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BrBRCEEx0100-40421998000100013

BrBRCEEx0100-40421998000100013

variedadeBr
ano1998
fonteScielo

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Ultramicroeletrodos. Parte II: construção e aplicações PtHads + H+ + e- ® Pt + H2 (Etapa de Heyrovsky) com a etapa de Heyrovsky sendo determinante da velocidade da reação.

A automação dos experimentos permitiu uma excelente reprodutibilidade dos dados experimentais, devido principalmente ao condicionamento da superfície, realizado antes da tomada de cada valor de potencial na curva de polarização.

ii) Reação de desprendimento de hidrogênio sobre UME de Ni e Hg33 Na figura_6 tem-se as curvas de polarização para a RDH sobre: (A) Ni eletrodepositado sobre UME de Pt (f = 40 mm), a partir de uma formulação modificada do banho de Watts (NiSO4 330 g L-1 + Ni(NO3)2 45 g L-1 + H3BO3 37 g L-1), em NaOH 0,5 M e (B) Hg eletrodepositado sobre UME de Pt (f = 40 mm), a partir de uma solução de Hg(NO3)2 1,26x10-3 M + KNO3 0,1 M, em meio de HClO4 0,5 M, com a temperatura variando entre 25 e 70 oC.

A partir dos valores das correntes de troca, io, para cada reta, determinou-se, pelo gráfico de Arrhenius, as energias de ativação para os dois processos eletródicos. Sobre Ni, este valor foi de 64,6 kJ mol-1, enquanto que sobre Hg foi de 179,3 kJ mol-1. Uma análise destas energias de ativação tornou possível associá-las aos seguintes complexos ativados: (Ni-H...H...OH) e (Hg...H...H2O+), respectivamente. Isto significa que a reação de desprendimento de hidrogênio sobre ambos metais ocorre por um mecanismo Volmer- Heyrovsky. Entretanto, sobre Ni a etapa determinante da velocidade é a de Heyrovsky, sendo a de Volmer determinante sobre Hg. Como no item anterior, a utilização de UME possibilitou um grande aumento na reprodutibilidade dos dados experimentais pela automação, bem como livrou estes valores da interferência da queda ôhmica do sistema.

iii) Eletrocristalização34 Os estágios iniciais de eletrocristalização geralmente estão associados a processos de nucleação bi ou tridimensionais, onde o número de núcleos formados depende fortemente do sobrepotencial, com formação instantânea ou progressiva, e seu crescimento ocorrendo com controle por transferência eletrônica ou de massa.

Foram feitos estudos de nucleação eletroquímica de Cu, Hg e Ni sobre UME de Pt (f = 40 mm). Nas figuras_7, 8 e 9 tem-se os respectivos voltamogramas cíclicos e saltos potenciostáticos obtidos a partir de uma solução de CuSO4 0,1 M em H2SO4 0,5 M; Hg(NO3)2 1,26x10-3 M em KNO3 0,1 M e de um banho de Watts modificado (composto de NiSO4 330 g L-1 + Ni(NO3)2 45 g L-1 + H3BO3 37 g L-1).

Em eletrodos de tamanho convencional, o modelo de Scharifker e Hills35 é o que melhor representa a maioria dos sistemas estudados. Entretanto, suas equações cinéticas não se adequaram ao comportamento obtido experimentalmente sobre UME, que o modelo de Scharifker e Hills é válido somente para crescimento de núcleos controlados por difusão linear semi-infinita. Assim, desenvolveu-se um modelo considerando a difusão esférica para a superfície de um UME em forma de disco21,36, cujo ajuste numérico37 indica nucleação instantânea para Cu e progressiva para Hg. No caso do Ni, cujo crescimento dos núcleos mostrou-se controlado por transferência eletrônica, o modelo de Abyaneh38 desenvolvido para eletrodos convencionais revelou-se bastante satisfatório39.

B. Eletroanalítica i) Determinação conjunta de metais em água40 Este foi um dos primeiros trabalhos a serem desenvolvidos no GMEME utilizando UME de fibra de carbono de 7 mm de diâmetro. A crescente preocupação com a contaminação ambiental por metais pesados, como Pb, Hg e Cd, tem atraído a atenção de pesquisadores para o desenvolvimento de metodologias analíticas automatizadas para monitoramento ambiental destes poluentes. A utilização de técnicas eletroanalíticas com UME é uma das melhores alternativas para estas rotinas automatizadas. Neste trabalho, a voltametria de pulso diferencial com redissolução anódica foi utilizada para determinar Cd e Pb de maneira simultânea em matrizes sintéticas, feitas em laboratório, pelo acréscimo de diversas concentrações dos metais em tampão acetato. O eletrodo de fibra de carbono era recoberto com mercúrio, previamente depositado de uma solução de Hg (NO3)2 5x10-4 M. A menor concentração de chumbo adicionada ao tampão foi de 4,8x10-7 M e a de cádmio 8,9x10-7M.

Na figura_10 está representado um voltamograma de pulso diferencial executado a 5 mV s-1 com uma amplitude de 25 mV pico a pico, mostrando os picos de redissolução dos metais depositados em -1,1 V durante 60 s, nas concentrações acima. A excelente definição dos picos voltamétricos indica a possibilidade de se utilizar este método para concentrações até dez vezes menores, atingindo um limite de detecção na ordem de 10 ppb. A utilização de UME tornou possível a obtenção de um limite de detecção razoavelmente baixo e possibilitou a execução do experimento em condições favoráveis em relação ao tempo do experimento e à preparação das amostras.

ii) Determinação de nitritos em águas naturais41 A presença de nitritos em água potável pode ocasionar graves danos à saúde, principalmente em crianças. O nitrito pode reagir com a hemoglobina no organismo, impedindo o transporte do oxigênio. Além disto, seus produtos metabólicos são, freqüentemente, cancerígenos. Com a utilização de nitritos em diversos produtos como conservantes para alimentos e remédios, torna-se cada dia mais importante o desenvolvimento de metodologias adequadas para a sua determinação. Os métodos tradicionalmente empregados são demorados e envolvem a utilização de substâncias tóxicas. Assim, UME de fibra de carbono de 7 mm de diâmetro e de ouro de 15 mm foram utilizados para a determinação direta de nitritos em águas naturais por voltametria de varredura linear.

Na figura_11 encontram-se voltamogramas de varredura linear para a oxidação de nitrito (a nitrato) em água mineral comercial não desaerada, sobre UME de fibra de carbono a 0,1 V s-1, após a subtração da curva do branco (mesma solução sem acréscimo de nitrito). As amostras de água mineral utilizadas não continham nitrito ou qualquer outra espécie interferente em quantidades detectáveis, pois o voltamograma do branco não apresentou qualquer onda na região de potenciais em estudo. Nesta mesma figura também se observa a curva de trabalho obtida representando as correntes limites de difusão, tomadas em 1,35 V em função das concentrações de nitrito adicionado. A excelente relação linear obtida permite calcular um limite de detecção (LD) de 8,8 mM de acordo com a equação41:

LD = 3s/tg onde 3 é um fator designado pela IUPAC, s o desvio padrão obtido da repetição das curvas do branco e tg a tangente da curva de calibração. Deve-se acrescentar que estas medidas foram efetuadas sem qualquer manipulação das amostras de água mineral. Assim, esta técnica utilizando UME se mostra extremamente vantajosa em relação ao tempo e custo das análises.

iii) Determinação de oxigênio em águas naturais42 A determinação do teor de oxigênio em águas naturais, poluídas ou não, em rios ou lagos, tem sido importante no sentido da recuperação de mananciais poluídos, assim como em estações de tratamento de esgotos e em grandes lagos artificiais vinculados a hidroelétricas. Os métodos químicos tradicionais de determinação de oxigênio são bastante trabalhosos, como o método de Winkler43,44, que possui várias modificações para levar em consideração os diversos interferentes existentes. Estes métodos exigem uma grande manipulação da amostra e são sujeitos a muitas interferências não compensadas. Para aumentar a rapidez e diminuir os custos das análises, foram desenvolvidos sensores de oxigênio, do tipo Clark45, para a utilização direta na amostra, sem tratamento químico.

Estes sensores são constituídos de eletrodos de Pt, que fazem uma medida da corrente de redução do oxigênio a um dado potencial. Entretanto, estes sensores, embora bastante seletivos, ainda são lentos, demorando vários minutos para estabilizar e são sujeitos a alguns interferentes que podem obstruir a membrana utilizada para conter o eletrólito. Como uma alternativa, neste trabalho, UME de Pt (f = 40 µm) e Au (f= 25 µm) foram utilizados para a determinação direta do O2 dissolvido por voltametria cíclica. As principais vantagens encontradas com a utilização desta metodologia foram: (a) devido ao tamanho reduzido dos UME, é possível aplicá-los em condições onde seja necessário não perturbar o meio em estudo; (b) a técnica voltamétrica utilizada permite efetuar um condicionamento superficial do eletrodo pela varredura consecutiva em um dado intervalo de potenciais, eliminando a interferência de contaminantes e (c) o efeito de impurezas adsorvidas na superfície do eletrodo é facilmente detectável na resposta do branco (obtido nas mesmas condições do experimento, porém sem a presença do O2). A figura_12 apresenta os resultados obtidos sobre Pt para uma solução de H2SO4 0,1 M, com acréscimo de diferentes concentrações de oxigênio. O deslocamento do perfil voltamétrico da Pt serve para se obter a curva de polarização para a redução do O2. As correntes limites de difusão obtidas após a subtração do branco, foram representadas em função do teor de O2 na reta de trabalho apresentada no "insert" da figura_12.

As concentrações de O2 da reta de trabalho foram determinadas pelo método de Winkler. Esta reta pode então ser utilizada para futuras determinações em amostras de H2SO4 de conteúdo desconhecido de O2. O mesmo procedimento foi aplicado com sucesso para UME de Au. Este método foi ainda testado para amostras naturais, como águas de rios poluídos ou não, mostrando uma boa tolerância a contaminantes orgânicos (como ácidos húmicos e fúlvicos e fenóis), como pode ser observado nas curvas de trabalho apresentadas na figura_13 para Pt lisa, Pt recoberta com Nafion® e Au liso, todos em amostras de água de rio urbano. Nesta figura, pode-se observar que o UME de Pt recoberto com Nafion® e o de Au apresentam maior sensibilidade que o de Pt liso. Isto deve ser atribuído à grande facilidade de espécies contaminantes se adsorverem na superfície da Pt lisa. O recobrimento com Nafion®, assim como a utilização da superfície de Au, minimiza este efeito, com o aumento da sensibilidade do eletrodo.

iv) Determinação de metais pesados por potenciometria de redissolução46,47 A análise potenciométrica por redissolução é uma técnica que se baseia na redução potenciostática e amalgamação de íons metálicos, seguida por oxidação química. A análise consiste, assim, de duas fases: uma etapa de deposição (eletroquímica) e uma de redissolução (química). Durante a aplicação do potencial de redução (eletrólise) os metais são depositados em um eletrodo recoberto por um filme de mercúrio. Os íons são concentrados no amálgama a um nível muito maior que na solução, permitindo limites de detecção extremamente baixos. A seguir, o potencial de deposição é removido e nenhuma corrente passa pelo eletrodo. Este começa, então, a descarregar e o potencial atinge o valor do potencial redox do agente oxidante acrescentado para redissolver os metais amalgamados (por exemplo Hg(II)). A medida do potencial do eletrodo em função do tempo fornece informações qualitativa e quantitativa dos metais presentes, de acordo com: t = k [Mn+] td onde t é o sinal analítico equivalente ao tempo de redissolução, k é uma constante, [Mn+] a concentração do íon metálico em solução e td o tempo de deposição. A identificação qualitativa dos diferentes elementos determinados por análise potenciométrica por redissolução pode ser feita baseada nos potenciais padrões de cada metal dado pela lei de Nernst. A análise quantitativa é feita pelo método da adição de padrão na matriz em estudo.

Desenvolveu-se uma instrumentação consistindo de uma interface AD/DA em um computador IBM-PC 486 66 MHz com um "software" apropriado e um sistema de chaveamento para a interrupção da corrente aplicada na primeira etapa, ligando um UME de Pt recoberto com Hg e um eletrodo de referência miniaturizado de Ag/AgCl, para análises potenciométricas.

A metodologia para determinação de alguns metais em vinagre e líquidos de conserva48 está sendo desenvolvida sem a necessidade de decomposição prévia da matéria orgânica nem desoxigenação da amostra. Isto reduz significativamente o tempo de análise e elimina os riscos de contaminação na adição de reagentes. As figuras_14 e 15 mostram os potenciogramas típicos para a determinação de Zn2+ em amostra de líquido de conserva de palmito in natura e Pb2+ em amostra de líquido de conserva de cogumelo com um UME de Pt de 10 µm recoberto com Hg, juntamente com as respectivas curvas analíticas. Esta técnica apresenta inúmeras vantagens que estão discutidas em um trabalho submetido a esta revista49.

CONCLUSÕES Os exemplos discutidos mostram uma ampla faixa de aplicações de UME em eletroquímica e eletroanalítica. Sob diversos pontos de vista, estes sistemas têm introduzido uma abordagem inteiramente nova para problemas que não apresentavam soluções com técnicas tradicionais.

Os UME propiciam a especial condição de miniaturização da instrumentação eletroquímica necessária. Entretanto, devido ao elevado preço de UME comerciais, é extremamente conveniente construí-los no próprio laboratório.

Neste trabalho, foi mostrada uma alternativa de construção de UME que tem sido utilizada com sucesso , pelo menos, dez anos.

A grande vantagem da utilização destes UME em eletroquímica está relacionada com a possibilidade de se minimizar os problemas com interferentes nas respostas obtidas. Assim, não se observam efeitos de queda ôhmica, bolhas, correntes capacitivas, etc.

No campo da eletroanalítica, os UME possibilitam a diminuição dos limites de detecção nas técnicas voltamétricas, eliminam a necessidade de utilização de eletrólito de suporte em análises e proporcionam respostas com menos ruídos e com maior reprodutibilidade.

Desta forma, o futuro dos UME em eletroquímica e eletroanalítica parece apontar para um aumento exponencial de aplicações nos mais diferentes sistemas.


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