (Glass &
Balfour, 2003), tornam a percepção acessibilidade pedonal do bairro
particularmente relevante. A PAP+ 65 é a primeira escala de percepção de
acessibilidade pedonal específica para a população com idade igual ou superior
a 65 anos adaptada para a língua Portuguesa. Dadas as características da
população na idade maior, o seu reduzido número de itens poderá ser facilitador
da sua utilização quer em contexto clínico, institucional ou de investigação na
área da actividade física na idade maior. Apesar da variância explicada, a
escala apresenta características psicométricas aceitáveis. Futuros estudos
deverão considerar a realização de uma Análise Factorial Confirmatória e a
relação entre a percepção da acessibilidade pedonal a actividade física e
indicadores de saúde.