O novo Ocidente político
A questão é que a comunidade transatlântica fixou a agenda global nos
últimos 50 anos e não vai poder continuar a fazê-lo – vai ter de
levar em conta outros poderes.
Chris Patten1
A localização geográfica já não faz, portanto, grande sentido. O
Ocidente mundializou-se em grande escala, ao ponto de o podermos
encontrar actualmente em países da Ásia e do Extremo Oriente.
Roger-Pol Droit2
A Índia tem potencial para se tornar membro e líder do «Ocidente
político» e para desempenhar um papel-chave nas grandes lutas
políticas das próximas décadas.
C. Raja Mohan3
Este artigo procura responder à seguinte questão: pode o Ocidente alastrar até
ao Pacífico e Índico?
Como tentaremos demonstrar, os valores do Ocidente, de facto, expandiram-se até
à Ásia através da acção estratégica dos Estados Unidos. Neste sentido, a
resposta à questão inicial é a seguinte: sim, o Ocidente alastrou-se até ao
Pacífico e Índico. Porém, de forma paradoxal, esta resposta cria um problema à
própria vitalidade do conceito de «Ocidente». Porquê? Porque o termo «Ocidente»
acaba por ser uma vítima do sucesso da estratégia que o velho Ocidente
transatlântico implementou ao longo das últimas décadas. Paradoxalmente, a
expansão do Ocidente – originalmente situado no Atlântico Norte – até ao Índico
e Pacífico exige que elaboremos um novo termo com a capacidade analítica para
classificar este mundo ocidental alargado. Nem por acaso, Barack Obama, no seu
livro The Audacity of Hope, nunca usa o termo «The West». O novo Presidente
americano fala, isso sim, em «sistema global de democracias»4 .Este sistema
global de democracias é, se quisermos, um novo Ocidente político, que vai muito
além do velho Ocidente geograficamente situado no Atlântico Norte, e que
remetia para o ultrapassado esquema mental da Guerra Fria.
No mercado das ideias, existem vários conceitos mais adequados do que
«Ocidente» para descrever aquilo que existe na ligação entre as democracias do
mundo transpacífico e as democracias do mundo transatlântico: «liga kantiana,
ordem constitucional» (Ikenberry), «Ocidente político» (C. Raja Mohan) ou
«sistema global de democracias» (Obama). Estes termos são mais adequados do
ponto de vista analítico. A nosso ver, «ordem constitucional» ou «sistema
global de democracias» não têm o impacto mediático/semântico do termo
«Ocidente», mas, em termos analíticos, fazem mais sentido. Porque, como aqui
procuramos demonstrar, faz cada vez menos sentido usar o termo «Ocidente» da
velha maneira (i.e., «Ocidente» como representação das democracias europeias e
dos Estados Unidos, isto é, apenas e só no Atlântico Norte). No vocabulário
corrente, o termo «Ocidente» ainda terá, obviamente, o seu uso. Porém, ao nível
das relações internacionais, este conceito faz cada vez menos sentido. Usado de
forma isolada, «Ocidente» não deve ser um conceito operativo das relações
internacionais. Para fazer sentido, o termo «Ocidente» tem de vir acompanhado
por mais duas palavras: «Novo Ocidente Político».
Muitos defenderão que esta tese do Novo Ocidente não faz sentido, e que o
«Ocidente» ainda é um termo com efectividade analítica. Antecipando desde já
estas críticas, vamos aqui propor um exercício: suponhamos que o Ocidente ainda
faz sentido; suponhamos que Estados Unidos e Europa ainda comandam o mundo em
circuito fechado – tal como sucedeu nas últimas décadas, ou seja, suponhamos
que a comunidade transatlântica ainda é aquele tandemacima do resto do mundo na
liderança indiscutível da comunidade internacional; suponhamos que Washington
ainda dá absoluta prioridade à sua face transatlântica em detrimento da sua
face transpacífica; suponhamos que a costa atlântica dos Estados Unidos é
absolutamente hegemónica em relação à costa do Pacífico dos Estados Unidos;
suponhamos, finalmente, que Estados Unidos e Europa são duas faces da mesma
moeda ocidental. Imaginemos, então, que estas – duvidosas – suposições são
realidades absolutas, e que, por isso, o termo «Ocidente» ainda tem validade.
Ora, mesmo neste cenário, teríamos sempre de considerar a existência de forças
que estão a corroer o velho conceito de «Ocidente».
· Existe uma crescente influência dos asiáticos em todas as esferas da
vida americana (estratégia, cultura, vida universitária, demografia, economia);
a América é cada vez mais desviada para o Pacífico devido à força demográfica,
cultural, económica e militar das potências asiáticas.
· Como se isto não bastasse, desenvolveu-se na Europa uma corrente
europeísta que se define por oposição aos Estados Unidos, ou seja, a Europa tem
sido representada como a não-América. Em suma, existem forças estruturais
asiáticasque afastam a América do Atlântico, e depois existem forças normativas
europeiasque aumentam ainda mais o divórcio estrutural e normativo da América
em relação ao Atlântico. Perante a acção destas duas forças, o Ocidente –
apenas como espaço do Atlântico Norte – poderá ainda não estar morto, mas
estará, com certeza, bastante debilitado.
Naquilo que se segue, a estrutura do nosso argumento tem duas grandes secções.
a) Eclipse do Ocidente ou eclipse do Atlântico?Aqui, iremos demonstrar que é
errado defender-se o declínio do Ocidente; é analiticamente mais correcto
defender-se o declínio relativo do Atlântico Norte.
b) Novo Ocidente Político/Sistema global de democracias. Aqui, tentaremos
demonstrar por que razão o Ocidente deve dar lugar a outros conceitos como
«sistema global de democracias».
Eclipse do Ocidente ou Eclipse do Atlântico?
Entre 2002 e 2005, durante a crise transatlântica, muitos profetizaram o fim do
Ocidente. Hoje, perante a ascensão de novos poderes não atlânticos e perante a
crise económica com o epicentro nos Estados Unidos, muitos profetizam o
declínio do Ocidente. Esta segunda tese faz mais sentido do que a primeira. Mas
a tese do declínio do Ocidente, apesar de tudo, carece ainda de maior precisão
analítica. É isso que tentaremos fazer de seguida: afinar a tese do declínio
ocidental. Veremos que, afinal, não estamos perante o declínio do Ocidente, mas
sim perante o declínio – relativo – do Atlântico Norte.
Na opinião de Christopher Coker, estamos a viver o «eclipse of the West». E
este eclipse ocidental é visível em dois pontos:
· A narrativa geopolítica proeminente até 1991 passava por evitar que
um único estado conseguisse a hegemonia sobre a Europa; a Europa, e não o
Pacífico, era o pivô da história mundial. Hoje, é o Pacífico que está no centro
da narrativa geopolítica.
· O eclipse ocidental não é visível apenas ao nível geopolítico/
material, mas também ao nível intelectual, ou seja, estamos perante
«o desafio do momento ocidental da história – com um ciclo de 500
anos no qual as ideias e valores ocidentais eram intrínsecos ao
sistema internacional. O sistema para o qual o Ocidente muito
contribuiu para criar pode estar a chegar ao fim. De forma crua, a
comunidade internacional e as suas leis e regulações são largamente
uma criação dos governos ocidentais. Não é certo que a China esteja
interessada em sustentar isso indefinidamente, ou jogar com essas
regras.»5
Por outras palavras, as grandes narrativas ocidentais estão a perder a
capacidade para fazer jurisprudênciajunto das potências não ocidentais. Em
1998, navegando contra as marés idealistas e eurocêntricas do fim de
história,Christopher Coker alertava para a existência de diferentes narrativas
morais e políticas que já estavam a desafiar as normas ocidentais: o islamismo,
o modelo asiático e o autoritarismo russo6. Em 2008, pudemos verificar que
Coker estava correcto. Além do desafio estrutural, algumas potências não
ocidentais (Rússia, China) representam também um sistema político alternativo à
democracia liberal: o capitalismo iliberal, um modelo político que conjuga
capitalismo (a economia é aberta) com iliberalismo político (o regime permanece
fechado e autoritário)7. Neste mundo pós-2008, os ocidentais estão, sobretudo,
forçados a confrontarem-se com esta «marcha asiática para a modernidade»: a
ascensão fulminante da China sob um regime autoritário representa, de facto, um
sério e inusitado desafio à democracia liberal8. De forma desafiadora, Tu
Weiming, um dos profetas desta modernidade oriental e neoconfucionista, afirma
o seguinte: «podíamos muito bem estar no princípio da história global em vez de
testemunharmos o fim da história».
Em 2009, pudemos ver algo que seria impossível em 1999 ou em 1989: existe uma
versão de modernidade rival da sociedade liberal ocidental9– um modelo político
e social centrado na comunidade, e não no indivíduo10 .
O director do IFRI, Thierry de Montbrial, recuperando uma velha sensibilidade
aroniana, afirma que o século xxi começou realmente quando nos apercebemos
desta nova pluralidade de potências (variável do poder) e desta nova
heterogeneidade de regimes (variável da identidade normativa). Não estamos
apenas perante a ascensão estrutural de novas potências, mas também perante a
dignificação de soluções autoritárias; terminou a era do domínio económico
absoluto do Ocidente, mas também terminou a era do prosélytisme
démocratiqueocidental11 . Ou seja, a par do retour de la géopolitique, o mundo
pós-2008 representa também o fim do monopólio da democracia liberal ao nível da
legitimidade internacional12 . Por outras palavras, terminou o monopólio
ocidental sobre as ideologias, sistemas políticos e organizações económicas13 .
Porém, tudo isto não representa, necessariamente, o declínio do Ocidente. O
Ocidente não acabou, nem está em declínio. O que acabou foi a ilusão do fim de
história. Acabou o fim de história, aquela ilusão que dominou a comunidade
transatlântica durante os longos anos 1990, aquela ilusão que determinava que a
democracia liberal iria ser o único modelo político da humanidade, e que
caberia ao Ocidente espalhar esse modelo pelo resto do mundo, pela força se
necessário. Porém, o fim desta ilusão ideológica/ /teleológica não determina o
colapso ou a decadência do Ocidente. Este é o erro de análise: confundir-se o
fim de uma ilusão ideológica (esfera normativa e ideológica) com o fim de algo
concreto que é o projecto ocidental (esfera política concreta). E o projecto
ocidental continua de pé, e com renovada vitalidade14 .
Christopher Coker está absolutamente certo em dois pontos:
· O Atlântico está em declínio relativo, e está a ocorrer um desvio da
centralidade estratégica da Europa para o Pacífico.
· Ao nível normativo, estados não ocidentais, através do seu livre-
arbítrio, escolheram outro modo de vida e outro sistema político, recusando
assim o modelo liberal. Porém, ao definir estes dois argumentos, Coker comete
dois erros:
a) Esquece que o centro do Ocidente é também uma força do Pacífico, isto é, os
Estados Unidos são uma força do Pacífico, e não apenas uma força do Ocidente
atlântico15 . Portanto, o que está em causa não é o declínio do Ocidente, mas
do Atlântico, do mundo transatlântico. A haver um eclipse, esse eclipse é do
Atlântico. Obama é a demonstração clara desta face transpacífica dos Estados
Unidos. Obama nasceu no Havai e passou a infância na Indonésia. No seu livro,
The Audacity of Hope, o capítulo devotado à política externa começa e acaba com
a Indonésia, e a Europa é um elemento absolutamente secundário. Obama revela
uma América sentada no Pacífico, e não no Atlântico16 . Ora, Obama é menos
ocidental só porque nasceu no Pacífico e cresceu na Indonésia? Obama é menos
ocidental só porque dá mais destaque ao Pacífico do que ao Atlântico? Claro que
não. Quando muitos autores, jornalistas e políticos falam em declínio do
Ocidente, estão, no fundo, a evitar falar do declínio do Atlântico e da Europa.
b) Se é verdade que muitos estados não atlânticos escolheram vias não liberais
e não democráticas, também é verdade que outros estados não atlânticos
escolheram a democracia liberal. O livre-arbítrio do «outro» tem duas vias: uns
escolhem o lado não ocidental (China, Rússia), mas a outros também dá para o
lado ocidental (Índia, Japão, Brasil, etc.). O excesso de optimismo do fim de
história não pode cegar-nos em relação ao seguinte: ao longo do sistema, com
excepção da China e da Rússia, os grandesestados-chavesão democracias.
Novo Ocidente Político ou «Sistema Global de Democracias»
Nos últimos anos, enquanto o oxigénio mediático e académico era consumido pelo
drama do Médio Oriente, os Estados Unidos alcançaram uma série de silenciosas
vitórias no Extremo Oriente17: acordos com Singapura, Indonésia e Vietname; o
reforço das alianças com a Austrália e o Japão; o acordo histórico com a Índia.
Como é óbvio, o reforço das relações entre Washington e as grandes democracias
asiáticas (Japão, Austrália e Índia) é o dado fundamental na estratégica
transpacífica dos Estados Unidos. E Washington, além de reforçar as relações
bilaterais com cada uma das democracias asiáticas, procura interligar estas
democracias transpacíficas numa rede, numa espécie de networkfluida composta
por laços bilaterais, trilaterais e quadrilaterais. O resultado é aquilo que já
foi descrito como o emergente pilar informal do mundo transpacífico o QUAD
(Quadrilateral Initiative), um silencioso concerto de democracias
transpacíficas (Estados Unidos, Índia, Japão e Austrália)18.
Estas relações estratégicas (que têm a China como pano de fundo) provocaram uma
inesperada refundação do conceito de Ocidente. Nos Estados Unidos, a
reorientação estratégica em direcção ao Pacífico é acompanhada por uma
reorientação identitária do espaço ocidental. A narrativa do Ocidente está a
mudar.
Neste ponto, é fundamental convocar o trabalho de John Ikenberry19: o The West–
construído pela estratégia americana pós-1945 – significa uma «liberal
democratic order» que atravessa três continentes, sendo, por isso, composta por
democracias europeias, democracias americanas e democracias asiáticas. Esta
ordem ocidental é uma ordem política, e não uma manifestação cultural. Devido
ao choque psicológico causado pelo terrorismo islamita, o termo «Ocidente» tem
sido apresentado dentro do cânone culturalista e religioso de Huntington. Mas o
Ocidente, tal como foi construído pelos Estados Unidos durante as últimas
décadas, é o Ocidente de Ikenberry, ou seja, uma ordem política constituída por
democracias liberais de três continentes, e não um bloco cultural, étnico e
religioso. Para Huntington, a inclusão da «civilização nipónica» no Ocidente é
um anátema. Porém, o Japão sempre fez parte do mapa ocidental em Washington20 .
No documento que orienta a política americana em relação ao Japão, podemos ler
o seguinte: «como parceiros da longa Aliança Ocidental, os Estados Unidos e o
Japão»21 . Numa recensão ao livro Choque de Civilizaçõesde Huntington,
Ikenberry afirma que a democracia e o Estado de direito podem ter emergido pela
primeira vez na Europa, mas não são fenómenos presos a uma cultura e a uma
geografia; são instituições e práticas que se manifestam ao longo de diversas
culturas e sociedades. Neste sentido, o Ocidente não está limitado ao mundo
atlântico. Esta comunidade de democracias asiáticas, americanas e europeias
pode ser difícil de rotular, mas isso não autoriza Huntington a fechar o
Ocidente num vago conceito cultural. Mais, se esta comunidade mundial de
democracias – com Washington no seu centro – for sabotada por um little
Westdefensivo e inward-looking, então, estaremos perante um desastre
estratégico22 . Ikenberry escreveu isto em 1997. Passados doze anos, em plena
era Obama, este raciocínio ganhou ainda mais poder explicativo.
Na linha de Ikenberry, vários intelectuais a actuar no espaço público americano
(Anne Applebaum, Ian Buruma, William H. McNeill,Thomas Donnelly, etc.) têm
consumado a abertura do Ocidente às democracias asiáticas. Do ponto de vista
americano, é evidente que o Atlântico Norte não esgota o mundo democrático e
liberal. Como salienta Tod Linberg, «é muito difícil ser levado a sério quando
se fala de uma comunidade liberal e burguesa abrangente da qual a comunidade
atlântica faz parte»23 . Ou seja, o mundo nato não é a totalidade do Ocidente;
é apenas parte de um Ocidente mais vasto. Não por acaso, grandes referências
intelectuais indianas respondem a estes apelos americanos, e já perspectivam a
Índia como parte desta ordem política ocidental alargada. Como é visível na
epígrafe deste ensaio, C. Raja Mohan entra em consonância com estes
intelectuais americanos, ao defender o Ocidente político e criticar o Ocidente
geográfico. No Japão, também podemos ouvir intelectuais a dizer que «o statusdo
Japão na Ásia é agora definido pela sua pertença à comunidade de “nações
ocidentais”»24.
Em suma, o Ocidente já alastrou até ao Pacífico e ao Índico. Existe um Novo
Ocidente Político. Mas esta conclusão – a existência de um Novo Ocidente
Político – remete para outra questão: de forma paradoxal, o sucesso dos
princípios políticos ocidentais – no Pacífico e no Índico – não determina o fim
do próprio conceito de «Ocidente»? O conceito de «Ocidente Político» (por
oposição ao velho Ocidente cultural ou Ocidente geográfico) não será ainda
demasiado eurocêntrico? Não fará mais sentido utilizar a expressão «sistema
global de democracias liberais»25? Porque «Ocidente» é um termo que continua a
remeter para as velhas referências de posicionamento geográfico, do tempo em
que a Europa era o centro do mundo. O Ocidente éramos nós, a ocidente dos
asiáticos, e com um excesso de Ocidente – os Estados Unidos – no outro flanco.
Hoje, o centro do Ocidente são os Estados Unidos, e nós, europeus, é que somos
um excesso de Ocidente, curiosamente situado a oriente dos Estados Unidos. Não
é por acaso que Obama não se sente confortável com o termo «The West».
Considerações Finais
Em suma, ao nível do vocabulário de relações internacionais, temos duas saídas
possíveis.
· Não usamos, de todo, o termo «Ocidente», que remete para um mundo
transatlântico fechado (Estados Unidos – Europa), que já não existe.
· Se usarmos o termo «Ocidente», temos de ter o cuidado de dotá-lo com
uma nova acuidade analítica, isto é, temos de falar em «Novo Ocidente
Político».
Nós tendemos a preferir a primeira opção. O termo «Ocidente» – com ou sem novos
adjectivos – pode ser substituído por conceitos com maior precisão, como por
exemplo «ordem constitucional» ou, claro, o já referido «sistema global de
democracias». E uma coisa é absolutamente certa: se continuarmos a usar
«Ocidente» – tal como fizemos ao longo das últimas décadas –, então, Huntington
tinha razão, e a política internacional não passa de um choque reaccionário
entre determinismos religiosos e étnicos.
NOTAS:
1
Chris Patten, entrevista ao Público – P2, 14 de Setembro, 2008, p. 4.
2DROIT, Roger-Pol – O Que é o Ocidente?Lisboa: Gradiva, 2009, p. 19.
3MOHAN, C. Raja– «India and the balance of power». in Foreign affairs. vol. 85,
N.º 4, 2006, p. 18.
4
cf. OBAMA, Barack – The Audacity of Hope. Nova York: Crown, 2006.
5COKER, Christopher – «Strangers at the gate: Africa, the challenge of China
and the eclipse of the West». In FRANCO, Manuela coord.) – Estratégia e
Segurança na África austral. Lisboa: FLAD, 2007, pp. 19-34.
6
cf. COKER, Christopher – Twilight of the West. Boulder: Westview Press, 1998,
pp. 142-168.
7BARMA, Naazneen, e RATNER, Ely – «China’s iliberal challenge». In Democracy –
a Journal of Ideas. N.º 2, 2006; MANN, James – «A shining model of wealth
without liberty». in Washington Post, 20 de Maio de 2007.
8CHELLANEY, Brahma – «Defining moment in history». in The Japan Times, 16 de
Outubro de 2008.
9Existe, inclusive, uma defesa dos direitos humanos confucionistas – centrados,
claro, na comunidade(e não no indivíduo). A modernidade ocidental, centrada no
indivíduo, é vista pelos defensores da modernidade asiática como algo que
provoca a exploração, o consumismo, o materialismo, a ganância, o egoísmo e a
competitividade brutal. Neste sentido, a «confucian East Asia» surge como um
modelo de simpatia, justiça distributiva,duty-consciousness, public-
spiritedness e sentido de grupo. mais: estes valores são considerados como
universal modern values. Ao conseguir fazer a modernizaçãosem cair na
ocidentalização, a Ásia confucionista prova que a modernidade pode ter várias
formas culturais. Ou seja, há aqui um desafio consciente ao discurso ocidental
centrado no iluminismo. mais: esta redignificação do confucionismo/ /comunidade
contra o iluminismo/indivíduo tem sido essencial para uma nova critical self-
consciousnessda elite chinesa, no sentido de contestar a hegemonia ocidental.
cf. WEIMING, Tu – «Joining East and West – a Confucian perspective on Human
Rights». in Harvard International Review. vol. 20, N.º 3, verão de 1998, pp.
44-49; WEIMING, Tu – «Implications of the rise of “confucian” East Asia». in
Chinese American Forum. vol. 16, N.º 3, Janeiro de 2001, pp. 13-15; WEIMING, Tu
– «Beyond the Enlightenment mentality: a Confucian perspective on ethics,
migration, and global stewardship». In International Migration Review. vol. 30,
N.º 1, Primavera de 1996, pp. 73-74.
10
Confúcio tem sido recuperado e glorificado pelo regime chinês. No passado, o
regime comunista diabolizou Confúcio. Mao, por exemplo, afirmava que Confúcio
era um pensador reaccionário (não advogava o progresso através do conflito, mas
sim a harmonia). Hoje, o confucionismo está a preencher o vácuo causado pela
derrocada do marxismo/maoísmo. Velhos templos confucionistas foram
reconstruídos, e institutos confucionistas estão a surgir pelo mundo inteiro
com o objectivo de expandir a cultura ancestral chinesa. mais: Confúcio fez
parte da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos, para grande satisfação da
liderança política do país. WASSERSTROM, Jeffrey – «The Big China Stories you
Missed this Year». In The Christian Science Monitor, 17 de Dezembro de 2008.
11
cf. MONTBRIAL, Thierry de – «Perspectives», Ramses 2009, Institute Français de
Relations Internacionales, 15 de Julho de 2008, pp. 9-33; Disponível em:
www.ifri.org/files/rAmses2009_perspectives.pdf
12
Ver o desenvolvimento deste raciocínio em HASSNER, Pierre, e TERTRAIS, Bruno –
«Nouvelles puissances, nouvelles menaces». in Eurozine, 3 de Março de 2006;
Disponível em: www.eurozine.com/articles/2006-03-03-hassner-fr.html
13
BAVEREZ , Nicolas – «rupture en chaine». In le Point. N.º 1840, 20 de Dezembro
de 2007.
14
cf. RAPOSO, Henrique – «O paradoxo da Freedom House: do idealismo à síndrome do
pessimismo». in Revista autor, Fevereiro de 2008. Disponível em: http://
www.revistaautor.com/
index.php?option=com_content&task=view&id=95&itemid=1
15
cf. RAPOSO, Henrique – «We don’t need a formal league of democracies».
Occasional paper N.º 39, IPRI–UNL, 2008. Disponível em: http://www.ipri.pt/
publicacoes/working_paper/working_paper.php?idp=297
16
cf. raposo, Henrique – «América sentada no pacífico». In Público, 10 de Junho
2007. disponível em: http://www.ipri.pt/publicacoes/working_paper/
working_paper.php?idp=127
17
GREEN, Michael – «America’s quiet victories in Ásia». In Washington Post, 13 de
Fevereiro de 2007.
18
cf. CHELLANE, Brahma – «“QUAD Iniciative”: an inharmanious concert of
democracies». in Japan times, 19 de Julho de 2007.
19
cf. IKENBERR, John, e DEUDNE, Daniel – «The logic of the West». in World Policy
Journal. vol. 10, N.º 4, Inverno de 1993-1994, pp. 17-25.
20
COKER, Christopher – «Britain and the New World Order: the special relationship
in 1990s». in International Affairs. vol. 68, N.º 3, 1992, p. 412.
21
The United States and Japan: advancing toward a Mature Partnership, INSS
Special Report, Institute for National Strategic Studies, National Defense
University, Outubro de 2000, p. 2.
22
IKENBERRY, John – «The West: precious, not unique». in Foreign Affairs. vol.
76, N.º 2, 1997, pp. 162-163.
23
LINDBERG, Tod – «We». In Policy Review. N.º 128, Dezembro de 2004.
24OGOURA, Kazuo – «Asia’s transformation and future of Japanese diplomacy». In
The Japan Times, 8 de Fevereiro de 2007.
25
OBAMA, Barack – The Audacity of Hope, p. 305.
Rua Dona Estefânia, 195, 5 D
1000-155 Lisboa
Portugal
ipri@ipri.pt